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Instituições - Depois da tempestade, a Nova Esquerda

2008 . Ano 5 . Edição 46 - 08/08/2008

Por Pedro Burgos, do Rio de Jenaiero

Não faltam intelectuais que declaram o fim ou pelo menos o desgaste da filosofia econômica neoliberal por conta da crescente desigualdade entre os países, da falha do Estado em prestar amparo aos mais pobres, do poder demasiado das empresas sobre a definição dos rumos de uma economia e do elevado desinteresse das pessoas pela política. Para um número cada vez maior de pessoas, tudo isso é produto do liberalismo extremado, iniciado a partir dos anos 1970.

Mas, se antes os representantes da esquerda tradicional não encontravam muito eco ao afirmar que um novo sistema econômico global era necessário, hoje a idéia tem ganhado maior repercussão. Mesmo dentro dos Estados Unidos, livros antineoliberalismo têm virado até best-sellers, como A Doutrina do Choque, de Naomi Klein, recémtraduzido para o português, que reúne as críticas comuns à cartilha da Escola de Chicago.

Se o problema está na filosofia neoliberal, que enfraqueceu Estados, como mudar um paradigma abraçado de maneira quase generalizada no mundo? Esse é o desafio da ainda não completamente configurada Nova Esquerda, movimento sem líderes ou bandeiras unificadas, e mesmo sem um nome definitivo, já que o termo Nova Esquerda já foi usado para designar ativistas das décadas de 1960 e 1970.

O que essa nova Nova Esquerda pretende é apresentar propostas inovadoras para incluir os que ficaram de fora de um dos períodos de maior bonança da história. "O neoliberalismo funcionou apenas porque convenceu as pessoas que não havia opções", afirma o sociólogo norte-americano Cornel West, da Universidade de Princeton, Estados Unidos.

SEM REVANCHISMO Autor de frases impactantes [ver entrevista na página 25], West esteve no Brasil em agosto para falar no seminário Instituições para a Inovação, organizado pela Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República, que reuniu alguns dos mais importantes representantes da Nova Esquerda, entre membros de governos e acadêmicos de todo o mundo.

Disse que estavam todos ali "celebrando a queda do neoliberalismo", mas em tom completamente desprovido de revanchismo. A idéia por ele defendida é a de pensar em como apresentar um modelo alternativo de desenvolvimento em um momento de crise.

"O verdadeiro objetivo da esquerda hoje não é a igualdade. É o engrandecimento das pessoas comuns e a intensificação da vida cotidiana. Esse programa é imensamente mais ambicioso que o da socialdemocracia do século 20. O que nos falta é o casamento da rebeldia com a imaginação", afirma o ministro-chefe da SAE, Roberto Mangabeira Unger.

Se no século passado a idéia das esquerdas era discutir a propriedade coletiva e o Estado como grande provedor, o discurso hoje está atento às liberdades e ao sucesso individual. "A desigualdade não é um mal em si. O desafio é acabar com a desigualdade que não é legítima - existe um espaço enorme para avançar no caminho da desigualdade de oportunidades", acrescenta o economista Eduardo Gianetti da Fonseca, professor do Ibmec Educacional, de São Paulo.

ÂNSIA POR MUDANÇAS Dificilmente classificado como um político de esquerda tradicional, o candidato democrata à presidência dos Estados Unidos, Barack Obama, é comumente citado como uma prova de que a sociedade está ansiosa por mudanças - falta às esquerdas capitalizar politicamente esses anseios.

"A esquerda deve mostrar que os interesses dos pobres, os que ficaram de fora do desenvolvimento econômico, são o interesse de toda a sociedade. A campanha eleitoral de Obama me parece um bom exemplo que pode manter a esperança dos jovens das periferias e da África e trazê- los de volta à política", afirma Joel Netshitenzhe, chefe da Coordenação Política da África do Sul.

Trazer jovens e pessoas afastadas do processo democrático para acreditar novamente em eleições como parte da mudança é um desafio mundial dos políticos. Há experimentos nesse sentido. "Na Rússia fazemos coisas como acampamentos de políticos, ministros, com jovens e artistas; e temos aumentado a participação deles no que era antes uma 'eleição para aposentados'", relata Sergei Markov, diretor do Fórum Público da Rússia para Relações Internacionais.

Se há empolgação em relação à mudança oferecida por Obama e abraçada tão entusiasticamente por jovens e eleitores antes descrentes pela política, também há cautela. "O nosso maior problema é achar a linguagem que fale de mudança, mas também explique que são processos de longo prazo, para as pessoas não se sentirem trapaceadas", afirma Yuli Tamir, ex-ministra da Educação de Israel.

