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Rocinha fashion - Como cem mulheres moradoras do morro carioca ganharam fama no mundo da moda

2006. Ano 3 . Edição 28 - 8/11/2006

Por Gustavo de Paula, do Rio de Janeiro

Quando uma iniciativa de geração de trabalho e renda é desenvolvida a partir de um mergulho profundo na realidade em que se insere e nas vocações e tradições das pessoas, sem assistencialismo eleitoreiro, é possível conquistar um feito tão inimaginável quanto transformar donas-de-casa de uma favela carioca em artesãs de prestígio internacional nos universos da moda e do design.Criada no fim dos anos 1980,a Cooperativa de Trabalho Artesanal e de Costura da Rocinha,do Rio de Janeiro, mais conhecida como Coopa-Roca,produz peças para as marcas Osklen,M.Officer,Eliza Conde e Amazonlife,com as quais mantém parceria comercial,além de receber encomendas pontuais de outras grifes nacionais como Dautore e Lenny.

Formada por cerca de cem artesãs, a cooperativa também atende pedidos do exterior. O mais recente foi feito no mês passado pela marca japonesa Jun Co,que encomendou cem colares.Os japoneses descobriram a Coopa-Roca na edição deste ano da London Fashion Week.Além da capital inglesa,o trabalho dessas talentosas mulheres já desfilou pelas passarelas de Paris,Berlim e Nova York e nos corpos de modelos como Ana Hickmann e Isabeli Fontana.Mundialmente famosa por sua explosão demográfica e pelo contraste com as mansões e condomínios de luxo dos bairros vizinhos da Gávea e de São Conrado,a Rocinha supera os preconceitos e ganha o planeta,não pelo estigma da pobreza e da violência, mas pelo requinte e glamour das peças de alta-costura que produz.

Cooperativa de costureiras da favela da Rocinha dá show de empreendedorismo. As peças confeccionadas pelas artesãs cariocas ganham o mundo, vestem modelos internacionais e desf ilam nas passarelas de Londres, Paris e Berlim
Osklen - São Paulo Fashion Week, julho 2006 - Coleção Verão 2007 - vestido de paeté de látex - bordado COOPA-ROCA -modelo Bruna Sottili

Envolvimento A história da Coopa-Rooca começou a ser desenhada em 1981, quando uma jovem moradora do Leblon,motivada pela leitura do educador Paulo Freire, decidiu conhecer de perto a vida cotidiana do morro."Comecei visitando a empregada de uma amiga, que passou a me apresentar às vizinhas.O envolvimento com a comunidade acabou fazendo com que eu iniciasse uma oficina de reciclagem para crianças.Um dia,consegui uma doação de retalhos de tecidos e pedi a uma das moradoras que me ajudasse a fazer bonequinhas de pano. Ela se negou a deixar os retalhos nas mãos das crianças.Disse que tinha uma idéia melhor para aproveitá-los e chamou amigas para fazer almofadas, tapetes e colchas.Estava plantada a semente", conta a socióloga Maria Teresa Leal, cofundadora da Coopa-Roca e responsável pela coordenação executiva dos setores de produção e gestão da cooperativa.

Encantada com a riqueza das peças produzidas pelas migrantes nordestinas,a carioca Tetê Leal, como é conhecida, passou a dedicar-se à organização de um grupo de artesãs. O trabalho começou a ser desenvolvido em 1982, com apenas cinco mulheres."A iniciativa foi o desdobramento de uma postura de chegar à Rocinha com os olhos e ouvidos bem abertos.Ao perceber que as migrantes nordestinas haviam trazido consigo o domínio de técnicas artesanais, vi naquilo uma ótima oportunidade para unir interesses e capacidades ", afirma Tetê.

As peças, feitas com sobras de corte industrial, foram vendidas a amigos e vizinhos e em eventos como festas juninas de colégios e universidades, e feiras de artesanato no Circo Voador.Sem falar no bazar de Natal na casa da mãe da Tetê.Depois de cinco anos, foi criada a cooperativa. "O grupo começou a se empenhar no projeto. Para que o trabalho pudesse evoluir,no entanto, era preciso que existisse legalmente. Pensando nisso, levei dois profissionais à Rocinha,um para explicar o funcionamento de uma associação e outro para falar sobre cooperativas.As artesãs acabaram ficando com a segunda opção", lembra a socióloga.

