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Gestão de Conhecimento - Catálogo de pesquisa

2004. Ano 1 . Edição 4 - 1/11/2004

A Plataforma Lattes, banco de dados sobre pesquisa científica criado há cerca de cinco anos no Brasil, desperta o interesse internacional.
 


por Lia Vasconcelos, de Brasília

noticias-27-ImagemNoticiaRoberto Pacheco, do Grupo Stela, e a equipe que está desenhando a expansão da Plataforma Lattes

Quando precisou encontrar um consultor que pudesse avaliar um projeto venezuelano na área de saúde, com possibilidade de desenvolvimento de patentes em interferon, uma proteína produzida pelo organismo que é usada no tratamento de hepatite C e alguns tipos de câncer, Rebecca De Los Rios, assessora de pesquisa em saúde da Organização Pan-Americana da Saúde, baseada em Washington, levou uns poucos cliques de mouse para descobrir o nome da brasileira Erna Geessien Kroon, que tinha 21 patentes registradas no Instituto Nacional de Propriedade Intelectual na área de virologia.

O engenheiro eletricista e pesquisador Carlos Eduardo Guarenti Martins viveu experiência semelhante. Precisava montar uma relação de especialistas que pudessem vir a trabalhar na promoção de palestras, de treinamento e de futuras parcerias da indústria de motores elétricos WEG, de Jaraguá do Sul, Santa Catarina. Em apenas quatro horas, sem se afastar do computador, ele reuniu em pouco mais de 50 páginas nome, perfil e publicações dos integrantes dos principais grupos de pesquisa em máquinas elétricas no Brasil.

Histórias de sucesso como essas, contadas no livro ainda não publicado Plataforma Lattes: uma biografia, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), são freqüentes e só foram possíveis graças a um conjunto de sistemas de informação, bases de dados e portais voltado para auxiliar na gestão do conhecimento relativo à produção científica brasileira - justamente a Plataforma Lattes. Ela é a principal fonte de registros de ciência e tecnologia do país, com 447 mil currículos (veja quadro ao lado) e 20 mil grupos de pesquisa cadastrados. Para se ter uma idéia, uma rápida pesquisa indica que existem hoje no Brasil 162 grupos de pesquisadores que estudam transgênicos, 54 cujo objeto é a educação fundamental e 245 grupos que trabalham com saúde pública.

Vitrine Em apenas cinco anos de atividade a plataforma, fruto da parceria entre governo e universidades, é ao mesmo tempo vitrine e espelho da produção tecnológica, científica e artístico-cultural do país. Nela são registrados por professores, pesquisadores, estudantes, gestores e demais interessados em ciência, tecnologia e inovação, currículos, grupos de pesquisa e projetos, formando uma enorme base integrada de informação. O site é aberto e o acesso às informações, gratuito. A plataforma venceu neste ano o Prêmio E-Gov, iniciativa do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, destinado aos melhores serviços oferecidos por órgãos governamentais por meio da internet, na categoria governo para cidadão, e está sendo exportada para outros países. A premiação é merecida, pois a Plataforma Lattes serviu como instrumento para que a comunidade científica compartilhasse informações, evitando ações repetitivas.

O próximo passo, no planejamento do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), é a expansão desta plataforma com uma interface que servirá de suporte à integração entre empresas, universidades e centros de pesquisa. Isso se dará por meio da Plataforma Dumont (em homenagem a Santos Dumont), cujo projeto piloto deverá ir ao ar no início de 2005, com a participação de 16 empresas voluntárias. Elas informarão suas necessidades de capacitação especializada, oportunidades e práticas de colaboração, problemas tecnológicos e também avaliarão os gargalos das cadeias produtivas em que atuam. Além disso, o projeto contará com o acesso às bases Lattes mas com uma configuração de consulta e apresentação de resultados especificamente projetada para a melhor compreensão do empresário. "Em vez de apresentar o resumé acadêmico, a plataforma Dumont deverá dar ênfase à experiência na interação com empresas e na liderança de equipes. Na outra extremidade, a comunidade técnico-científica terá acesso aos desafios colocados pelas empresas", explica Roberto Pacheco, coordenador do Grupo Stela, ligado à UFSC, um dos principais responsáveis pelo desenvolvimento das plataformas Lattes e Dumont. O Ministro da Ciência e Tecnologia, Eduardo Campos, sustenta que a Plataforma Dumont será um espaço virtual de interlocução entre empresários, profissionais do setor tecnológico, pesquisadores e técnicos, que facilitará parcerias, "o que é essencial para o surgimento da inovação tecnológica".

O Lattes, que foi construído com o investimento de cerca de 15 milhões de reais, chamou a atenção de outros países e serve de modelo para uma rede de cooperação internacional - a Rede ScienTI (Rede Internacional de Intercâmbio de Fontes de Informação e em Gestão de Ciência, Tecnologia e Inovação), idealizada para padronizar e compartilhar informações e metodologias de gestão sobre ciência, tecnologia e inovação da América Latina, do Caribe e dos países da Península Ibérica. A entidade foi criada em dezembro de 2002 em Florianópolis, Santa Catarina, e conta com a participação de 11 países. Tudo começou em 2000, quando o Centro Latino-Americano e Caribenho de Informações em Ciências da Saúde, órgão ligado à Organização Pan-Americana de Saúde, convidou o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) para uma reunião com autoridades dos governos da região para conhecer experiências locais em gestão da informação.