Para ela, a mídia poderia ser culpada por exigir mudanças de tão curto prazo. Yuli conta um exemplo próprio para ilustrar isso. Quando começou uma ampla reforma no ensino de Israel, há dois anos, então como ministra, ela reuniu-se primeiro com os líderes do sindicato dos professores. A imprensa cobriu o evento, que não produziu grandes manchetes - era um encontro de aproximação. "Mas, duas horas depois, no noticiário dizia-se que nada havia mudado. Como eles esperam que tudo mude em um dia?", reclama.

ESTADO PARCEIROO Não apenas a imprensa, mas políticos também mostram certa queda por mudanças a curto prazo, especialmente na América Latina. Os países do continente tiveram em média, no século XX, 12 constituições diferentes. São mudanças que mais atrapalham do que ajudam, pela falta de definição perene do papel do Estado.

"Podemos ter situações em que há, ao mesmo tempo, ausência e excesso de autoridade. Por isso costumam chamar o Brasil de 'Leviatã anêmico'. O governo faz muitas coisas que não deveria, é hipertrofiado, mas ao mesmo tempo se ausenta de áreas em que sua presença deveria ser muito mais definida", afirma Gianetti da Fonseca.

A base do pensamento da Nova Esquerda é que é possível encontrar um caminho entre o estado de bemestar social dos países escandinavos e o livre-mercado neoliberal. Se não há um governo no mundo que exemplifique em sua totalidade essa filosofia, há ações e leis isoladas que dão uma amostra do que seria possível, mesmo no Brasil.


"Quando colocamos na Constituição de 1988 que o Estado garantiria os cuidados universais de saúde, disseram que era impossível. Nos anos seguintes, houve uma mobilização da sociedade e dos médicos sanitaristas que resultou no Sistema Único de Saúde (SUS). Temos um sistema extremamente barato, que atende razoavelmente, e que se deveu à mobilização e à descentralização", afirma o cientista político e ex-ministro da Fazenda Luiz Carlos Bresser Pereira.

EXEMPLO DE DESCENTRALIZAÇÃO Criado pelo engajamento de todos os setores da sociedade, com execução passando por todas as esferas de poder, o SUS é também um exemplo da descentralização dos serviços estatais pretendida pela Nova Esquerda.

"Essa transformação da economia de mercado não se consolida sem um aprofundamento da democracia. Precisamos de um novo modelo de democracia que eleve o grau de engajamento popular na política, supere os impasses entre os poderes do Estado, resgate os indivíduos da condição de subjugação que radicalize o federalismo. O velho conflito entre o Estado e o mercado está morrendo", afirma Mangabeira Unger.

A radicalização do federalismo e o maior poder a organizações civis defendidos por Mangabeira fazem com que a própria sociedade crie os aparatos para servi-la e o governo federal tenha como papel principal financiar as boas iniciativas e regular alguns setores como saúde e educação.

"Estudos comprovam que esse modelo provoca melhor eficiência e eqüidade. Mas, para isso, as pessoas precisam ser bem informadas sobre suas opções. Elas não querem escolhas, querem o melhor serviço", simplifica o economista inglês Robin Murray, do Centro de Estudos da Governança Global da Escola de Economia e Ciência Política de Londres (LSE).

David Lammy, ministro de Habilidades do governo britânico, ressalta que, para que essas mudanças aconteçam, todos os segmentos da sociedade devem estar representados entre os que decidem as políticas [ver entrevista na página 22]. "O Partido Trabalhista britânico não seria a mesma coisa sem a intervenção das mulheres. Com a maior participação feminina, foram aprovadas leis como a licença-maternidade por nove meses e creches até os quatro ou cinco anos de idade - que interessa não só a elas, mas também à sociedade como um todo. Quem faz a política é uma questão crucial", afirma.

REFORMA DA EDUCAÇÃO Para que o sonho de um Estado menos centralizador e mais parceiro da sociedade se concretize, há um área prioritária de reforma: a educação. Se os indivíduos são convidados a participar mais ativamente do processo democrático ou podem escolher entre diferentes fornecedores de serviços básicos, é preciso que todos tenham as mesmas ferramentas de decisão. Em outras palavras, que sejam educados para viver em um mundo cada vez mais complexo.

"A Nova Esquerda não será a esquerda nova se não solucionar a questão da educação inovadora", sentencia Charles Sabel, professor de Direito e Ciências Sociais da Universidade de Columbia (Estados Unidos). Há questões pontuais, como a melhora das condições de trabalho e da formação dos professores. Mas, para Mangabeira Unger, o desafio é muito mais profundo e passa pela total reformulação do ensinar.

"A escola precisa rejeitar o ensino enciclopédico, sem cair nos modismos sem conteúdo. O ensino não pode proceder com o objetivo de transmitir um cânone de conhecimentos. Desde as etapas iniciais, ele tem de proceder de acordo com o método dialético. Nenhum assunto deve ser ensinado de uma só forma: o ensino tem de ser uma fuga do individualismo e autoritarismo. O foco tem de ser no fundamental: as capacitações analíticas em matéria verbal e numérica", define Mangabeira.

