China

 Banner Portal Brasil China

A China experimentou, ao longo de sua história milenar, algumas das mais exuberantes trajetórias de desenvolvimento econômico, acompanhadas de inovações que tiveram papel revolucionário ao avanço produtivo do mundo.

Nas últimas décadas, não foi diferente. O gigante asiático passou de país essencialmente agrícola e pouco desenvolvido a uma grande potência econômica global. Essa metamorfose significou uma colossal migração do campo para a cidade e a transformação de áreas até então eminentemente agrícolas em grandes centros industriais, o que também provocou a criação de uma demanda em larga escala por commodities agrícolas e minerais.

O Brasil é um dos países onde o impacto da revolução econômica chinesa reverberou mais intensamente:

  • A China tornou-se desde 2009 o nosso principal parceiro comercial. Também é o principal destino das exportações de 19 das 27 unidades da federação. Por sua vez, o Brasil é o maior parceiro econômico chinês em toda a América Latina e Caribe.
  • A China expandiu seus investimentos em projetos de grande porte no Brasil. Chineses estão à frente de grandes projetos de infraestrutura (como a construção das linhas de transmissão de Belo Monte) e logísticos (ferrovias e portos, principalmente).
  • A Iniciativa Cinturão e Rota, ou Nova Rota da Seda, é o projeto estratégico mais importante de expansão dos investimentos chineses para além de suas próprias fronteiras. Há grande interesse dos chineses em atrair o Brasil para a rota.
  • A China projetou-se internacionalmente por meio de uma diplomacia econômica e presidencial robusta, mesmo desafio que se impõe ao lado brasileiro.

Esta página reúne estudos recentes sobre China produzidos pelo Ipea. Sua intenção é oferecer uma curadoria de informações a jornalistas, diplomatas, dirigentes do setor público ou empresariais, especialistas, entre tantas outras pessoas que possam se interessar em compreender:

  • O que podemos aprender com a China, em sua estratégia de desenvolvimento?
  • Que tipo de transformações ocorreram naquele país e que fatores se mostraram mais decisivos para tais mudanças?
  • Que oportunidades e riscos devem ser antevistos para uma estratégia brasileira favorável ao nosso desenvolvimento soberano?
  • Que informações e dados essenciais precisamos ter em mãos, sobre alguns tópicos prioritários, para compreendermos bem o que significa a relação com a China?
  • Qual a importância dos BRICS e que relação especial Brasil e China podem estabelecer na orientação do bloco?

Os estudos reunidos nesta curadoria estão organizados em cinco blocos:

  • Agricultura
  • Tecnologias
  • Comércio bilateral
  • Transição energética
  • Cooperação, financiamentos e investimentos

No tópico de transição energética, oferecemos também um artigo inédito que pode ser livremente utilizado por veículos de imprensa, desde que citado o autor (o especialista é Marco Aurélio Alves de Mendonça, técnico de planejamento e pesquisa na Diretoria de Estudos Internacionais do Ipea. E-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.) e a fonte (Ipea, www.ipea.gov.br/china).

 

