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Cultura - Cinema nacional, indústria e comércio

2006. Ano 3 . Edição 27 - 5/10/2006

A produção cinematográfica brasileira se afirma, gera empregos, faz sucesso no exterior, e começa a driblar as dificuldades de distribuição, levando filmes, em circuitos alternativos, ao interior do país. Especialistas acreditam que, hoje, o país tem uma indústria de cinema

Por Eliana Simonetti, de São Paulo

cinema1_46Paulo Autran em cena do filme A Máquina

Ao completar 110 anos, em 2006, o cinema brasileiro bate um recorde: o lançamento de 58 longas-metragens, maior marca desde 1980. Produz filmes de boa qualidade, premiados e com repercussão internacional positiva; além de apresentar jovens talentos. No entanto, há dúvidas. O Brasil formou uma indústria sustentável; ou o desempenho da cinematografia é dependente de subsídios, que variam conforme os humores políticos e a lucratividade de empresas, e pode fenecer a qualquer momento?

Nos últimos dias, foi impossível ignorar dois eventos. Um: a indicação de Cinema, Aspirinas e Urubus, de Marcelo Gomes, para disputar uma vaga entre os concorrentes a Melhor Filme Estrangeiro da edição 2007 do Oscar. O filme recebeu mais de quarenta prêmios internacionais. A Academia de Hollywood revelará seus cinco escolhidos no dia 23 de janeiro (veja quadro na pág. 50). Outro acontecimento rumoroso foi o Festival Internacional de Cinema do Rio de Janeiro, que, em duas semanas, mostrou trezentos filmes em vinte salas, em armações de lona e na praia. A efervescência vem ocorrendo por todo o país. Do Acre a Pernambuco, do Pará ao Rio Grande do Sul, acontecem festivais e mostras.

Há 2 mil cinemas no país e 98% dos municípios não contam com uma única sala de exibição. Um quarto dos professores do Ensino Médio esteve só uma vez num cinema

Na ponta da produção, as coisas vão bem. Na da distribuição, os dados não são tão animadores. Muitos filmes nem sequer saem dos festivais para uma sala de exibição. As poucas fitas que entram em circuito comercial permanecem por curto tempo e encontram público restrito. Um levantamento feito pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em 2003, mostrou que 25% dos professores brasileiros de ensino médio (com diploma universitário) estiveram, no máximo, uma vez num cinema.

“Há três questões fundamentais a enfrentar nessa área: a definição de critérios claros de produção, já que poucos veículos influenciam tanto a imagem de um país como as indústrias culturais; a utilização de parte da verba investida na produção para a criação de mercados e circuitos alternativos de distribuição, que democratizem o acesso e formem platéias; e a transformação das aplicações incentivadas em investimentos de risco compartilhado”, diz Ana Carla Fonseca Reis, consultora da Organização das Nações Unidas (ONU), que acaba de lançar o livro Economia da cultura e desenvolvimento sustentável (leia resenha na seção Estante - Diversificado como a cultura). Como a tarefa é complexa, vamos descobrir o que vem acontecendo por capítulos.

Festivais e mostras
Algumas informações são surpreendentes. No início de setembro, pelo segundo ano, foi realizado em Mato Grosso, em plena Chapada dos Guimarães, o Festival de Cinema Feminino Tudo Sobre Mulheres. Atraiu 2 mil espectadores. Recebeu 96 inscrições e exibiu 43 filmes sobre o universo feminino. O Festival de Cinema ao ar livre de Porto Nacional ocorre na Praça Nossa Senhora das Mercês, num município distante 64 quilômetros de Palmas, capital de Tocantins. No final de setembro, além de produções locais, que formaram maioria, foram exibidas ali fitas de Goiás e da Paraíba. Em Porto Velho, capital de Rondônia, o Cine- Amazônia - Festival de Cinema e Vídeo Ambiental, terá sua quarta edição em novembro. No ano passado, 150 produções foram exibidas em salas e ao ar livre em bairros afastados do centro.

