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Editorial da revista Nature analisa agravantes da Covid-19 no Brasil e na Índia 

Marginalização da ciência é apontada como fator de prolongamento da pandemia nos dois países

A edição de 4 de maio da revista Nature, uma das mais importantes publicações científicas do mundo, traz em seu editorial uma análise sobre os principais fatores da grave crise sanitária provocada pela Covid-19 no Brasil e na Índia. De acordo com a revista, as crises em ambos os países resultam de falhas políticas, que incluem a demora dos governos brasileiro e indiano em agir de acordo com evidências científicas, e pela insistência em não seguir os conselhos de pesquisadores e especialistas. 

Para a Nature, essa postura, incluindo medidas como a falta de incentivo oficial quanto ao uso de máscaras e a limitação do contato entre as pessoas, contribuiu para uma irreparável perda de vidas. Para a revista, ignorar as evidências da necessidade de manter o distanciamento físico para combater a Covid-19 tem apresentado consequências catastróficas.

Sem campanhas nacionais de contenção do novo coronavírus, tampouco um planejamento quanto à vacinação em massa, Brasil e Índia figuram hoje como lugares em que a pandemia está levando ao colapso de seus sistemas de saúde. Esse cenário é agravado com a falta de informações oficiais quanto aos números de infectados e mortos, também apontado como fator preponderante para o adensamento da crise nesses países, onde cientistas, pesquisadores e profissionais de saúde enfrentam dificuldades já superadas em países que investiram em pesquisa e na contenção do vírus. 

A publicação destaca também a perseguição sofrida por cientistas em diferentes ocasiões, notadamente na Índia, mas também no Brasil. O editorial alerta que, ao marginalizar seus cientistas, os governos do Brasil e da Índia perderam uma oportunidade crucial de reduzir a perda de vidas. 

Por isso, os dados de saúde devem ser precisos e acessíveis. Segundo o editorial, negar ou ocultar esse acesso à sociedade faz com que o risco de um prolongamento da pandemia nesses dois países seja cada vez maior.

A íntegra do editorial da Nature pode ser lida aqui.