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Empreendedorismo - Berçário de empresas

2004. Ano 1 . Edição 2 - 1/9/2004

Como as incubadoras facilitam o nascimento e a sobrevivência de empreendimentos inovadores.
 

Por Lia Vasconcelos, de Brasília

noticias-9-ImagemNoticiaMarcel Malczewski, sócio fundador da Bematech, empresa paranaense fabricante de mini-impressoras para automação comercial e bancária que é líder do mercado sul-americano

Nascida no começo de 1990 numa incubadora, a Bematech, uma empresa paranaense, conseguiu superar os obstáculos que micro e pequenas empresas enfrentam no Brasil e é líder do mercado sul-americano na fabricação de mini impressoras para automação comercial e bancária. Fatura cerca de 120 milhões de reais por ano e exporta seus produtos para a Inglaterra, os Estados Unidos, a Venezuela e o Uruguai.

Exemplos como esse são raros. Outro é o caso da Bioware, de Campinas (leia o quadro na página seguinte), que desenvolveu tecnologia para produzir bio-óleo, um combustível obtido a partir da biomassa da cana de açúcar. A realidade é muito mais difícil para empresas que não encontram abrigo nas incubadoras. Segundo uma pesquisa do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) divulgado em agosto, 50% das pequenas e médias empresas não sobrevivem ao dois primeiros anos de vida por causa da falta de planejamento e de capital de giro, da escolha de ponto comercial inadequado e do peso da tributação. No caso das empresas nascidas em incubadoras, a taxa de mortalidade inicial é menor e varia entre 10% e 20%, pois além do espaço físico, têm acesso a serviços de consultoria em diversas áreas. No Brasil, as incubadoras têm se revelado um importante apoio nos primeiros passos de uma pequena empresa e um instrumento eficaz para aproximar os centros de pesquisa e universidades do mercado, mas os obstáculos de ordem prática e legal para o bom funcionamento desse mecanismo ainda são muitos.

A incubação é um instrumento criado por universidades, governos, prefeituras, organizações não-governamentais ou associações empresariais que oferece uma série de serviços como consultoria, especialização, infra-estrutura, capacitação, treinamento e suporte técnico-gerencial para apoiar novas empresas. A incubação pode ser física, e nesse caso os empreendimentos ficam instalados em módulos dentro da incubadora, ou ocorrer à distância, processo em que o negócio recebe suporte da incubadora mas não utiliza seu espaço físico.

Crescimento O movimento de incubação existe no Brasil desde o final da década de 1980 e tem experimentado uma curva ascendente desde então. Em 1994 havia somente 19 incubadoras no país. Hoje são 207 segundo a pesquisa Panorama de 2003, da Associação Nacional de Entidades de Empreendimentos de Tecnologias Avançadas (Anprotec). Estão em 23 estados e no Distrito Federal, com forte concentração no Sul e no Sudeste (veja o mapa). São cerca de 3,6 mil empreendimentos que se conectam diretamente ao sistema de incubação e que empregam cerca de 10,2 mil pessoas.

"O caso brasileiro é muito bem-sucedido, o que não deixa de ser uma surpresa, pois o Brasil tem pouca experiência com a cultura de inovação", afirma Evando Mirra, presidente do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), uma organização social sediada em Brasília que dá consultoria para o Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT).

O sucesso das incubadoras depende muito de investimento. Hoje, os maiores financiadores desses projetos são as universidades, os centros de pesquisa, os governos estaduais, as prefeituras municipais, o Sebrae e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Só o Sebrae aprovou 237 projetos em 2002, somando um investimento de 13 milhões de reais. "Temos priorizado regiões que necessitam promover o desenvolvimento científico e social. As incubadoras são importantes porque formam uma nova geração de empreendedores", diz Paulo Alvim, gerente de inovação do Sebrae. Para colocar em prática a idéia de fomentar o desenvolvimento regional, a entidade decidiu descentralizar seus editais. De acordo com essa nova política, em 2004 já foram lançados editais no Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Pará, Amazonas, Roraima, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Até o final do ano os outros estados terão sido atendidos.