Intercâmbio A Colômbia já usa o sistema de currículos e o diretório de grupos de pesquisa traduzidos para o espanhol há cerca de um ano e meio. O Chile, há seis meses, o Peru, há quatro e a lista de países ainda inclui Argentina, Equador, Panamá, Venezuela, Paraguai e Portugal. Uruguai, México e Cuba já manifestaram seu interesse, assim como os franceses do Observatório de Informação em Ciência e Tecnologia. Por fornecer a tecnologia e metodologia, o Brasil tem acesso às informações geradas por esses países. No encontro da criação da Rede ScienTI, Carlos Bernardo, representante do governo português, afirmou "que o Brasil ofereceu a Portugal a possibilidade de utilizar a Plataforma Lattes, permitindo-nos evitar que voltemos a inventar a roda. Muito mais entusiasmante que a racionalidade dessa cooperação, que se justifica por si própria, é a possibilidade de se poder integrar e ajudar a desenvolver uma comunidade". Afinal, a Rede ScienTI viabilizará uma série de intercâmbios internacionais entre os países participantes. "O espírito brasileiro de socialização da informação em contrapartida ao jeito de encarar a informação como produto de alguns países possibilitou que saíssemos na frente", acredita Geraldo Sorte, coordenador geral de informática do CNPq.

"A plataforma foi pensada dentro do CNPq no enorme esforço de informatização da agência de fomento. Circulavam por ano 2,5 milhões de documentos lá dentro e a possibilidade de perda era grande. Foi preciso uma profunda mudança na concepção da informação", conta Evando Mirra, presidente do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) e presidente do CNPq entre 1999, ano do lançamento da plataforma, e 2001. "O começo foi muito penoso porque representou uma mudança de paradigma, de cultura. Hoje, fico muito feliz com os resultados".

Antes que a novidade fosse implantada, a vida do pesquisador era muito mais complicada. Ele vivia afogado em milhares de formulários diferentes. Desde a fundação, em 1951, o CNPq exige o envio de informações curriculares para subsidiar as atividades de avaliação. O formulário 168, um dos instrumentos de coleta de informação mais conhecidos da era pré-Lattes, foi criado no final dos anos 1980. A cada solicitação de apoio, o candidato enviava pelo correio uma nova versão do seu currículo, que era recebido, codificado, datilografado ou digitado e processado em três cópias em papel no CNPq. A escala típica do processo era de 10 mil currículos para cada edital de chamada de propostas. Doze anos depois foi lançado o BCurr, versão eletrônica do formulário 168. O processamento continuou o mesmo, mas em vez de papéis, milhares de disquetes chegavam ao CNPq em caixas trazidas pelos Correios. Lá, eles eram impressos e anexados aos processos. O BCurr permaneceu como principal ferramenta de informações curriculares até 1999, chegando a uma marca de 35 mil currículos.

Havia também o MiniCurrículo, desenvolvido em regime emergencial para atender o julgamento de bolsas de doutorado. Paralelamente, outras agências exigiam dos pesquisadores formas diferentes de informação. O Ministério de Ciência e Tecnologia tinha o Cadastro Nacional de Ciência e Tecnologia (CNCT) para os cerca de 600 pedidos anuais do Programa de Apoio Científico e Tecnológico. A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) exigia, para avaliação dos cursos de pós-graduação, o preenchimento de informações com o aplicativo ExeCapes, até 1995, e depois com o DataCapes, também conhecido como Coleta.

Ou seja, a multiplicidade de formulários impunha grandes volumes de retrabalho para manter atualizados vários documentos que tinham pontos em comum, mas não se comunicavam. "No começo de 1999, o então ministro Luiz Carlos Bresser Pereira, depois de assumir o MCT e a presidência do CNPq no final do ano anterior, decidiu descontinuar todos os projetos e elegeu a plataforma Genos, nome do Lattes antes da integração com a Capes, como plataforma nacional", lembra Pacheco. Segundo ele, além de contemplar as atividades de fomento, a plataforma levou em conta a visão de 385 consultores técnico-científicos que opinaram sobre o que consideravam importante em um currículo em ciência, tecnologia e inovação. "É um sistema sem igual como fonte de informação", diz Mário Sérgio Salerno, diretor de estudos setoriais do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Currículos Depois da implantação do sistema de currículos, vários outros módulos foram incorporados à plataforma como, por exemplo, o diretório dos grupos de pesquisa no Brasil, o diretório de instituições e o Lattes institucional, que pode ser adotado pelas instituições conforme suas necessidades. A intenção, afinal, é que essa base de dados seja usada como fonte de conhecimento sobre ciência e tecnologia. Além da análise do estado-da-arte da pesquisa brasileira, é possível conhecer padrões da atividade nacional, tais como configuração das redes de pesquisa, relacionamentos institucionais, priorização de temas de trabalho, entre outros. "Por meio da plataforma é possível acompanhar com transparência e rapidez para onde estão indo os recursos das agências de fomento e do governo", observa Mirra. "É uma ferramenta essencial na descoberta e análise das redes sociais de pesquisa. Por meio dela, é possível entrar nas teias de relações e qualificá-las de acordo com sua natureza", diz Pacheco.

Saiba mais:
Lattes:
http://lattes.cnpq.br
Rede ScienTI:
http://www.scienti.net
Grupo Stela:
http://www.stela.ufsc.br

 
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