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Vale a pena investir em pesquisa e desenvolvimento nas regiões periféricas

2004. Ano 1 . Edição 5 - 1/12/2004

"O investimento em P&D em áreas carentes pode ser a única solução capaz de impedir o alargamento do fosso da tecnologia e do desenvolvimento entre o centro e a periferia."

Andrés Rodríguez-Pose

O investimento em pesquisa e desenvolvimento (P&D) é uma das chaves para se alcançar a inovação e o desenvolvimento econômico. Com novos produtos e processos, a sociedade maximiza sua capacidade tecnológica, aumenta sua produtividade e, portanto, o crescimento econômico. Não é sem razão que os formuladores de políticas têm considerado importante estimular o investimento em P&D. Muitos países aumentaram o valor dos recursos nessa rubrica. Entre 1995 e 2000 o crescimento do investimento em P&D na Finlândia foi de 13,02%, na Irlanda, de 10,92%, em Portugal de 10,01% e na Espanha de 6,32%. A Grécia não ficou muito atrás. O responsável pela maior parte deste aumento foi o setor público, como forma de resolver o problema da sua falta de produtividade em muitas áreas.

A questão é que os resultados não são similares em todas as regiões. Embora a Irlanda e, em menor escala, a Finlândia tenham prosperado, a Espanha vive o crescimento moderado enquanto Portugal e Grécia têm ficado para trás em matéria de desenvolvimento econômico. A pergunta é, portanto, até que ponto o aumento na capacidade tecnológica em áreas periféricas produz crescimento e prosperidade.

Muitos pesquisadores consideram que a relação entre P&D e desenvolvimento econômico está longe de ser linear. Acham que é preciso haver uma infra-estrutura mínima para que os investimentos gerem novos conhecimentos e não se configurem em desperdício de recursos. Segundo esses estudiosos, em regiões carentes os investimentos não rendem os retornos esperados porque a maior parte dos projetos carece de dimensão, o que faz com que sejam pouco competitivos. Além disso, na falta de centros tecnológicos avançados, os cientistas tendem a trabalhar de forma isolada, o que atrasa o progresso das pesquisas. Assim, num ambiente menos complexo haveria grande dificuldade em transformar o progresso tecnológico em inovação e a inovação em crescimento econômico. Seguindo essa linha de raciocínio, seria melhor concentrar os investimentos tecnológicos em áreas centrais, de forma a maximizar os retornos.

Considero essa abordagem incorreta por duas razões. A primeira: o progresso tecnológico alcançado em regiões centrais, mais avançadas, dificilmente beneficia as regiões periféricas, já que o custo de difusão do conhecimento é significativo e, sem pesquisa, falta estrutura a essas áreas para absorver as inovações trazidas de fora, quando elas chegam. A segunda: embora seja verdade que o retorno do investimento em P&D na periferia possa ser menor do que o esperado, políticas alternativas não têm dado melhores resultados. Décadas de investimento em infra-estrutura ou na atração de capital estrangeiro direto em regiões periféricas não as levaram ao desenvolvimento sustentado. Ao contrário, em muitos casos deixaram-nas com um tecido econômico fraco e dependente. O investimento em P&D, juntamente com políticas de aprimoramento da qualidade de recursos humanos e de firmas locais, pode resultar, se não numa estrutura capaz de competir em matéria de pesquisa com as regiões centrais, pelo menos num ambiente com condições de assimilar conhecimentos gerados em outras áreas.

O investimento em P&D em áreas carentes pode, portanto, ser a única solução capaz de impedir o alargamento do fosso entre o centro e a periferia. A tarefa não é fácil e nem há garantia de sucesso. Contudo, essa pode ser uma alternativa eficiente de promoção do desenvolvimento.


Andrés Rodríguez-Pose é professor na London School of Economics, na Inglaterra

 
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