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Turismo - Um país para todos

2006. Ano 3 . Edição 21 - 4/4/2006

Com maciças campanhas de divulgação aqui dentro e no exterior, o Brasil está conseguindo transformar seus atrativos em receita. Uma série de movimentos vem expondo as maravilhas nacionais aos viajantes e em 2005 os resultados da indústria do turismo foram recordes. Há fortes indícios de que o crescimento continuará, apesar do real valorizado

 

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O litoral do Nordeste vem recebendo grande volume de investimentos estrangeiros devido, entre outros fatores, à sua proximidade com a Europa e os Estados Unidos. Na foto, vê-se a Praia do Forte, na Bahia, com suas famosas dunas de areia 

O Brasil tem mais de 8 mil quilômetros de litoral. Tem um território vastíssimo, com diferenciados climas, etnias, costumes e culinárias. Sua biodiversidade é única no planeta. Entre suas cidades há megalópoles cosmopolitas, como São Paulo, e pequenos vilarejos aconchegantes, como Puruba, uma comunidade de pescadores não muito distante da capital paulista. A razão pela qual, até agora, o turismo não se tornou uma indústria pujante no país é uma incógnita.

No entanto, o setor vem crescendo. Já ocupa o quinto lugar no ranking das exportações brasileiras de serviços. É isso mesmo. O turismo de estrangeiro é computado como exportação e colabora para a obtenção de uma balança comercial positiva. Os números a seguir podem parecer excessivos, mas são importantes para dimensionar o fenômeno que vem ocorrendo. De acordo com dados compilados pelo Banco Central e divulgados pela Empresa Brasileira de Turismo (Embratur), em 2005 o número de desembarques de vôos nacionais cresceu 17,95%.

O de desembarques internacionais alcançou 10,5% e os turistas estrangeiros deixaram 3,861 bilhões de dólares em terras brasileiras - 19,8% mais que em 2004. Foi o melhor ano da história do turismo no país. Os 52 setores da economia ligados a essa área movimentaram 38 bilhões de dólares. Estimativas do Ministério do Trabalho e Emprego calculam que foram criados 250 mil empregos - 19% mais do que o registrado no ano anterior. No planeta, o setor movimenta 3,5 trilhões de dólares e é responsável pelo emprego de cerca de 180 milhões de pessoas.

No ano passado, turistas estrangeiros deixaram quase 4 bilhões de dólares no Brasil - cerca de 20% mais do que em 2004. Foi o melhor ano da história do setor

Uma máquina de produção de riqueza econômica e cultural que ainda não estava sendo bem explorada. É evidente que nada disso aconteceu por acaso. Houve muito movimento nessas águas nos últimos tempos. E as ondas começam a bater na praia. De acordo com o International Congress and Convention Association (Icca), rede internacional de serviços que presta assessoria aos organizadores de congressos, convenções e todo tipo de reunião de trabalho ou lazer promovido por empresas, o Brasil atraiu 147 eventos em 2005 - ocupa a 14ª posição no ranking global.

As pessoas desembarcam no país para um congresso médico ou para uma feira têxtil e acabam esticando a estada. Por que essa gente está marcando seus encontros em nossas terras? Porque o Brasil era pouco conhecido, mas recentemente passou a se mostrar como nunca - e tem muito a apresentar. Só a Copa do Mundo de Futebol deste ano, na Alemanha, é uma oportunidade magnífica - e os promotores da Marca Brasil, espécie de selo de identificação do produto nacional, estão aproveitando a chance para obter o máximo de exposição.

A Agência de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), serviço social autônomo ligado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, lançou a campanha We Do It Different (Nós Fazemos Diferente), para atrair a curiosidade de investidores. E empresários montaram uma estrutura espetacular, com telões exibindo grandes jogadas de atletas brasileiros, na International Tourism Exchange, feira de turismo que ocorreu em Berlim em março. Cerca de 160 mil pessoas deram pelo menos uma paradinha diante do estande.

turismoumpais1A capital paranaense se tornou atração por sua excelente qualidade de vida

Atividades
A Alemanha é apenas um caso. No ano passado, a Embratur promoveu 28 eventos fora do país. Nos três últimos anos, seus técnicos visitaram, estudaram e prepararam 400 pontos turísticos pouco explorados no Brasil para que pudessem acolher visitantes sem maiores embaraços. Estima- se que essa braçada tenha rendido cerca de 46 milhões de dólares. Europeus, americanos, australianos, árabes, chineses, japoneses, ou seja, gente de todo o mundo está descobrindo que o Brasil tem muito mais do que a Cidade Maravilhosa. Que há Carnaval também em Manaus, em Salvador, em Pernambuco.