O motivo para essa reforma profunda está na própria natureza da sociedade pós-moderna, onde o conhecimento é difundido muito rapidamente e o abismo entre as gerações cresce a cada dia. "Curvas exponenciais de adoção de novas tecnologias modificam a sociedade drasticamente em um curto espaço de tempo. Aconteceu com o vapor, o telégrafo, a prensa de Gutenberg. Estamos apenas em uma dessas curvas. Se as nossas crianças estivessem indo à escola só para aprender, elas entrariam no colégio às 7h30 para sair às 8h30", diz Silvio Meira, pesquisador em engenharia de software.

RETROVISOR E TELESCÓPIO "Os meninos estão sendo amestrados para ter um comportamento social aceitável, apenas isso. A educação ensina com o retrovisor e o menino educado olha com um telescópio", acrescenta Meira. "Temos de insistir num programa revolucionário, apesar dos reveses e desilusões dos últimos 100 anos", complementa Mangabeira.

Mas, antes de encampar a mudança dos paradigmas de educação - ou concomitantemente -, o que leva tempo e uma boa dose de experimentação, há outras formas de garantir um melhor futuro para as crianças. "O desafio do futuro está fora da escola, quando as crianças voltam para suas famílias. Precisamos de coisas de qualidade para as crianças fazerem depois da escola, os sábados e domingos são importantíssimos. No Reino Unido, a educação deu um salto quando entendemos a importância da família, as dificuldades dos lares onde há apenas um pai. Precisamos unir voluntários, sociedade civil e setor privado para isso dar certo", propõe David Lammy.

Para o ministro da Educação, Fernando Haddad, se a sociedade conseguir levar a cabo essas reformas, as novas gerações terão um tipo de vida completamente diferente. "Há muita riqueza sendo produzida. A sociedade tem condições de financiar uma entrada no mercado de trabalho não aos 16, mas para depois dos 25 anos de idade. E uma jornada de trabalho de 12 horas semanais", imagina Haddad. Esse talvez seja o produto das visões da Nova Esquerda: um indivíduo com mais possibilidades, mais poder e mais conhecimento.



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Aos 36 anos, David Lammy é um dos políticos jovens em ascensão na cena política britânica. Vindo de uma família humilde da cidade operária de Tottenham, conseguiu terminar os estudos graças a uma bolsa obtida com suas habilidades no canto coral. Formou-se em direito na Escola de Estudos Africanos e Orientais de Londres e foi o primeiro negro britânico a conseguir um mestrado em Harvard, onde conheceu e ficou amigo de Barack Obama. Já aos 28 anos foi eleito para o Parlamento inglês, tornando-se o mais jovem político da Casa. Dono de conhecimentos extraordinários em diversas áreas, já assumiu diversas pastas nos gabinetes de governo comandados pelos primeiros- ministros Tony Blair e Gordon Brown. Em 2002, foi subsecretário de Saúde; pouco depois virou ministro de Assuntos Constitucionais e em 2005 foi apontado ministro da Cultura dentro do Departamento de Cultura, Mídia e Esportes britânico - um ministério com maiores poderes. Dois anos depois, assumiu a atual posição de ministro de Habilidades, no recém-criado Departamento de Inovações, Universidades e Habilidades. Integrante do Partido Trabalhista do Reino Unido, Lammy comportouse como conservador em seu período no Parlamento: apoiou fortemente a Guerra do Iraque e o pagamento de taxas para estudantes nas universidades públicas. Mas, como parte do governo, ele tem procurado políticas mais inovadoras, mais próximas do pensamento da Nova Esquerda. Defensor não apenas do ensino superior, mas também do técnico-profissionalizante, Lammy trabalha junto de sindicatos e cooperativas de ex-presos para capacitá-los ao mercado de trabalho e iniciou um programa para melhorar a educação de adultos. Há um ano, concebeu uma versão de reality show chamada "O Aprendiz", que tem feito sucesso, garantindo emprego para quem busca o ensino técnico. Seu objetivo é não deixar a Grã-Bretanha para trás no que ele chama de "a corrida das habilidades", que, segundo ele, substitui no século XXI a corrida armamentista do século XX.

Desafios - O que faz exatamente um ministro de Habilidades?
David Lammy - Minhas responsabilidades são em habilidades e ensino para adultos. A nossa idéia é que o aprendizado não deve terminar quando se completa a vida escolar, tem de ser um ato contínuo. Então sou responsável pelo aprendizado adulto e os cursos profissionalizantes, o trabalho vocacional e técnico como engenharia e manufatura. Ou seja: o lado não coberto pelas escolas normalmente, mas que interessa bastante às pessoas.

