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Vacinas contra a Covid-19 aceleram pesquisas para imunizantes inovadores

Novas tecnologias devem permitir avanços no combate a diferentes doenças

Vacinas feitas com RNA mensageiro (mRNA), imunizantes que empregam uma sequência genética do vírus para emular no corpo humano uma resposta imune contra determinado patógeno, são uma conquista recente, com resultados promissores. Antes usada apenas para procedimentos de pesquisa, essa tecnologia foi aprimorada pelas farmacêuticas Pfizer e Moderna para a imunização humana durante a pandemia do novo coronavírus.

Disponíveis desde 2020, as vacinas baseadas em RNA mensageiro demonstraram eficácia contra a Covid-19. Durante a pandemia, pesquisas para vacinas com RNA mensageiro foram aceleradas, revelando o potencial dessa tecnologia para uso em imunizantes voltados também à prevenção de outras doenças.

O tema foi debatido no evento online “A vacina do futuro”, promovido em 7 de abril pelo jornal O Globo com a microbiologista Natalia Pasternak, do Instituto Questão de Ciência, o imunologista da USP Gustavo Cabral, o chefe do Laboratório de Virologia da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, Maurício Lacerda Nogueira, o imunologista, pesquisador da Fiocruz e professor da UFMG Ricardo Gazzinelli e o virologista e biofísico da UFRJ Rômulo Neris.

Os pesquisadores discutiram como os estudos para uma vacina contra a Covid-19 podem impactar o futuro dos imunizantes, visto que o uso bem-sucedido da plataforma de RNA mensageiro, por permitir combater variantes virais a partir de alterações no código genético de diferentes vírus, além de sua sintetização molecular em laboratório, é considerado um dos principais avanços na área.

De acordo com os pesquisadores, uma série de estratégias inovadoras contra a Covid-19 deve representar avanços também contra outras doenças. Aliás, algumas vacinas em desenvolvimento empregando novas técnicas já começaram a ser testadas.

No Imperial College de Londres está em desenvolvimento uma vacina de RNA de auto-amplificação, similar às vacinas de mRNA já aprovadas, mas que insere material genético do vírus dentro das células humanas, fazendo com que o corpo produza a proteína spike sobre a superfície do SARS-CoV-2 de forma continua, sem a necessidade de uma segunda dose.

Nos Estados Unidos, pesquisadores da farmacêutica Novavax criaram uma vacina de subunidade proteica manipulando células de mariposas para conterem as proteínas spike como biorreatores com um adjuvante que aumenta a resposta do sistema imunológico. Sua produção é mais lenta, mas permite armazena-la em temperatura comum de refrigeração, entre dois e oito graus Celsius, o que poderia diminuir seu custo e tornar mais prática sua distribuição.

Já em fase 1 de testes em humanos, uma vacina desenvolvida por pesquisadores da Universidade de Washington a partir do domínio de ligação receptor (RBD), porção da proteína spike que se conecta diretamente às células humanas, usa nanopartículas esféricas de proteína que, ao se fixarem no RBD, provocam respostas de anticorpos pelo menos 10 vezes maiores do que aquelas que utilizam a proteína spike inteira e natural.

Ainda que sem resultados definitivos, essas tecnologias deverão contribuir para um controle mais eficaz da Covid-19 e de outras doenças.

Mais informações sobre essas vacinas podem ser lidas aqui.

Para assistir ao debate promovido pelo jornal O Globo, basta clicar aqui.