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Tecnologia - Teia de novos negócios

2005. Ano 2 . Edição 11 - 1/6/2005

A Rede Brasil de Tecnologia promove parcerias entre empresas e centros de pesquisa nas áreas de petróleo, gás natural, eletricidade e agronegócios
 


Por Lia Vasconcelos, de Brasília

É praticamente impossível, hoje em dia, falar em desenvolvimento sem falar em redes. Elas estão presentes em todos os setores sociais e econômicos da atualidade. Existem redes de infra-estrutura - saneamento, transportes, educação, saúde -, redes sociais, de prestação de serviços, redes de comunicação, de distribuição, de pesquisa, de troca de experiência e de informações, enfim, um universo que, direta ou indiretamente, afeta invariavelmente a vida de todos os seres humanos. Numa tentativa de aproveitar o potencial positivo de mobilização e articulação das redes, o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) busca, desde 2003, atuar como entrelaçador dos setores da sociedade que não têm o hábito de se articular naturalmente para tentar tecer uma nova trama. Foi com o objetivo específico de juntar as forças nacionais para substituir importações ou desenvolver novos produtos e serviços de alto valor tecnológico que nasceu a Rede Brasil de Tecnologia (RBT).

Por meio da RBT, o ministério coloca em contato a indústria, os agentes financeiros, a comunidade acadêmica e o próprio governo. A Rede identifica demandas de importantes setores da economia - por exemplo, uma máquina ou peça comprada no exterior -, incentiva a articulação dos parceiros e garante financiamento para a fabricação de um similar nacional. Por uma questão de foco, se optou por quatro segmentos específicos de atuação, sobretudo porque o Brasil possui empresas de capital nacional e líderes mundiais nessas áreas. São elas: petróleo, gás natural, energias alternativas e agronegócios. Já estão cadastrados na rede, participando da iniciativa, 486 empresas e 690 laboratórios de pesquisa com 10.571 pesquisadores.

Os primeiros resultados concretos só devem vir dentro de dois anos, pois são projetos de longo prazo, com períodos extensos de maturação, e a RBT foi estabelecida em 2003. Mas as estimativas são animadoras. Os coordenadores da RBT prevêem que as 59 parcerias firmadas e financiadas entre 2003 e 2004 gerem faturamento anual de 532 milhões de reais.

A articulação para cada um dos setores é feita por uma empresa estatal. A Petrobras cuida de projetos de gás natural e energias alternativas, a Eletrobrás da área de energia elétrica e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) do segmento de agronegócios. Petrobras e Eletrobrás são líderes em seus segmentos de atuação e grandes importadoras de máquinas e equipamentos, muitos sem correspondentes nacionais. No setor de agronegócios o objetivo é encontrar empresas que passem a fabricar máquinas, produtos e equipamentos desenvolvidos pela Embrapa, que encontra grande dificuldade para colocá-los no mercado.

Seleção A Petrobras e a Eletrobrás definem quais produtos e serviços são necessários e a RBT tem a missão de articular centros de pesquisa capazes de desenvolver soluções e selecionar, por meio de editais, as empresas dispostas a assumir a produção. Além disso, garante o financiamento. Uma das peculiaridades da rede é que os editais são muito específicos, uma vez que a Petrobras e a Eletrobrás, em conjunto com o MCT, decidem quais máquinas e equipamentos a chamada pública deve contemplar. O objetivo é claro: selecionar empresas que receberão financiamento para produzir bens e serviços de interesse das cadeias produtivas de petróleo, gás natural e de energia elétrica. Cabe à Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) administrar os editais, que estabelecem a cooperação entre as empresas que pretendem assumir a produção e as instituições científicas e tecnológicas. Os editais da RBT estão abertos para qualquer tipo de empresa, mas 472 empresas, ou 97% dos participantes, são de capital nacional . Entre as empresas cadastradas, 65% não têm centro de pesquisa própria, mas 80% delas têm esquema de cooperação permanente com instituições de pesquisa.

