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Turismo & Trabalho - Desvendando um setor socialmente importante

2007 . Ano 4 . Edição 38 - 10/12/2007

Por Ricardo Wegrzynovski, de Brasília

Lindas praias de águas transparentes, montanhas, áreas rurais, história, religião, descanso, paz ou festas. Estas são algumas das fontes do turismo admiradas por incontáveis visitantes todos os dias. O setor move a economia de diversos estados brasileiros e dele centenas de milhares de famílias tiram o seu sustento.O verão está aí, as férias de fim de ano, e fica a pergunta para os consumidores sobre a qualificação da mão-de-obra dessa indústria: como está o mercado de trabalho nesses lugares saídos de cartões-postais?

O setor foi esmiuçado por pesquisadores do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que obteve dados inéditos em estudo com metodologia pioneira, que diferencia os serviços prestados aos residentes e aos visitantes. A pesquisa traz uma análise do perfil da mão-de-obra do turismo em sete segmentos distintos e congruentes. São eles: alojamento; agência de viagem; transportes; aluguel de transportes; auxiliar de transportes; alimentação e cultura e lazer. Os ramos escolhidos são recomendados pela Organização Mundial do Turismo (OMT).

As relações de trabalho no setor de turismo apresentam surpresas.As estatísticas revelam que trabalhar nessa área não é garantia de bons salários, mas o contrário. Embora prevaleçam no setor os ocupados com maior faixa etária,do sexo masculino, com maior estabilidade no emprego e com jornada de trabalho completa, ao se comparar o perfil dos empregados em atividades turísticas com o do total dos trabalhadores com carteira assinada do país, o salário médio no turismo é 14,7% inferior ao do conjunto dos empregados formais.

O pesquisador Roberto Zamboni, coordenador de pesquisas de turismo do Ipea, tem o seguinte diagnóstico para a problemática dos salários dos trabalhadores no turismo: "A explicação deve ser buscada principalmente no atributo escolaridade. As atividades turísticas empregam proporção maior de pessoas com até a oitava série comparativamente ao total dos trabalhadores formais brasileiros e uma proporção menor de pessoas com o ensino médio e superior. Para esse panorama contribui especialmente a atividade alimentação, na qual se concentram os níveis mais baixos de escolaridade".

O presidente da Federação Nacional de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares (FNHRBS), Norton Luiz Lenhart, afirma que essa fragilidade vem sendo combatida: "Nós temos que avançar em qualificação. Hoje, só para se ter uma idéia, o Senac vem qualificando mais de 100 mil profissionais por ano. O Senac tem prestado esse trabalho há muitos anos para o nosso setor". Ele acrescenta que "as pessoas com baixa qualificação escolar e tendo pequenos cursos profissionalizantes são aptas a trabalhar nas nossas empresas".

O salário não é um fator que incentiva o trabalho no turismo. A média mensal da remuneração de 712,2 mil trabalhadores do setor, em dezembro de 2004, alcançava 3,1 salários mínimos da época, patamar abaixo da média de todos os setores, que chegava a 3,7 salários mínimos.O turismo é responsável por 2,9% do total de empregos no país, mas responde por apenas 2,5% dos salários pagos aos 24,3 milhões de trabalhadores com contrato sujeito à Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aponta a pesquisa.

Já o representante dos empresários do setor, Norton Lenhart, contrapõe-se a esses números dizendo que "o turismo permite uma ascensão social extraordinária". Quanto aos números de pessoas ocupadas no setor em todo o país, Lenhart estima que "só o setor de hotéis, restaurantes Região Norte tem o menor número de profissionais com formação superior e bares gera no Brasil 8 milhões de empregos diretos. Nós somos em torno de 1 milhão de empresas. Se contarmos oito empregos por empresa, chega-se a esse número".