E que Brasil não é sinônimo apenas de praia e caipirinha. Tem montanhas, vinhos, um sem-número de boas coisas a apreciar. As belezas naturais e históricas de Minas Gerais, entre outras. Foi em Belo Horizonte, a capital mineira, que o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) promoveu seu seminário sobre Desenvolvimento Turístico nas Américas, também em março, uma oportunidade para a apresentação de projetos financiados pelo banco nas regiões Nordeste e Sul do país. A observação de algumas notícias dos últimos 30 ou 40 dias permite que se vislumbre a espuma que está se formando nas águas em que os brasileiros resolveram mergulhar.

O governador da Paraíba, Cássio Cunha Lima, foi a Lisboa, capital portuguesa, participar de uma conferência sobre investimentos imobiliários. Lá, encontrou-se com os secretários de Turismo da Bahia e do Rio de Janeiro. Todos tinham o mesmo objetivo - atrair empreendedores, e o dinheiro deles - para suas terras. Goiás, Alagoas e Sergipe foram apresentados aos operadores de agências de viagens de Portugal e da Espanha. Na 26ª Borsa Internazionale del Turismo de Milão, outra feira tradicional do setor, constatou-se que, em um ano, 33 novas operadoras italianas passaram a incluir produtos, serviços e destinos brasileiros.

A Embratur participou ainda do Salon Mondial du Tourisme, em Paris, na França, que contabilizou 100 mil visitantes. Maceió, a capital alagoana, foi sede do Brazil National Tourism Mart, que atraiu cerca de 300 agentes de viagem de mais de 30 países. A companhia aérea Varig, apesar de todos os problemas que vem enfrentando, participou, com a Embratur, da Feira de Cruzeiros Marítimos - a Sea Trade - em Miami. Montou um estande para divulgar o litoral brasileiro e sua infra-estrutura hoteleira.

E pensar que até poucos anos atrás os navios de cruzeiro passavam direto pelos portos nacionais. . . A meta do Ministério do Turismo para este ano é atrair 7 milhões de visitantes estrangeiros, criar 310 mil empregos e arrecadar 6,3 bilhões de dólares. Em 2007, se tudo correr bem, deverão ser 9 milhões de turistas. Atualmente há 710 vôos internacionais que pousam no país semanalmente. Entre janeiro e fevereiro foram autorizadas 86 novas freqüências: 52 para a América do Sul, as demais para outros continentes.

Para atingir os objetivos da indústria nacional de turismo, que parece ter despertado para o filão que vinha desdenhando, os aeroportos terão de dar conta de 900 vôos semanais. Para que se tenha noção do volume de pousos e decolagens, só a Tap, principal companhia aérea portuguesa, passou a manter, desde julho do ano passado, 40 vôos semanais para o Brasil.

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Administração
Existem razões de ordem estratégica para esse avanço. Em 2003 o turismo foi desatrelado dos esportes na cadeia administrativa do Planalto. A independência do Ministério do Turismo (MTur) resultou em maior atenção ao setor. Políticos, técnicos e administradores arregaçaram as mangas. Foi elaborado o Plano Nacional do Turismo, destinado a orientar o governo, a cadeia produtiva e a sociedade. Um de seus filhotes é o Movimento Brasil de Turismo e Cultura, uma associação entre ONGs, governos e entidades como o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), que estimula o desenvolvimento local sustentável por meio da valorização da diversidade cultural.

Atua, hoje, em 11 cidades, entre elas Diamantina, em Minas Gerais, Penedo, em Alagoas, e Aracati, no Ceará. Outra cria do plano é a Caravana Brasil, que leva profissionais de turismo a locais pouco conhecidos. Para não alongar demais esse passeio, anotemos apenas que a caravana passou por Belém, Santarém e pela vila Alter do Chão, às margens do rio Tapajós, no Pará. O leitor já ouviu falar de Alter do Chão? Pois está na hora de conhecer esse recanto. Chega-se lá de barco pelo rio, que, de tão largo, não mostra suas margens aos navegantes.