Desafios - Há emprego para tanta gente com ensino superior ou o foco deveria estar no ensino profissionalizante?
Lammy - Não é uma questão de "isso ou aquilo". O importante é questionar: "quem vai para a universidade?". Como um político de centro-esquerda, eu penso que o governo tem de garantir uma participação abrangente da população no ensino superior. É importante que tenhamos jovens com a chance de ir para a universidade, coisa que muitos de seus pais não tiveram. Especialmente pessoas vindas de grupos mais pobres ou de grupos étnicos minoritários, que antes não tinham direito de ir à universidade. No século XXI, a economia do conhecimento é importante. Entretanto, é fundamental também manter a base vocacional. Que as habilidades práticas, sejam de encanador, eletricista ou trabalhador de fábrica, também sejam apoiadas. Precisamos de faculdades técnicas. Não temos que só sonhar com doutores, carreiras acadêmicas. É preciso um equilíbrio. Não é certo achar que as universidades são para os diretores e gerentes e o resto da educação, para os outros. Não é o caso. A economia tem de ser diversificada. Então, é preciso ter ambos.

Desafios - O que o governo deve fazer para tornar as carreiras técnicas atraentes?
Lammy - A palavra-chave é "progressão". Em uma economia complexa como a britânica, as pessoas devem poder mover-se para cima na hierarquia enquanto ainda trabalham com a mão na massa. Então, o treinamento tem de ser perpétuo. É preciso que a população entenda que na economia moderna não se precisa ter um emprego para a vida toda - é possível mudar de trabalho quatro ou cinco vezes durante a vida e mudar até de área de atuação e de carreira. Uma estatística ilustra bem isso. Das crianças de quatro anos que entram nas escolas hoje, 40% desempenharão funções que sequer foram inventadas. Essa é a natureza da economia moderna. Então, não vejo problemas em se trabalhar em um call center. Mas essa pessoa pode e deve aspirar ir para outras posições ou lugares que satisfaçam suas necessidades.

Desafios - Quais são as idéias inovadoras na sua pasta para que as pessoas adultas voltem a estudar?
Lammy - Uma idéia que estamos implementando com pioneirismo na Inglaterra é o serviço de carreira para adultos, com conselheiros que visitam as pessoas. O Estado paga para os cursos das pessoas e elas não sabem quanto que estão recebendo. Então criamos uma "conta de habilidades" - agora elas podem acessar pela internet e olhar individualmente quanto estão recebendo e quanto irão ter disponível durante a vida. As inovações continuarão.

Desafios - O governo deve intervir para direcionar os universitários para cursos tecnológicos?
Lammy - Nós tivemos esse problema no Reino Unido, de jovens não seguindo carreiras tecnológicas. Mas investimos muito dinheiro nisso para atrair professores a essas áreas e demos incentivos aos jovens que quisessem estudar isso. Acho importante que o governo faça esse trabalho em parceria com os empregadores. No Reino Unido, as universidades recebem um grande subsídio do governo, mas elas não são exatamente públicas, os professores não são funcionários públicos. São independentes. Então, a universidade precisa atender ao mercado para conseguir mais subsídios do governo, e isso significa que ela tem de estar conectada com as demandas do mercado, oferecendo uma grande variedade de opções. Eu era um advogado antes de virar político, mas não acho que o mundo precisa de mais advogados, nem contadores. Veja, por exemplo, o desafio das mudanças climáticas. Quem solucionará esse problema não vão ser os advogados, mas engenheiros e cientistas.

Desafios - No Brasil há um problema crescente de desemprego entre os jovens. Como atacar isso?
Lammy - Nós temos no Reino Unido praticamente o emprego pleno dos jovens. A economia está forte, há muito trabalho e possibilidades para os jovens. Mas a verdade é que estamos entrando em um tempo difícil economicamente falando, e isso afetará todas as classes. Preço da comida, desafios para as pessoas comuns. As companhias vão sentir o golpe, e certamente isso vai trazer desafios para a empregabilidade. E, no final, as pessoas precisarão ser flexíveis e adaptáveis. A questão da língua vai ser muito importante. O emprego não vai ter muitas fronteiras. Um fenômeno comum, que é muito real em Londres, é o de jovens da Polônia, África do Sul, França, Itália e Irlanda disputando os empregos. Todos viajam conquistando novas habilidades e línguas. E suspeito que isso vá acontecer no Brasil rapidamente. É uma tendência importante para os próximos anos.