Com a sobra do corte industrial de confecções, as artesãs começaram produzindo colchas, tapetes e almofadas de retalhos, vendidos a amigos e vizinhos Perto de completar vinte anos de existência, a cooperativa conta hoje com uma estrutura de produção bem organizada e cerca de cem cooperadas com renda mensal média de 300 reais

Tradições A Coopa-Roca nasceu com a proposta de elaborar produtos artesanais para decoração por meio do resgate de técnicas tradicionais,como o fuxico,o crochê, o bordado, o nozinho e o patchwork.Com apenas um ano de vida, obteve uma linha de crédito do governo federal e adquiriu a casa onde hoje funciona a sede de três andares, na Rua Um,parte alta da favela (mais próxima da Gávea).A projeção veio quando a cooperativa ingressou no mundo da moda."No início da década de 1990,notei que havia um movimento de vanguarda acontecendo no eixo Rio-São Paulo, com uma visibilidade muito bacana. Fui atrás de quem estava organizando esses eventos e consegui que a Coopa-Roca entrasse no circuito.A moda com selo social era a grande novidade",diz Tetê Leal.

O primeiro desfile aconteceu na Fundição Progresso,no Rio, em abril de 1994. Onze meses depois, o talento e a criatividade das mulheres da Rocinha ganharam as passarelas de Berlim. Tetê Leal recorda que ficou assustada com o convite para participar de um desfile na Alemanha."Na época, o alemão Alfons Hug, curador das duas últimas bienais de São Paulo e atual diretor do Instituto Goethe no Rio de Janeiro,estava organizando uma mostra sobre o Brasil na capital alemã e queria exibir um trabalho que tivesse não só uma linguagem bem brasileira, mas uma proposta original.Ele tomou conhecimento da cooperativa e ligou para mim.Quando atendi, achei que fosse trote e desliguei o telefone.Ele ligou novamente e me deu uma broca. Não acreditei que pudesse ser verdade",diverte-se.

Um depoimento pessoal

Ricardo Moraes
Tetê Leal, a idealizadora da Coopa-Roca (à esquerda), acompanhada de duas artesãs, na sede da cooperativa

O município do Rio de Janeiro conta com mais de setecentas favelas, onde vivem cerca de 1,1 milhão de pessoas, ou quase 20% da população. No entanto, a maioria dos cariocas, moradores da cidade legal,ignora a realidade da favela.Antes de conhecer a Rocinha, eu só havia cruzado a fronteira entre o morro e o asfalto quatro vezes, todas a trabalho. E lá fui mais uma vez,cumprindo meu dever de repórter, para desespero da minha pobre mãe.Ao lado do fotógrafo Ricardo Moraes, peguei um ônibus na rua Marquês de São Vicente, na Gávea, e saltei na Rua Um, onde está localizada a sede da Coopa-Rooca.Ao descer do coletivo, dei-me conta de que estava na Rocinha.Tomei um susto. Não imaginava que ônibus circulassem dentro da favela.

Em direção à sede da Coopa-Roca passamos por um corredor estreito,escuro e úmido, com um açougue de um lado e uma barraca de peixes do outro. Depois, não paramos mais de subir. Chegando ao nosso destino, procurei recuperar o fôlego e dar início ao bate-papo. Num dado momento, a conversa foi interrompida pelo barulho de fogos de artifício."São os traficantes avisando que a polícia está no morro", disse Tetê Leal. Inevitavelmente, a questão da violência veio à tona.Perguntei se a ação do crime organizado interferia no trabalho das artesãs.A resposta foi negativa:"Os traficantes respeitam a cooperativa.Até porque muitos deles são filhos,irmãos,primos ou vizinhos das artesãs", afirmou Maria da Paz, presidente da cooperativa.

