resep nasi kuning resep ayam bakar resep puding coklat resep nasi goreng resep kue nastar resep bolu kukus resep puding brownies resep brownies kukus resep kue lapis resep opor ayam bumbu sate kue bolu cara membuat bakso cara membuat es krim resep rendang resep pancake resep ayam goreng resep ikan bakar cara membuat risoles
Contas Nacionais - Um retrato mais abrangente do país

2007 . Ano 4 . Edição 36 - 10/10/2007

Por Fátima Belchior, do Rio de Janeiro

Aprimoramentos significativos foram introduzidos neste ano pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no Sistema de Contas Nacionais, que inclui o cálculo do Produto Interno Bruto (PIB). Foram incorporados dados que permitem uma visão mais próxima da realidade do Brasil de hoje. O novo formato passa a adotar estatísticas de outros sistemas do próprio IBGE e também se abre para outras informações relevantes sobre a economia brasileira elaboradas por outras instituições.

Por exemplo, foram incluídos dados anuais da Declaração de Informações Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ), elaborados pela Secretaria da Receita Federal (SRF), e informações da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) de 2003 e do Censo Agropecuário de 1996, além de terem sido atualizados vários conceitos, introduzindo recomendações recentes da Organização das Nações Unidas (ONU) e de outros organismos internacionais.

O resultado causou impacto porque mudou o tamanho do PIB brasileiro dos últimos anos. "O que as novas contas nacionais fazem é juntar um conjunto de dados dispersos em um quadro integrado", afirma o coordenador de Contas Nacionais do IBGE, Roberto Olinto, habituado, durante 28 anos de trabalho no órgão, a conviver com constantes adaptações das estatísticas à economia brasileira.

O valor do PIB do ano 2000 ficou 7,1% maior, ao ser reestimado para R$ 1,2 trilhão, na comparação com a série anterior, e o de 2005 foi elevado em 10,9%, contabilizado em R$ 2,1 trilhões. O Sistema de Contas Nacionais anunciado neste ano adota o ano 2000 como referência, mas, para o período anterior, houve uma retomada (retropolação, na linguagem utilizada pelo IBGE) de dados até 1995, aproveitando-se o que havia de estatísticas disponíveis.

IPEA  Os pesquisadores José Ronaldo Souza Junior e Mérida Herasme Medina, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que fizeram um estudo sobre essas mudanças, indicam que, em relação à série antiga, a principal alteração é o aumento da participação do setor de serviços no PIB em mais de 10 pontos percentuais - passou de 56,3% para 66,7% na estatística referente ao ano 2000. Algumas das atividades desse setor, entretanto, perderam peso: o item administração, saúde e educação públicas teve sua participação reduzida de 15,7% para 14,9% no PIB de 2000.

Em compensação ao maior peso dos serviços, o valor agregado da agropecuária teve sua participacão reduzida pela nova metodologia de 7,7% para 5,6% no PIB de 2000, e o da indústria caiu de 36,1% para 27,7% no mesmo ano.

O IBGE  informa que conseguiu, em termos operacionais,um melhor aproveitamento dos levantamentos feitos por ele próprio e por outras instituições. Ocorria que, por diferenças na classificação de atividades e produtos, faltava sinergia entre as diversas pesquisas do próprio IBGE. A adoção, por exemplo, da Classificação Nacional de Atividade Econômica (CNAE), do Ministério da Fazenda, permite a integração e uniformização das estatísticas.

Além disso, o maior detalhamento e diversificação das atividades econômicas e as mudanças nas relações no mercado de trabalho permitiram reavaliar a estrutura produtiva do país. Muitos dos serviços que eram contabilizados dentro da indústria ganharam vida própria no item serviços, tais como segurança, limpeza, informática. Essa é uma das razões da relevância maior do setor serviços na nova metodologia.

INDÚSTRIA  "Houve quem interpretasse a redução da participação da indústria como algo mais grave. Mas, com estes números, não se pode, de forma alguma, dizer que houve 'desindustrialização', pois estamos comparando dados com metodologias diferentes. Houve, sim, uma reclassificação de atividades", diz Mérida Herasme Medina."O peso da indústria está menor, na nova medida do PIB, mas isto não quer dizer que houve redução de importância. Ficou diferente apenas pela forma de contabilizar", esclarece Souza Junior.