"Nosso foco é em pesquisa aplicada. A RBT não financia pesquisa básica ", afirma Marcelo Lopes, secretário de Política de Informática do MCT e coordenador da RBT. Para Mário Salerno, diretor de assuntos setoriais do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a Rede está alinhada com a Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior (PITCE) do governo federal. "A RBT atua nas linhas de ações horizontais da PITCE, que incluem, entre outros aspectos, a inovação e o desenvolvimento tecnológico, a inserção externa, a modernização industrial e o aumento da capacidade e escala produtiva. "

A Eletrobrás, responsável por 60% da energia elétrica gerada no Brasil, participa da elaboração da chamada pública indicando as demandas tecnológicas das empresas do grupo. "Operacionalizamos a carteira de projetos relacionada ao desenvolvimento de processos, equipamentos, materiais, bens e serviços associados a geração, transmissão e distribuição de energia elétrica ", explica Ronaldo Monteiro Lourenço, chefe do Departamento de Desenvolvimento Tecnológico e Industrial da Eletrobrás. Uma grande vantagem para as empresas selecionadas nos editais da RBT é a garantia de mercado para seus produtos ou serviços, lembra Lourenço. "A contrapartida da Petrobras é assumir os riscos dos testes de campo e oferecer suporte técnico, " diz Ronaldo Mascarenhas Lima Martins, gerente setorial de desenvolvimento de materiais da Petrobras. A chamada pública de 2005, por exemplo, pedia propostas de produção de cerâmicas porosas para aplicação em sistemas de combustão e de desenvolvimento de robô para inspeção de linha de transmissão, entre outros.

Recursos Até agora a RBT realizou seis chamadas públicas e investiu 37 milhões de reais, sendo que o valor previsto para 2005 é de 14 milhões de reais. Os recursos vêm de quatro fundos setoriais administrados pela Finep: do petróleo (CTPetro), da energia (CTEnerg), mineral (CTMineral) e do agronegócio (CTAgro). Lopes, do MCT, garante que não haverá contingenciamento de recursos em 2005, pois o comitê gestor da RBT já sabia de quanto poderia dispor efetivamente quando foi tomada a decisão sobre o valor a ser investido. Cada edital define os produtos e serviços necessários e o valor do financiamento. Os interessados podem fazer a inscrição pelo site da RBT. Uma vez fechado o contrato é necessário envolver uma universidade ou um instituto de pesquisa na parceria.

Os projetos têm de ser aprovados por um comitê gestor composto de representantes do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Ministério das Relações Exteriores (MRE), Confederação Nacional da Indústria (CNI), Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). A presidência do comitê cabe a um representante do MCT. "A Rede tem papel fundamental porque aproxima a demanda por desenvolvimento tecnológico da estrutura existente. Entre empresas e empreendedores, o Sebrae atende por ano 3,5 milhões de clientes, e aproveitamos para divulgar informações da Rede ", afirma Paulo Alvim, gerente de inovação do Sebrae nacional.

Além disso, a RBT também conta com uma secretaria executiva cuja atribuição principal é estruturar um conjunto de redes estaduais. Já existem núcleos no Amazonas, no Ceará, em Pernambuco, em Alagoas, no Rio Grande do Norte, na Bahia, em Sergipe, em Minas Gerais, no Espírito Santo, no Rio de Janeiro e em Tocantins. "Até julho queremos estar em 20 estados. Algumas ações precisam de proximidade geográfica. Muitas das relações entre os participantes são feitas pelo site, mas visitas ao chão de fábrica para apresentar o projeto e aproximar os atores envolvidos também são fundamentais. Além disso, os núcleos regionais têm a tarefa de definir a estratégia mais adequada para aquele estado ", diz Lopes. O secretário explica que qualquer empresa pode se cadastrar na RBT. São apenas duas as restrições: estão fora do programa companhias que sejam apenas representantes comerciais e empresas que não estejam envolvidas com a oferta de serviços de tecnologia. "A RBT tem importância estratégica para a indústria brasileira ao identificar demandas das grandes empresas e permitir o surgimento de novos fornecedores no mercado nacional, com preços mais competitivos do que os de outros países ", diz Carlos Cavalcante, superintendente do Instituto Euvaldo Lodi, entidade integrante da CNI.

