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Modernização - Os criativos ganham mais

2004. Ano 1 . Edição 5 - 1/12/2004

Pesquisa pioneira retrata a importância da inovação para as exportações.


Maria Helena Tachinardi, de São Paulo

noticias-35-ImagemNoticiaLinha de montagem do Ford Ka em São Bernardo do Campo: uso de robôs não significa inovação.

Vale a pena investir em inovação, criando novos produtos ou processos produtivos. Embora pareça óbvio, muitas empresas não escolhem esse caminho e preferem cortar custos ou ganhar escala de produção. Mas quem aposta na inovação tecnológica é bem recompensado, como apontam os resultados de uma pesquisa conduzida pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea): as empresas inovadoras têm 16% mais chances de sucesso na exportação do que as que não inovam e conseguem colocar seus produtos no exterior por um preço superior ao das demais exportadoras. Outro dado importante revelado pela pesquisa é que a maioria das empresas estrangeiras instaladas no Brasil não pode ser considerada inovadora, uma vez que os centros de desenvolvimento estão, quase sempre, localizados em suas sedes ou em outros países. Isso apesar de muitas delas usarem processos produtivos de ponta, como os rôbos utilizados na montagem de automóveis.

A pesquisa abrange 72 mil firmas com mais de dez empregados, que foram classificadas de acordo com as suas estratégias competitivas e padrões tecnológicos. Ela foi desenvolvida por um convênio entre o Ipea, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Ministério do Trabalho, a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e o Banco Central. O ponto de partida foram os resultados da Pesquisa Industrial Anual do IBGE dos anos de 1996 a 2001. Também foram usados os dados levantados pela Pesquisa Industrial sobre Inovação Tecnológica (1998 a 2001) do IBGE. Cerca de 80% do Produto Interno Bruto do setor industrial foi coberto pelos levantamentos, explica Mário Salerno, Diretor de Estudos Setoriais do Ipea. A pesquisa começou a ser feita em janeiro e terminará em dezembro. Os resultados deverão ser publicados em março e poderão ser muito importantes para calibrar a aplicação da política industrial do Governo Federal, que coloca grande foco na ampliação das exportações, especialmente de produtos de maior valor tecnológico e aumento da inserção internacional do Brasil. Os resultados mostrarão o retrato do processo de reestruturação das empresas nos últimos 10 a 15 anos de exposição mais intensa à competição internacional. Até porque a pesquisa não se baseou no tamanho das empresas, mas sim em seu desempenho competitivo, explica Salerno.

Ficou evidente a vantagem das empresas que inovam e diferenciam seus produtos na hora de disputar mercados externos, pois "seu desempenho no mercado internacional não depende tanto de câmbio favorável. Por terem sua produção baseada em alto conteúdo tecnológico, sua inserção internacional é menos volátil", diz João Alberto De Negri, diretor adjunto de estudos setoriais do Ipea.

A análise, elaborada por pesquisadores do Ipea, da Universidade de São Paulo e das universidades federais de Brasília, do Rio de Janeiro e de Minas Gerais, comprova que quem investe mais em inovação e tecnologia tem mais lucro e paga melhor os funcionários.

Descobertas O trabalho de análise dos dados coordenado pelo Ipea sempre comparou as empresas enquadradas em três categorias isolando os efeitos da inovação tecnológica e supondo que todas as outras condições competitivas (envolve cerca de 200 variáveis) fossem idênticas. Algumas informações contidas no trabalho são as seguintes:

- 79% das indústrias estrangeiras ou mistas que atuam no Brasil não são inovadoras nem diferenciam seus produtos e estão fora da categoria A. Isso pode ser explicado, em parte, pelo fato de elas atuarem em setores não exportadores. Também pelo fato de basearem sua produção em recursos naturais e mão-de-obra, ambos de baixo custo e abundantes no país - o que desestimula o investimento em tecnologia.

- As firmas mais inovadoras, enquadradas na categoria A, remuneram os empregados, com a mesma ocupação, nível de escolaridade e tempo de permanência no trabalho, com valores 23% superiores aos pagos por aquelas que não diferenciam seus produtos, não inovam e têm baixa produtividade. A constatação é útil para a formulação de uma política que incentive as empresas a inovarem e diferenciarem produto, pois já se sabe que isso pode ter efeitos positivos nos salários. Outra conclusão da pesquisa é que a produtividade média do pessoal ocupado nas firmas mais inovadoras é 67,3% maior do que a verificada nas demais. Sempre supondo que todas as outras condições competitivas fossem idênticas para todas as empresas objeto da comparação.

- A fonte de recursos própria é duas vezes mais importante para a empresa alcançar a inovação tecnológica do que a fonte de recursos pública. Os resultados mostram que um aumento na participação das fontes próprias em dez pontos percentuais sobre o total dos gastos em P&D aumentaria em 2,8% a probabilidade de a empresa realizar inovação tecnológica. Mas Salerno ressalta que isso ocorre por não existirem no Brasil fontes públicas de financiamento para atividades de P&D das empresas privadas.

Dificuldades As três dificuldades mais relevantes apontadas pelas empresas para a inovação tecnológica são o risco econômico, os elevados custos e a escassez de fontes de financiamento. De acordo com a pesquisa, esses fatores "são fortemente correlacionados, pois o risco econômico de uma atividade inovadora é diretamente proporcional ao custo dessa atividade e à possibilidade das firmas de obterem fontes adequadas de financiamentos no que diz respeito a carências, prazos e juros", assim, "devem ser elaborados instrumentos adequados".

O estudo organizado pelo Ipea aborda um ponto essencial: a internacionalização das empresas com foco na inovação tecnológica. Nesse sentido, cresce a importância da colaboração. "Se a cooperação é um elemento importante e, portanto, verifica-se que há busca de informação conjunta entre firmas que procuram inovar, há espaço para o poder público atuar na promoção de ações que procurem no exterior informações sobre oportunidades de negócio e que podem ser realizadas de forma compartilhada entre uma agência de promoção de desenvolvimento industrial e grupos empresariais interessados em internacionalizar-se com foco na inovação", conclui De Negri.

Embora as informações da pesquisa do Ipea não revelem o nome de qualquer empresa, a reportagem de Desafios foi a campo para verificar o que acontece, de fato, nas operações e nas finanças das empresas que inovam e exportam. O resultado pode ser visto nas páginas seguintes.

 
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