1 - AGRICULTURA

TituloResumo do estudo
Agribusiness trade between Brazil and China: pillars and opportunities (2021) (Texto para Discussão) O artigo discute a conjuntura acerca do comércio de produtos agrícolas entre Brasil e China. A partir da seleção de algumas commodities, foi levantado debate sobre a existência de obstáculos ou oportunidades não aproveitadas de incremento do comércio entre as duas economias. Após análise histórica e institucional, foi proposta uma descrição estatística do histórico recente de exportações do Brasil para a China. Esses dados foram contrastados com um conjunto de indicadores sobre a incidência de tarifas e medidas não tarifárias e, em seguida, correlacionada à institucionalidade regulatória do setor agrícola no Brasil. O artigo argumenta que o comércio bilateral de produtos agrícolas é relevante para os dois países. Ademais, classifica um conjunto de produtos como oportunidades não aproveitadas de comércio. Nesse contexto, discute ainda os efeitos negativos de tarifas preferenciais aplicadas para alguns grupos de países; e relaciona o caso de um pequeno subconjunto de produtos com a incidência de medidas não tarifárias específicas.
China: importação dos principais subsetores do agronegócio e o market share brasileiro (2021) (Nota Técnica) A nota técnica investiga a posição do market share brasileiro ante a dos seus principais concorrentes nas importações da China dos subsetores mais relevantes do agronegócio .Dentre os principais achados, destacam-se os seguintes: o Brasil possui a maior fatia de mercado em soja em grãos, celulose, carne bovina, carne de frango e açúcar. Entretanto, as importações chinesas tem crescido apenas para soja em grãos e celulose. Os Estados Unidos se revelaram o principal concorrente do Brasil, nos subsetores soja em grãos, óleo de soja, celulose, carne de frango, algodão e produtos têxteis de algodão, fumo não manufaturado e desperdícios de fumo, carne suína e couros e peles de bovinos e equídeos, detendo maiores fatias de mercado nos dois últimos subsetores. Em seguida, vem a Argentina, cujas fatias de mercado supera o Brasil nos seguintes subsetores: soja em grãos, carne bovina, carne de frango, couros e peles de bovinos e equídeos e óleo de soja. Como a China possui muitas limitações produtivas de ordem natural, muitas oportunidades se abrem ao Brasil.
China-Brazil Agricultural Trade Research (2022) (Nota Técnica) A nota técnica traz um extenso trabalho de parceria entre pesquisadores do IPEA e da CAITEC (China), com objetivo de traçar um levantamento das relações bilaterais dos dois países no campo da agricultura. A partir da identificação da conjuntura acerca do comércio de produtos agrícolas entre Brasil e China e da seleção de algumas commodities, o artigo levanta debate sobre a existência de obstáculos ou oportunidades não aproveitadas de incremento do comércio entre as duas economias. Além disso, apresenta propostas para incremento das tratativas comerciais, a saber: desenvolvimento da comunicação e diálogo entre as políticas agrícolas dos dois países, inclusive por meio da COSBAN, incluindo transferências científicas e tecnológicas; elevação do potencial de crescimento da produção brasileira, para evitar oscilações de safra, em larga escala e orientada aos mercados, de forma a responder rapidamente a aumentos de demanda; promoção da integração e colaboração entre as cadeias de suprimento entre Brasil e China; e elevação da cooperação na infraestrutura de transporte e logística.
Dinâmica da economia agrícola da China e de suas províncias e regiões (2022) (Nota Técnica) A nota técnica objetivou analisar os principais indicadores de produção da economia agrícola chinesa. Além disso, buscou caracterizar os desafios ambientais enfrentados pelo país asiático. Dentre os principais achados, o texto identificou que, em nível nacional, a área colhida agrícola cresceu em torno de 0,4% ao ano, com destaque para o milho como principal produto em proporção ao uso das terras. Com relação à área irrigada, houve crescimento de 1,3% anualmente em média. Em relação aos resultados da produção agrícola e pecuária, esta aumentou consideravelmente nas últimas