TRANSPORTE O estudo publicado pelo Ipea em novembro deste ano, intitulado "Caracterização da Mão-de-Obra do Mercado Formal de Trabalho do Setor Turismo - Estimativas Baseadas nos Dados da Rais de 2004", de autoria da pesquisadora Maria Alice Cunha Barbosa, do Ipea, em parceria com Alfonso Rodriguez Árias,mostra o mercado de trabalho do setor de turismo por meio dos perfis de emprego e das remunerações, com a finalidade de fornecer informações para os diagnósticos setoriais e, sobretudo, o planejamento e a implementação de ações públicas e privadas.

A Relação Anual de Informações Sociais (Rais) é um registro administrativo com informação prestada anualmente, desde 1976, por todas as empresas brasileiras, e é administrada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Uma das revelações da pesquisa mostra que, em 2004, entre as sete atividades características do turismo, transportes é a que apresenta o maior peso, sendo responsável, por exemplo, por 47% do pessoal empregado. Em seguida estão os segmentos de alojamento e de alimentação, com 22% e 18%, respectivamente.

O trabalho se insere, segundo seu texto introdutório, no esforço empreendido pelo governo para ampliar a capacidade de análise de um setor que nos últimos anos passou a ocupar um papel de destaque no conjunto das políticas públicas brasileiras e, por isso, demanda informações confiáveis e oportunas para a formulação de diagnósticos e estratégias de ação.

A pesquisa foi realizada com algumas parcerias, principalmente com o Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), do Ministério do Turismo. Com esse apoio, o Ipea estruturou o Sistema Integrado de Informações sobre o Mercado de Trabalho no Setor de Turismo (SIMT). A parceria começou em 2003, quando foi feito um diagnóstico das informações e fontes existentes e definiu-se a metodologia. O trabalho enfrentou a ausência de informações sobre a proporção dos serviços prestados aos turistas e aos residentes nas atividades características do turismo. Essa foi uma investigação pioneira nas pesquisas sobre o setor.

A pesquisadora Maria Alice qualifica como "pioneirismo a elaboração da metodologia pelo Ipea, que permitiu o cálculo de coeficientes técnicos que distinguissem os atendimentos prestados aos residentes daqueles destinados aos visitantes, fossem nacionais ou estrangeiros". Entre os documentos que subsidiaram a pesquisa está a evolução dessas atividades. Em breve, segundo o Ipea, será publicada a próxima fase da análise, em texto que vai mostrar o dinamismo do setor nas regiões brasileiras.

SEPARAÇÃO Até a elaboração desse estudo, não estavam claramente separados nas Atividades Características do Turismo (ACTs) o emprego associado ao consumo de turistas e ao consumo de residentes. Por exemplo, geralmente atribuia-se ao turismo todos os trabalhadores da área da alimentação, sem distinção entre o que era destinado aos turistas e aos habitantes do local. A opção dos pesquisadores foi realizar uma pesquisa de campo por meio de uma empresa de telemarketing. Foram consultados cerca de 8 mil estabelecimentos situados em 1.195 municípios entre os anos de 2004 e 2005.

Com a metodologia adotada, descobriu- se que é grande o abismo entre as percentagens de atendimento turístico e não-turístico, em algumas atividades como a alimentação e cultura e lazer.

O presidente da FNHRBS, Norton Luiz Lenhart, afirma que "é muito difícil fazer uma avaliação e a própria OMT não faz esse tipo de conta. É claro, tem alguns lugares em que não vai turista mesmo, ou ele só vai esporadicamente". Outro questionamento de Lenhart é sobre a definição de turista. Segundo ele, "turista é todo indivíduo que sai da sua cidade para uma outra cidade e pernoita, e tanto faz se ele vai namorar, trabalhar ou se vai passear. Todas essas pessoas são turistas", provoca.

Se, por um lado, trabalhar à beira da praia pode ser mais prazeroso do que ganhar a vida em um escritório, por outro, a média salarial nacional dos trabalhadores do setor de turismo, comparado com os demais regidos pela CLT no setor privado, era 14,7% menor em 2004.

