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Por dentro do Instituto - Estudos do Ipea tornam-se referência para acadêmicos e leigos

2011 . Ano 8 . Edição 70 - 29/12/2011

Foto: João Viana

Danilo Bezerra Vieira, 17, classifica livros na Biblioteca Comunitária Juscelino Kubitschek, em Almino Afonso (RN). Em 2008 ele começou a organizar o acervo

Mirlene Bezerra - de Brasília

Livros e análises do Instituto subsidiam trabalhos em todo o Brasil. Obras compõem acervos universitários e comunitários. É o caso de biblioteca montada por adolescente no interior do Rio Grande do Norte, numa história de paixão pelo conhecimento

Uma biblioteca comunitária criada por um adolescente no sítio Três Altos, zona rural de Almino Afonso, um pequeno município do Rio Grande do Norte, é um exemplo de inúmeras iniciativas autônomas pela difusão do conhecimento que se espalham pelo Brasil. Curioso e entusiasmado leitor, Danilo Bezerra Vieira decidiu compartilhar com os moradores de sua localidade o conhecimento de quase 300 títulos de publicações recebidas por meio de doações. “Foi uma forma de dar a minha contribuição à sociedade”, disse o estudante do terceiro ano do ensino médio da Escola Estadual Ronald Neo Júnior do município de 4.948 habitantes a 285 km de Natal. Como sempre gostou de ler, Danilo ganhava muitos livros dos professores e, a certa altura, começou a se questionar sobre a finalidade daquele acervo guardado só para si. Foi assim que tudo começou, em 2008, quando ele tinha apenas 15 anos. “Acredito que o conhecimento não é uma coisa que deve ficar restrita, tem que estar aberto a todos”, disse.

Acomodada na sala da casa onde mora com os pais – o agricultor Francisco Vicente Vieira, 53 anos, e a dona de casa Mara Núbia Bezerra, 40 anos – a Biblioteca JK não para de crescer. Atualmente conta com 2.137 livros, todos catalogados à mão, já que o estudante não tem computador para digitalizar os dados. O espaço, batizado em homenagem ao ex-presidente Juscelino Kubitschek, por quem o jovem nutre profunda admiração, recebeu o apoio da prefeitura local e de um empresário da região para uma pequena reforma, após a repercussão do vídeo institucional Rotas do Ipea, projetado na festa dos 47 anos do Instituto, em Brasília.

Foto: João Viana

A casa onde se localiza a biblioteca comunitária, em Almino Afonso

LIVROS EM DESTAQUE Os livros editados pelo Ipea têm destaque nas estantes. Danilo conta ter solicitado as publicações ao buscar dados sobre a crise mundial de 2008. Procurou nos sites da administração pública uma forma de trazer informações para sua comunidade entender um pouco do assunto. “As pessoas devem pensar que esse conhecimento é mais retido a entidades acadêmicas e a grandes estudiosos. Pode até ser! Mas com isso a gente está provando que não é só pra eles, é para todos. Uma das missões do Ipea não é humanizar e levar a todos o conhecimento? Então! Foi por isso que procurei o Instituto”, enfatizou.

Foto: João Viana

Da esquerda para a direita, os professores William Eufrásio Nunes Pereira e Johnatan Rafael Santana, da UFRN, conversam com as estudantes Ana Cristina Morais, Isabel Caldas Borges e Rebeca Marota. Para William, “Os dados do Ipeadata e os textos para discussão são muito ricos e dão boa fundamentação para pesquisas”

Outra experiência que mostra a capacidade da produção do Instituto em alcançar as camadas populares foi registrada no município de Capão Bonito, em São Paulo. Desempregado e acometido pela síndrome do pânico, Alfredo Ozi Galvão não se acomodou diante das dificuldades. Além de buscar tratamento médico, pensou em como ocupar seu tempo para driblar os sintomas da doença e ter algum rendimento para sua subsistência. Na casa que herdou dos pais, montou uma pensão para abrigar pessoas que estejam de passagem pela cidade. Como o espaço era grande, decidiu criar uma biblioteca comunitária. “É uma iniciativa boa. Fiz pelo prazer da leitura e para incentivar as pessoas a lerem mais sobre todos os temas”, justifica.

