2005. Ano 2 . Edição 12 - 1/7/2005
Andréa Wolffenbüttel
Guarani, tupiniquim, xavante e ticuna, entre outras etnias, povoam o primeiro livro da coleção Áreas de Inovação, lançada pelo Programa de Gestão Pública e Cidadania da Fundação Getulio Vargas (FGV). Impressa em papel reciclado e colorido, a obra apresenta 14 iniciativas bem-sucedidas no difícil caminho de recuperação da cultura e da qualidade de vida das tribos indígenas. Os projetos estão espalhados por todos os cantos deste imenso país, desde o extremo norte, na fronteira com a Venezuela, até a região Sul, no Paraná, como se pode ver num dos numerosos mapas explicativos. E também abrangem diversas áreas de atuação, tais como saúde, habitação, meio ambiente e economia. Mas todos têm um ponto em comum: o resgate da identidade perdida de populações indígenas brasileiras. Seja por meio de escolas bilíngües, seja pelo uso de medicamentos naturais, seja pelo cultivo de plantas nativas, os programas selecionados pela FGV procuram mostrar que é possível reencontrar a harmonia e o bem-estar ainda que passados cinco séculos do maior choque cultural (e físico) que alguma civilização já sofreu.
Para que o leitor perceba a dimensão e a importância das ações, há breves perfis de cada uma das etnias envolvidas. Assim, o livro deixa de ser uma obra exclusivamente voltada para a gestão pública e se torna um pequeno compêndio de história nativa do Brasil. Todas as iniciativas foram premiadas pelo Programa de Gestão Pública e Cidadania da FGV, criado em 1996, que laureia as inovações postas em prática não só por governos estaduais e municipais, como também as promovidas pelas lideranças dos povos indígenas. Das 14 experiências relatadas, apenas três foram organizadas por governos formais, todas as restantes são fruto do trabalho de organizações representativas dos índios, muitas vezes com apoio de entidades internacionais, como a norueguesa Rainforest Foundation e a famosa World Wildlife Fund (WWF), nascida na Suíça. Conhecer os projetos publicados no livro é uma viagem ao profundo Brasil, muito distante da realidade das grandes capitais, porém convivendo com problemas parecidos: fome, falta de atendimento à saúde, alcoolismo, degradação do meio ambiente, má qualidade da educação, enfim os males que cercam a pobreza. Porém, esses grupos, isolados cultural e territorialmente, e com pouquíssimos recursos, mostraram que a vontade de superar os obstáculos, muitas vezes, é a única condição necessária para fazê-lo. O próximo número da coleção será dedicado aos consórcios municipais e ainda não tem data para ser lançado.
Texto integral disponível na Internet no endereço http://inovando.fgvsp.br/conteudo/publicacoes/publicacao/indigena/index.cfm
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