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José Antonio Ocampo: a ortodoxia não é a saída para a crise

2012 . Ano 9 . Edição 72 - 15/06/2012

Foto: Sidney Murrieta

Economista colombiano e professor da Universidade de Columbia, Ocampo debateu políticas macroeconômicas para os países em desenvolvimento em atividade do Ipea

O economista colombiano José Antonio Ocampo participou, em abril, de um seminário sobre crise internacional e políticas de desenvolvimento na sede do Ipea, em Brasília. Professor de Relações Internacionais da Universidade de Columbia, nos EUA, Ocampo foi ministro das Finanças em seu país e ocupou diversos cargos de destaque na Organização das Nações Unidas, entre eles o de secretário-executivo da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal), entre 1998 e 2003.

Após o seminário, o economista concedeu uma entrevista aos diretores do Ipea Vanessa Petrelli Corrêa (Dimac), Carlos Eduardo Fernandez da Silveira (Diset), Jorge Abrahão de Castro (Disoc), Geová Parente Farias (Dides), Marcos Antonio Macedo Cintra (Dinte) Claudio Amitrano (adjunto-Dimac), Miguel Matteo (adjunto - Dirur) e José Celso Cardoso (Técnico de Planejamento e Pesquisa da Diest).

CRISE INTERNACIONAL Esta é uma crise financeira. Ela é marginalmente fiscal em poucos países. Esta última foi um efeito da crise financeira. As principais medidas a serem tomadas são de saneamento financeiro, através do estabelecimento de normas regulatórias para o sistema bancário. Creio que o sentido das medidas tomadas nos Estados Unidos e na Europa está correto, embora sejam mais tímidas e lentas do que eu gostaria. O Fed [banco central dos EUA] tem de manter uma política monetária expansiva. O problema maior está na Europa, onde as autoridades não possuem a visão monetária expansiva necessária. A situação europeia se assemelha ao que aconteceu na América Latina durante a crise da dívida [nos anos 1980]. Ou seja, para salvar os bancos se criou um problema para as dívidas publicas. Não creio que o ajuste fiscal ortodoxo em curso na Europa seja a maneira correta de tratar a crise, ainda mais se levarmos em conta a existência de um risco recessivo global.

CHINA E AMÉRICA LATINA A China é uma oportunidade e uma ameaça. A recuperação da dinâmica exportadora da América Latina depois da crise foi muito forte, especialmente graças à China. Mas é um comércio totalmente desbalanceado. Exportamos uma gama de produtos que se pode contar nos dedos de uma mão: cobre, petróleo, minério de ferro, soja e polpa de papel. E China nos exporta tudo, cada vez com maior conteúdo tecnológico. É muito difícil não se comercializar com a China, mas é necessário fazer um balanço dessa relação. A única posição com algum grau de coerência é a brasileira, que busca diversificar esse comércio.

INTEGRAÇÃO CONTINENTAL É a melhor aposta para nós. Minha grande preocupação é sobre a viabilidade política dos processos. Nesses termos, a dinâmica mais forte é a centroamericana e a mais débil é a andina, que subsiste por milagre. O Mercosul é um processo com dois problemas ainda não resolvidos. Primeiro são as restrições comerciais impostas pela Argentina. O segundo é a relação entre países grandes e pequenos, como Uruguai e Paraguai.

Na etapa primário-exportadora, as regiões da America Latina se integraram principalmente com o exterior. Só por acidente houve uma solidariedade interna. A questão central reside nos encadeamentos dos setores produtivos internos para que se tenha um crescimento dinâmico. Todo esse modelo exportador foi de desintegração nacional e de desintegração de cadeias produtivas em nossos países. Uma das tarefas mais importantes para o futuro é como fazer a reintegração. O essencial é determinar quais serão as políticas produtivas com mais vínculos regionais.

POBREZA E SITUAÇÃO SOCIAL Certos acordos internacionais podem ser negativos em termos sociais, ao resultarem em baixas de salários ou em deterioração institucional por força de questões comerciais e financeiras. A America Latina – em especial o Brasil – vem avançando na redução das desigualdades, mas eu me pergunto se essa tendência é duradoura.

ESTADO E DESENVOLVIMENTO É fundamental a existência de um serviço público de qualidade em todos os setores. E muito importante determinar como se constroem as relações público-privadas, especialmente no setor produtivo. O desenvolvimentismo hoje deve ser muito menos centrado no Estado e muito mais alicerçado em alianças público-privadas, inclusive com multinacionais. Na área social, por exemplo, parece ser importante desenvolver vínculos entre Estado e organizações sociais que são muito ativas.

GESTÃO PÚBLICA EFICIENTE Ter uma boa política fiscal é essencial. No entanto, não gosto da lei de responsabilidade fiscal de dez anos atrás. Parece ter um foco equivocado. Aprecio mais as normas chilenas, que são anticíclicas. Acho que a LRF tem de evoluir e incorporar princípios anticíclicos, que não estavam em pauta há dez anos.

 
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