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Em rota de recuperação - A economia brasileira está começando a entrar nos trilhos

2009 . Ano 6 . Edição 52 - 05/07/2009

 

Em rota de recuperação

Indicadores apontam que a economia brasileira está começando a entrar nos trilhos, depois do baque da crise internacional agravado pelos juros altos

Agora não há mais dúvida: o Brasil está saindo da crise. Há "vários sinais de que a economia brasileira superou o pior da crise e se encontra em fase de recuperação", afirmou João Sicsú, diretor de Estudos Macroeconômicos do Ipea, ao divulgar a Carta de Conjuntura de junho. E nenhum sinal em sentido contrário. A trajetória de recuperação, reforçou ele, está bastante clara em todas as variáveis: a indústria começa a recompor os estoques, o que leva ao processo de recuperação da atividade produtiva, e também está contratando mais trabalhadores: há dois meses, o saldo dos empregos formais é positivo no setor.

"A queda de estoque foi, em grande parte, responsável pela queda do PIB no quarto trimestre do ano passado e no primeiro trimestre deste ano", afirmou Sicsú. Ao adotar a estratégia de reduzir a produção e atender a demanda com os estoques, a indústria teria contribuído para reduzir a atividade econômica. Mas esses estoques estão se esgotando, o que vai levar a indústria a produzir.

Os últimos dados indicam também que a indústria está iniciando um movimento de aumento do uso de sua capacidade instalada.

Outro indicador favorável, segundo Sicsú, é a estabilização da taxa de desemprego, com leve queda de 9% para 8,8%, entre março e maio, de acordo com o IBGE, e também a trajetória crescente de geração de postos de trabalho no setor formal do mercado. Em maio foram criado 132 mil novos empregos, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho e Emprego.

"O que precisamos agora é pensar como acelerar essa recuperação", comentou Sicsú. A questão é definir o ritmo dessa retomada, que deve resultar em crescimento do PIB de 2009, porém menor do que a previsão de 1,5% a 2,5%, feita no início do ano pelo Ipea. A previsão será revista para baixo, porque embutia estimativa de crescimento do PIB no primeiro trimestre.

Conceito - A atual crise pegou o Brasil em situação bem diferente das vezes anteriores. Desta vez, a crise não é de finanças públicas, de choque de oferta nem de balanço de pagamentos. "Pela primeira vez, temos uma crise tipicamente keynesiana na economia brasileira. Isso ocorre em função da maturidade da economia brasileira, que não tem mais as fragilidades que impediam que taxas de investimento pudessem crescer e acelerar o crescimento", disse Roberto Messenberg, coordenador do Grupo de Análise e Previsões do Ipea.

Para Sicsú, a recessão no Brasil foi agravada pela política monetária do Banco Central, que aumentou as taxas de juros a partir de abril de 2008. "A queda do PIB no quarto trimestre e primeiro trimestre é resultante do impacto da crise econômica e financeira internacional, mas ela também é resultado da política monetária que foi implementada pelo Banco Central no início do ano passado, quando a taxa de juros foi elevada", afirmou. A estimativa é que os efeitos de aumento da taxa de juros ocorram entre seis e nove meses depois, ou seja, o impacto da elevação dos juros a partir de abril seria sentido no final de 2008 e início de 2009.

A Carta de Conjuntura atribui três causas à crise: restrição no crédito internacional, acumulação indesejada de estoque pela indústria e os efeitos da política monetária, que, de qualquer forma, levaria à desaceleração da economia. "Já era esperada uma desaceleração do ritmo de crescimento no quarto trimestre do ano passado e no primeiro trimestre deste ano, independentemente de existir a crise", disse. "A política de elevação de juros faz efeito, e não só sobre o lado nominal, sobre a inflação. Para ela fazer efeito sobre o lado nominal, sobre a inflação, antes ela tem que fazer efeito sobre o lado real, sobre a taxa de crescimento. Então, se a taxa de juros foi elevada, era esperado que tivéssemos desaceleração independentemente da crise", explicou.

A preocupação central, agora, é com o crescimento econômico, diz Messenberg. Para ele, a retomada do crescimento no setor industrial está limitada pela apreciação cambial. "O setor que está puxando de fato a economia para baixo é a indústria. Essa crise é uma crise da indústria e está ligada à taxa real de câmbio da economia", afirmou. A apreciação cambial, entretanto, decorre da saúde das finanças brasileiras, com dívida e balanço de pagamentos administrados. Mas essa apreciação deixa o setor industrial "com sua rentabilidade deprimida". Para ele, o governo terá que desmontar a "armadilha" do câmbio para dar lucratividade à indústria e assegurar o retorno dos investimentos.

