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A viagem do conhecimento - Novas tecnologias para o ensino a distância podem reduzir o déficit educacional

2007 . Ano 4 . Edição 30 - 11/1/2007

A educação a distância ganhou ares de solução ef iciente para o grave problema educacional brasileiro. Com o uso de ferramentas tecnológ icas para ensino remoto, governo e entidades públicas e privadas esperam romper o gigantesco déficit educacional e encontrar o caminho da inclusão na sociedade da informação

Por Anderson Gurgel, de São Paulo

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A expressão latina "Deus ex machina", há tanto tempo em desuso, cabe bem para discussão sobre o atual cenário da educação brasileira.Em tradução simples, ela significa "Deus surgido da máquina"e tem sua origem no teatro grego, onde foi criada para classificar as soluções inesperadas, artificiais ou até mesmo improváveis que eram introduzidas em cena para resolver os impasses intrincados das tramas. Ao longo do tempo, esse recurso "quase divino"para desatar nós de enredo ganhou uma imagem dúbia e passou a ser visto tanto como solução viável,para uns, quanto como um embuste, para outros.

A bem da verdade - e saindo da tragédia grega para a tragédia educacional verde-amarela -, a expectativa criada em torno da educação a distância (EAD) tem um tom de "Deus ex machina". Inquestionavelmente citada em qualquer lista dos mais graves problemas nacionais, a educação brasileira, com o uso das tecnologias atuais,pode dar um salto inclusivo, levando o ensino, nos diversos graus, à massa sem acesso, tanto no campo como na cidade. Mas a questão que fica é: será que hardware e software bastam? Será que estudantes, nos variados graus de ensino, conseguirão manusear e aprender com esses recursos? Ainda, os certificados terão valor no mercado? E os professores, saberão utilizá-los para fazer seu trabalho?

De maneira geral,ainda não há respostas definitivas para essas questões.E, tragicamente, muitas outras podem ser colocadas. Mas, a despeito de tudo, parte dos especialistas e a imensa maioria das grandes empresas são entusiastas do uso dessas ferramentas tecnológicas na educação. Como lembra Fredric Litto, que é diretor da Escola do Futuro, centro de estudos da Universidade de São Paulo (USP), e também presidente da Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed),o uso de técnicas de ensino a distância não é uma novidade, o que existe hoje é uma potencialização do conceito.

No sentido tradicional do termo, há exemplos de adoção desses modelos entre agricultores e pecuaristas europeus,no fim do século XIX.Eles aprendiam,por correspondência, como plantar ou qual a melhor forma de cuidar do rebanho.No Brasil, essa modalidade por correio começou timidamente, no começo do século XX, e tem como exemplar notório o Instituto Universal Brasileiro, que oferecia cursos técnicos a distância - por exemplo, eletrônica e mecânica.O rádio e,posteriormente,a TV também foram peças fundamentais na educação remota no Brasil."Contudo,com o surgimento da Internet, o ensino a distância ganhou potencialidades nunca antes vistas", explica Litto.

Tanto é assim que até o próprio Instituto Universal Brasileiro aderiu ao mundo virtual.Hoje oferece opções de cursos usando a rede mundial de computadores, mas sem perder de vista as opções históricas, nas quais os alunos recebem em casa as apostilas para estudar.Para atender incluídos ou não, digitalmente falando, a perseverante escola já se garantiu nos dois mundos. Pode parecer exagero,mas não é. Falar de acesso à informação e à educação hoje é como falar de dois mundos distintos. Segundo Litto, por trás da corrida para a rede,há a percepção de que,na era do conhecimento, nada tem mais valor e nada dá mais poder do que saber trabalhar bem com as informações.

E, para dar conta do volume imenso de informações que circulam por todos os meios, estudar deixou de ser uma fase da vida das pessoas para se tornar um processo contínuo, como acontece no mundo dos cidadãos brasileiros inseridos e com alto poder aquisitivo. Para esses, cursos de pós-graduação,MBAs e outras opções estão sendo oferecidas usando as ferramentas de EAD. Já no outro mundo, dos que não têm acesso à escola ou às instituições de ensino superior, a Internet é uma realidade distante.Nesse ponto, encontra-se o nó que o Brasil não desatou e que faz a diferença na competição mundial com países emergentes,como a China e a Índia.

É nessa fronteira que muitos especialistas se mostram otimistas na possibilidade do encontro das ferramentas de EAD com as ações de inclusão digital. Esse talvez possa ser o "Deus ex machina" para o déficit educacional brasileiro. Para o governo federal,um ponto crítico é a formação de melhores professores de ensino fundamental. Dessa constatação surgiu, em 2005, a Universidade Aberta do Brasil (UAB), uma iniciativa da Secretaria de Educação a Distância (Seed), do Ministério da Educação (MEC).

