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Economia brasileira: um manual teórico-prático

2004. Ano 1 . Edição 4 - 1/11/2004

por Paulo Roberto de Almeida

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O mercado de livros para-didáticos parece ser dominado, no Brasil, por economistas (e outros especialistas) teóricos, que vivem apenas na academia e em função dos livros, sem contato com o mundo real da produção, do comércio, da administração pública e da economia internacional. Esse não é o caso deste livro. Antonio Dias Leite escreve um grande livro, preenchendo os requisitos do text-book acadêmico, conjugados às melhores qualidades do ensaismo econômico. O autor, que foi o responsável pela primeira estimativa de renda nacional do Brasil, em 1951, e que acumulou vários cargos públicos - inclusive o de ministro de Minas e Energia em dois governos -, possui credenciais acadêmicas impecáveis, além de vasta bibliografia. Ele realizou um tour de force admirável com esta obra, que mereceria converter-se em referência obrigatória nos cursos de economia das faculdades brasileiras de ciências humanas e de estudos sociais aplicados.

O livro tem quatro partes. A primeira, "De onde viemos, onde estamos", é brevíssima, situando o Brasil no contexto mundial, além de introduzir o leitor aos conceitos básicos da disciplina. A segunda, "Economia essencial", responde à vocação acadêmica do livro, com descrições do processo produtivo, dos fatores de produção e do substrato físico da economia, ademais das interações entre micro e macroeconomia. Na terceira parte, "Economia Abrangente", são abordados o papel do Estado e as relações econômicas internacionais. O capítulo 20 condensa uma rica informação histórica sobre nossa vulnerabilidade externa, acoplada a uma exposição serena e equilibrada sobre as razões e a natureza da dependência financeira.

Na quarta parte "O Brasil chega ao século XXI", mas começa com o retrospecto a partir de 1947, com ênfase no problema inflacionário e nas disparidades entre ritmos de crescimento. O autor assume aqui o papel de "fonte primária", uma vez que foi ator ou espectador de cada um dos episódios pós-Segunda Guerra. É a testemunha ocular transmitindo o que sabe, o que viu ou o que praticou nessas cinco décadas de sucessos e frustrações.

O mais importante para alunos e professores é que não se trata de uma análise "economicista", pois Dias Leite sabe tratar, com concisão e objetividade, de problemas como as reformas institucionais e a crise política, a revisão constitucional de 1995 e a capacidade do país de definir sua estratégia de desenvolvimento. Uma figura é eloqüente nessa parte, a que mede o PIB per capita do Brasil em relação ao dos Estados Unidos: saímos de um patamar de 10% em 1947, atingimos um pico de quase 22% em 1979, e a partir daí estamos numa tendência declinante, com cerca de 13% nos anos recentes. O autor, combatente da causa do desenvolvimento, confessa sua decepção, mas reconhece que o Brasil ainda tem condições de ocupar uma posição relevante no cenário internacional.

O quadro social, objeto do capítulo 22, está focado na pobreza e nas desigualdades, reconhecendo Dias Leite nosso erro básico em não dar a devida atenção ao ensino fundamental. No que se refere às políticas sociais, ele também reconhece, já no governo Lula, uma "desorganização administrativa decorrente da criação de um lote de ministérios voltados para a mesma questão social, subdividida em pedacinhos" (p. 209). Lamenta o abandono da idéia de estratégia nacional, que atribui ao governo FHC e pensa no futuro, abordando as políticas econômicas e as dificuldades do processo de desenvolvimento: constrangimentos externos, problemas internos, a conciliação entre políticas "verticais" e "horizontais", o papel do Estado e as atribuições do Banco Central (e sua política de stop and go, frustrante do ponto de vista dos investimentos). Dias Leite quer "fazer com que as coisas aconteçam", o que não é tarefa para principiantes. Mas os que desejarem um mapa do caminho percorrido até aqui, e uma agenda realista dos problemas que precisam ser resolvidos pelo Brasil têm um excelente manual para o esforço de mobilização das energias nacionais. Teoria e prática nunca estiveram tão bem casadas quanto neste grande livro de menos de 250 páginas.

Paulo Roberto de Almeida (www.pralmeida.org)

 
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