O Programa Nacional O Programa Nacional de Apoio a Incubadoras de Empresas (PNI), que existe desde 1998 e é coordenado pelo MCT, oferece mais incentivos. Com objetivo geral de fomentar a consolidação e o surgimento de incubadoras de empresas que contribuam para acelerar o processo de criação de micro e pequenas empresas de base tecnológica, o PNI tem para esse ano um orçamento de onze milhões de reais, vindos do Fundo Verde e Amarelo e do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, sendo sete milhões de reais para serem investidos em incubação e outros quatro milhões para parques tecnológicos. O dinheiro deverá ser usado para dar apoio às empresas pertencentes a redes estaduais e regionais de incubadoras, a eventos, ao desenvolvimento de um portal de micro e pequenas empresas inovadoras e a programas de capacitação de empreendedores, entre outras ações.

Além do dinheiro necessário para que a incubadora saia do papel, um jogo de forças deve ser equacionado. O Centro Incubador de Empresas Tecnológicas (Cietec), a maior incubadora da América Latina, com 99 empresas nas áreas de biomedicina, biotecnologia, energias alternativas, tecnologia da informação, novos materiais, telecomunicações e química, é um exemplo. O Centro, que fica na Cidade Universitária de São Paulo, é fruto de um convênio entre a Secretaria da Ciência e Tecnologia, Desenvolvimento Econômico e Turismo do Estado de São Paulo, o Sebrae-SP, o MCT, a própria Universidade de São Paulo, o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares e o Instituto de Pesquisas Tecnológicas. "Acredito na grandiosidade desse movimento, mas a verdade é que as incubadoras brasileiras estão assentadas em modelos um pouco frágeis. Elas precisam ter um conselho deliberativo autônomo e têm de ter participação nas empresas mesmo depois de elas saírem da incubação. Esse é o caminho da auto-sustentação", acredita Sérgio Risola, gestor do Cietec. De acordo com o Panorama 2003 66% das incubadoras em operação têm vínculo formal com universidades e centros de pesquisa (veja a tabela na página seguinte).

"A incubação tem um papel fecundante, desperta vocações e também mostra que é possível dominar a máquina da inovação e desenhar trajetórias criativas na geração do novo. Ela cumpre um papel pedagógico ao mostrar que somos capazes de gerar resultados", afirma Mirra. Segundo ele, muitas empresas não existiriam se não fossem as incubadoras. "Elas geram um ambiente acolhedor", diz.

Isso se reflete no fato de que das 207 incubadoras existentes hoje no Brasil 52% são de base tecnológica e estimulam o desenvolvimento de produtos em áreas de vanguarda como biotecnologia, nanotecnologia, energias alternativas e tecnologia da informação, entre outras. Em troca de uma taxa mensal que varia de acordo com a incubadora, as empresas têm direito a uma malha de proteção que inclui laboratórios, consultorias técnicas, administrativas e operacionais, salas de reunião e auditórios e serviços de portaria, recepção e limpeza por um prazo médio de três anos. Além disso, algumas incubadoras auxiliam os novos empreendedores na obtenção de alvarás nas prefeituras locais e na vigilância sanitária, na solicitação de incentivos fiscais, no planejamento dos negócios e no registro de marcas e patentes no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI).

A Bematech é um exemplo de como o suporte de uma incubadora pode ser decisivo. A partir de duas teses de mestrado em engenharia - uma feita por Marcel Malczewski, diretor-presidente da empresa, e outra por seu sócio, Wolney Betiol -, foi desenvolvido um projeto de uma impressora para telex. Para colocá-lo em prática, os colegas de mestrado procuraram, em 1989, a recém-inaugurada Incubadora Tecnológica de Curitiba (Intec), ligada ao Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar). Lá, a Bematech permaneceu incubada por dois anos, período em que o primeiro projeto foi aprimorado. Simultaneamente, Betiol e Malczewski desenvolveram uma mini impressora de automação bancária e comercial. Foi com ela que a empresa deslanchou, facilitando a vida de milhares de caixas de supermercado que puderam contar com uma impressora rápida.