Novos cursos
Denise Martins de Abreu e Lima, coordenadora da UAB na Universidade Federal de São Carlos (Ufscar), explica que o projeto é uma parceria entre consórcios públicos nos três níveis governamentais (federal, estadual e municipal), em conjunto com universidades públicas e demais organizações interessadas.Um dos pontos de referência foi instalado no município-sede da Ufscar, no interior de São Paulo. Denise Martins conta que os professores perceberam que os alunos já chegavam à instituição usando diferentes meios de se comunicar e interagir com o mundo."A educação não pode ignorar esse aspecto. Pelo contrário, deve entendê-lo para auxiliar novas gerações a utilizar esses meios com ética e respeito, sabendo aproveitar suas possibilidades da melhor forma possível", acrescenta.

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Para testar novos modelos, a UAB está trabalhando com ferramentas tecnológicas que beneficiam o desenvolvimento de metodologias de ensino na área de formação inicial e continuada de professores de educação básica e, também,em alguns cursos de graduação da UFSCar.Denise Martins revela que, em junho de 2007, a Ufscar deverá ter as primeiras "turmas"de cursos de graduação semipresenciais,com parte das aulas nos campi e parte feita a distância. As opções inscritas no MEC são: Educação Musical - licenciatura;Pedagogia - licenciatura; Sistemas de Informação - bacharelado; Engenharia Ambiental - bacharelado; Tecnologia Sucroalcooleira - tecnólogo."Esses cursos serão oferecidos para vários municípios do estado de São Paulo e de outros estados, num total de 1,9 mil vagas", completa.

Quem também mantém um trabalho de avaliação de cursos na modalidade EAD é a Universidade Estadual Paulista (Unesp). Klaus Schlünzen Junior, assessor da reitoria da Unesp e também presidente da Comissão Permanente de Educação a Distância da mesma instituição, comenta que essas ferramentas começaram a ser usadas em atividades ligadas à extensão universitária por volta do ano 2000, em cursos de formação para os docentes da casa.A Unesp publicou, recentemente,uma resolução na qual estabelece diretrizes para o oferecimento de novos cursos a distância. "Esse foi um importante passo dado pela universidade no sentido de dialogar e construir com a comunidade universitária uma maneira organizada de pensar a EAD como alternativa concreta.A universidade atualmente aguarda a solicitação de credenciamento no MEC para oferecer cursos de graduação e pós-graduação nessa modalidade.A expectativa é que a autorização venha ainda em 2007."

Emancipação digital
Na opinião de Schlünzen Junior, a EAD tem tudo a ver com a extensão universitária, mas também com as áreas sociais,pois representa uma oportunidade de educação de qualidade para pessoas distantes de centros de formação, impossibilitadas de freqüentar esses ambientes, e para os que têm alguma dificuldade de locomoção. "Devemos sempre lembrar das características continentais de nosso país e das desigualdades sociais.Por isso,penso que a tecnologia pode ajudar a diminuir as diferenças e criar significativos movimentos inclusivos", reforça. Esse é o amálgama do projeto da UAB e dos projetos públicos em EAD. "As iniciativas visam criar mais oportunidades,ampliando consideravelmente as vagas para o ensino público,gratuito e de qualidade,permitindo a inclusão social", conclui Denise Martins,uma das coordenadoras da UAB.

Segundo Gilson Schwartz, diretor da Cidade do Conhecimento,projeto de pesquisa e extensão da Escola de Comunicação e Artes (ECA-USP), as comunidades precisam ser preparadas para as mudanças tecnológicas, sociais e de comportamento que as tecnologias da informação e da comunicação (TICs) comportam.A Cidade do Conhecimento foi aprovada em concurso do Instituto de Estudos Avançados da USP, em 1999. Em síntese, era o projeto de uma rede experimental de aprendizado permanente e combina aspectos de EAD com ferramentas de gestão do conhecimento e de gestão de projetos. "Mais que um sistema de ensino, criamos uma rede colaborativa em que o aprendizado ocorre na medida em que as comunidades colaboram para resolver problemas, sendo,portanto,um projeto de inteligência coletiva", explica Schwartz.