cinema2_46cinema3_46  cinema4_46   cinema5_46   Cenas de alguns dos filmes nacionais lançados em 2006: Crime Delicado, de Beto Brant; Visita Íntima, de Joana Nin; Dia de Festa, de Toni Venturi; e A Máquina, de João Falcão

A III Mostra Curta Pará Cine Brasil começa logo após o Círio de Nazaré. O estado, aliás, é fonte de novos talentos. Foram paraenses os dois selecionados, entre novecentos concorrentes, na última edição do projeto Revelando os Brasis, do Ministério da Cultura:Mauro Souza, de São Sebastião da Boa Vista, com Perseverança, e João Loureiro Júnior, de Santarém Novo, com O grande balé de Damiana. Há três anos o projeto financia vídeos digitais produzidos em municípios de até 20 mil habitantes. Mais um talento descoberto neste ano: José Eduardo Milani, formando da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), no interior paulista, levou para casa o Kikito de melhor curta do Festival de Gramado, do Rio Grande do Sul, com Recortes. O documentário 500 Almas, primeiro longa de Joel Pizzini, recebeu o prêmio latinoamericano no Festival de Mar Del Plata. Retrata a vida dos guató, povo nômade indígena da região do Pantanal, tido como extinto nos anos 1960 e redescoberto na década seguinte.

Explicação da diretora e produtora Bia Flecha, da Brasileira Filmes, para a vitalidade do setor: os custos de produção caíram, a tecnologia acessível despertou o interesse dos jovens, e os caminhos para a obtenção de financiamento estão mais transparentes. Ela promoveu um concurso, no ano passado, para publicitários: o CrieCurta. Cerca de 350 pessoas trabalharam nas instalações de sua produtora durante quarenta dias. Os curtas participaram de festivais internacionais.

O gargalo da distribuição
Dados do projeto Cultura Livre, ligado à Fundação Getulio Vargas, mostram que, em 2004, 51 dos 302 filmes exibidos no país eram nacionais - 16%. Porém, a indústria brasileira ficou com 14% dos 776 milhões de reais das bilheterias. As disparidades que marcam o Brasil podem ser notadas no setor audiovisual. Há 2 mil salas de cinema no país e segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 98% dos municípios não têm uma única sala de exibição. E para encerrar o tema da desigualdade: em 2005, 2 Filhos de Francisco, de Breno Silveira, registrou audiência espetacular: metade dos cerca de 5 milhões de espectadores de filmes nacionais saiu de casa para vê-lo. Já O Veneno da Madrugada, de Ruy Guerra, atraiu só 3. 476 pessoas.

O gargalo da indústria cinematográfica, dizem os especialistas, está na distribuição. Primeiro, porque o ingresso custa caro. Depois, porque a definição acerca do que chega ao espectador está nas mãos de empresas estrangeiras. E isso não ocorre apenas no Brasil. Na última década, algumas poucas companhias internacionais dominaram 85% da distribuição mundial. Segundo pesquisa realizada pela Unesco, na década de 1990, entre 98 países com produção regular, somente oito registravam índice de realização maior do que o de filmes importados. A Nigéria, na África, é uma exceção curiosa. Produz 1, 2 mil filmes por ano - o dobro dos 611 dos EUA - e não tem uma sala de cinema. Os produtores encontraram um jeitinho de divulgar seu trabalho, em fitas e DVDs: usam camelôs.

 

Marcos cronológicos do cinema brasileiro

A história do cinema é longa, rica e curiosa. Aqui ela vem resumidíssima, a título de localização, no tempo, de alguns eventos.

