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Estante

2007 . Ano 4 . Edição 31 - 5/2/2007

Futuro preterido? Zweig e um projeto para o Brasil
Paulo Roberto de Almeida

O Fórum Nacional do ex-ministro João Paulo dos Reis Velloso sempre organiza, ademais dos encontros anuais, foros especiais dedicados a temas específicos. Em 2006, foram organizados dois, conectados pelo tema comum de se lograr um “projeto de Brasil”, suas opções de país e de desenvolvimento. Esses dois livros resultam desse esforço de diagnóstico e de proposição.

Stefan Zweig teria gostado de assistir ao seminário que lhe foi dedicado, em setembro de 2006, por ocasião do 125º aniversário de seu nascimento e dos 65 anos da publicação de seu livro tão famoso quanto desconhecido (hoje), terminado poucos meses antes do suicídio do autor, no Carnaval de 1942, em Petrópolis. Ele concordaria com o artigo indefinido e talvez até com o ponto de interrogação. A primeira edição brasileira modificou o título original, agora restabelecido - Brasilien, ein land der Zukunft, não der land - e o colóquio agregou a condicionalidade, refletindo o ceticismo dos examinadores quanto à utopia não realizada. No essencial, Zweig provavelmente se alinharia aos argumentos de seus revisores contemporâneos.

Alberto Dines, autor de uma biografia que pode considerar-se completa do escritor austríaco - Morte no Paraíso: a tragédia de Stefan Zweig (3ª ed. ;Rocco, 2004) -, considera que Zweig, depois de assinar mais de quarenta biografias de personalidades mundiais, fez a biografia de uma nação no “inferno do Estado Novo”. Como ele diz, essa obra “tornou-se a crônica mais conhecida e a menos discutida, a mais celebrada e a mais negligenciada” do Brasil. Ela foi um dos primeiros lançamentos simultâneos da história editorial mundial: oito edições em seis línguas diferentes. Em vista dos percalços recentes no processo de crescimento, parece difícil concordar com Zweig que “quem conhece o Brasil de hoje lançou um olhar sobre o futuro”.

Bolívar Lamounier e Regis Bonelli examinam, respectivamente, os avanços políticos e econômicos obtidos pelo Brasil desde que Zweig traçou seu diagnóstico sobre o país do início dos anos 1940. Para Lamounier, o Brasil é um país de “muitos futuros”, mas ele critica as utopias institucionais que freqüentemente pretendem revolucionar a participação e as formas de se fazer política no país: a romântico-participativa da democracia direta; a do parlamentarismo clássico, que ressurge sempre em momentos de crise; e a utopia barroca do presidencialismo plebiscitário. Já Bonelli opera uma “volta para o futuro”ao examinar os elementos de continuidade e de mudança na esfera econômica: o Brasil certamente mudou muito nesse terreno, mas a propensão a esperar tudo do Estado permanece, assim como certa desconfiança dos mercados externos. Algumas mudanças foram na direção errada, como o aumento na tributação; outras permanências são irritantes, como a péssima distribuição de renda e as incertezas jurídicas. Finalmente, o “fantasma do estrangulamento externo” estaria, de fato, superado?

Boris e Sérgio Fausto acrescentam um ponto de interrogação ao título de Zweig, temperando o otimismo do autor com certa dose de pessimismo. Não se trata do niilismo da esquerda, que vê na “dominação imperialista”a razão de nosso atraso. O duplo nó górdio da carga tributária e do gasto público limita hoje as possibilidades de crescimento. João Luís Fragoso analisa a “equação”de Zweig para o Brasil: concentração de poder + tolerância. Três comentários finais tratam das promessas não cumpridas de um olhar estrangeiro, do futuro que já chegou sob a forma da votação eletrônica e das dificuldades para a retomada de taxas razoáveis e sustentáveis de crescimento. No conjunto, o livro oferece uma boa visita ao que se poderia chamar de “futuro do pretérito”.

