Indicador do Ipea mostra setor produtivo apreensivo
Pesquisa Sensor Econômico capta as expectativas do setor
Entidades representativas de 80% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro estão apreensivas com a crise internacional, mas ainda confiam que o país poderá crescer entre 1,6% e 4% este ano.
É o que mostra o Sensor Econômico do Ipea, indicador criado com o propósito de captar a expectativa do setor produtivo do país, lançado hoje em São Paulo, na sede do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), pelo ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Mangabeira Unger e o presidente do Ipea, Marcio Pochmann.
Estiveram presentes ao lançamento o presidente do Iedi, Josué Christiano Gomes da Silva; o diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Clemente Gans; o presidente da Central Única de Trabalhadores (CUT),Artur Henrique; e Paulo Francine, Diretor de Economia da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP).
O Sensor Econômico é uma pesquisa mensal realizada pelo Ipea em todo o território nacional por meio de questionários enviados, na segunda semana de cada mês, a 115 entidades de diversas atividades, da agricultura, da indústria, do comércio e serviços, e de trabalhadores. São 24 questões objetivas sobre as expectativas econômicas e sociais.
Cada uma das 24 questões apresenta cinco cenários possíveis: a resposta mais otimista vale 100 pontos, a confiante 50 pontos, a apreensiva zero, a adversa -50 pontos e a mais pessimista -100 pontos. A soma das pontuações, por questão, forma blocos chamados Aspectos, que apontam para a expectativa do setor produtivo para temas como contas nacionais, parâmetros econômicos, desempenho das empresas e aspectos sociais.
No mês de janeiro, o quadro da crise favoreceu as expectativas positivas em relação aos seguintes parâmetros econômicos: taxa de câmbio, inflação e juros. Há confiança de que a inflação terá, no máximo, baixo crescimento (entre 3% e 5%), que a taxa de câmbio sofrerá pouca alteração (entre 5% e 9%) e que taxas de juros vigentes apresentarão queda (entre -0,5% e -3%). A nota destoante, mas esperada, é o sentimento de apreensão, quase adverso, em relação ao acesso ao crédito nos próximos 12 meses.
Chamou atenção a expectativa de agravamento dos principais problemas sociais do país. É considerado adverso o futuro próximo para questões como pobreza e desigualdade e há pessimismo quanto à violência urbana.
Todos os setores esperam um quadro adverso em relação à situação financeira e a margem de lucros. O resultado, depois de anos de crescimento, revela-se na intenção de não ampliar a capacidade produtiva este ano.
O Sensor Econômico mostra os setores com preocupações diferentes. O agropecuário, por exemplo, avalia que o PIB brasileiro não deve crescer este ano e que, nas trocas externas, a tendência será de queda no superávit comercial do país. O motivo seria queda esperada nas exportações e o aumento moderado das importações.
A indústria, por sua vez, embora acredite em um quadro adverso para as exportações brasileiras, é menos enfática quanto ao crescimento das importações. No entanto, é o único setor que espera um ano problemático nas três variáveis destacadas: utilização de capacidade (abaixo de 80%), contratação de mão-de-obra (redução entre 0,9% e 3%) e margem de lucro.
O setor de serviços e comércios está apreensivo quanto à queda das exportações e a possibilidade da queda da margem de lucros.
Na avaliação da contratação de trabalhadores, a indústria é mais apreensiva quanto à utilização de capacidade. A agropecuária apresenta uma visão confiante para este ano (entre 81% e 90%).
O setor agropecuário acredita que o Brasil não crescerá acima de 1,5% em 2009. Nos setores de indústria e comércio e serviços há confiança em crescimento entre 1,6% e 4%.O Sensor mostra, ainda, que o setor mais preocupado com seu desempenho é a indústria.
Essas divergências de avaliação demonstram, segundo o Sensor, que os setores ainda buscam informações para posicionar-se frente às notícias que chegam do resto do mundo.
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