Mais SUAS faz críticas à Conferência Nacional de Assistência Social
14/12/2017
A Conferência Nacional de Assistência Social, que aconteceu entre os dias 5 e 8 de dezembro, foi marcada por uma série de críticas ao governo e ao próprio órgão, conforme relata o Mais SUAS, movimento que age em prol do Sistema Único de Assistência Social. Confira as palavras do coletivo sobre a Conferência:
"A 11a. Conferencia Nacional de Assistência Social não teve abertura oficial. Após o Regimento Interno, e, possivelmente sem coragem de enfrentar as legítimas manifestações, não foi instalada a Mesa de Abertura. Isso mesmo: nem os representantes do governo e nem do CNAS abriram oficialmente este evento de grande magnitude. Depois da Conferência Magna, proferida por Frei Beto, o Presidente do CNAS, Fábio Bruni, representante do MDS, anunciou um show musical, não declarou aberta a Conferência, não fez nenhuma menção aos conselheiros do CNAS e nem às delegações dos estados. Do mesmo modo, a Secretária Nacional de Assistência Social, Maria do Carmo Brandt Carvalho, não compareceu ao plenário para saudar os participantes, ficou na última fileira presenciando o desastre de seu governo ilegítimo e as consequências. Exemplo seguido pelo Ministro Terra, que também não compareceu. Certamente avaliaram que não suportariam tantas vaias e a indignação generalizada pelo que vem realizando. No palco da Conferência, ao invés de gestores e conselheiros, seguranças para conter possíveis manifestações.
Efetivamente, no vazio dos organizadores e anfitriões nessa “não abertura” da 11a. Conferência Nacional, o evento foi aberto por um Ato político organizado por trabalhadores e usuários que tomaram a plenária munidos de cartazes, faixas e apitos, bradavam palavras de ordem em defesa do SUAS, da assistência social, da democracia, entrecortados por muitos “Fora Temer”. A manifestação interrompeu o debate do Regimento Interno, mas não impediu que o mesmo continuasse depois do Ato político. O SUAS tem que comemorar sua leal militância: o Ato foi marcante e demonstrou a força de quem constrói o SUAS e não aceita desrespeito e desmonte!
Também chamou atenção dos/as delegados/as desta Conferência a metodologia proposta para o debate e para as deliberações. Ao invés de transparência e agilidade, a proposta apresentada no Regimento Interno demonstrou a ausência de análise prévia das propostas e o engessamento do debate: não houve qualquer sistematização das deliberações das Conferências Estaduais e do DF, o que complica muito a tarefa de uma leitura qualificada das prioridades nacionais, sem qualquer sinal de avaliação de relatoria. A metodologia apresentada no Regimento Interno foi rejeitada pelos/as delegados/as da Conferência, porque não permitia alterações e nem aprimoramento das propostas advindas dos Estados e DF, mas apenas o “ranqueamento” das propostas. Além do que dificultava, e muito, a apresentação de propostas novas. Cada vez mais “inédito”, o Regimento Interno permitia moções com a exigência de 40% das assinaturas do montante de delegados inscritos. Uma evidente manobra para proteger o governo de moções como o corte orçamentário, o programa fisiologista Criança Feliz e as contrarreformas em curso. Toda esta “novidade” foi derrubada para que a Conferência possa desenvolver-se como sempre: plural, democrática e aguerrida.
Esse início de Conferência demonstra que vem mais desastres por aí e confirma o descaso que o governo golpista e seus representantes tem com a democracia e com os processos democráticos. É realmente desrespeitoso para com os conferencistas que a Secretária Nacional, o CNAS, o Ministro não tenham comparecido no palco para saudar delegados/as, convidados/as e observadores/as e vivenciar as manifestações legítimas. Afinal são estas autoridades que convocam a Conferência. Tais atos justificam muitas moções de repudio ao final da Conferencia.
Frei Beto proferiu uma palestra magna analisando a conjuntura golpista enfatizando os compromissos do governo Temer e seu simulacro com o grande capital e os prejuízos disso tudo para as políticas publicas e para os direitos de todos os brasileiros. Frei Beto concluiu, conclamando a resistência e organização popular. Sua análise e os atos resistência comprovam que o golpe foi contra o povo e a população, os trabalhadores que devem reagir e reconquistar a democracia.
Viva o SUAS!
Estamos de olho!
Vai ter luta!"
Por ASCOM Mias SUAS, publicada originalmente dia 6/12/2017.
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