Com relação aos outros fatores, a Carta de Conjuntura destaca que o governo vem tomando medidas de política monetária para aumentar a liquidez da economia e também reduziu taxa básica de juros em 4,5 pontos percentuais desde o início do ano. A redução dos juros, afirma o documento, vai afetar positivamente as expectativas, melhorando a confiança dos consumidores e a demanda por crédito.

A dúvida é saber como ficam os investimentos, que reagem mais lentamente à queda dos juros. Além disso, a indústria deve expandir a produção com o aumento do uso da capacidade instalada, já que opera com ociosidade. Assim, ela adia os novos investimentos. No primeiro trimestre deste ano, os investimentos em formação bruta de capital fixo caíram 14% em relação ao último trimestre de 2008. "Entre os componentes da absorção interna, o investimento é o mais sensível aos ciclos econômicos" e também o mais volátil, afirma o documento.


Previdência Social: Receita em crescimento


Oresultado da arrecadação previdenciária destoa do quadro de crise da economia brasileira: registrou recorde de arrecadação líquida em maio de 2009, atingindo R$ 14,4 bilhões, 8% acima do arrecadado em maio do ano passado, e o maior valor mensal desde 1995, excetuados os meses de dezembro, informa o Ministério da Previdência Social. Em cinco meses, o crescimento foi de 5,8%. "A minha hipótese é que a folha salarial, como base para as contribuições que financiam a Previdência Social, é muito mais estável do que o faturamento ou qualquer outra base de incidência", diz Helmut Schwarzer, secretário de Políticas de Previdência Social. Na crise, o faturamento é mais volátil.

"A primeira variável que a crise impacta é nos pedidos das empresas e aí o faturamento diminui", afirma. No primeiro período de crise, a empresa reduz hora extra, recorre a banco de horas e férias coletivas de forma a evitar a dispensa de trabalhadores qualificados. "A dispensa só vai acontecer quando tiver a clareza de que a crise vai durar", supõe. E normalmente os empresários dispensam primeiro os menos qualificados, com salários mais baixos. "No caso da arrecadação da Previdência Social, embora nós tenhamos um grande número de pessoas com remuneração na faixa de um ou dois salários mínimos, as faixas salariais mais elevadas são responsáveis por maior proporção da nossa arrecadação", explica Schwarzer.

Além disso, o ajuste do mercado de trabalho no Brasil não foi tão forte quanto o ocorrido em outros países. Ou seja, o consumo doméstico ajudou a manter a atividade do comércio e, em consequência, o emprego e agora já há sinais de recuperação do emprego. "No Brasil nós temos uma recuperação gradativa da confiança empresarial. Claro que os setores que dependem da economia internacional ainda estão um pouco cautelosos, mas nós já temos sinais da recuperação na China, sinais de recuperação lenta nos Estados Unidos", pondera o secretário. Até mesmo o processo de falência da General Motors e da Chrysler aponta para uma saída coordenada.

"O setor automotivo inteiro está sendo reestruturado. Isso vai afetar de alguma forma o futuro da indústria automobilística no Brasil. Vai haver consequência na GM no Brasil, no tipo de produto que vai ser oferecido, nas inovações tecnológicas", afirma. É um processo de ajuste, com a economia reagindo às medidas adotadas pelo governo. "É importante continuar com essa política anticíclica. Mas nós vamos ter novos paradigmas. O próprio presidente do Ipea (Marcio Pochmann), numa reunião interna que nós tivemos, assinalou com bastante propriedade que estamos caminhando para uma nova constelação, novos paradigmas tecnológicos vão ser utilizados, novos setores estarão emergindo e vão liderar o crescimento e o desenvolvimento econômico", conta. Nessa nova fase, não serão mais os setores tradicionais os grandes geradores de emprego.

Na crise, a Previdência Social foi um dos instrumentos de política anticíclica do governo, que reajustou o valor dos benefícios e do salário mínimo, que também serve de piso para aposentadorias e pensões. Schwarzer lembra que o pagamento de benefícios, com reajuste, se enquadra na visão keynesiana seguida pelo Brasil. "Nós não deixamos de reajustar os benefícios por causa da crise, alguns países deixaram de reajustar, nós não deixamos de fazer o reajuste do salário mínimo, alguns países deixaram de fazer", relata.

Embora tenha aumentado a arrecadação, nos primeiros meses da crise houve um período de estagnação. Com isso, a previsão de equilíbrio entre despesas e receitas previdenciárias na área urbana em 2009 não será alcançada. Ficou para 2010 ou 2011, segundo ele. As perspectivas, porém, não são das piores: "Nós estamos tendo uma formalização importante das pequenas e microempresas em função da legislação do Simples Nacional. Provavelmente isso vai resultar numa diminuição da renúncia previdenciária", comenta.

 

 
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