Desafios - E como um país deve se preparar para receber essa mão-de-obra global?
Lammy - A imigração sempre trará questões delicadas. A questão vai gravitar em relação aos valores da sociedade que se vivia e para onde se vai, mas também em relação à vontade dos políticos de mostrar que os estrangeiros são bem-vindos e que o sistema é justo para todos. Creio que as pessoas são confortáveis com a imigração quando a consideram justa. Meus pais são da Guiana. Eles foram para a Inglaterra nos anos 1960, para tentar a vida, e eu sou um orgulhoso membro do governo do Reino Unido. Eles trabalharam no sistema de trânsito, empregos simples, entraram e se beneficiaram do sistema. Imigração é uma boa coisa para um país. Tem de ser justa, administrada pelo governo. É claro que sempre haverá políticos, normalmente na direita, que assustam as pessoas sobre a imigração. Mas iremos desafiá-los toda vez que virmos um.

Desafios - Os jovens dão hoje menos valor a carreiras que não demandem um diploma. Como mudar isso?
Lammy - Isso exige um bocado de esforço do governo, junto dos empregadores e de toda a sociedade. É um trabalho tremendo, mas pode ser conseguido. Veja o exemplo de economias altamente desenvolvidas como a alemã, ou das nações escandinavas, a Austrália ou o Canadá. Há um equilíbrio maior entre as carreiras, entre as pessoas que escolhem o caminho acadêmico e as que escolhem a rota mais vocacional. Isso faz com que exista uma mão-de-obra muito mais qualificada em toda a cadeia produtiva, o que é extremamente positivo para o país.


Celebrando o fim do neoliberalismo

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Com uma oratória afiada, gestos largos, muitas caretas e uma voz de cantor de blues, o americano Cornel West, de 55 anos, conquista facilmente platéias - sua técnica de discurso foi aperfeiçoada por anos como pastor da Igreja Batista Americana. Hoje professor de História da Religião na Universidade de Princeton, West é um dos mais influentes intelectuais dos Estados Unidos quando o assunto é a luta pelos direitos civis pós-1960, especialmente na defesa das minorias étnicas. Ele já foi professor em Yale, Harvard e na Universidade de Paris, algumas das mais prestigiosas instituições de ensino superior do mundo. Sua saída dessas universidades quase sempre foi marcada por desentendimentos. Em Yale, por exemplo, foi preso por participar de protestos contra o apartheid na África do Sul, e anos depois saiu de Harvard chamando o ex-presidente da instituição, Lawrence Summers, de "o Ariel Sharon do ensino superior", numa referência à prática de discriminação. Ainda bastante jovem, foi militante do movimento negro nos anos 1960 - fã de Malcom X e os Panteras Negras - e continuou a aproximação com organizações radicais como o grupo de defesa dos direitos dos animais Peta, cujas ações freqüentemente causam controvérsia. Com uma agenda mais radical que a esquerda tradicional americana, ele se define como um "socialista não-marxista". Filiou-se ao pequeno Partido Democrata Socialista dos Estados Unidos, do qual hoje é um dos diretores honorários, apesar de atualmente apoiar (criticamente) o candidato a presidente do Partido Democrata, Barack Obama, de quem é amigo pessoal. Por ocasião dos ataques de 11 de setembro de 2001, disse que "os brancos viram ali como era ser negro nos Estados Unidos: sentir-se inseguro, sujeito à violência aleatória e odiado por ser quem são". Autor de mais de 20 livros e objeto de quatro outros, além de um filme documentário, Cornel West continua inflamando platéias no mundo em sua busca por uma democracia cada vez mais participativa, que inclua as pessoas à margem do crescimento econômico.


Desafios - O senhor celebrou o fim do neoliberalismo. Por que ele acabou e o que temos a celebrar?
Cornel West - Ele entrou em colapso porque os resultados foram devastadores, seu fracasso inegável. O neoliberalismo se propôs a tirar as classes mais baixas da pobreza, não o fez; propôs-se a criar orçamentos mais balanceados e responsáveis, e não o fez; propôs-se a liberar a América Latina, colocá-la em par com o resto do mundo, mas apenas a subordinou mais à economia global. Aliás, o resultado mais devastador do neoliberalismo está na América Latina.

Desafios - Que sistema o senhor vê emergindo disso?
West - Estamos numa transição. Podemos ver o colapso relativo, mas não conseguimos ver ainda o que virá, por isso é tão fascinante esse momento. Parece-me que o ministro Roberto Mangabeira Unger tem uma visão sobre isso, e fico feliz que o governo do presidente Lula tenha tido a idéia de trazê-lo para dentro. Uma vez que nós percebamos as limitações do sistema neoliberal, concluiremos que temos de fazer algo, não só em termos de protesto, mas de reconstrução, reinvenção de mercados e do Estado. Será uma mudança profunda. Fala-se da diferença entre a era de protestos e a era de revoluções. Não parece que estamos em uma época de revoluções, e há relativamente pouca gente protestando.