décadas, com ênfase maior em bens de maior valor agregado, como vegetais e frutas. Em contrapartida, na análise regional, verificou-se crescimento concentrado nas províncias de Henan (maior região produtora do país) e Heilongjiang. Por fim, o autor realizou análise de sustentabilidade e demonstrou que o crescimento da produção implicou significativos custos ambientais ao país, embora, nos últimos cinco anos, as políticas públicas de contenção dos impactos ambientais têm surtido efeito, inclusive com relação ao reflorestamento. De qualquer forma, a análise dos dados demonstrou que o trade-off entre desempenho econômico e sustentabilidade inequívoco.
Subsídios agrícolas da China: desafios entre a demanda doméstica e os compromissos com a Organização Mundial do Comércio (OMC) (2021) (Texto para Discussão) O texto para discussão contribui para o entendimento das grandes transformações ocorridas na sociedade chinesa nas últimas décadas: de um país predominantemente agrícola para uma das maiores economias do mundo. Entretanto, o processo de industrialização e urbanização acelerado careceu de intervenções do governo mediante políticas de subsídios que estimulassem a produção agrícola, principalmente de grãos, adotadas de diversas formas até o fim da década de 1990. Com a adesão da China à Organização Mundial do Comércio (OMC) em 2001, o apoio doméstico precisou estar de acordo com os limites estabelecidos por este organismo internacional. Com objetivo de elucidar de que forma o país asiático lidou com a crescente demanda doméstica por alimentos e ao mesmo tempo regulou os subsídios de acordo com as normas da OMC, foram analisados os dados de 2011 a 2016 a respeito das notificações da China. O artigo argumenta que a China teve dificuldade em manter-se dentro dos limites, bem como abriu oportunidades de curto prazo para diversos países fornecedores de grãos, inclusive o Brasil, aumentarem as suas exportações à própria China.
Evolução da agricultura chinesa: da fome às reformas de desenvolvimento do setor (2022) (Nota Técnica) A nota técnica teve como principal objetivo analisar, a partir de um contexto histórico-econômico, as principais medidas governamentais adotadas pela China para o desenvolvimento do setor agrícola.
Exportações agropecuárias brasileiras nos grandes mercados (2020) (BRUA/DIRUR) O texto enfatiza a importância da China para o agronegócio brasileiro, principalmente por conta da perda de importância de EUA, União Europeia e Japão no contexto das receitas de exportações agropecuárias brasileiras. A China representa 1/3 das divisas de exportações agropecuárias brasileiras e tornou-se central para o Brasil nesse contexto.
Mercados e Preços Agropecuários, Nota de Conjuntura 19 — 3° trimestre de 2022 Esta Nota de Conjuntura traz o acompanhamento dos preços domésticos e interna¬cionais até julho de 2022 e do balanço de oferta e demanda dos principais produtos agropecuários brasileiros referente à safra 2021-2022 e apresenta algumas perspecti¬vas para a safra 2022-2023. Após um primeiro trimestre marcado pela aceleração de preços domésticos e interna-cionais diante o início do conflito no Leste Europeu, o segundo trimestre de 2022 foi marcado pela reversão do ciclo de aumento de preços das commodities agrícolas – ini-ciado ainda no começo de 2020. O trigo, apesar do grande peso de Rússia e Ucrânia no seu comércio internacional, recuperou o patamar de preços praticados no fim do ano passado, após ter sofrido aumento de 80% entre meados de fevereiro e começo de março. O movimento de recuo do preço do trigo também foi verificado para os demais grãos, influenciados, entre outros fatores, pela boa safra brasileira – maior exportador mundial de soja e quarto maior exportador mundial de milho. As proteínas, por sua vez, apresentaram certa estabilidade de preços. Contribuiu para isso a importante recuperação do rebanho suíno na China, que conseguiu controlar os surtos de Peste Suína Asiática que vinham provocando enormes perdas ao rebanho chinês nos últimos três anos. Isso ajudou a conter a demanda das demais proteínas, estabilizando os preços do boi gordo e da carne de frango, mas ainda em patamares historicamente elevados.