Gargalo Para atender às demandas do setor agropecuário, a RBT funciona de modo diverso. A lógica da substituição de importações também se aplica nesse caso, mas a Embrapa oferece ao mercado os produtos que desenvolve internamente. "A Embrapa tem 37 centros de pesquisa e um potencial enorme, mas nossa tecnologia, na maioria dos casos, não está no mercado. A RBT atua nesse gargalo, realiza as chamadas públicas, seleciona participantes e garante o apoio financeiro para desenvolver protótipos e arcar com custos legais de registro e patentes ", afirma José Geraldo Eugênio de França, diretor executivo da Embrapa. Segundo ele, graças à RBT "é possível transformar conhecimento em riqueza, fortalecer a indústria nacional, importar menos e registrar mais patentes ". A RBT fez dois editais na área de agronegócios, em 2004 e 2005. No primeiro, a Embrapa ofereceu 28 projetos, dos quais nove foram aprovados. Na segunda chamada pública foram oferecidos 59 projetos e 13 foram aceitos.

Os editais da Finep tornam públicos serviços, processos, produtos e equipamentos que a Embrapa tem a oferecer para o mercado. As empresas manifestam seu interesse em fabricar determinado produto. O edital da Embrapa de 2004 tinha embutida uma linha de financiamento de 2,25 milhões de reais. Os nove projetos escolhidos pelas empresas sairão do mundo da pesquisa e alcançarão as prateleiras das lojas. Cada projeto tem duração de cerca de dois anos. A grande maioria ainda está em fase de desenvolvimento. Já no edital deste ano, a Embrapa colocou à disposição do mercado projetos que consumirão recursos da ordem de 1,5 milhão de reais. Treze despertaram o interesse de empresas fabricantes. "A idéia é não só substituir importações, mas também colocar à disposição de pequenos e médios empreendedores a tecnologia desenvolvida pela Embrapa. O que a experiência tem nos mostrado é que existem produtos nacionais tão bons ou até melhores do que os importados. É um importante incentivo prático à inovação ", diz França, diretor executivo da Embrapa.

Pulverizador No edital de 2004 constavam, por exemplo, projetos como de uma máquina descascadora de frutos de casca dura, tais como dendê, babaçu e açaí; um equipamento para a redução de uso de agrotóxicos; e uma serraria móvel voltada a pequenos e médios produtores rurais. Já no edital deste ano, foram oferecidas tecnologias de produção de leite de soja enriquecido com cálcio; produção de licor de acerola; e utilização do óleo extraído das sementes de gergelim produzidas por agricultores familiares do Nordeste para fabricação de sabonete. O equipamento para redução de uso de agrotóxicos, oficialmente conhecido como pulverizador hidráulico eletrostático costal, permite que os produtores rurais economizem em média 50% em defensivos agrícolas a cada ano. A grande novidade é que as partículas expelidas pela máquina são carregadas com eletricidade, o que faz com que o defensivo agrícola fique depositado na parte inferior da planta, onde ocorre grande parte das pragas. "A pulverização é mais eficiente e dura mais tempo, portanto um menor número de pulverizações é necessário ", explica o engenheiro agrônomo e pesquisador da Embrapa Meio Ambiente, Aldemir Chaim. O protótipo já está sendo testado, mas existem problemas pendentes que precisam ser resolvidos: o projeto está parado à espera de recursos, pois a fundação que deveria repassar o dinheiro para a Embrapa está regularizando sua situação junto à Finep.

O potencial dos projetos aprovados pela RBT, especialmente na substituição de importações, pode ser avaliado pelo sucesso de uma empresa que foi patrocinada por uma iniciativa semelhante e precursora, no Rio Grande do Sul, que conseguiu fabricar um equipamento usado na produção de petróleo mais eficiente do que os similares importados. Comprova, na prática, que a receita poderá ter sucesso.

Saiba mais:
- Rede Brasil de Tecnologia
www.redebrasil.gov.br
- Finep
www.finep.gov.br

 
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