Inflação

Por Maria Andréia Parente Lameiras

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumula alta de apenas 2,5%, nos últimos doze meses encerrados em outubro. Mesmo diante de uma aceleração esperada para o último bimestre deste ano, a inflação prevista pelo Grupo de Conjuntura da Dimac do Ipea para 2019 é de 3,4%, 0,15 ponto percentual (p.p.) abaixo da projetada na Visão Geral da Carta de Conjuntura 44, divulgada em setembro último.

O resultado surpreendentemente favorável da inflação brasileira nos últimos meses, beneficiado pela melhora no comportamento dos preços dos alimentos, da energia elétrica e dos combustíveis, gerou não apenas uma melhora das expectativas inflacionárias para o ano, como também possibilitou um alívio maior sobre a inflação das famílias de renda mais baixa. De fato, nos últimos dois meses, a classe de menor poder aquisitivo foi a que apresentou as menores taxas de inflação, com variações de -0,10% e 0,01%, em setembro e outubro, respectivamente. Na outra ponta, embora também se tenham registrado variações em patamares confortáveis, a inflação do segmento mais rico da população registrou alta de 0,02% em setembro e de 0,17% em outubro. Com a incorporação destes resultados, a inflação acumulada em doze meses das classes mais pobres desacelerou mais rapidamente que a do grupo mais rico, gerando um estreitamento entre as taxas de inflação. No entanto, a faixa de renda mais baixa apresenta uma inflação acumulada de 2,67%, ainda acima da observada na faixa mais alta (2,58%).

Diante de um cenário delineado por um crescimento mais forte da atividade econômica e seus prováveis efeitos positivos sobre o mercado de trabalho e, consequentemente, sobre o consumo das famílias, a inflação prevista para o 2020 é de 3,7%. Espera-se uma a aceleração moderada da inflação de alimentos, cuja projeção de 4,1% incorpora não apenas um aumento do consumo interno, mas também as perspectivas da safra 2019/2020 e uma pressão adicional nos preços das carnes devido ao aumento da demanda externa. Nossos modelos também projetam um comportamento menos favorável dos demais bens industriais e dos serviços livres. No caso dos bens, a inflação, estimada em 2,1%, contempla um aumento um pouco mais significativo dos preços dos artigos de consumo duráveis, que, mesmo diante de um cenário sem pressões cambiais, tendem a ser impactados também pela expansão do crédito. Por sua vez, as taxas de inflação de 5,5% para os preços administrados, de 5,1% para os serviços de educação e de 3,1% para os demais serviços livres se manterão levemente acima das projetadas para 2019.

Acesse o texto completo



------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Fale com o autor

O seu endereço de email não será publicado Campos obrigatórios são marcados *