Para Alfredo, a administração pública não é a única responsável pela melhoria do País: “Cada um de nós brasileiros pode e deve doar um pouco de si, seja de forma material ou espiritual”. O agora bibliotecário só lamenta que poucas editoras – de instituições privadas ou públicas – abracem ideias como a sua e se disponham a contribuir com a doação de livros. Mas nas poucas respostas positivas que tem recebido, como aconteceu com a Livraria do Ipea, encontrou ânimo para persistir no projeto.

A reitora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Ângela Maria Paiva, acredita que essa “descoberta” de utilização dos estudos do Ipea por pessoas que estão em comunidades rurais ou comunidades distantes dos grandes centros é surpreendente. “Isso me deixa feliz, porque certamente essas pessoas estão construindo um conhecimento que pode estar sustentado na mesma base que a academia se sustenta”, ressaltou.

Foto: João Viana

“As pessoas estão se
apropriando, estão
construindo um conhecimento
que pode estar sustentado
na mesma base que
a academia se sustenta”

Ângela Maria Paiva,
reitora da UFRN

PESQUISAS ACADÊMICAS Entre os professores e pesquisadores, o Instituto tem um papel fundamental, por dar o apoio das bases de dados, dos textos para discussão, dos livros e das publicações em geral dos diversos estudiosos no Brasil, consolidando o conhecimento científico. “Em todos esses anos de pesquisa e trabalhos gerados, tornou-se impossível pensar a economia brasileira sem pensar no Ipea”, opinou o professor de Economia da Universidade de Brasília (UnB), Roberto Ellery.

Segundo o professor de economia da UFRN, William Eufrásio Nunes Pereira, “Os dados do Ipeadata e os textos para discussão são muito ricos e dão boa fundamentação para pesquisas”. O professor, que também coordena grupos de pesquisa sobre trabalho, desenvolvimento urbano e regional e teoria do desenvolvimento econômico acredita que, além desses textos, há outras publicações que contribuem muito para a formação dos estudantes.

Foto: João Viana

“Em todos esses anos
de pesquisa e trabalhos
gerados, tornou-se
impossível pensar a
economia brasileira
sem pensar no Ipea”

Ricardo Araújo,
professor de Economia da
Universidade de Brasília (UnB)

O aluno de pós-graduação e professor substituto do curso de Ciências Econômicas da UFRN, Johnatan Rafael Santana de Brito, trabalha com pesquisa, sobretudo na área de setor público e prospecção de mercado e desenvolvimento agrícola. Ele diz que os estudos divulgados pelo Instituto têm sido fundamentais para o desenvolvimento de suas pesquisas. “Minha dissertação tem base teórica sobretudo nas publicações do Ipea. Os dados são concisos, de fácil manejo, que nos permite dissecar a informações”, garante ele.

A graduanda da mesma universidade, Rebeca Marota, tem opinião parecida. Segundo a estudante, o trabalho desenvolvido pelo Instituto é muito importante. Não apenas para a academia, como para a elaboração de políticas para o desenvolvimento econômico. “Acredito que uma base como a do Ipeadata, de fácil manejo, é de grande relevância tanto para a academia como para os gestores públicos”, conta ela.

DIVERSIFICAÇÃO DE ATIVIDADES A ex-diretora presidente da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), Tereza Cruvinel, ressaltou que o Ipea sempre abordou os mais diversos aspectos da sociedade brasileira e que atualmente, como está em um nível mais complexo, tem ampliado seu raio de ação. Um exemplo disso são as coletivas públicas, criadas recentemente com o objetivo de estreitar relações com a sociedade. Com o formato de entrevista coletiva, elas possibilitam aos cidadãos – não só jornalistas – assistirem ao vivo às apresentações dos estudos desenvolvidos, tirarem dúvidas com os técnicos do Instituto, darem sugestões e fazerem críticas.