2 - TECNOLOGIAS

TituloResumo do estudo
Catch-up tecnológico e superação da armadilha da renda média: o caso da China no setor de semicondutores (Texto para discussão) O estudo analisou as estratégias implementadas na China para o país superar a armadilha da renda média. A ascensão da economia chinesa, com crescimento elevado e profunda transformação estrutural, alçou o país a uma nova condição em seu estágio de desenvolvimento econômico. A análise focalizou no setor de semicondutores, que ocupa papel central na Indústria 4.0 e nas disputas tecnológicas entre China e Estados Unidos. Observamos que a China vem fortalecendo seu Sistema Nacional de Inovação (SNI) por meio de projetos nacionais de desenvolvimento que reconhecem a inovação tecnológica como fator-chave. O estudo analisou diferentes indicadores econômicos relativos ao SNI chinês e as diretrizes presentes no 14ª Plano Quinquenal e no projeto Made in China 2025 (MIC). Vários projetos com volumes de recursos vultuosos têm sido anunciados pelo governo chinês, voltado para o setor de semicondutores. Conclui-se que que a superação da dependência da China no setor de semicondutores é apenas uma questão de tempo.
O desempenho dos BRICS no Global Innovation Index 2018 (Nota técnica) A nota técnica procurou avaliar o desempenho dos BRICS no Global Innovation Index (GII) 2018. O índice é formado por oitenta indicadores, sendo dezoito indicadores compostos de agências internacionais e cinco questões do questionário da pesquisa de opinião de executivos do Fórum Econômico Mundial. Ou seja, trata-se de um esforço multinacional de grande peso na formulação de políticas de inovação em todo o mundo. Os dados apontam que a China tem um desempenho muito superior aos demais BRICS no que diz respeito aos indicadores de ciência, tecnologia e inovação. O progresso do país foi inclusive classificado como “espetacular” pelos organizadores do GII 2018. Os outros países dos BRICS se destacam apenas em áreas específicas consideradas no GII.
Notas sobre o desenvolvimento da Inteligência Artificial (IA) na China (Radar) A China ocupa o segundo lugar do ranking do Stanford AI Index Report 2022, que avalia 29 países. Estima-se que o potencial da Inteligência Artificial (IA) adicionar US$ 600 bilhões à economia, com implicações substantivas ao crescimento econômico. O estudo teve como objetivo apresentar características gerais da IA na economia chinesa, bem como perspectivas para o futuro próximo. O artigo conclui que há varias particularidades no ecossistema de IA chinês. Como vários aplicativos ocidentais são proibidos no mercado chinês, os dados dos consumidores são transacionados, armazenados e analisados por empresas locais. Aplicativos como WeChat têm abrangência sem similar em aplicativos ocidentais, resultando em um volume de dados sem par no Ocidente, disponível para as empresas de tecnologia chinesas. Outras particularidades correspondem a ação governamental e a disponibilidade de um grande contingente de profissionais qualificados para o desenvolvimento dos modelos de IA. A falta de mão de obra qualificada para o setor de TICs é um gargalo conhecido e uma dificuldade adicional na realidade brasileira.
