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Perfil - Florestan Fernandes

2010 . Ano 7 . Edição 63 - 19/11/2010

Florestan Fernandes

"O grande homem é aquele que descobre quais são as necessidades fundamentais de seu tempo e consagra a elas sua vida". Com estas palavras, emprestadas de um monge dominicano francês do século XIX, o professor e intelectual Antonio Candido, define seu grande amigo e colega de profissão: Florestan Fernandes. O sociólogo, que publicou 73 livros, soube conciliar o rigor científico da vida acadêmica à militância política, na qual sua principal bandeira era o acesso universal à educação.


Florestan Fernandes nasceu em 1920 em São Paulo, filho de uma imigrante portuguesa analfabeta, que o criou sozinha, trabalhando como empregada doméstica. Aos seis anos, ele começou a trabalhar como engraxate. Mais tarde, já como professor acadêmico e pesquisador, afirmaria que esse foi o início de sua aprendizagem sociológica, pelo contato que teve com os habitantes da cidade. Quando tinha apenas nove anos, a necessidade de ganhar dinheiro o fez abandonar os estudos, que só recuperaria com um curso supletivo. Em 1941, já com 18 anos, Florestan foi aprovado para o curso de Ciências Sociais da Universidade de São Paulo (USP).

Depois de formado, iniciou sua carreira docente em 1945, como assistente do professor Fernando de Azevedo, na cadeira de Sociologia II. Em 1951, o sociólogo defendeu sua tese de doutorado na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP: A função social da guerra na sociedade Tupinambá, posteriormente consagrada como clássico da etnologia brasileira.

Aposentado compulsoriamente pela ditadura militar em 1969, Florestan foi visiting scholar na Universidade de Columbia, professor titular na Universidade de Toronto e visiting professor na Universidade de Yale e, a partir de 1978, professor na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Em 1975, publicou uma de suas principais obras, A revolução burguesa no Brasil, "que renova radicalmente concepções tradicionais e contemporâneas da burguesia e do desenvolvimento do capitalismo no país, em uma análise tecida com diferentes perspectivas teóricas da sociologia, que faz dialogar problemas formulados em tom weberiano com interpretações alinhadas à dialética marxista", analisa Sylvia Gemignani Garcia, professora de sociologia da USP, em sítio dedicado ao professor.

Florestan tomou para si a tarefa de romper com a tradição de neutralidade das ciências humanas e reconstruir uma análise do Brasil abertamente comprometida com a mudança social. Segundo sua análise, uma classe burguesa controlava os mecanismos sociais no Brasil, como acontecia em quase todos os países do Ocidente. No entanto - por causa de fatores históricos como a escravidão tardia, a herança colonial e a dependência em relação ao capital externo - a burguesia brasileira era mais resistente às mudanças sociais do que as classes dominantes dos países desenvolvidos.

Em 1986 e em 1990, foi eleito deputado federal pelo Partido dos Trabalhadores. De acordo com o intelectual e também professor Antonio Candido, Florestan soube conciliar com tanta maestria sua carreira acadêmica à militância política, que não havia necessidade de militar em um partido. "Florestan era um partido sozinho", brinca. Para a educação, Florestan defendia que os alunos deveriam ter uma experiência transformadora que desenvolvesse a criatividade, em uma escola na qual os mecanismos de dominação de classe da sociedade não fossem reproduzidos. Por concentrar sua atuação na Câmara dos Deputados, já no fim da vida, no ensino público, Florestan era chamado por muitos de educador, sem saber que isso o incomodova em sua modéstia.

"Eu, felizmente, não cumpri o caminho comum entre imigrantes, de aspirar à ascensão social e adotar as técnicas das classes dominantes. Fiquei fiel a minha origem social" - trecho reproduzido de uma das colunas de Florestan publicada em janeiro de 1995 pelo jornal Folha de São Paulo, do qual o professor foi colaborador assíduo desde a década de 1940. Florestan morreu de câncer no dia 10 de agosto do mesmo ano. Hoje, quinze anos depois, a contribuição do sociólogo, que soube identificar as necessidades da sociedade brasileira e consagrou sua vida a estudá-las, torna-se cada vez mais evidente.

 
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