A Bematech ocupa um prédio de três mil metros quadrados em Curitiba, no Paraná, e a expectativa é de que ela exporte cerca de um milhão de reais neste ano para os Estados Unidos, o maior mercado da empresa fora do Brasil. "A incubadora teve papel fundamental no início da empresa, principalmente, por causa dos laboratórios da Tecpar, usados para a concretização dos nossos projetos, e também pelo suporte administrativo e das salas de reunião", diz Malczewski. Ele acredita que o sistema de incubadoras é um dos caminhos para a promoção da inovação, mas acha que muitos obstáculos ainda têm de ser superados. Um dos maiores desafios, em sua opinião, é a atração de investimentos.
A própria Bematech, que hoje emprega 300 pessoas, teve dificuldades. No começo dos anos 1990, os sócios procuraram algumas instituições financeiras de fomento em busca de financiamento para o projeto. Uma delas foi o Banco de Desenvolvimento do Estado do Paraná, que acabou sendo liquidado, o BNDES e o Banco do Brasil. "Vivíamos, então, sob o governo Collor, e o panorama estava realmente muito complicado. Não conseguimos o apoio das entidades de fomento a que recorremos", conta Malczewski. A alternativa foi buscar outras formas de investimento e o resultado não tardou. Um investidor paranaense interessou-se pelo projeto e formou um grupo que aplicou 150 mil dólares no negócio, viabilizando a Bematech.

"O grande gargalo é a falta de dinheiro", afirma Davi Sales, gerente da incubadora de empresas de base tecnológica da Unicamp, a Incamp. Sales explica que há recursos disponíveis na fase de desenvolvimento dos projetos, mas a fonte seca depois do protótipo pronto. "Essa é a hora em que temos de correr atrás do capital de risco, mas normalmente ele não é aplicado em empresas incubadas", diz Sales. "Por melhores que estejam os indicadores dos planos de negócios das empresas, os gestores de capital de risco no Brasil apenas investem em empresas cujo faturamento seja de pelo menos dois milhões de dólares anuais", afirma Risola, o gestor do Cietec.

Regulamentação Não é, no entanto, somente a falta de investimentos que preocupa os especialistas. A falta de uma política de incentivos fiscais também incomoda. "Ainda há muito desafios para as empresas incubadas. Falta uma política de incentivos fiscais e a regulamentação do setor é necessária", diz Angélica Salles, que é gerente da incubadora da Fundação Biominas especializada em biotecnologia. O MCT promete que essas questões estarão resolvidas até o final do ano. A lei de inovação, encaminhada ao Senado no final do semestre passado para votação, romperá as barreiras burocráticas que atrapalham os pesquisadores e empresários envolvidos com a atividade, estimulando a criação de empresas inovadoras.

Para José Eduardo Azevedo Fiates, presidente da Anprotec, "em dois ou três anos depois de sua implementação já poderemos ver resultados". Quanto à política de incentivos fiscais, diz Francelino Grando, Secretário de Desenvolvimento Tecnógico do MCT, a expectativa é de que estejamos com o projeto de Lei de Inovação pronto até a primeira quinzena de outubro para que ele possa ser votado e já incida sobre o exercício de 2005". Mas as eleições municipais poderão atrapalhar esta previsão. Segundo ele, a lei de inovação elege a incubação como prioritária para a interação entre as universidades, os institutos de pesquisa e o setor produtivo. "O sistema de incubação que não propicia a inovação se afasta do rumo mais adequado para a geração de renda qualificada." O grande desafio, diz ele, é fazer com que as incubadoras não sejam vistas apenas como laboratórios bem-sucedidos mas como elementos de dinamização do desenvolvimento econômico e tecnológico das regiões onde estão implantadas.

 
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