Paraíso
O trabalho pioneiro da Cidade do Conhecimento é na Praia da Pipa, paradisíaca estância turística do estado do Rio do Grande do Norte. Inseridos num mundo de cultura e natureza exuberantes, os moradores locais viviam à margem do desenvolvimento tecnológico.O desafio foi, utilizando a tecnologia da informação, instalar um telecentro para conectar o conhecimento local com o conhecimento formal - fusão indispensável para a emancipação digital. A fórmula foi capacitar os artesãos para se tornarem produtores culturais por meio de vários cursos que integravam aulas in loco e a distância.Assim nasceu a idéia do desenvolvimento de conteúdos culturais para acesso via celular. Atualmente,Vivo,Claro e Oi já compram ring tones e wall papers criados por artistas locais.O próximo passo vai ser a venda de vídeos com temas daquela região.Além da Praia da Pipa, o projeto está sendo desenvolvido com uma aldeia xavante e com uma comunidade ribeirinha no alto Amazonas.

Outra entidade que está usando ferramentas de EAD é a Fundação Bradesco. Nivaldo Tadeu Marcusso, gerente de tecnologia da entidade,lembra que os primeiros estudos para o uso dessas ferramentas foram feitos em 1997.Com quarenta escolas e mais de 108 mil alunos,a fundação vê a opção tecnológica como forma de expandir a prestação de serviços sem necessariamente construir novos prédios. "A meta é ampliar nossa atuação por meio de parcerias",declara.No Portal da Fundação Bradesco, estão disponibilizados 185 cursos. Atualmente, são feitos mais de 70 mil atendimentos pelo projeto Escola Virtual e eles são distribuídos em áreas que vão desde introdução à informática até certificações de tecnologia da informação; além de cursos comportamentais, ou seja, treinamentos voltados para a capacitação de lideranças comunitárias."Queremos incentivar a geração de líderes nas comunidades atendidas", acrescenta Marcusso.

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Já a Rede Senai de Ensino conta com vários projetos de EAD em localidades espalhadas por todo o Brasil. Entre esses projetos há ações que vão desde processos educativos para jovens e adultos, como a formação em ensino médio e fundamental, até linhas de atuação em educação a distância específicas, como a que envolve a ferramenta Virtual Vision, voltada para a capacitação e o treinamento computacional de deficientes visuais.Com a Lei de Cotas,que obriga as empresas a contratar um percentual mínimo de pessoas com deficiência, os cegos atendidos por esse curso conseguem obter formação em informática e têm mais chance no mercado de trabalho.

Universidade
Saindo do universo dos que ainda precisam de ajuda para dar os primeiros passos no mundo digital, a EAD encontra campo fértil para expansão no outro extremo do conhecimento, ou seja, no mundo dos cursos superiores e de pósgraduação. Um caso bastante interessante é o da Universidade Aberta Pitágoras,pertencente ao grupo educacional Pitágoras, com sede em Minas Gerais.Guilherme Paixão Franciscani,que é o superintendente, destaca a rápida expansão da instituição em ensino a distância."Temos um estúdio de aulas ao vivo concluído e com capacidade de transmissão via satélite para todo o Brasil e via Internet para todo o mundo", revela.Com quarenta anos de mercado, o grupo tem uma rede voltada para educação básica que congrega hoje mais de quinhentas escolas próprias e associadas no Brasil e no exterior.Outra frente de ação atende o ensino superior presencial.

A importância estratégica do assunto fez com que fosse criada uma nova unidade de negócios por lá: a Universidade Aberta Pitágoras,que concebe soluções de educação a distância para indivíduos e corporações."Alunos em dependência do Sistema Universitário Pitágoras podem, por meio do e-learning, cursar a distância as disciplinas em que foram reprovados e, dessa forma, dar continuidade aos seus cursos presenciais", explica.Com o apoio de um LMS (Learning Management System), esses estudantes acompanham o conteúdo dado em sala de aula, fazem exercícios e interagem com o professor.A partir de 2007, revela Franciscani, a Universidade Aberta Pitágoras passa a oferecer cursos de graduação a distância para o público em geral. O modelo adotado é baseado na parceria com escolas em todo o país e no exterior, a começar pela própria Rede Pitágoras. Essas instituições funcionarão como pólos regionais, onde os alunos se encontrarão para assistir às aulas, fazer trabalhos em grupos e provas, entre outras atividades.Através da Internet e com o material de apoio será feita a complementação do processo de ensino e aprendizagem. Reforçando a tendência, a Universidade Santo Amaro (Unisa),em São Paulo, também está oferecendo cursos com 20% da carga horária no modelo EAD.