A meta do Ministério do Turismo é atrair 7 milhões de turistas estrangeiros e criar 310 mil empregos neste ano. Em 2007, se tudo correr bem, serão 9 milhões de turistas

O viajante sai de Santarém e faz uma imersão na Amazônia. Ao chegar à vila, antiga aldeia dos índios Boraris, tem outro prazer à disposição: ouvir lendas e mitos contados pelos moradores em toda esquina, pousada ou restaurante. Estrangeiros já andam comprando pacotes para passar uma temporada por lá. A Embratur transferiu parte de suas atribuições para o MTur, tais como cuidar do parque hoteleiro e fiscalizar agências de viagem, e passou a se dedicar à divulgação do Brasil no exterior. Elaborou-se um projeto de marketing internacional, denominado Plano Aquarela, que prospecta os interesses de possíveis clientes e disponibiliza informações que atendam a suas necessidades.

Assim, o site Brasil Network - um endereço na Internet disponível em sete idiomas - teve seu conteúdo ampliado. As iniciativas não ficaram só no âmbito de atrair os viajantes de fora. Como o anuário Estudo da Demanda Turística Internacional, de 2003, mostrou que a renda média mensal do viajante brasileiro é de 4,9 mil reais e que seu gasto atinge pouco menos de 100 dólares por dia, foi criado o programa Vai Brasil, com pacotes a preços acessíveis em épocas de baixa temporada. A intenção é popularizar as viagens de turismo entre a gente da terra. A criação do MTur surgiu de um clamor da iniciativa privada, que em 1999 organizou o 1º Congresso Brasileiro da Atividade Turística. Durante o evento foi redigida a Carta de Goiás, uma "Agenda Única do Turismo Nacional".

Nela foram apontados mais de 80 problemas que tiravam o sono de todo o segmento, entre eles financiamento, legislação, competitividade, transporte e infra-estrutura. Junto vinham as respectivas propostas para solucioná-los. Duas providências foram consideradas de fundamental importância: a implantação de um ministério específico para o setor e a sanção da Lei Geral do Turismo. Quase sete anos depois, muita coisa já foi feita. A primeira reinvidicação foi atendida, mas a segunda nem sequer chegou ao Congresso. O texto ainda está parado na Casa Civil à espera da aprovação para permitir que se transforme em projeto de lei. Essa é apenas uma das reclamações expostas pelos empresários do setor.

As mais graves são as que questionam os resultados. "Queremos saber onde estão esses empregos. Qual foi o segmento que teve um aumento tão expressivo", indaga Moacyr Roberto Tesch Auersvald, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Turismo e Hospitalidade. Nelson de Abreu Pinto, que preside a Confederação Nacional de Turismo, a Associação Brasileira de Gastronomia, Hospitalidade e Turismo e o Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de São Paulo, assevera que os meses de dezembro, janeiro e fevereiro foram os três piores das últimas duas décadas.

"Conheço muitos casos de gente que teve de fechar seu negócio", diz, e pede a implantação de mais uma organização - a Confederação Nacional do Turismo, que foi criada há sete anos, mas permanece na gaveta. Outros protestos vêm de Michel Tuma Ness, presidente da Federação Nacional do Turismo, entidade patronal que reúne 24 sindicatos estaduais e 15 mil agências de viagem:"Precisamos divulgar mais o Brasil internamente e criar mais atrações nos estados. O governo federal deve continuar investindo na construção e ampliação de aeroportos e rodovias, na formação de mãode- obra especializada e principalmente na promoção do Brasil no exterior"

turismoumpais2O turismo de aventura é um dos grandes filões a serem explorados no país, pois, apesar dos avanços, ainda cresce a um ritmo inferior ao da média mundial

Queixas
João dos Santos Filho, professor da Universidade Estadual de Maringá, no Paraná, doutorando em Turismo pela Universidade de São Paulo, mestre em Filosofia e História da Educação e fundador da Associação Brasileira de Bacharéis em Turismo de São Paulo, diz que falta integração entre o turismo e outros setores da economia e da vida pública. "As iniciativas deveriam considerar as demandas das comunidades locais e as limitações do meio ambiente", afirma. E cita o projeto de construção de 96 hotéis e 18 campos de golfe numa faixa de 200 quilômetros do litoral do Rio Grande do Norte, o chamado pólo Costa das Dunas.