Antes de deixarmos a Rocinha, fomos levados à casa da dona Teresinha, onde começou a Coopa-Rooca. A humilde moradora da Rocinha nunca esqueceu o Ceará, mas se sente feliz na favela. E não é a única.Afinal, a Rocinha abraçou muita gente para quem a cidade não se abriu. Está certo que a presença do crime organizado é uma realidade dura e negativa. Mas quem olha essa questão de foram acaba construindo uma visão preconceituosa e cheia de estigmas. Hoje, estou certo disso.

casa de cultura berlinense ficou lotada nos dois dias de desfile.No último, os organizadores foram obrigados a fechar as portas.O sucesso e a repercussão nos meios de comunicação foram tão grandes que a cooperativa foi convidada a montar um quiosque no Shopping Rio Sul. O pontode- venda foi inaugurado em outubro de 1995 e a Coopa-Roca permaneceu um ano no centro comercial."Depois de doze meses, percebi que não estávamos prontas para comercializar nossos produtos diretamente. Não tínhamos infra-estrutura para isso.A experiência,contudo, foi muito positiva. Ela serviu de ponte para o entendimento de uma estratégia de negócios que pudesse ampliar a escala de produção e aumentar o número de mulheres envolvidas. Ela apontou um caminho mais eficiente", conta Leal, lembrando que a cooperativa dependia dos refugos doados pela indústria têxtil.A vinculação da produção aos materiais disponíveis fazia com que o trabalho das artesãs tivesse mais valor artístico do que comercial.

Algumas associadas à Coopa-Roca e seus trabalhos

Os rumos mudaram em 2000, quando a Coopa-Roca realizou a primeira edição da exposição REtalhar.O evento aconteceu no Parque das Ruínas,no Rio,e na unidade de moda do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) de São Paulo. "O nome remete não só a retalho, a primeira matéria-prima utilizada pelas artesãs, mas ao significado do verbo,que é "talhar novamente".Queríamos dar uma nova forma ao nosso trabalho. Sendo assim, convidamos artistas plásticos, designers e estilistas para pensar novos produtos com as técnicas artesanais da Coopa-Roca.O sucesso da mostra foi tamanho que a cooperativa conseguiu fechar suas duas primeiras parcerias comerciais, com o designer Fernando Jaeger e a M.Officer,de Carlos Miele",diz Tetê Leal.

A exposição consolidou a relação com a indústria têxtil e possibilitou à Coopa- Roca aumentar consideravelmente sua escala de produção.Com isso, o número de artesãs saltou de dezesseis para cinqüenta. O evento ganhou uma segunda edição em 2002, quando a Coopa-Roca fortaleceu ainda mais os laços com o mercado e conseguiu ampliar seu quadro para oitenta mulheres.

Apesar de ter adotado um novo plano de negócios,pautado na parceria comercial com grifes de renome e na confecção de produtos de alto valor agregado, a cooperativa nunca abandonou sua filosofia de trabalho.As mulheres produzem as peças em suas casas, o que permite aumentar a renda familiar sem abandonar o cuidado com os filhos e os afazeres domésticos. Só passam na sede para entregar sua produção ou para participar de oficinas de aperfeiçoamento. Mãe de cinco filhos,a artesãmestra do bordado Marta Pinto sabe muito bem a importância de conciliar a família com o trabalho. "Não consigo mais me imaginar fora da cooperativa. Além de o artesanato estar em meu sangue,a Coopa- Roca é meu sustento e meu prazer", diz a cearense de 36 anos.

Outra característica que se mantém desde o início é a gestão democrática. Todas as decisões são tomadas em conjunto." Nosso caminho é construído com base nas necessidades do grupo.Há eleições para a admissão de novas cooperadas e para a escolha da diretoria. O voto de todas as mulheres tem o mesmo peso, e estimulamos a renovação do quadro", afirma a paraibana Maria da Paz,de 44 anos, que encerra seu mandato de presidente no ano que vem.

