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Gênero e macroeconomia?

2005. Ano 2 . Edição 7 - 1/2/2005

"Se as mulheres obtiverem maior controle sobre os recursos e maior acesso aos bens, a sociedade como um todo lucrará; porém, se persistir a desigualdade de gênero, grandes perdas para toda a sociedade continuarão a existir".

Luana Simões Pinheiro*

Ao longo dos últimos anos tem havido um crescente reconhecimento da importância da política macroeconômica no padrão de vida das mulheres e na promoção de sua autonomia ou empowermen econômico. Tal política pode piorar ou melhorar o padrão de vida de diferentes grupos e contribuir para aumentar ou diminuir as diferenças entre homens e mulheres no que se refere a rendimentos, saúde, educação, nutrição, entre outros. Ao mesmo tempo, há também maior compreensão de que as desigualdades de gênero podem influenciar negativamente os resultados da política macroeconômica.

A relação entre macroeconomia e gênero é uma via de mão dupla. Se por um lado não considerar as questões de gênero, pode manter ou aprofundar as desigualdades entre homens e mulheres, por outro lado tais desigualdades geram repercussões nos resultados da política, podendo provocar reduções ou ganhos limitados na produtividade e na renda das mulheres e, conseqüentemente, na produtividade e na renda nacionais.

A desigualdade de gênero não é apenas onerosa para as mulheres, mas também para as crianças e para muitos homens. Aumenta os custos do orçamento de um país, em razão da produção diminuída e do desenvolvimento reduzido da capacidade humana, bem como encurta o tempo de lazer e, conseqüentemente, o bem-estar da população. A ampliação da autonomia econômica das mulheres propicia aos países a possibilidade de aumentar sua produtividade, melhorar seus recursos humanos, aliviar o estresse e melhorar a saúde da população em geral.

Tais hipóteses podem ser ilustradas por alguns estudos:
- Pesquisa realizada por Saito e Spurling (1992) mostrou que, na África, a redução da desigualdade de gênero pode aumentar significativamente o rendimento agrícola. Por exemplo, ao fornecer às mulheres fazendeiras do Quênia o mesmo nível de insumos (sementes, fertilizantes, etc.) e a mesma educação dada aos homens, verificou-se um crescimento superior a 20% no rendimento agrícola das fazendeiras. Assim, uma política macroeconômica baseada em maior gasto público com escolarização e com serviços de extensão e crédito dirigidos especificamente às mulheres provocaria um aumento na produtividade do país.
- Pesquisas mostram que a eliminação da discriminação de gênero nas ocupações e nos salários e benefícios sociais tem efeito não apenas na renda das mulheres mas também na renda nacional. Segundo Tzannatos (1991), se fossem eliminadas as desigualdades de gênero na América Latina, o ganho das mulheres aumentaria 50% e a produção nacional teria um incremento de 5%.
- Um último estudo destaca que a excessiva carga de trabalho das mulheres, que acumulam as suas atividades na esfera pública com afazeres domésticos, dificulta o crescimento e o desenvolvimento do país. Estudo realizado por Tibaijuka (1994) na Tanzânia mostrou que, quando esse impedimento foi reduzido numa pequena comunidade de plantadores de café e banana, houve aumento de 10% no rendimento dos domicílios, de 15% na produtividade do trabalho e de 44% na produção de capital. Isso indica que uma divisão mais igualitária das tarefas domésticas, bem como a provisão adequada, pelo Estado, de equipamentos sociais, como creches e restaurantes populares, tende a resultar em ganhos de produtividade para o país.

A mensagem é: se as mulheres obtiverem maior controle sobre os recursos e maior acesso aos bens, a sociedade como um todo lucrará; porém, se persistir a desigualdade de gênero, grandes perdas para toda a sociedade continuarão a existir.


Luana Simões Pinheiro é pesquisadora do Ipea e membro do Centro de Direitos Humanos da Universidade de Essex, nos Estados Unidos

*Com Diane Élson, consultora do Fundo do Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (Unifem)

Leia mais sobre o assunto no endereço eletrônico:
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