A ascensão chinesa no setor aeroespacial (Nota Técnica) O setor aeroespacial é altamente estratégico e simboliza o poder econômico, tecnológico e geopolítico de um país. O estudo teve como objetivo analisar as políticas de desenvolvimento da indústria espacial e de aviação chinesa, dando ênfase aos planos de desenvolvimento Made in China 2025 (MIC25) e ao 14º Plano Quinquenal (2021-2025). Constatou-se que a ascensão da China no setor espacial tem sido acelerada, levando a conquistas em segmentos como navegação, comunicação e radiofusão por satélite, fabricação e lançamento de naves espaciais, foguetes, sondas, robôs, infraestrutura em 5G e serviços de posicionamento, navegação e tempo (PNT). Por diferentes razões, os avanços no segmento de aviação foram menos notáveis. Por fim, o estudo contribui para a formulação de política públicas que tenham como foco o desenvolvimento de indústrias intensivas e tecnologias, tomando a China como exemplo.
Facilitação de comércio e tecnologias digitais: Análise para os países do BRICS (Nota Técnica) A pandemia e seus desdobramentos evidenciaram os benefícios da adoção de instrumentos de facilitação de comércio (FC) como forma otimizar o desempenho exportador dos países. Entre as medidas de resiliência adotadas pelas alfândegas, a maioria concentra-se na digitalização e agilização dos processos fronteiriços. O objetivo desta nota foi investigar a adoção dessas medidas pelos países membros do BRICS. Os indicadores demonstraram que foram realizadas reformas, mas os mecanismos devem ser aprimorados. Sugeriu-se avançar os processos alfandegários na direção de tecnologias digitais, como blockchain, que garantem transparência e segurança nas trocas de informações entre os agentes. O desenvolvimento digital promovido por meio de tecnologias pode aprimorar a qualidade de governança das alfândegas. Além disso, constatou-se que priorizar a inovação tecnológica e explorar um novo modelo de governança inteligente contribui para uma melhor eficiência nos procedimentos alfandegários e portuários, o que os torna mais rápidos e reduz os custos comerciais associados.
Venture capital das grandes plataformas chinesas no Brasil e no mundo Edição º 72 do Boletim Radar O alcance das empresas de plataformas digitais é global e tanto os Estados Unidos quanto a China têm papéis protagonistas. Nesse sentido, elas recorrem a estratégias agressivas de expansão e internacionalização como forma de controlar recursos e exercer poder sobre outras empresas. Este artigo apresenta evidências empíricas sobre os investimentos em venture capital em todo o mundo (com foco no Brasil) das cinco principais empresas de plataforma chinesas: Baidu, Alibaba, Tencent, JD.com e NetEase (BAT+JN).