Desafios - Como acontecerão as mudanças?
West - Não se têm tantos protestos no Brasil porque o país tem um presidente progressista. Quando vim aqui há 30 anos, eu estava interessado na Teologia da Libertação, no movimento do padre Leonardo Boff contra a ditadura militar. Nessa época, Lula protestava, fora do governo, de braços dados. Agora eu volto e o protestante está à frente do Estado. Ele ainda é progressista, mas está numa situação diferente. Não está mais na rua, com o Partido dos Trabalhadores, organizando. Ele é o presidente. Ao mesmo tempo em que ele sabe das limitações do neoliberalismo, ele sabe que tem de trabalhar com isso, brigar, se adequar. Ele não pode passar por cima de um sistema vigente porque a história não funciona assim. É por isso que digo que o colapso neoliberal é relativo. As severas limitações foram reveladas de uma maneira inegável. O que não quer dizer que se comece uma nova ordem do dia para a noite. Lula ainda tem de trabalhar muito com o Império Americano.

Desafios - Quais as chances de Barack Obama mudar esse quadro?
West - Não sei. Sou um apoiador crítico de Obama, eu o conheço muito bem, tivemos momentos muito bons em Illinois, e o apoiei nas primárias em vários estados. Fazia seis discursos por dia de apoio em Iowa, na Carolina do Sul, no Texas e em Illinois. Apesar de trabalhar bem próximo, eu sou crítico. Mas sei que ele é o melhor que o Império Americano tem a oferecer no momento, não há dúvidas em relação a isso. Mas, se esse melhor é bom o suficiente, especialmente quanto aos nossos irmãos e irmãs da América Latina, não estou convencido. Vou votar nele, mas também colocarei bastante pressão em relação às políticas para o continente.

Desafios - E quanto às políticas que ele propôe sobre minorias, especialmente a população negra?
West - Não acho que ele goste muito de falar sobre minorias. Ele gosta de falar mais sobre classe média e trabalhadores. Ele fala de gente pobre algumas vezes, mas não o suficiente. Ele tende a se distanciar do assunto minorias, para não ser tachado de "presidente de minorias". Eu consigo entender isso. Ele precisa de gente como eu, que fala sem vergonha da situação dos negros e da supremacia branca. Alguém que fale duro sobre patrões exploradores, plutocratas irresponsáveis, oligarcas sem transparência. Porque é a verdade e eu tenho de me expressar sobre ela. Mas, na política, não se pode falar esse tipo de verdade. Eu reconheço a responsabilidade dele, que é diferente: um governo mais progressista. Ele respeita a minha função e eu a dele. Por isso somos amigos.

Desafios - Qual a sua opinião sobre a políticas de cotas em universidades públicas no Brasil?
West - De um lado, nós, dos Estados Unidos, temos de reconhecer que não podemos impor nossas concepções de supremacia branca no Brasil. Este país ainda tem o legado da supremacia branca, mas isso toma outra forma. Então, eu tenho de ser humilde o suficiente para aprender e ouvir os meus irmãos e irmãs brasileiros sobre o assunto. Mas, por outro lado, eu tenho de fazê-los ter certeza de que os brasileiros não estão em negação sobre a herança da supremacia branca. Porque só o que isso faz é esconder e camuflar o sofrimento das pessoas pobres. Essa história toda de miscigenação, democracia racial e tudo o mais que os brasileiros repetem não existe... Aqui se vê um número desproporcional de negros entre os pobres ou entre os presos, por exemplo. Então, eu quero ter certeza de que brasileiros e americanos não esqueçam dessa herança de uma dominação dos brancos - todos devem se opor e combater isso. E penso que é algo muito positivo que o Brasil esteja atacando esse problema com um programa de ações afirmativas. Porque, quando se vai para o alto da sociedade brasileira, onde estão os ricos e poderosos, não se vêem muitos negros, não é? Olha-se para cima e se diz: "Ei, é tão branco aqui!". Isso não é o legado da dominação branca?

Desafios - O senhor diz que um dos problemas de estender a democracia é que a policia e o sistema prisional precisam ser repensados...
West - Deve haver transparência da polícia e uma reforma prisional. Como fazer isso? Uma das maneiras é a criação de polícias comunitárias. Precisamos de mais policiais vindos da própria comunidade, para que as pessoas sintam que têm uma relação próxima com a polícia, que ela não seja vista como vindo de fora, hostil. Os criminosos existem em todas as cores, é fato.

Mas, ao mesmo tempo, quando se tem uma polícia como nos Estados Unidos, onde a maioria dos oficiais vem de fora, eles desrespeitam as pessoas em vez de protegê-las. E quando há essa sensação entre as pessoas de que não há nenhum controle sobre o poder da polícia na sua própria comunidade, é devastador. Mas há uma diferença de percepção, esse medo não existe para a classe média branca. Eles vêem a polícia e sorriem: "Oh, eles estão nos protegendo". E os negros pobres vêem e pensam: "Eles estão vindo nos pegar". E isso não está certo - a polícia tem de servir e proteger o povo.