Empresas
Se é verdade que o ensino a distância avança nas universidades, ele cresce muito mais dentro das empresas. Segundo projeções divulgadas pela E-Learning Brasil, um portal especializado em informações sobre o uso da Internet no ensino, a EAD aumentou 40% no setor corporativo em 2006.Em 1999,existiam apenas dez empresas que utilizavam esse método.Hoje, já são mais de quinhentas.Da mesma forma, em 2002, os investimentos das empresas em ferramentas de ensino não presencial totalizaram 52 milhões de reais e, em 2005,esse número pulou para 162 milhões de reais. O país já registra mais de 1,5 milhão de pessoas treinadas por e-learning.No mercado norte-americano,que movimenta cerca de 1 bi-lhão de dólares na área,os programas de ensino a distância incluem uma ampla gama de aplicações e processos, como internet,extranet,intranet,Lan/Wan, áudio e vídeo,transmissão via satélite, televisão interativa e CD-ROM.Hoje, já são cerca de 217 instituições autorizadas pelo MEC que oferecem essa modalidade de ensino - um crescimento de 30% em relação a 2004. O número de alunos também cresceu 62,6% em 2006.

Outras ações importantes em EAD vêm do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac). Regina Helena Ribeiro, coordenadora do núcleo de ensino a distância, comenta que o Senac atua na área desde 1948, quando foi criada a Universidade do Ar, uma forma de usar o rádio para educar e formar pessoas.Atualmente, já inserida no mundo das tecnologias digitais, a instituição oferece cursos com ferramentas de e-learning para empresas de vários segmentos, entre elas McDonald's,Phililps e Mapfre.

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O Senac agora está fazendo parcerias com instituições do exterior para que brasileiros que moram fora do país possam fazer treinamentos em português de forma a não ficarem defasados na volta para casa."Um exemplo adiantando desse processo é o Japão, onde estamos negociando parcerias para nossos compatriotas que são descendentes e estão trabalhando lá", explica Regina Ribeiro.

Formação do professor
Se há consenso entre os especialistas quanto à evolução das ferramentas de EAD, o mesmo não pode ser dito sobre o conteúdo dos cursos que estão sendo oferecidos.Litto,da Abed, avalia que as instituições e os professores precisam entender que a Internet não é uma aglomeração de todas as mídias anteriores." Na sala de aula, quem domina é o professor, mas na rede o docente é somente o arquiteto", comenta.Para ele, em muitos casos os alunos aprendem mais na troca de informações feita nos fóruns de discussão do que na parte de conteúdo de aula mesmo.

Por isso, ele defende que os professores sejam mais bem capacitados para aproveitar essa oportunidade.Atualmente, tanto Unesp como Ufscar desenvolvem programas para treinar os docentes de ensino superior. Contudo, para tentar amenizar o drama da educação brasileira, a capacitação precisa chegar ao ensino fundamental. E, nesse sentido, há uma série de iniciativas em curso. Além do trabalho da UAB, vários outros projetos estão sendo desenvolvidos.

A Fundação Bradesco, por exemplo, lançou o Projeto Educa + Ação, que visa integrar a iniciativa privada e o setor público municipal no esforço de elevar o padrão educacional das crianças brasileiras. Nesta fase inicial serão beneficiados cerca de 1.000 alunos do ensino fundamental de escolas municipais de oito cidades do Vale do Ribeira,no interior de São Paulo.Além da orientação e da metodologia da entidade, os professores terão acesso a um amplo material para aplicação da metodologia em sala de aula e terão treinamento por meio de cursos presenciais e a distância, ministrados pelo corpo docente da Fundação Bradesco.

A Secretaria de Estado da Educação de São Paulo, que tem cerca de 236 mil educadores e aproximadamente 6 milhões de alunos em mais de 5 mil escolas, também está com um projeto para qualificar 6 mil gestores de escolas públicas para atender à crescente demanda por instrução especializada. A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) é que vai coordenar o curso de Especialização em Gestão Educacional. Com investimento de 10 milhões de reais, o treinamento tem 390 horas de duração, dividido em 180 aulas presenciais, 180 ministradas a distância e trinta dedicadas ao trabalho de conclusão de curso.

O governo paulista também fechou uma parceria com o Grupo Santander e com o Portal Universia para colocar em funcionamento um programa para a formação e a capacitação de 45 mil professores da rede pública de ensino médio. Pelo programa, está sendo montado um acordo de cooperação para impulsionar projetos dirigidos ao ensino da língua espanhola na rede pública do estado de São Paulo.As três universidades públicas estaduais - USP, Unicamp e Unesp - vão selecionar os tutores; e o Instituto Cervantes será o responsável pela elaboração dos conteúdos.

O diretor da Cidade do Conhecimento, Gilson Schwartz, acrescenta que é fundamental que os projetos de EAD tenham clara a diferença entre educação e treinamento. No segundo, a repetição e a massificação são o objetivo. Já no primeiro os desafios são maiores, o que exige maior preparo e preocupação dos gestores e docentes." Professor não é operador, por isso educação e treinamento precisam ser claramente diferenciados em ensino a distância", frisa. Segundo ele, iniciativas como a UAB e tantas outras mostram que instituições governamentais e entidades civis já se deram conta desse desafio.