3 - COMÉRCIO BILATERAL

TituloResumo do estudo
Avaliação dos impactos sobre a economia brasileira de um acordo de livre comércio do Brasil com a China (2019) (Relatório de Pesquisa) O estudo analisa os impactos sobre as principais variáveis macroeconômicas e setoriais da economia brasileira decorrentes de um acordo de livre comércio entre o Brasil e a China. A literatura e a pesquisa indicam que tal acordo geraria resultados inequivocamente positivos para a economia brasileira, com ganhos de PIB, investimento, exportações e importações. O saldo comercial seria um pouco pior, mas haveria uma redução significativa do nível de preços agregado e um aumento do grau de abertura da economia, medido pelo nível das exportações e das importações em relação ao PIB. Em termos setoriais, haveria ganhos de produção, emprego, exportação e importação na maioria dos setores. O maior ganho de exportação brasileira se verificaria no setor de Alimentos (319,4%), mas também ganhariam algumas indústrias intensivas em trabalho − especialmente Vestuário e acessórios e Têxteis −, assim como Produtos de metal, Máquinas e equipamentos e Produtos minerais.
Efeitos econômicos de acordos de livre-comércio sobre o Brasil: os casos da parceria econômica regional abrangente (RCEP), do acordo abrangente e progressivo para a parceria transpacífica (AAPPT) e do acordo da zona de livre-comércio da África continental (ZLCAC) (2022) (Artigo BEPI/DINTE) O estudo objetivou projetar efeitos econômicos de três acordos comerciais sobre a economia brasileira: a RCEP, o AAPPT e a ZLCAC. Para alcançar esse objetivo um modelo de equilíbrio geral computável foi utilizado, o GTAP 10, calibrado com informações para as economias mundiais para 2014, em sua versão com dinâmica recursiva. Em síntese, foram construídos três modelos, para avaliar cada um dos acordos comerciais. Cada modelo foi preparado para acomodar as regiões pertencentes aos acordos de forma conveniente e o Brasil foi mantido como região desagregada em cada um deles. Além disso, a avaliação de cada acordo considerou tanto reduções e eliminações tarifárias quanto não tarifárias pressupostas pelos acordos. Os resultados conclusivos sinalizam que a corrente de comércio e a atividade produtiva encolheriam no Brasil. Além disso, em geral, os produtos manufaturados brasileiros perderiam participação relativa no comércio exterior ou provocaria, na margem, uma certa primarização da pauta exportadora do país.
Impact assessment of a China-Brazil free trade agreement tariffs on goods (2020) (Relatório de Pesquisa) O estudo adota o modelo GTAP dinâmico, que considera integralmente a mobilidade de capital internacional, a acumulação de capital e a teoria de expectativas adaptativas de investimento para sistematicamente avaliar o impacto econômico do acordo de livre comércio entre China e Brasil do ponto de vista macroeconômico e perspectiva setorial. Os resultados obtidos são positivos. O impacto da análise de árvore de falhas baseada em condição (CBFTA) é positivo e significativo para ambos os países, considerando crescimento econômico, desempenho do setor, comércio expansão e ganho de bem-estar. Há uma expansão substancial de exportações e importações tanto para a China e Brasil, incluindo diversificação setorial dos fluxos comerciais bilaterais. Entretanto, é importante ressaltar que o ganho de bem-estar da China é quatro vezes maior que o estimado para o Brasil. Esta proporção é condizente com seu tamanho econômico do gigante asiático, mas pode indicar piora no saldo comercial brasileiro. Do ponto de vista estritamente liberal, os resultados indicam que ambos os países deveriam intensificar seus esforços visando a rápida conclusão de um acordo de livre comércio ambicioso e abrangente.
