Palavra de Especialista

A Produção de Inteligência Competitiva

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Dentre os quatro macroprocessos que compõem a Inteligência Competitiva a produção de Inteligência é o central. Sua importância é tamanha que alguns autores definem a atividade utilizando-se desse macroprocesso, como feito por Larry Kahaner (1996). Kahaner conceitua Inteligência Competitiva como: “um programa sistemático para coletar e analisar informação sobre as atividades de seus competidores e tendências de negócios para atingir os objetivos da empresa”.

Focando no processo de produção de Inteligência, são diversas as descrições encontradas na literatura. Algumas mais amplas outras reduzidas. Todas são semelhantes, mas, muitas vezes, utilizam-se de nomes diferentes para descrever o mesmo processo. Em minha opinião, quem melhor definiu esse processo foi Kahaner (1996). Sua descrição é simples e objetiva, além de ser uma das mais citadas na literatura. Sua simplicidade é, sem dúvida alguma, seu ponto forte, pois facilita o trabalho do analista na hora de planejar e distribuir o tempo disponível para a produção de Inteligência, bem como na distribuição de tarefas.

Kahaner define a produção de Inteligência como um círculo formado pelas etapas de planejamento e direção, coleta, analise e difusão. Essas etapas devem ser compreendidas como um conjunto de processos pelo qual, por meio de agregação de valores aos insumos informacionais, se transformam dados e “pedaços de informação” em Inteligências para a tomada de decisão. Ele defende o formato circular, pois parte do pressuposto de que a atividade de Inteligência é permanentemente exercida e que a entrega da Inteligência ao tomador de decisão gera novas demandas.

É importante destacar que esse processo não deve ser compreendido de forma linear e nem como um trilho. Idas e vindas ocorrem o tempo todo, visto que, somente quando iniciamos a análise tomamos consciência de nossas reais necessidades de dados e informação. Além disso, muitas vezes, o analista de Inteligência não tem, inicialmente, a compreensão geral do problema e nem da demanda, que muitas vezes chega “quadrada”. Logo, as interações com o demandante são importantes, o que evita ouvir ao final: “muito bom, mas não era bem isso que eu precisava”. Também evita desperdício de tempo coletando informação que não será útil. Sugere-se coletar, inicialmente, o que for essencial e partir para a análise. É durante o processo de análise que as dúvidas surgem e as reais necessidades de coleta se tornam claras. Então, volte e colete, agora com foco nos dados que serão, realmente, úteis.

Também é conveniente apresentar resultados parciais ao demandante para que ele, frente às informações já produzidas, possa sugerir correções de rumo, o que poderá levá-lo a nova coleta de dados e a escolha de outros métodos de análise. Às vezes, até quando iniciamos a redação do produto final, também sentimos a necessidade de mais dados. Por fim, os insights, frutos da compreensão clara da natureza íntima de uma coisa, podem ocorrer durante a produção da Inteligência, retroalimentando o ciclo. Lembro que esse processo deve estar coberto pelo de proteção do conhecimento sensível, ou Contra-Inteligência, visto que toda produção de Inteligência gera informação sensível e que, portanto, necessita ser protegida.

Referência:
KAHANER, Larry. Competitive Intelligence: how to gather, analyze and use information to move your business to the top. New York: Simon & Schuter, 1996