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Por um ensino de qualidade - Amazonas inova na capacitação de professores. E consegue bons resultados

2009 . Ano 6 . Edição 48 - 10/03/2009

Por Márcio Falcão, de Brasília

A realidade de 434.550 estudantes amazonenses começou a passar por uma transformação em sala de aula. Desde 2001, 8.840 professores das redes municipal e estadual de ensino, responsáveis pela educação destes alunos, colocam em prática uma nova maneira de ensinar, que tem como pilar o lado social, além de destaques para questões regionais. Este ano, eles receberão, ainda, o reforço de mais 7.221 educadores, que fazem parte da segunda turma do Programa de Formação e Valorização de Profissionais de Educação (Proformar), habilitada no final do ano passado.

O Proformar é desenvolvido pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA), em parceria com o governo estadual e prefeituras municipais, e tem chamado à atenção de educadores no Brasil e no mundo. O diferencial é a metodologia de ensino. Voltado para professores da educação infantil e de séries iniciais do ensino fundamental, o programa acabou criando um novo conceito de ensino a distância: o ensino presencial mediado pela televisão. A nova proposta surgiu diante da dificuldade do governo em formar profissionais na área por causa das peculiaridades geográficas, culturais, econômicas e sociais presentes na região.

Sem conseguir chegar à população das comunidades rurais e ribeirinhas, após uma lei estadual determinando que todos os professores tivessem curso superior, a universidade decidiu inovar na formação dos professores e passou a oferecer uma graduação, em Curso Normal Superior, licenciatura plena, por meio de videoconferências transmitidas ao vivo de um estúdio da universidade. O curso tem duração de três anos e é formado por 40 disciplinas, ministradas em seis módulos, em um regime de oito horas diárias de segunda a sexta-feira e de quatro horas aos sábados. Os professores, que voltam a ser alunos, assistem às vídeoaulas acompanhados de monitores assistentes - geralmente um professor com pós-graduação. As 151 turmas no interior e as 12 da capital do Estado contam com aparelhos de televisão, geradores de energia, vídeos cassetes, antenas, computadores com acesso à internet e impressoras.

AVALIAÇÃO
O conteúdo das aulas é administrado por professores titulares que, além de apresentarem as aulas a partir de um estúdio, produzem textos auxiliares e avaliam o desempenho individual de cada aluno. Os monitores também acompanham a frequência dos alunos, organizam e supervisionam as dinâmicas locais e orientam o caminho que os estudantes devem seguir para alcançar bons resultados. No Proformar, os alunos, para obter aprovação precisam demonstrar eficiência na aprendizagem e assiduidade - sendo necessário registrar média mínima de seis pontos e 75% de presença em sala de aula.

Para comparecer às aulas, alguns dos professores-alunos enfrentam uma série de dificuldades pela falta de um transporte escolar eficiente, custeado pelo Estado. Alguns se deslocam por barcos ou andam quilômetros de bicicleta para assistir às aulas. Durante todo o curso são aplicadas provas objetivas, provas dissertativas, assim como seminários e painéis. Ao longo do curso, 97% dos alunos foram aprovados.

Atualmente alcançando 62 municípios do Amazonas, o programa começa a conquistar novos territórios e prêmios em reconhecimento pelo esforço para melhorar a qualidade de vida da população, com mais educação e políticas sociais. Representantes da Fundo das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) já demonstraram interesse em desenvolver sistema parecido na África e na Ásia. No ano passado, o Proformar foi um dos 20 trabalhos escolhidos pelo Prêmio Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) Brasil 2007, que avaliou ações de organizações da sociedade civil e governos municipais que atuam em projetos de inclusão social e promoção dos direitos humanos.

O ODM é uma iniciativa da Presidência da República, coordenado pela Casa Civil e com avaliação técnica do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) em parceria com a Escola Nacional de Administração Pública (Enap). Em 2008, avaliou critérios como contribuição para o alcance dos objetivos do milênio, caráter inovador; possibilidade de tornar-se referência para outras ações similares; perspectiva de continuidade ou replicabilidade; integração com outras políticas; participação da comunidade; existência de parcerias; e manutenção da qualidade nos serviços prestados.

O técnico de Planejamento e Pesquisa do Ipea Emmanuel Porto encarregado de conferir para o ODM os efeitos do Profomar, conta que ficou impressionado com a dimensão do projeto. Em fevereiro de 2008, durante uma semana, Porto visitou municípios amazonenses, como Parintins, Careiro da Várzea, Iranduba, Manacapuru e Manaus, e ficou impressionado com o alcance do Profomar. "É um projeto fabuloso. É impressionante como atinge todos os municípios do Estado, nos recantos mais distantes, com forte impacto sobre as comunidades mais carentes. Fiquei surpreso com a logística que o programa desenvolveu capaz de transmitir as aulas simultaneamente, em tempo real, superando as dificuldades de acesso, a distância e adversidade climática."

ÍNDIOS Outro ponto forte do projeto, sustenta Porto, é a preocupação dos coordenadores do Proformar em incluir mulheres, indígenas e deficientes visuais entre os beneficiários. As aulas do programa também estão adaptadas para oferecer apoio a deficientes visuais e auditivos, por intermédio de monitores e serviços de especialistas em Sistema de Libras. Dos mais de 15 mil professores graduados, 551 são representantes de etnias indígenas, 153 na primeira etapa e 398 na segunda fase. Esses professores em formação são de 22 etnias indígenas, presentes em 14 municípios do Amazonas. "A adesão da comunidade é significativa. Nas visitas ficou claro o entusiasmo das comunidades envolvidas com o programa, indicando uma forte mobilização em torno da iniciativa. Sem contar na importância dessa capacitação de representantes das etnias para que tenham acesso a cultura brasileira e repassem", destaca.

Segundo o governo do Amazonas, a nova formação dos professores tem um resultado importante para o desempenho dos alunos. O Amazonas foi um dos estados que registraram melhora no desempenho no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), avaliado pelo Ministério da Educação. Nas séries finais do ensino fundamental, o Amazonas melhorou a nota em 21,39%, subindo de 2,7 (2005) para 3,3 (2007). Nas séries iniciais, o Estado saltou de 3,1 para 3,6. O Ideb mostra, ainda, que 172 escolas amazonenses conquistaram médias iguais ou superiores a 4,0 (em uma escala que vai de zero a seis). Na avaliação de 2005, apenas 39 escolas haviam adquirido esta média. "Os inúmeros depoimentos que ouvi durante as visitas, nas salas de aula, de pessoas que se beneficiariam do programa atestam a sua qualidade", aponta o técnico do Ipea.

Ao longo dos anos, o Proformar também ganhou destaque entre os alunos e professores da Universidade do Estado do Amazonas na área de educação e pedagogia, que acabaram transformando o programa em uma espécie de laboratório de estudos, testando métodos de aprendizado e dinâmicas. "O Proformar está inteiramente consolidado e as perspectivas de continuidade são positivas. Há um compromisso bastante sólido da Universidade com o aperfeiçoamento do programa", avalia Porto.

 
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