Desafios - E quanto ao sitema prisional?
West - Complementando isso, não podemos deixar de falar da reforma prisional. É preciso haver educação dentro das prisões, reabilitação, para que as pessoas possam mudar e sentir que podem voltar à sociedade quando saírem. Não temos isso nos Estados Unidos. Não conheço profundamente a situação aqui, mas posso imaginar. E nisso há uma intersecção com a questão da cor. Não se pode falar na questão racial, no Brasil ou nos Estados Unidos, sem falar de polícia e prisões. Em especial para os jovens negros. É claro que nós queremos polícia justa aqui e lá. E, por tempo demais, os negros têm sofrido com isso. Isso tem de parar.



Ocidente simplifica o sistema político chinês

"Não é que o sistema chinês seja perfeito, mas há alguma democracia sim, os ocidentais não entendem." Zhiyuan Cui não se cansa de repetir isso quando discursa ou dá entrevistas nos países ocidentais. Um dos mais proeminentes intelectuais da China na atualidade, Cui tenta, por um lado, dar sentido ao sistema político de seu país, até certo ponto defendendo-o no exterior; mas, "em casa", reclama por abertura política e liberdade de imprensa. Junto de Wang Hui, Pan Wei e Kang Xiaoguang, forma a chamada "Nova Esquerda" chinesa, que critica, mas é tolerada pelo regime, justamente por defender um maior entendimento da natureza exclusiva do sistema político-econômico de seu país. Afeito a grandes teorias, ele costuma dizer que o sistema que se formou na China é o "socialismo pequeno-burguês", onde a propriedade pública da terra e os volumosos investimentos estatais em infra-estrutura garantem a alta competitividade. Essa idéia tem raízes nas teorias de Roberto Mangabeira Unger, acadêmico brasileiro que foi parceiro de Cui em diversos livros e artigos. Dono de uma carreira acadêmica brilhante, Cui obteve o título de doutor em Ciências Políticas pela Universidade de Chicago, é professor do Massachusetts Institute of Technology (MIT) e hoje também leciona na Faculdade de Administração e Políticas Públicas da Universidade de Tsinghua em Pequim.

Desafios - A visão da comunidade internacional sobre a China é muito distorcida?
Zhiyuan Cui - Acho que é um desafio moral e intelectual fazer sentido dessa China. Não apenas para a comunidade internacional, mas para os próprios chineses. Nós passamos por um crescimento econômico tão acelerado nos últimos anos que nem nós próprios conseguimos tirar sentido de tudo. A mídia ocidental começa a ver a China de uma maneira um pouco mais positiva. As Olimpíadas ajudaram o mundo a ter uma apreciação melhor sobre o papel histórico da China e a sua cultura, além de fortalecer a imagem de uma grande protagonista no cenário geopolítico internacional. Mas, por outro lado, a cobertura da mídia ocidental não entende algumas coisas e faz, para ser generoso, simplificações sobre o nosso sistema político.

Desafios - Qual é o erro mais comum da mídia internacional quando se fala sobre a China?
Cui - A mídia internacional acha que a China não é democrática e que o governo é tirano por haver apenas um partido. Não sou contra a competição multipartidária, mas acho que é necessário ter uma visão mais sofisticada do que é democracia para se poder criticar. Nesse sentido, é interessante voltar para o pilar da tradição democrática ocidental, que é Aristóteles. Ele descreve três regimes políticos: o poder de um só, o rei; o poder de alguns, a aristocracia, oligarquia; e o poder de muitos, a democracia. Mas o interessante é que Aristóteles associa a eleição não à democracia, mas à aristocracia. Isso é muito interessante. De acordo com o filósofo, a idéia da eleição é escolher alguém distinto, mais capaz. Ou talvez apenas mais bonito, como o governador da Califórnia [o ex-ator Arnold Schwarzenegger]. Ou talvez por serem ricos. Então, a lógica da eleição é eleger alguém diferente, não uma pessoa comum. E Aristóteles acredita que uma eleição em uma democracia seria um evento randômico, a escolha de uma pessoa comum ao acaso, porque democracia significa que as pessoas governam a si mesmas. Acho interessante o fundador da tradição democrática ocidental não considerar a eleição algo democrático por definição.