Foto: João Viana

A casa onde se localiza a biblioteca comunitária, em Almino Afonso

A Conferência de Desenvolvimento, este ano em sua segunda edição, também é uma mostra do quanto o órgão tem buscado sua diversificação. O evento tem como objetivo criar um espaço nacional de debates sobre o desenvolvimento, focada na produção do Ipea. Ela é aberta a estudantes, profissionais, agentes públicos, estudiosos, pesquisadores, especialistas, professores, legisladores, entre outros. “Tive oportunidade de realizar dentro da Conferência de Desenvolvimento o Festival da Mulher Afro, Latino-Americana e Caribenha, que foi um espaço importante de discussão racial, com recorte de gênero”, destacou a produtora cultural Jaqueline Fernandes.

Daniel Garcia Dias, estudante de Gestão de Políticas Públicas da UnB, descobriu o Ipea exatamente por meio dos livros sobre políticas de combate ao racismo que ganhou de amigos. Isso o fez se interessar pelas publicações e pelas informações disponibilizadas no site.

Ultrapassando limites
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Em seu artigo Planejamento e Ipea no Brasil: de 1964 aos anos 2000 – A reconstituição de um itinerário por meio de entrevistas, Walmir Barbosa, professor do Instituto Federal de Goiás (IFG) e doutorando em História pela Universidade Federal de Goiás, disse que no Brasil o planejamento em uma dimensão estratégica remontou ao estabelecimento do modelo econômico desenvolvimentista. E, segundo ele, a criação do Ipea teria ocorrido à meia idade deste modelo econômico, com um papel estratégico na construção das políticas de Estado no Brasil, em especial no âmbito do planejamento das atividades econômicas.

Mas há algum tempo o Instituto ultrapassou esses limites. “Hoje a gente já observa que as informações não se limitam à área econômica. O Ipea já trabalha com dados sociais, com estudos que embasam as áreas de saúde, de serviço e ciências sociais, de arquitetura e urbanismo e até de filosofia, geografia e história”, destaca a bibliotecária da UFRN, Cavalcanti.

Milhões de brasileiros têm acesso às publicações do Instituto. De 2010 a 2011 o Editorial produziu 629 títulos entre livros, revistas, boletins, indicadores, notas técnicas, textos para discussão e relatórios de pesquisa. Somente de janeiro a outubro deste ano a Livraria comercializou cerca de 560 livros e doou aproximadamente 103 mil exemplares entre livros e revistas. No mesmo período, o portal registrou aproximadamente um milhão e quinhentas mil visitas e o seu perfil no twitter possui cerca de 16 mil e 600 seguidores. O Instituto realiza mais de mil eventos por ano.


POLÍTICAS PÚBLICAS No Congresso Nacional, os estudos do Instituto também têm grande difusão. A deputada Erika Kokay (PT-DF) foi categórica em dizer que o Instituto desnuda o Brasil. “Fica claro como estão as políticas públicas do nosso país. Ele nos dá parâmetros de onde é necessário potencializar determinadas políticas, onde é necessário mudar o curso”.

O líder do governo na Câmara Federal, Candido Vacarezza (PT-SP), afirma que a produção técnica e científica do Instituto é utilizada pela comunidade política brasileira: “Todos nós já utilizamos o trabalho do Ipea”.

O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) afirma seguir os trabalhos do Instituto há muitos anos e que este sempre foi referência para suas pesquisas e obras. “O Ipea é uma instituição que o Brasil precisou, precisa e espero que siga colaborando com o País”, afirmou.

Não são apenas os aliados do governo que reconhecem o trabalho desenvolvido. É o caso do senador Álvaro Dias (PSDB-PR). Na visão do parlamentar, o Ipea subsidia também a oposição, que se vale das informações preciosas ali produzidas.

 

 
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