O empreendimento está sendo levado adiante, entre outras razões, porque as terras potiguares são relativamente próximas da Europa e dos Estados Unidos, e isso tem elevado o fluxo de estrangeiros para o estado. Entre 2001 e 2004 a alta foi de 126%. Mas a mudança, benéfica para a economia, segundo o professor, pode colocar em risco o equilíbrio social e ecológico da região - ameaça que, sem dúvida, deve ser levada em consideração.

Apesar do esforço, o Brasil ocupa o 110. ° lugar na lista de 174 países com expectativa de crescimento no setor, elaborada pelo Conselho Mundial de Viagem e Turismo

Há ainda os que lembram que as agências governamentais não estão dando atenção bastante ao ecoturismo, ou turismo de aventura, tão em voga. Pelos dados da Organização Mundial do Turismo (WTO, da sigla em inglês), esse segmento vem crescendo à taxa de 7, 5% ao ano no país - a metade da média mundial. Existem 2. 039 organizações ligadas ao turismo de aventura no Brasil, entre elas 628 agências e operadoras, 244 hospedagens, 225 lojas de equipamentos e 198 escolas de treinamento. Muito pouco diante do manancial de adrenalina que as cavernas, as falésias e os parques do país têm a oferecer.

"As informações que chegam ao exterior ainda são precárias", diz a pesquisadora Márcia da Mota Daros, doutoranda em Economics and Policy Studies on Technical Change (algo como "Estudos político-econômicos em torno de mudanças técnicas") na Universidade da Organização das Nações Unidas e mestre em Política Científica e Tecnológica pela Universidade Federal de Campinas (Unicamp). Outro desafio a ser enfrentado é a qualificação de mão-de-obra. "Os investimentos nessa área ainda são incomparáveis com o que é dispendido na infra-estrutura e na construção de novos empreendimentos", observa Luiz Felipe Carneiro da Cruz, presidente do Instituto de Hospitalidade, organização não-governamental voltada para o aprimoramento do turismo, primeira no mundo a certificar profissionais da área.

Desde 2001 a entidade avaliou 27 mil profissionais e 1,9 mil empresas. Emitiu 14 mil certificações em 20 estados da federação. "Os cursos de capacitação pecam pela falta de objetividade. São distantes da realidade, do dia-a-dia da profissão", diz Carneiro da Cruz. "As certificações ajudam a resolver esse problema. "

turismoumpais4Novos empreendimentos ajudaram a atingir o recorde da criação de 250 mil empregos em 2005

Números
Dados internacionais também têm incomodado quem trabalha para melhorar o desempenho brasileiro. O Brasil ocupa o 110º lugar na lista de 174 países com expectativa de crescimento no setor, elaborada pelo Conselho Mundial de Viagem e Turismo (WTTC, da sigla em inglês). Segundo pesquisa elaborada pela empresa de consultoria Accenture e pela Universidade de Oxford, o turismo no Brasil crescerá, em média, 4,3% ao ano até 2016. E a participação brasileira no mercado mundial, que era de 1,2% no final da década de 80, deve chegar a 1% nos próximos anos.

Não é, convenhamos, uma queda livre, mas mostra que o Brasil, apesar de estar avançando muito, ainda não consegue acompanhar o ritmo da indústria turística mundial. Estatísticas são problemáticas. Freqüentemente são defasadas. Tornam-se especialmente desconfortáveis quando são usadas para comparar economias e realidades muito diversas. Mesmo assim, podese extrair boas lições. Muito se fala sobre questões como a falta de segurança e a exploração do turismo sexual - fatores que denigrem a imagem do Brasil no exterior e espantam quem procura um lugar para relaxar e esquecer a vida corrida das grandes cidades.

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Os problemas existem, de fato, mas não parecem afetar tanto os viajantes. O item "segurança"é o terceiro da lista de reclamações dos turistas. "Só a mídia acha o problema da segurança dos turistas uma questão muito séria. Sabese que o turista estrangeiro no país tem mais segurança do que em cidades como Madri ou Londres", alfineta Roberto Dultra, presidente da Associação Brasileira de Turismo Receptivo Internacional. A declaração vem de um carioca que nunca foi assaltado no Rio de Janeiro, mas já foi em Nova York e em Roma, na Via Veneto. "No ano passado, o secretário de Turismo do Rio foi assaltado no metrô de Paris", lembra, reforçando a idéia de que todos estão sujeitos ao problema nas grandes cidades, independentemente do destino escolhido.