Alguns eventos realizados com a participação da Coopa-Roca
2006 - Exposição Global Fashion, Local Tradition, no Centraal Museum, Utrecht, Holanda
2005 - Exposição Aller-Retour Paris-Rio, no Ateliers de Paris
2005 - Desfile Couture Equitable, Brésil/Brésils (O Ano do Brasil na França), Parc de la Vilette, Paris
2004 - São Paulo Fashion Week
2004 - Brazil 40 Degrees, no Selfridges, Londres
2003 - São Paulo Fashion Week
2003 - Workshop e Performance, no Teatro Volksbuhne, em Berlim,Alemanha
2002 - Exposição REtalhar 2002, em São Paulo e no Rio de Janeiro
2002 - Fashion Rio, no Rio de Janeiro
2002 - Participação especial na exposição Morro Labirinto, do Instituto Goethe do Rio de Janeiro
2002 - São Paulo Fashion Week
2001 - London Fashion Week

Confraternização A cooperativa procura também discutir questões importantes para as artesãs,como a seguridade social,e estimular a união do grupo.Além de realizarem passeios de cunho histórico e cultural, incluindo visitas ao Jardim Botânico, ao Parque da Cidade e ao Instituto Moreira Salles,as cooperadas se reúnem todo fim de ano para um dia de confraternização com os filhos e os maridos, trazendo a família para dentro do universo da Coopa-Roca.

Perto de completar vinte anos de existência, a cooperativa conta com uma estrutura muito bem organizada, em que as tarefas são divididas de acordo com a vocação e a capacidade produtiva de cada uma. A renda mensal média das cooperadas é 300 reais, apesar de as artesãs não terem ganho fixo.Elas recebem de acordo com o volume de trabalho,mas isso não quer dizer que podem entregar serviços mal acabados para obter maior rendimento." Nossa preocupação com o resultado final é muito grande.A artesã sabe que não adianta correr contra o tempo. Se a peça não ficar perfeita, ela terá de refazê-la.Temos um controle de qualidade rigoroso", explica a gerente de produção Lucélia Carvalho. Carioca de 30 anos, ela lembra que quando chegou à cooperativa,há sete anos, estava desempregada e desiludida com o trabalho no comércio.

Colhendo os frutos do sucesso, a Coopa- Roca se prepara para dois eventos que serão realizados neste mês na Casa França Brasil,no Rio.Ambos farão parte da programação oficial do Fórum Cultural Mundial. Além de um desfile com cinqüenta peças inéditas, no dia 24, a cooperativa terá seu trabalho traduzido pelo olhar de cinco estudantes de design da França que, no ano passado, fizeram um estágio de dois meses e aprenderam as técnicas artesanais praticadas pelas mulheres da Rocinha. Depois de inaugurar o Ateliers de Paris no fim de 2005, as peças produzidas durante o intercâmbio serão exibidas em solo carioca entre os dias 13 de novembro e 10 de dezembro.

Futuro As artesãs também estão às voltas com a produção dos cem colares encomendados pela japonesa Jun Co por intermédio de um representante comercial da cooperativa em Londres. A relação da Coopa-Roca com a Inglaterra, aliás, é um tanto especial.Em 2004, a convite do British Council, participou da exposição Brazil 40 Degrees, na Selfridges, uma famosa loja de departamentos londrina.Nesse evento a cooperativa chamou a atenção do estilista inglês Paul Smith e do designer Tord Boontje.Por meio de Boontje,a Coopa- Roca participou do projeto de decoração de todas as lojas Ann Taylor,nos Estados Unidos.Até hoje a cooperativa exporta uma luminária desenhada por Boontje. Em dois anos, foram vendidas cerca de quarenta unidades da peça, que custa cerca de 2,5 mil reais.

De olho no futuro,a cooperativa começa a planejar a realização da terceira edição da REtalhar, em julho de 2007.Outro plano para o ano que vem é a construção da nova sede de seis andares, toda de aço colorido. Situado na parte baixa da Rocinha (mais próxima de São Conrado),o terreno de 170 metros quadrados foi doado por Carlos Miele em 2001.Há dois anos,o projeto foi selecionado pelo Ministério da Cultura e recebeu isenção fiscal para a captação de recursos. Segundo Tetê Leal, o crescimento da cooperativa passou a exigir um espaço maior para a ampliação da estrutura e a integração de novas moradoras.

