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Uma transformação possível

2004. Ano 1 . Edição 2 - 1/9/2004

"No Brasil vivemos um paradoxo. Nossa capacidade de inovar é reafirmada em cada espaço onde é tentada. E contudo os espaços de inovação permanecem minoritários"

Evando Mirra de Paula e Silva

A inovação responde por cerca de 50% do crescimento econômico de longo prazo dos países industrializados, segundo a Organização de Cooperação para o Desenvolvimento Econômico (OCDE). Geração de emprego e renda, crescimento sustentável e competitividade no cenário internacional estão associados à capacidade de inovar. Embora centrada na empresa, a cultura inovativa movimenta malha mais ampla e complexa em toda a sociedade, estimula a educação em todos os níveis, demanda a pesquisa e desafia a criatividade, torna o próprio mercado um terreno de embate e exercício da cidadania. É um fato social total, se quisermos empregar a expressão de Marcel Mauss.

No Brasil vivemos um paradoxo. Nossa capacidade de inovar é reafirmada em cada espaço onde é tentada. E, contudo, os espaços de inovação permanecem minoritários e dispersos, desenham um arquipélago cuja lentidão de crescimento ignora as lições de sucesso e os trunfos de que dispomos. É claro que existem dificuldades. O contexto regulatório e macroeconômico, o sistema de educação e capacitação, a infra-estrutura em comunicação e a dinâmica de mercado, fatores determinantes no processo, apresentam entre nós as insuficiências e os desacertos conhecidos.

É verdade que essas condições limitam as possibilidades de estabelecer pesquisa em rede empresarial, consolidar a base tecnológica e científica do país e utilizar plenamente o potencial nacional de gerar, difundir e incorporar conhecimento no processo de produção. Mas é também verdade que, apesar de todos os obstáculos, e nesse mesmo contexto, sucessos singulares reafirmam a força transformadora da inovação e nossa capacidade de fazê-lo. E é também verdade que cabe a nós a transformação dessas condições, em direção a um ambiente favorável ao acesso à contemporaneidade.

Os resultados de uma postura inovadora manifestam-se em todo o país. Talvez com maior visibilidade nas conquistas da Petrobras ou da Embraer, mas também fertilizando o semi-árido nordestino no cluster de fruticultura na região de Petrolina; gerando um pólo de alta tecnologia em eletrônica e telecomunicações em Santa Rita do Sapucaí; aumentando a competitividade do setor de papel e celulose com o seqüenciamento do genoma do eucalipto; em rede de empresas, universidades e institutos de pesquisa; ou transformando uma pequena fábrica do interior de Santa Catarina na maior indústria de motores elétricos da América Latina, presente em mais de 50 países.

Não cabe aqui um inventário, mas deve-se lembrar que são invariantes, em todos os exemplos, a aposta no conhecimento e a ocupação inteligente de mercado. É necessário que essa cultura se difunda, que a estrutura produtiva evolua em direção a bens de maior valor agregado, que se articulem as competências e que as empresas confiram maior prioridade às atividades tecnológicas em suas estratégias.

Sabemos que isso exige atuação do Estado. Por um lado, propondo à sociedade uma mudança cultural para valorizar a inserção das atividades científicas e tecnológicas no cotidiano, dentro de uma estratégia de longo prazo. Por outro, definindo políticas para promover a interação entre os agentes e o desenvolvimento de tecnologias nas empresas. Essas mudanças, estruturais, não são passíveis de realização pelas livres forças do mercado, pressupõem o Estado como promotor de uma nova agenda.

É o que sinalizam hoje as propostas de uma política industrial, tecnológica e de comércio exterior, de uma lei da inovação e de novos instrumentos de incentivo. É neste quadro que se coloca o convite ao grande esforço coletivo de articulação e mobilização das competências e das vontades. Construímos um acervo notável de realizações e demonstramos que sabemos inovar. Atingimos um estágio inédito de competência científica e dispomos de massa crítica para sonhar mais alto. A grande transformação está a nosso alcance.


Evando Mirra de Paula e Silva é Presidente do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), ex-presidente do CNPq.

 
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