Alguns segmentos do setor de serviços - como telecomunicações e software, por exemplo - ganharam importância que não tinham antes. Essa evolução foi qualificada pelos dois pesquisadores do Ipea como típica de qualquer país em desenvolvimento, que tem elevado crescimento nessas áreas.

A atualização da metodologia de cálculo das Contas Nacionais promoveu uma maior abrangência para o item serviços de informação, que passa a incorporar as atividades de telecomunicações, de informática, cinema, vídeo, rádio, televisão e agências de notícias.

"A dinâmica destas atividades no Brasil é muito forte. É um fenômeno mundial, uma questão de avanço tecnológico", comenta Souza Junior, destacando que "o recém-criado item serviços de informação já entra com peso de 3,6% do PIB, o que é significativo, considerando- se que a agropecuária participa com 5,6%".

FONTES  Para Olinto, as novas contas nacionais ganharam também com a incorporação de dados do imposto de renda das pessoas jurídicas - "de forma agregada, não se identificando informações individuais de cada empresa". A partir daí tornou-se possível medir também instituições sem fins lucrativos,de saúde privada e de educação privada, entre outros.

"Foi um passo fundamental, porque o trabalho deixa de ser uma produção somente do setor de estatísticas, e passa a usar outras fontes, como a Receita Federal", destaca o coordenador. Ele explica que "montar as contas nacionais não é somente usar informações do IBGE, mas ter dados da Secretaria da Receita Federal, da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Banco Central (BC) e de outras fontes - tudo isto faz parte da construção do Sistema de Contas Nacionais".

O coordenador do IBGE reconhece que outras informações se revelaram impactantes, ainda que o PIB tenha subido por conta de "uma metodologia aprimorada". Houve,por exemplo, uma mudança significativa, pois a dívida pública melhorou. Por outro lado, revelou-se queda na taxa de investimentos.

"A sensação que eu tenho é a de que se esperava que a revisão fosse mudar fundamentalmente os resultados, mostrar um outro país. A estrutura da economia tem mudanças, mas não uma mudança de visão. O que se viu foi que os indicadores do PIB melhoraram", comenta Olinto.

A análise das novas Contas Nacionais a partir das despesas indica que a participação do consumo das famílias no PIB é maior na nova série - 83,5%, ante 80% na série anterior. Revela também uma participação menor na Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), de 16,8%, ante 19,3% na série antiga, em decorrência da redução do valor agregado da construção civil, que saiu do patamar de 12,9% para 8,6%.

O fato de o item máquinas e equipamentos ter ampliado a sua participação no PIB de 5,3% para 7,2% - quase dois pontos percentuais - não foi suficiente para a ampliação do resultado final da FBCF,que passou de 21,5% para 18,3%. Já na avaliação da composição do PIB pela ótica da renda, revela que da série antiga para a nova houve aumento de 37,9% para 40,5%, na participação da remuneração dos empregados.


FUTURO  O IBGE já trabalha com novas propostas para aprimorar seus cálculos, como tem feito ao longo de toda a sua história. Algumas das novas mudanças poderão ser adotadas ainda neste ano.

"São caminhos para amarrar melhor as contas nacionais", comenta Roberto Olinto. Um dos alvos, conta ele, será ampliar o universo das estatísticas mensais e trimestrais, pois o IBGE tem se concentrado nos resultados anuais.

Além disso, o IBGE estuda a possibilidade de incluir as contas de patrimônio (estoque de máquinas e equipamentos existentes no país) e as contas financeiras de quem produz, de quem consome ou mesmo de quem financia a economia no consolidado das contas nacionais. Esses aprimoramentos, por exemplo, deverão ser publicados ainda neste ano.

Está programada para 2012 a adoção, nas contas relativas ao ano 2010, do manual da Organização das Nações Unidas (ONU) que será publicado em 2008.

 
Copyright © 2007 - DESAFIOS DO DESENVOLVIMENTO
É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação sem autorização.
Revista Desafios do Desenvolvimento - SBS, Quadra 01, Edifício BNDES, sala 1515 - Brasília - DF - Fone: (61) 2026-5334