Os turistas podem contar com atendimento mais qualificado em termos de escolaridade na região Sudeste, onde 31% dos que trabalham em agências de viagem possuem grau superior, sendo ainda mais elevado o percentual quando se considera isoladamente o Estado de São Paulo, com 35%. No outro extremo, três estados da região Norte - Acre, Tocantins e Rondônia - lideram o lado negativo, com baixíssimo número de trabalhadores com formação superior.

No que diz respeito ao menor grau de escolaridade (até a 4ª série), as ACTs que mais empregam são transporte, alojamento e alimentação. Essa ordem, referente ao Brasil como um todo, se altera de acordo com a região e o estado, mas as atividades permanecem as mesmas em todos os domínios geográficos.

IDADE A maioria dos trabalhadores do turismo tem mais de 25 anos.Desta forma,o setor emprega bem menos jovens que outros setores da economia. A pesquisa apurou que apenas 124,7 mil empregados formais do turismo são menores de 25 anos, o equivalente a 17,5% do total de empregos do setor. Essa percentagem é significativamente inferior aos 23,2% que têm menos de 25 anos entre todos os trabalhadores com carteira assinada existentes no país. Para que houvesse um equilíbrio, os autores da pesquisa informam que o setor teria que empregar mais 40 mil jovens. Segundo a pesquisa, a média de idade dos trabalhadores no setor é de 35,3 anos, incluindo os empregos formais.

Os trabalhadores acima de 50 anos estão mais concentrados no Rio de Janeiro, com 15% do total dos empregados no turismo no estado, seguidos pelo Paraná e Rio Grande do Sul, com 12%, sempre com relação ao total do próprio estado, e São Paulo, com 11%.

Do ponto de vista da remuneração, a concentração é ainda maior na atividade transporte, responsável por 60% dos melhores salários no turismo. Quem trabalha com um ônibus de turismo ganha muito mais do que quem trabalha, por exemplo, em um restaurante - segmento responsável por apenas 9% da remuneração. Outra comparação em termos de salários se dá com a atividade alojamento, responsável por 22% dos trabalhos formais, mas responde por apenas 16% da remuneração.

DADOS DE 2006 Um período que alavancou os empregos no setor de transportes foi entre janeiro de 2005 e maio de 2006, com a criação de 54,6 mil novos postos. Nessa época, o setor teve crescimento de 7,6% nos 17 meses. Segundo os pesquisadores do Ipea, a partir dos dados da Rais de 2006, recém-divulgados pelo Ministério do Trabalho, o estudo produzirá novas análises muito mais atualizadas.

A pesquisa sobre o perfil da ocupação formal vai ganhar o reforço dos dados sobre a ocupação informal do turismo, no começo de 2008, formando, assim, um quadro completo da atividade no país.Os dados estão em fase final de compilação, revela Maria Alice Cunha Barbosa, uma das responsáveis pelo estudo.

Os trabalhadores do turismo têm como característica uma permanência maior nos empregos. Segundo a pesquisa, um de cada três trabalhadores do turismo (32,4%) tem menos de 12 meses de trabalho na firma. Os dados, comparados com a agricultura e o comércio, mostram que esses setores registram percentagens de trabalhadores com menos de 12 meses na firma superiores a 40%, e na construção civil sobe para 55,7% - ou seja, é maior o número de trabalhadores no turismo com longo período atuando no mesmo local.

Já entre os trabalhadores com cinco anos no mesmo local, os números mostram uma inversão."Do total dos empregados no setor de turismo, 25,4% encontram- se com 60 meses e mais de tempo de emprego: a totalidade dos trabalhadores formais, na mesma faixa de tempo, constitui 32,3%; no grupo transportes essa proporção se eleva a 34,7%, enquanto nos grupos alimentação e aluguel de transportes ela é ligeiramente superior a 11%".

O trabalho no turismo oferece maior perspectiva de estabilidade.Pelo menos é o que mostram os números. No setor a permanência média dos empregados formais em termos nacionais é de 47,2 meses. O setor que puxa essa permanência maior dos trabalhadores no mesmo local no turismo é o de transportes. São nos ônibus, aviões e outros que a média de permanência dos trabalhadores é de 60,7 meses.

 
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