Além disso, existe a vontade de trabalhar a questão da saúde da mulher e de usar a atual sede para retomar o projeto Nova Geração Coopa-Roca, realizado entre 1998 e 2001, com uma verba do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). Durante três anos, mais de cinqüenta jovens receberam aulas de técnicas artesanais, dança, conhecimentos gerais e noções de cooperativismo, além de orientação sexual."Ao abrimos o espaço da cooperativa para a capacitação de pessoas da comunidade, fomos surpreendidas pelo grande número de jovens interessadas.Como a maioria dos garotos da Rocinha são filhos de nordestinos e carregam uma visão muito machista, nenhum homem quis aprender crochê. Acabamos desenvolvendo um trabalho muito interessante com as meninas,principalmente em relação à orientação sexual. Vimos que um dos principais problemas das adolescentes era falta de informação. A comunidade tem um dos maiores índices de gravidez entre jovens do Rio de Janeiro.Conseguimos,no entanto,que nenhuma de nossas jovens engravidasse. O projeto só não seguiu adiante porque os setores de gestão e produção da cooperativa cresceram muito, e não podíamos perder o foco da nossa missão, que é gerar emprego e renda para as mulheres", lamenta Tetê Leal.

Mas todo caminho é feito de escolhas.E as bravas artesãs da Rocinha não se arrependem nem um pouco do caminho que trilharam."A Coopa-Rooca começou na porta da minha casa, com apenas cinco artesãs.Fico feliz em ver o quanto cresceu. É muito bom saber que nosso trabalho é reconhecido", afirma a cearense Teresinha da Costa Souza,de 71 anos,mais velha das artesãs. Moradora da Rocinha, mãe de doze filhos,ela abre um largo sorriso sempre que lembra do dia em que convenceu Tetê Leal a ficar com os retalhos de tecidos que iriam para a sua oficina de reciclagem.A sabedoria, de fato,não exige diploma.

Como nasceu a Rocinha
Os primeiros moradores da Rocinha se estabeleceram nas terras da antiga fazenda Quebra-Cangalha por volta de 1930, quando a área onde antes existiam grandes engenhos de açúcar foi repartida em pequenas chácaras. Os produtos cultivados pelas famílias muitas das quais haviam perdido tudo com a crise do café em 1929 – eram colocados à venda na feira da praça Santos Dumont, que na época abastecia a zona sul carioca. O nome Rocinha, no entanto, só começaria a ser usado em meados dos anos 1930. Segundo os moradores mais antigos da favela, quando os fregueses perguntavam de onde vinham as frutas e os legumes vendidos na praça Santos Dumont, todos diziam que era de uma tal “rocinha”no Alto Gávea. E o nome acabou pegando.

Considerada o primeiro imóvel construído na Rocinha, a casa número 1 da Estrada da Gávea chegou a ter suas obras embargadas pelo prefeito Pedro Ernesto em 1932. Segundo ele, os moradores teriam se apropriado indevidamente do terreno. Mas a lentidão no julgamento do processo acabou incentivando novas invasões. Surgiram, assim, os primeiros barracos de madeira na região. O pequeno sobrado na Estrada da Gávea, que deu origem à Rocinha, foi transformado em Centro Cultural em 2003, por decreto do ministro da Cultura, Gilberto Gil.

A Rocinha chegou a ser conhecida como a maior favela da América Latina nos anos 1980. Segundo cálculos da época, cerca de 200 mil pessoas moravam no morro. Os números atuais, colocam-na ainda como uma das maiores favelas do Rio, com pouco mais de 50 mil moradores (Censo 2000 do Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística). O período de maior crescimento aconteceu durante o boom imobiliário dos bairros de Ipanema, Leblon, Gávea e Jardim Botânico, nos anos 1950 e 1960, quando milhares de nordestinos se fixaram na favela atraídos pelas oportunidades de trabalho na construção civil.

 
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