1896 Primeira sessão de cinema realizada no Brasil, no Rio de Janeiro. O aparelho de projeção era uma máquina de nome Omniographo.
1897 Inauguração da primeira sala de cinema fixa, o Salão de Novidades, na rua do Ouvidor, no Rio de Janeiro.
1898 Alfonso Segreto, de volta da França, filma a baía da Guanabara - o primeiro filme feito no país.
1913 Lançamento do primeiro longa-metragem brasileiro, O Crime de Banhados, de Francisco Santos e Manuel Pêra.
1918 Produção do primeiro desenho animado nacional, O Kaiser, de Álvaro Martins.
1929 Acabaram-se os Otários, de Luiz de Barros, é o primeiro filme sonoro nacional.
1930 Fundação da Cinédia, companhia cinematográfica, no Rio de Janeiro.
1939 Por decreto do então presidente Getulio Vargas, toda sala de cinema é obrigada a exibir um longa-metragem nacional por ano.
1941 Fundação da Companhia Cinematográfica Atlântida, no Rio de Janeiro.
1949 Fundação dos estúdios Vera Cruz, em São Bernardo do Campo, em São Paulo.
1955 Rio 40 Graus, de Nelson Pereira dos Santos, é considerado o primeiro filme do Cinema Novo.
1962 Anselmo Duarte ganha a Palma de Ouro em Cannes por O Pagador de Promessas, primeira produção nacional indicada ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.
1964 Os Fuzis, de Ruy Guerra, recebe o Urso de Prata do Festival de Berlim.
1968 O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro, de Glauber Rocha, recebe o prêmio de Melhor Direção em Cannes.
1969 Criação da Embrafilme.
1970 Estabelecida reserva de mercado para o cinema nacional, de 112 dias por ano, em todas as salas de exibição.
1973 Vai Trabalhar, Vagabundo, de Hugo Carvana, vence o Festival de Taormina, na Itália, e inaugura uma nova fase na chanchada brasileira.
1976 Dona Flor e Seus Dois Maridos, de Bruno Barreto, registra a maior bilheteria da história do cinema brasileiro, com público de 10, 7 milhões de pessoas.
1980 Produção recorde de 103 longa-metragens brasileiros.
1981 Eles Não Usam Black-Tie, de Leon Hirszman, conquista o Prêmio Especial do Júri no Festival de Veneza.
1984 Nunca Fomos tão Felizes, de Murilo Salles, leva o Leopardo de Bronze no Festival de Locarno, na Suíça.
1989 Extinção da Embrafilme.
1994 Aprovada a Lei do Audiovisual, que permite o financiamento de produções cinematográficas por empresas, em troca de isenção no pagamento de impostos devidos.
1995 Carlota Joaquina - Princesa do Brasil, de Carla Camurati, marca a retomada do cinema brasileiro.
1996 O Quatrilho, de Fábio Barreto, é indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.
1997 O Que É Isso Companheiro?, de Bruno Barreto, é indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.
1999 Central do Brasil, de Walter Salles, recebe os prêmios de melhor filme e melhor atriz (Fernanda Montenegro) do Festival de Berlim; é indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Atriz; e recebe mais de quarenta prêmios em outros festivais.
2001 Criação da Agência Nacional de Cinema (Ancine).
2002 Beto Brant dirige O Invasor, com uma nova linguagem na cinematografia brasileira. O ator principal, Paulo Miklos, é premiado no Sundance Festival, nos Estados Unidos.
2004 Cidade de Deus, de Fernando Meirelles, concorre ao Oscar em quatro categorias.
2005 Diários de Motocicleta, de Walter Salles, é indicado ao Oscar de Melhor Roteiro Adaptado e de Melhor Canção.

cinema6_46Paulo Autran em cena do filme A Máquina

“É fato que cinema merece apoio, por ser uma questão de soberania cultural. Hoje, alguns filmes estrangeiros entram em cartaz, simultaneamente, em 600 salas de brasileiras, o que não deveria ser permitido. Mas tem de haver formas alternativas de produção e distribuição. Os recursos tecnológicos mudaram muito, são mais práticos, ágeis e é natural que provoquem transformações”, diz Claudia De Heinzelin, consultora do Projeto Millennium, da Universidade das Nações Unidas.