O segundo livro, Projeto de Brasil, é na verdade uma tripla obra. A segunda parte apresenta dois estudos de especialistas acadêmicos sobre emprego e inclusão digital. A terceira parte consiste, tão simplesmente, na transcrição (talvez dispensável, em retrospecto) da visão de Brasil defendida pelos quatro principais candidatos nas eleições presidenciais de 2006: Lula, Alckmin e Heloisa Helena, pelos respectivos coordenadores de campanha, e Cristovam Buarque, pelo próprio. Digo dispensável porque qualquer um deles, se eleito, dificilmente seguiria as pomposas recomendações dos respectivos programas, que a rigor não possuíam nenhuma importância substantiva. A primeira e mais importante parte constitui uma síntese, por João Paulo dos Reis Velloso, de propostas para uma agenda nacional com base em todas as idéias de modernização do Brasil formuladas desde o surgimento do Fórum por ele presidido, em 1988. Ele consegue resumir claramente os principais obstáculos ao desenvolvimento do país, mostrando-o como um “Prometeu acorrentado”, que vive hoje uma crise de “auto- estima”numa “era de expectativas limitadas”( apud Paul Krugman).

As opções de país que ele propõe são, nominalmente: o desenvolvimento como valor social, prioridade máxima à segurança, reforma política para construir um sistema político moderno, um Estado “inteligente” (com Legislativo e Judiciário modernos), a revolução do império da lei, da eqüidade, da tolerância e dos valores humanistas e a opção por uma sociedade moderna. Quanto às opções de desenvolvimento, elas consistem em três conjuntos de tarefas: a criação de bases para um crescimento sem dogmatismos, uma estratégia de desenvolvimento baseada na inovação e na sociedade do conhecimento e o progresso com inclusão social e portas de saída para os pobres. Ele conclui dizendo que subdesenvolvimento não é destino, é apenas o reflexo de opções equivocadas. Oxalá o Prometeu pudesse tomar consciência de quais são elas exatamente. Aparentemente, além das correntes estatais, ele está com um pouco de cera nos ouvidos e ainda usa viseiras conceituais.

 

estante1aBrasil, um país do futuro?
João Paulo dos Reis Velloso e Roberto Cavalcanti de Albuquerque (coord. ) Ed. José Olympio, 2006, 154 p. , R$ 31, 00

 

 

 

 

 


 

estante2aProjeto de Brasil: opções de país, opções de desenvolvimento
João Paulo dos Reis Velloso e Roberto Cavalcanti de Albuquerque (coord. ) Ed. José Olympio, 2006, 222 p. , R$ 38, 00

 

 

 

 

 

estante3aBrasil-França: relações históricas no período colonial
Vasco Mariz (org. ) Biblioteca do Exército Editora, 2006, 196 p. , R$ 35, 00

 

 

 

 

 

Nações amigas
Cinco autores, incluindo o organizador, o embaixadorVasco Mariz, traçam um panorama abrangente das relações franco-brasileiras, desde os primórdios, com os primeiros exploradores da então América portuguesa, até a independência, com as missões culturais e científicas francesas que começam em 1816 e se estendem à plena autonomia. Os invasores foram menos bem-sucedidos do que os artistas e cientistas: se os primeiros não conseguiram se apossar de territórios, os segundos deixaram riquezas até hoje visíveis, na arquitetura, nas artes e na memória coletiva. A herança da presença francesa é facilmente perceptível desde o Maranhão até o Rio de Janeiro, sobretudo no outrora aprazível centro da cidade, onde a francesíssima Confeitaria Colombo reinava absoluta. Os laços dessa relação dão frutos até hoje, como na realização do Ano do Brasil na França, em 2005. Entre outras curiosidades, Vasco Mariz relata que, na revolução pernambucana de 1817, exilados franceses tentaram resgatar Napoleão de Santa Helena. O livro é de leitura agradável, de estilo literário, contendo uma seleta bibliografia ao final de cada um dos doze capítulos históricos. Um ensaio historiográfico final compila as mais importantes fontes históricas primárias para a pesquisa sobre a presença francesa no Brasil. (PRA)

 
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