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A questão do médico em saúde da família

2006. Ano 3 . Edição 28 - 8/11/2006

Roberto Passos Nogueira

Passados mais de dez anos do início de sua implantação, o Programa de Saúde da Família (PSF) ainda se mostra débil num ponto vital,que é o desempenho de seus médicos.De acordo com padrões internacionais, são exigidas do médico de família habilidades básicas muito distintas das enfatizadas na maioria dos cursos de medicina.O médico de saúde da família não pode se limitar a um atendimento curativo em função de uma emergência qualquer. Integrando- se à equipe do programa, seu papel é proativo: atua na prevenção de doenças e na promoção da saúde comunitária mediante atividades comunicativas e de ações técnicas as mais diversas. Por exemplo,espera-se que os médicos de família adotem uma abordagem abrangente dos problemas de saúde,incluindo a visão do impacto desses problemas na comunidade;mantenham um relacionamento contínuo com seus pacientes; e prestem cuidados centrados não na doença,mas na pessoa do paciente e no seu contexto familiar.

“O médico de saúde da família não pode se limitar a um atendimento curativo em função de uma emergência qualquer. Integrando-se à equipe do programa, seu papel é proativo. Infelizmente, o sistema curricular de nossos cursos de medicina ainda não está orientado para dar uma resposta adequada a essas exigências”


Infelizmente, o sistema curricular de nossos cursos de medicina ainda não está orientado para dar uma resposta adequada a essas exigências. Por isso, a experiência do PSF tem questionado as estratégias pedagógicas de capacitação dos médicos, não só na fase de graduação, mas também na residência e nos cursos de especialização. Isso ocorre porque o PSF se estabeleceu desde o início como um programa baseado no trabalho da equipe de saúde da família, com caráter multiprofissional, envolvendo o médico, o enfermeiro,o técnico de enfermagem e o agente comunitário de saúde. O espírito de trabalho em equipe foi sempre muito valorizado e procura- se evitar que os demais trabalhadores sejam tratados como meros “auxiliares” do médico. Contudo, devido a uma longa tradição de trabalho autônomo,o médico raras vezes consegue se articular adequadamente com os demais membros da equipe.

Essa questão, contudo, deve ser examinada tendo em vista as condições do mercado de trabalho dos médicos. Sabe-se que parte considerável dos profissionais que ingressam no PSF são jovens recém-graduados que vêem na saúde da família apenas uma etapa que favorece seu desenvolvimento. Passado algum tempo, saem do PSF em busca de formação em outra especialidade ou de outro tipo de função no sistema privado. É grande a rotatividade dos médicos no PSF.Um dos motivos é que eles não se sentem integrantes de uma efetiva especialidade, plenamente reconhecida e valorizada.

Quanto a esse ponto, é recorrente a polêmica acerca das características da formação. Ela deve ser realizada em conjunto com os demais profissionais de nível superior que participam da equipe,de tal modo que garanta o comprometimento dos médicos com o espírito do trabalho? Ou, ao contrário, os médicos devem ter uma formação específica e aprofundada, em clínica geral, preventiva e promocional,de modo a assegurar que seu estatuto de especialidade seja plenamente reconhecido entre seus colegas e pela própria população?

Sabiamente,o Ministério da Saúde criou programas que fortalecem as duas alternativas: financia tanto os cursos de formação multiprofissional quanto algumas residências exclusivas de médicos de saúde da família.Ademais, patrocina um programa (o Pró-Saúde) que incentiva, nas instituições de ensino superior, a adequação e a inovação curricular da graduação de médicos, enfermeiros e dentistas de acordo com os requisitos do PSF.

É muito claro,no entanto,que todas essas iniciativas precisam de um longo período de experiência e maturação para que resultem numa mudança efetiva do modo predominante de formação dos médicos, centrado que está nas especialidades de alta tecnologia e de prestígio social bem estabelecido perante o grande público.


Roberto Passos Nogueira é pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)

 
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