Massificação
Além disso, as ações recentes do MEC demonstram que realmente o governo aposta em ensino a distância. Contudo, tanto para o governo como para o mercado, Schwartz relembra que o fato de usar a tecnologia não exclui os desafios humanos a serem vencidos para o sucesso do projeto de EAD no Brasil.A tentação da massificação e do ganho de escala das instituições sem a devida adequação dos projetos é a maior ameaça. Corre-se o risco de repetir no virtual a fábrica de diplomas inexpressivos que é alimentada por muitas faculdades por aí, no mundo concreto.

"Inegavelmente essas tecnologias geram escala, do ponto de vista da estrutura, mas se o conteúdo não for local não haverá o comprometimento com a educação para a geração de conhecimento e inovação", completa Schwartz.A solução "Deus ex machina" que o e-learning pode trazer encontra-se justamente na encruzilhada: o papel do professor na EAD e a sensibilidade para a adequação dos conteúdos locais aos softwares globais serão o fiel da balança para que a educação a distância se coloque de fato como um diferencial para a ruptura com a crise endêmica educacional brasileira. Portanto, por mais que a educação esteja globalizada e virtualizada neste início do século XXI, fica o recado: o sucesso (em formação adequada e retorno financeiro) pode vir dos ensinamentos mais simples, das idéias de Paulo Freire,por exemplo.

Destaques da educação a distância no Brasil

Pelo menos 1,278 milhão de brasileiros estudaram por educação a distância no ano de 2005, tanto em cursos oficialmente credenciados como em projetos nacionais públicos e privados.
• O número de instituições que ministram EAD com autorização do MEC cresceu 30,7% entre 2004 e 2005.
• O número de alunos que estudaram nessas instituições cresceu ainda mais no mesmo período: 62,8%.
• No ano de 2005, houve um pico na oferta de novos cursos a distância. Foram oferecidos, pelas instituições da amostra, 321 novos cursos nesse ano, ante 56 novos cursos em 2004 e 29 em 2003.
• A prova escrita presencial é a forma de avaliação mais utilizada pelas instituições de EAD, sendo aplicada por 64,3% delas.
• O e-mail é o apoio tutorial mais comum nas escolas de EAD, sendo usado por 86,75% delas. Em seguida, estão o telefone (82,7%), o professor on-line (78,6%) e o professor presencial (70,4%).

Fonte: Anuário Brasileiro Estatístico de Educação Aberta e a Distância 2006, publicado pelo Instituto Monitor com apoio da Abed

Muito antes da Internet Evolução do ensino a distância no Brasil
• 1904 • Já existiam ferramentas de educação a distância na mídia impressa e nos Correios, o ensino por correspondência privado.
• 1923 • Surge o Rádio Educativo Comunitário.
• 1965 a 1970 • Surgem as TVs Educativas,criadas pelo poder público.
• 1980 • Grande oferta de supletivos via telecursos,com uso de televisão e material impresso (organizado por fundações sem fins lucrativos).
• 1985 • Uso do computador “stand alone”ou em rede local nas universidades.
• 1985 a 1998 • Uso de mídias de armazenamento, como videoaulas,disquetes,entre outros, como meios complementares.
• 1989 • Criação da Rede Nacional de Pesquisa (uso de BBS, Bitnet e e-Mail).
• 1990 • Uso intensivo de teleconferências (cursos via satélite) em programas de capacitação a distância.
• 1994 • Início da oferta de cursos superiores a distância por mídia impressa.
• 1995 • Disseminação da Internet nas instituições de ensino superior, via RNP.
• 1996 • Redes de videoconferência - Início da oferta de mestrado a distância, por universidade pública em parceria com empresa privada.
• 1997 • Criação de Ambientes Virtuais de Aprendizagem – Início da oferta de especialização a distância, via Internet, em universidades públicas e particulares.
• 1999 a 2001 • Criação de redes públicas, privadas e confessionais para cooperação em tecnologia e metodologia para o uso das NTIC na EAD.
• 1999 a 2002 • Credenciamento oficial de instituições universitárias para atuar em educação a distância.
• 2005 • Governo cria projeto Universidade Aberta do Brasil.
• 2006 • Internet com banda larga gera mais facilidades à EAD.
• 2007 • Previsão de oferta de cursos de graduação em EAD pelas instituições públicas de ensino.

Fonte: Abread / Abed / empresas

 
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