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Amazonia-1, primeiro satélite 100% brasileiro, é lançado na Índia

Desenvolvido desde 2009, equipamento é parte da Missão Amazônia, que prevê o lançamento de mais dois satélites do mesmo porte

Após 12 anos de desenvolvimento, o Amazonia-1, primeiro satélite de observação projetado, integrado, testado e operado totalmente pelo Brasil, foi lançado em 28 de fevereiro na base de foguetes Satish Dhawan Space Centre (SHAR), em Sriharikota, na Índia, chegando a 752 km de altitude, na órbita da Terra.

O Amazonia-1 começou a ser idealizado em 2009 pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) para reduzir a dependência de imagens de satélites estrangeiros.

Desenvolvido pelo Inpe em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) e a Agência Espacial Brasileira (AEB), o satélite é o primeiro construído a partir da Plataforma Multimissão (PMM), também desenvolvida pelo Inpe para uso em diferentes projetos, com redução de custos.

O foguete utilizado para o lançamento foi um “Veículo de Lançamento de Satélites Polares” (PSLV, na sigla em inglês), integrante da missão PSLV-C51, que além do Amazonia-1 transportou outros 18 satélites, cinco da Índia e 13 dos Estados Unidos.

O lançamento foi feito na Índia porque, além de o Brasil não possuir um foguete com tamanho suficiente para colocar o Amazonia-1 em órbita, o Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão, com capacidade para lançar foguetes do porte do Veículo Lançador de Satélites (VLS), com 19,7 metros de altura, não possui estrutura para foguetes como o PSLV indiano, com 44,4 metros.

Com um imageador óptico de visada larga (câmera com 3 bandas de frequências no espectro visível e 1 banda próxima do infravermelho),​ o satélite vai gerar imagens do planeta a partir da observação de uma faixa de aproximadamente 850 km, com 64 metros de resolução. A expectativa é que o equipamento comece a fotografar a Terra a partir do espaço cinco dias após se estabilizar na órbita, para o que não há prazo definido.

Seu objetivo é fornecer dados de sensoriamento remoto e imagens para o monitoramento ambiental e da agricultura em todo o território brasileiro, especialmente na região amazônica, além de monitorar a região costeira, reservatórios de água e desastres ambientais.

Com 640 kg, 2,5 m de altura e vida útil estimada em quatro anos, o Amazonia-1 irá atuar com os CBERS-4 e CBERS-4A, desenvolvidos em parceria com a China e atualmente em órbita. Em conjunto, os satélites farão uma varredura mais frequente do território nacional, gerando dados mais efetivos para o Inpe, comunidade científica e órgãos governamentais.

O Amazonia-1 será um dos equipamentos do sistema de observação Deter (Detecção de Desmatamento da Amazônia em Tempo Real), desenvolvido para dar suporte à fiscalização e controle de desmatamento e da degradação florestal, e faz parte da Missão Amazônia, que prevê ainda o lançamento de mais dois satélites do mesmo porte, o Amazonia-1B e o Amazonia-2.

Em nota, o Inpe afirmou que “A Missão Amazônia vai consolidar o conhecimento do Brasil no desenvolvimento integral de uma missão espacial utilizando satélites estabilizados em três eixos, visto que os satélites de sensoriamento remoto anteriores foram desenvolvidos em cooperação com outros países”.