Bruno Vianna, diretor de Cafuné, acaba de inaugurar uma moda. Seu filme teve estréia simultânea, nas salas de cinema e no site www. overmundo. com. br/blogs/ cafune-para-todos, com dois finais diferentes. O Overmundo é a versão brasileira do Creative Commons - modelo de licenças flexíveis para obras intelectuais. O centro de Tecnologia e Sociedade da Escola de Direito da Fundação Getulio Vargas, no Rio de Janeiro, que coordena o Creative Commons no Brasil, lançou recentemente o OpenBusiness. Trata-se de uma associação entre Inglaterra, Brasil e África do Sul para estudar e catalogar negócios com viabilidade econômica no setor cultural e disponibilizar o conteúdo em estruturas colaborativas. Resultados e relatos estão disponíveis no site www. openbusiness. cc, que em breve terá versão em português.

Pelo Brasil adentro
No que diz respeito à formação de novos públicos, também há movimentos. O Instituto Telemar, ligado à empresa de telefonia, leva filmes nacionais numa barca que percorre o Rio São Francisco: o projeto Cinema no Rio. Parte de Pirapora, no interior mineiro, e chega a Xique-Xique, na Bahia. Exibe onze títulos em 26 localidades. O público lota praças e somou, neste ano, 100 mil pessoas. Entre outras atividades, o Programa Telemar de Patrocícios Culturais Incentivados (que tem 12 milhões de reais em caixa para 2007) financia filmes, mostras, oficinas e festivais. Neste ano, apresentou produções nacionais em sessenta cidades do interior de Minas Gerais onde não há salas de exibição. Quatro filmes com sua marca estavam no Festival do Rio de Janeiro. “Não há dúvidas de que o Brasil tem uma indústria cinematográfica forte e criativa, com produtos de boa qualidade - o que consideramos importante, dado o poder transformador da cultura”, diz Maria Arlete Gonçalves, gerente do Instituto Telemar.

Em tendas ou ao ar livre, a produção nacional tem sido levada a um público que jamais teve contato com cinema. Novas platéias são fundamentais para a consolidação da indústria

A BR Distribuidora, da Petrobras, comemorou em setembro, em Fortaleza, a marca de 10 mil sessões, em escolas, abrigos, asilos, grêmios esportivos e centros comunitários, de seu Cinema BR em Movimento. A Petrobras é a empresa que mais investe em cultura no país. No setor cinematográfico, financia elaboração de roteiros, produção de filmes, finalização, distribuição. Isso além de feiras, mostras e ações de restauro. São mais de quarenta festivais em todas as regiões, todos os anos. “O cinema é uma cadeia de produção, cria postos de trabalho, novos talentos, platéias - e tudo isso compõe o entendimento da empresa de que cultura é um valor que deve ser preservado e fomentado”, diz Eliane Costa, gerente de patrocínios da Petrobras.

“Não é sem razão o crescimento que vem se verificando no setor: são cinco anos ininterruptos de fomento. A Petrobras e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social têm sido os padrinhos do cinema brasileiro”, diz Toni Venturi, expresidente da Associação Paulista de Cineastas, diretor, entre outros, de Cabra-Cega e do recém lançado Dia de Festa. O BNDES investirá 12 milhões de reais em Projetos Cinematográficos em 2007. Entre 1995 e 2005, apoiou 264 filmes. O Ministério do Turismo também parece ter descoberto o filão. Em agosto, lançou um projeto para colocar os roteiros turísticos nacionais nas telas do mundo. A Nova Zelândia, palco da trilogia Senhor dos Anéis, registrou aumento de 400% no fluxo turístico depois do lançamento do filme.

cinema7_46Projeção na cidade de Sacramento, em Minas Gerais: 100 mil pessoas compareceram aos circuitos alternativos de exibição promovidos pelo Instituto Telemar neste ano