Impactos da parceria econômica abrangente regional (RCEP) para as macrorregiões brasileiras (2022) (Artigo BEPI/DINTE) O crescimento dos países da Ásia-Pacífico, sobretudo da China, vem se consolidando como um fator central da economia internacional, ganhando mais relevância com a Parceria Econômica Abrangente Regional (Regional Comprehensive Economic Partnership – RCEP), um dos maiores acordos regionais de livre-comércio de bens e serviços em negociação no contexto global. O artigo objetivou analisar os potenciais impactos do RCEP para o Brasil e suas macrorregiões. Para tal, utilizou um Modelo de Equilíbrio Geral Computável para a Economia Brasileira (PAEG). Os resultados indicaram que o RCEP deverá impactar negativamente a economia brasileira, especialmente o agronegócio, devido aos desvios de comércio gerados pelo acordo. Haveria algum ganho para os setores industrial e de serviços, porém insuficientes para compensar as perdas do setor do agronegócio. Uma possível adesão do Brasil ao RCEP, ao contrário, afetaria positivamente o agronegócio e elevaria o produto interno bruto (PIB) e o bem-estar em todas as macrorregiões brasileiras. Contudo, alguns setores industriais poderiam sofrer perdas de produção e de exportação.
O Debate sobre liberalização das importações de forma unilateral ou por meio de acordos comerciais: uma análise exploratória (2021) (Artigo BEPI/DINTE) O artigo buscou fornecer subsídios à discussão sobre a melhor maneira de reduzir o nível de proteção no Brasil sobre produtos industrializados, seja por meio de redução tarifária unilateral ou pela celebração de acordos comerciais. Os resultados sugeriram que, em geral, os países de América Latina e Caribe, Europa e Ásia Central, leste da Ásia e Pacífico e sul da Ásia firmaram a maioria dos acordos comerciais após o processo de redução de tarifas. Nesse sentido, os acordos comerciais não parecem ter sido usados como estratégia para promover maior liberalização em lugar da abertura unilateral. Portanto, há indicações de que os países optaram pela abertura unilateral, com os acordos comerciais desempenhando um papel complementar, não como substitutos.
Os Mega-acordos regionais contemporâneos (CPTPP, RCEP e AfCFTA): uma primeira aproximação comparativa aos acordos e suas estruturas regulatórias (2022) (Artigo BEPI/DINTE) Este artigo analisou a estrutura regulatória dos mega-acordos regionais citados e os principais parâmetros comparativos que se pode extrair a partir da macroestrutura de cada acordo. Para dar conta da tarefa, foi delineamento inicial de cada acordo, com suas estruturas de artigos e capítulos e, na sequência, apresentaram-se resultados da comparação das estruturas temáticas e regulatórias, com similitudes e diferenças, bem como com potencial de impacto e desenvolvimento futuro, nas relações comerciais internacionais. Embora os três acordos tenham estruturas distintas, não necessariamente comparáveis entre si, há temas comuns – regulados nos três acordos – tratados em capítulos específicos ou deixados em anexos, o que não significa que tenham menor densidade regulatória. O artigo pode ser um bom ponto de partida para o entendimento dos acordos abordados.
Research for trade in services between China and Brazil (2020) (Relatório de Pesquisa) Trata-se de relatório de pesquisa de bastante fôlego elaborado no âmbito da parceria entre o IPEA e a CAITEC/China. O artigo busca elucidar os fatos estilizados relacionados ao comércio de serviços entre os dois países e prover sugestões que possam colaborar para o incremento do comércio bilateral. Os setores produtivos que envolvem serviços de construção, viagens, educação e e-commerce foram identificados como as áreas com maior potencial de futuro.
The Costs of being out of the mega-agreements: the economic impacts of CPTPP and RCEP on Brazil, Argentina, India, Russia and South Africa (2022) (Artigo BEPI/DINTE) O objetivo deste estudo é avaliar os impactos macroeconômicos e comerciais sobre o Brasil, a Argentina, a Rússia, a Índia e a África do Sul (acrônimo BARISA), por não fazerem parte da Parceria Regional Econômica Abrangente (RCEP) e da Parceria Transpacífica (Comprehensive and Progressive Agreement for Trans-Pacific Partnership – CPTPP) ou terem acordos com a União Europeia. As simulações utilizam o Global Trade Analysis Project (GTAP) dinâmico, um modelo de equilíbrio geral computável (EGC). Os resultados mostram que todos os países enfrentarão queda no PIB e nos investimentos, com exceção da Índia, que, apesar de não ser membro da RCEP e do CPTPP, possui acordos comerciais com a maior parte de seus membros. Os impactos no comércio também serão negativos, com redução do comércio total em todos os países do BARISA, e um desvio de comércio entre os países do BARISA e a RCEP e/ou o CPTPP, para outras regiões.



