resep nasi kuning resep ayam bakar resep puding coklat resep nasi goreng resep kue nastar resep bolu kukus resep puding brownies resep brownies kukus resep kue lapis resep opor ayam bumbu sate kue bolu cara membuat bakso cara membuat es krim resep rendang resep pancake resep ayam goreng resep ikan bakar cara membuat risoles
Os desafios da produtividade brasileira

2014 . Ano 11 . Edição 81 - 05/10/2014

rd81not02img01

Para permitir sustentabilidade à inclusão social, com crescimento contínuo da economia, a necessidade de maiores taxas de produtividade se tornou praticamente um consenso entre os economistas. Publicação do Ipea tenta apontar as causas da baixa produtividade observada no Brasil desde o fim da década de 1970

Fellipe Bernardino

Segundo economistas de diversas tendências, maiores taxas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) dependerão cada vez mais do indicador que mede a eficiência com que determinado produto ou serviço é produzido para que possa, então, ser comercializado. Trata-se da produtividade. O governo brasileiro, por sua vez, considera necessárias taxas de produtividade mais expressivas na economia como um todo, para que seja possível mais inclusão social ao país.

rd81not02img02

O debate da produtividade, no Brasil, foi obscurecido pela proeminência de discussões sobre a inflação, já que apenas superamos a hiperinflação com o Plano Real. Depois, discussões a respeito da desigualdade ganharam destaque, deixando a produtividade mais uma vez relegada de forma secundária nas discussões sobre a economia brasileira.

Todas essas inquietações levaram o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) a produzir, em parceria com a Associação Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), a publicação Produtividade no Brasil – Desempenho e Determinantes. O volume 1 da obra, Desempenho, divulgado em novembro, busca, com os seus 13 capítulos, desvendar os empecilhos para que haja acréscimo de produtividade na economia brasileira.

rd81not02img03

A parceria entre Ipea e ABDI vem desde 2012, quando pesquisadores de diversas tendências do pensamento econômico apontavam para uma baixa capacidade de crescimento da nossa produtividade. Mas há pelo menos 30 anos o baixo desempenho da produtividade do setor produtivo já preocupava os economistas. Foi só na década de 1970 que o Brasil experimentou o último crescimento contínuo nas taxas de produtividade.

Segundo a diretora de Estudos e Políticas Setoriais de Inovação, Regulação e Infraestrutura do Ipea Fernanda De Negri, uma das organizadoras da publicação, o processo de maior crescimento da produtividade, observado na década de 1970, coincidiu com um forte êxodo rural que possibilitou uma transição da força de trabalho da agricultura, o setor menos produtivo da economia, para a indústria, o mais produtivo.

“Quando você tira pessoas da agricultura e passa para a indústria, aumenta a produtividade agregada da economia pelo efeito composição”, afirma a pesquisadora, para explicar que mais trabalhadores concentrados num setor consideravelmente mais produtivo, por consequência, geram mais produtividade para a economia como um todo.

Apesar de ser considerado o setor menos produtivo da economia, a agricultura tem mostrado maior eficiência nos últimos anos, como consequência de investimentos tecnológicos capazes de influenciar positivamente o desempenho do setor. No entanto, De Negri adverte que esse incremento poderia ser aindamaior. “A agricultura é o setor em que a produtividade mais cresceu. Mesmo assim, ainda estamos muito distantes de países como os Estados Unidos, por exemplo. Ainda estamos muito distantes da fronteira”, sublinha.

Foto: João Viana / Ipea
rd81not02img04
“A agricultura é o setor em que a produtividade mais cresceu.
Mesmo assim, ainda estamos muito distantes de países como os
Estados Unidos, por exemplo. Ainda estamos muito distantes da fronteira”
Fernanda de Negri
, diretora de Estudos e Políticas Setoriais de Inovação,
Regulação e Infraestrutura do Ipea

Outro dilema para a produtividade no Brasil é a tendência de que a atual realidade brasileira, de mais pessoas que ingressam do que deixam o mercado de trabalho, se inverta. Será, então, o fim do bônus demográfico, que tem beneficiado a economia do país nos últimos anos. Para De Negri, que organizou a obra ao lado do pesquisador Luiz Ricardo Cavalcante, a economia pode crescer, simplificadamente, das seguintes formas: com aumento do estoque de capital, aumento do estoque de força de trabalho (processo hoje observado, mas que tende a acabar), ou aumento de produtividade. “O que está acontecendo no período recente, no Brasil, é que se está aumentando o estoque de força de trabalho: tem mais gente entrando no mercado de trabalho do que saindo”, conclui a pesquisadora. Uma menor oferta de mão-de-obra no setor produtivo do país precisará ser compensada, então, por ganhos de produtividade.