Outras organizações andam colaborando para que a população ganhe acesso à produção audiovisual. Os Centros Culturais do Banco do Brasil e da CPflEnergia promovem sessões em suas salas. A equipe do projeto CCR Cultura nas Estradas, da concessionária de rodovias NovaDutra, descobriu que 69% das cidades servidas por suas estradas não possuem cinema. Criou o Cine Tela Brasil, uma tenda onde são instaladas 225 cadeiras, equipamento de projeção, tela de 7x3 metros, som estéreo e ar-condicionado. Exibe filmes brasileiros em áreas de periferia.

Estatísticas e políticas públicas
No estudo “As dimensões econômica e social das pessoas ocupadas em atividades relacionadas com a indústria criativa no Brasil”, a economista Maria Cristina Mac Dowell, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), afirma:“O setor audiovisual vem passando por grandes transformações nas últimas décadas, produzindo impactos significativos sobre a geração de postos de trabalho e de renda”. E apresenta indicadores retirados da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio (Pnad), realizada em 2001 pelo IBGE, que demonstram a importância do setor. Na fase de produção, que requer maior participação de trabalhadores, concentravam-se 67% das ocupações - mais de 282 mil pessoas.

Seus rendimentos eram superiores à média do conjunto das atividades culturais e também dos demais setores de prestação de serviços.

A indústria cultural contribui com 3% na geração de riqueza de países em desenvolvimento

Está no Congresso, em Brasília, emregime de urgência, o Projeto de Lei 7193/ 06, do Executivo. Institui dois incentivos. O primeiro: empresas de radiodifusão e de TV por assinatura poderão dispor de parte do Imposto de Renda devido sobre a remessa de recursos ao exterior para a coprodução de projetos audiovisuais. O segundo prorroga para 2016 a possibilidade de contribuintes usarem parte do Imposto de Renda devido para patrocinar filmes independentes. Cria também o Fundo Setorial do Audiovisual, antiga reivindicação dos produtores, para reduzir sua dependência em relação aos lucros de empresas de outras áreas e possibilitar melhor planejamento. Os recursos virão da Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional (Condecine), que incide sobre veiculação, produção, licenciamento e distribuição de obras cinematográficas e videofonográficas com fins comerciais; e também sobre a remessa ao exterior de lucros de produtores e distribuidores de filmes estrangeiros. Além de financiar filmes, documentários, programas de televisão e obras musicais; servirá para capitalizar projetos sem ligação com grandes estúdios. Se entrar em vigor em 2007, poderá arrecadar 42 milhões de reais.

Fomento
O Relatório Mundial sobre Desenvolvimento Humano de 2004, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), entre outras constatações, afirma que o comércio internacional de bens culturais é um dos mais dinâmicos da atualidade. Contribui com 7% do PIB global e com 3% na geração interna de riqueza de países em via de desenvolvimento. “ Por sua dimensão de preservação da identidade e também por seus efeitos econômicos, os produtos culturais contribuem para a consciência democrática, a coesão social, criam emprego e renda. É urgente que os países em desenvolvimento participem da produção de conteúdos representativos de suas histórias”, recomenda o Relatório.

Um estudo da Agência Intergovernamental do Conselho de Francofonia, realizado por Francisco d'Almeida e Marie Lise Alleman em 2004, trata da questão nos países do hemisfério sul. Revela que o número de longas produzidos entre 2002 e 2003 saltou 140% na África do Sul - e em quinze anos o cinema pode representar 10% do PIB do país. “O desenvolvimento e o impacto econômico da indústria audiovisual dependem diretamente de políticas públicas de suporte”, dizem os autores. E vão além:“É de interesse de todos os estados do sul evitar a abertura generalizada de seus mercados nas negociações internacionais”. Considerando tais recomendações, até que a política brasileira tem sido discreta. E os resultados, alvissareiros.

 
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