Desafios - E a China tem democracia no conceito aristotélico?
Cui - Usando esse ponto de vista, nós, na China, não temos disputa entre partidos, mas temos um certo tipo de seleção aleatória de líderes. Por exemplo, em algumas cidades, um instituto independente faz uma pesquisa para avaliar junto à população o desempenho do administrador. Se em dois anos ele não for bem avaliado, será removido. Não estou dizendo que esse é um sistema perfeito, mas que há vários sistemas democráticos e com participação popular na China. É claro que não é o suficiente, precisamos de mais envolvimento do povo. Mas é alguma coisa.

Desafios - Como é a participação do povo chinês nesse projeto democrático?
Cui - Em primeiro lugar, é importante deixar claro que eu não vejo esse nosso sistema como o ideal. Mas é errado pensar que não há participação popular. Um exemplo seria em relação ao orçamento da cidade. Nós pegamos a experiência de Porto Alegre (RS), do orçamento participativo, e copiamos em algumas cidades na China. Há muitos mecanismos possíveis de participação democrática. A China tem alguns, poderia ter mais.

Desafios - Qual é o segredo do crescimento chinês?
Cui - Há muitas razões. Uma particularidade competitiva interessante é a economia mista, de propriedade pública e privada. Na China, não há nada totalmente público ou totalmente privado. E funciona. Os investimentos em infra-estrutura não vêm de impostos ou de taxação tradicional, mas de uma espécie de aluguel da terra pública nas cidades, que é de propriedade do governo. Quando o governo empresta a terra, não importa se a empresa que se instala é pública ou privada, ela tem de pagar o aluguel para usá-la, e o dinheiro retorna visivelmente em benefícios de infra-estrutura. Se houver uma taxação muito alta, o lucro dos empreendedores vai diminuir. Mas, se o governo tem outras maneiras de arrecadar, como no caso da China, ele pode manter os impostos baixos. E com isso ele pode agir como uma espécie de venture capitalist, criando fundos para investimentos em empresas.

Desafios - As más condições de trabalho e os salários baixos explicam a competitividade chinesa?
Cui - Algumas companhias estrangeiras instaladas na China tentaram recentemente se mudar para o Vietnã, porque lá o salário é ainda mais baixo - talvez um terço do praticado na China. Mas, depois de alguns meses, elas estão voltando, porque salário é apenas uma das coisas. É preciso ter infra-estrutura e educação para o povo. No Vietnã, eles não tinham educação básica para realizar as tarefas. Na China, há uma herança do período maoísta que é a educação relativamente boa, até em comparação a países desenvolvidos. Quando aconteceu a reforma de 1978, que introduziu a economia de mercado, a base social era relativamente equânime.

Veja a Índia, que abriu seu mercado também no início dos anos 1990, mas teve um ponto de partida bastante desigual. E por isso o crescimento não é tão rápido - é difícil ter um mercado doméstico grande, porque apenas uma pequena classe rica tem um poder de compra razoável.

Desafios - Você vê limites do crescimento chinês? Quando isso vai parar?
Cui - Acho que a tendência vai continuar por muitos anos ainda. Calcula-se que metade da população da China ainda está no campo e a tendência de urbanização ainda vai se manter. E isso é um estímulo a mais para gastos com infra-estrutura, haverá mais investimento interno.

Desafios - Como os países emergentes como o Brasil e a China podem se ajudar?
Cui - Em energia, o Brasil é muito bom. A China poderia importar o etanol de cana-de-açúcar. Não podemos usar milho. Os dois países têm muito a colaborar nessa área de crescimento sustentável. Outra área fértil de cooperação que eu vejo é uma política que o presidente Lula apóia bastante: o código aberto e as leis de direito autoral mais flexíveis. Isso é um excelente mecanismo para as nações em desenvolvimento tirarem o atraso, superando os obstáculos da propriedade intelectual com o chamado copyleft. Acho que o Brasil é melhor que a China nisso e pode ajudar.

Desafios - Mas os países desenvolvidos vêem o copyleft como desculpa para a pirataria, que prolifera na China...
Cui - São coisas diferentes. Não gosto da pirataria. O copyleft é um dispositivo legal para apoiar a colaboração. A idéia é que, uma vez que o trabalho está pronto, não se pode submetê-lo a uma patente, porque, como no caso do Linux, há o trabalho de tanta gente envolvido e é impossível apontar um para receber os benefícios. Isso cria algumas vantagens. No Linux, não há vírus, porque para se fazer é preciso escrever um código secreto, e não há como em programas de código aberto.

Desafios - Alguns setores industriais no Brasil pedem medidas protecionistas. Com nós podemos proteger o mercado?
Cui - Muito da exportação da China vem de outros países de alguma forma. Antigamente, cada fábrica fazia um produto completo, mas hoje há a "interprodução": diferentes países produzem partes específicas de um produto. E, por isso, os mecanismos de proteção antigos fazem pouco sentido hoje. Acredito que os industriais do mundo inteiro têm de aceitar essa realidade.

 
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