O fim do bônus demográfico poderia ser compensado, no futuro, por mais produtividade gerada por uma maior qualificação da população, que tende a se tornar cada vez mais madura. No entanto, não é o que tem sido observado por pesquisadores. “A gente aumentou a escolaridade nos últimos anos, mas talvez não tenha aumentado na mesma velocidade a qualidade da educação”, ressalta a pesquisadora.

Segundo a economista, a produtividade é uma variável síntese de todos os fatores capazes de influenciar o desempenho de determinada economia. No entanto, há pelo menos quatro variáveis consideradas chave e que, desse modo, são capazes de exercer uma influência maior para incremento da produtividade. São elas: infraestrutura, ambiente de negócios mais favorável, inovação tecnológica e qualificação da mão--de-obra. Este último fator, segundo De Negri, aparece como o mais apontado pelas empresas.

Outro processo que pode ocasionar perdas de produtividade é a migração da força de trabalho da indústria para o setor de serviços, que nos últimos anos é o que mais tem crescido no Brasil, em decorrência do maior poder de compra da população. “Quando você perde participação da indústria e aumenta a participação dos serviços, você está tirando participação de um setor muito mais produtivo e colocando num setor que é menos produtivo. Isso diminui a produtividade agregada”, afirma De Negri.

Apesar do fluxo de trabalhadores da indústria para os serviços, também houve diminuição da força de trabalho concentrada na agricultura, com migração de trabalhadores desse setor também para os serviços. De Negri ressalta que “esses dois movimentos se compensaram e, no balanço, essas mudanças na estrutura produtiva não tiveram efeito sobre a produtividade”.

A produtividade ainda é uma questão chave para que se permita ganhos sociais à população. Nos últimos anos, o aumento da massa real de trabalho tem crescido a uma taxa bastante superior à da produtividade, o que gera tensões no processo de inclusão social. “Uma coisa é você dizer: ‘olha vamos resolver o conflito distributivo, vamos dar mais renda para quem é mais pobre’, quando todo mundo está ganhando mais. Mas quando isso significa tirar dinheiro do bolso de alguém, pode até ser justo, mas é mais difícil. É mais complicado de fazer. Então, de fato, é mais difícil se negociar ganhos salariais quando se parou de crescer a produtividade”, ressalta De Negri.

A opinião de Maria Luisa Campos Machado Leal, diretora da ABDI, é parecida. Para ela, com ganhos de produtividade, tensões entre partes afetadas na dinâmica distributiva podem ser arrefecidas. “Você tem uma possibilidade de aumentar a parte do trabalho sem necessariamente acirrar o conflito entre capital e trabalho”, afirma. “Essa talvez seja uma das principais importâncias da produtividade: dar sustentabilidade ao processo de inclusão social”, defende Maria Luisa.

José Paulo Lacerda/ Portal da Indústria
rd81not02img04
“Essa talvez seja uma das principais importâncias da produtividade: dar
sustentabilidade ao processo de inclusão social”
Maria Luisa Leal
, diretora da ABDI

Para ela, a questão da produtividade da indústria, em específico, que é sua área de trabalho, tem ligação com três fatores básicos: baixa qualidade da mão-de-obra, baixo nível de educação e pouca infraestrutura disponível no país. Mas Maria Luisa ainda destaca outra característica importante, que também tira competitividade do setor industrial brasileiro: o câmbio pouco competitivo, que se trata de um fator, segundo ela, hoje bastante violento.

Por isso, Maria Luisa considera importante uma separação adequada dos efeitos de cada uma das duas variáveis importantes para perda de competitividade na indústria. “Separar o que é devido ao câmbio e o que é devido à produtividade é muito importante”.

 
Copyright © 2007 - DESAFIOS DO DESENVOLVIMENTO
É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação sem autorização.
Revista Desafios do Desenvolvimento - SBS, Quadra 01, Edifício BNDES, sala 1515 - Brasília - DF - Fone: (61) 2026-5334