 

 

 O IBGE calculará, até ofinal do ano, o peso real do turismo na economia 

turismoumpais6Apesar de preocupante, a violência nas grandes cidades aparece só em terceiro lugar na lista de reclamações dos viajantes

A chance de sofrer violência no Rio se torna ainda mais remota para os turistas que compram pacotes fechados, com guias e traslados exclusivos. Alardear crimes contra estrangeiros acaba manchando a imagem do país lá fora, retraindo ainda mais os turistas em potencial, dizem especialistas do setor. Idéia semelhante vale para o turismo sexual infanto-juvenil. A estimativa é que 1% dos turistas venham para o Brasil com tal finalidade. Para afastar esses visitantes indesejados, o governo tem promovido diversas ações repreensivas. Virae- mexe vôos charter destinados ao Nordeste brasileiro deixam de decolar ainda na origem, como no caso de um avião lotado de italianos rumo ao Ceará no ano passado.

Enquanto muitos aspectos geram polêmicas, algumas iniciativas estão sendo tomadas para dimensionar exatamente o impacto do turismo no país. Uma delas é um convênio do ministério com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) que prevê a implantação de um sistema de informações sobre o mercado de trabalho no turismo. "Assim poderemos avaliar os impactos socioeconômicos dessa atividade no Brasil", diz Roberto Arico Zamboni, pesquisador responsável pelo projeto no Ipea. E o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apresentará, até o final do ano, os resultados de suas contas sobre o peso real do setor turístico na economia. Outro trabalho do Ipea mediu alterações no turismo com base em indicadores econômicos.

Se o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) brasileiro se elevasse 1%, por exemplo, teríamos o incremento de 5,6% na receita com a recepção de turistas estrangeiros. O estudo, chamado "Uma aplicação do modelo de dados em painéis na identificação dos principais determinantes do turismo internacional", foi escrito por Marcio José Vargas da Cruz, Cássio Frederico C. Rolim e Guilherme Vampré Homsy. O IDH é um indicador calculado pela ponderação da renda per capita, da expectativa de vida e do índice de analfabetismo.

Apesar de nenhum turista se perguntar qual a expectativa média de vida dos habitantes da cidade que ele vai visitar, uma melhora no IDH reflete avanços na saúde, na educação e na economia, fatores que ajudam a construir uma imagem melhor do país lá fora. Até agora, falamos apenas sobre como o turismo é benéfico para gerar negócios, receita e, portanto, movimentar a economia. Mas não se pode esquecer sua importância sob outros pontos de vista. As pessoas precisam descansar, recarregar as baterias para voltar à labuta. Também precisam conhecer terras, línguas e costumes diferentes dos seus.

Além disso, quando um país experimenta grande movimento de turistas, seu povo ganha de diversas formas. Mesmo que não saia de casa, entra em contato com universos diferentes. Turismo, portanto, é cultura. Para quem viaja e para quem recebe. Esta reportagem começou afirmando ser uma incógnita o fato de o Brasil, com tantos atrativos, não ter se tornado ainda uma potência mundial no ramo turístico. Depois do balanço feito nas últimas páginas, vale a pena rever a afirmação. Não há incógnita alguma. O país não cresceu no turismo como em outros setores porque se acomodou, encolheu, se fechou como uma ostra.

A atitude até que não causava muitos problemas no passado, quando grande parte dos países vivia protegida atrás de muralhas (físicas, legais ou de outra espécie). Na atualidade, quem se isola perde muito. É preciso trocar. Experiências, conhecimentos, mercadorias. É esse fluxo que vem sendo feito. Custa um pouco a dar resultados, mas eles acabam aparecendo. Já se pode senti-los nas praias de Santa Catarina, nas pousadas paraenses, na Serra Gaúcha, nos salões dos aeroportos. Números mais precisos sobre esse movimento estarão disponíveis em breve. E tomara que eles confirmem o sucesso!

 

Saiba mais:

Ministério do Turismo www.turismo.gov.br

Brasil Network www.braziltour.com/brasilnetwork

Organização Mundial do Turismo (WTO)
www.world-tourism.org

 
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