3.1 - NORMAS TÉCNICAS E SISTEMA TRIBUTÁRIO

TituloResumo do estudo
Uma Estratégia chinesa para a norma técnica? objetivos, desenvolvimento e possíveis impactos em outros países (2017) (Radar DISET) O estudo buscou analisar a contribuição das normas e da normalização técnica na China considerando as especificidades atreladas a um ambiente institucional caracterizado como uma economia socialista de mercado. No contexto chinês, concluiu-se que as diretrizes de desenvolvimento e promoção das normas técnicas possuem finalidades altamente governamentais, voltadas ao desenvolvimento industrial e tecnológico autóctone. Verificou-se ainda que, apesar do notável protagonismo internacional chinês na área, considerando sua participação na Organização Internacional de Normalização (ISO) e no Technical Management Board (TCM), nos quais sua presença em comitês e subcomitês fica atrás apenas da Alemanha e dos Estados Unidos, a China possui quantidade excessiva de normas técnicas, cerca de 150 mil (sete vezes mais que a União Europeia), o que dificulta a atuação dos investidores externos.
Normalização técnica: o modelo chinês (2021) (Artigo BEPI/DINTE) O artigo analisou o modelo de normalização técnica chinês à luz da atuação chinesa em acordos comerciais e considerando a recente reforma do ambiente técnico regulatório. Observou-se que nos acordos comerciais a China buscou negociar a redução de tarifas, acesso a mercados e facilitação do comércio enquanto, em regra, evitou acordos que envolvessem questões regulatórias internas. Com o conjunto de reformas iniciado em 2015, verificou-se que o modelo chinês parece ter se distanciado ainda mais do international standard (padrão internacional) promovido pela Organização Mundial do Comércio (OMC). A conclusão do estudo é que a aposta da reforma é por um modelo de normalização que favoreça o desenvolvimento apoiado em inovação autóctone, mesmo que essa preferência possa desencadear um afastamento em relação à prevalência global dos sistemas norte-americano e europeu. A participação da China no multilateralismo deverá continuar e priorizar a negociação de acordos com menor comprometimento com a harmonização regulatória.
O Sistema tributário da China: um olhar a partir do Brasil (2022) (Texto para Discussão) O estudo sistematizou informações essenciais sobre o sistema tributário chinês, descrevendo sua estrutura, sistema de arrecadação e gastos, principais impostos e alíquotas vigentes e ainda identificou as principais medidas fiscais e de seguridade social anunciadas pelo governo para conter a crise sanitária e econômica durante a pandemia de Covid-19. Constatou-se que o sistema tributário atual da China é bastante incipiente e ainda em processo de consolidação, com uma série de regulações provisórias que regem tributos tendo sido substituídas por leis nos últimos anos e outras ainda aguardando deliberação no Congresso. O sistema corrente resulta do conjunto de reformas iniciadas pelo governo central em 1978 no período conhecido como “reforma e abertura”, quando foi necessário realizar uma série de modificações no ambiente institucional de modo a refletir as transformações de uma economia centralmente planificada rumo a uma economia de mercado. As reformas transformaram a China em um dos países mais descentralizados do mundo em matéria fiscal, ou seja, os governos locais estabelecem suas próprias normas e prioridades em gastos públicos, não havendo determinações explícitas na Constituição ou na Lei Orçamentária sobre os dispêndios. No entanto, observou-se que essa descentralização fiscal coexiste com uma ampla centralização na área de arrecadação tributária, na qual o governo central decide sobre os impostos e faixas de alíquotas vigentes em todos os níveis da administração, a porcentagem retida entre governo central e provincial e onde cada província deve prestar contas ao governo central por suas atividades por meio de um sistema de responsabilidade vertical. Os impostos mais importantes em termos de arrecadação de receitas são: o IVA (40,4%), o imposto de renda corporativo (22,9%), o imposto sobre o consumo (excise tax) (7,9%) e o imposto de renda individual (6,4%). A China não possui um imposto sobre a riqueza (wealth tax) e a desigualdade regional e a pobreza, são apontadas como desafios cruciais a serem enfrentados pelas políticas tributárias no país.



4 - TRANSIÇÃO ENERGÉTICA

TituloResumo do estudo
Política energética no BRICS: desafios da transição energética (2019) (Texto para Discussão) O texto para discussão busca identificar as similaridades e as particularidades dos processos de transição energética de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (BRICS), que inclui países muito relevantes no panorama energético global e se destacam tanto na oferta quanto no consumo de energia, representando, respectivamente, 20% e 35% do total. Com exceção do Brasil, os países do BRICS contam com elevada participação de fontes fósseis na matriz energética. Os principais caminhos para mitigar a emissão de GEE são a ampliação das fontes energéticas limpas e a promoção da eficiência. O artigo mapeou essas duas tendências nos últimos quarenta anos e indica que os países do BRICS ainda estão atrasados na difusão de renováveis em relação aos países líderes, mas os ganhos de eficiência associados à expansão de fontes modernas foram significativos. A China tem mostrado um forte compromisso para a redução de emissões, e a escala dos programas de ampliação de fontes renováveis se revelou relevante. No Brasil, o setor hidrelétrico é bastante forte. As novas fontes renováveis, eólica e solar, apenas compensam a perda de participação da energia hidrelétrica. Índia e África do Sul combinam os objetivos de transição aos de inserção social por meio do acesso à eletricidade, e a abundância de recursos fósseis acarreta menor engajamento da Rússia com a transição.
Transição energética e potencial de cooperação nos BRICS em energias renováveis e gás natural (2021) (Texto para Discussão) A diversidade dos sistemas de energia, das estruturas socioeconômicas e do arcabouço institucional dos BRICS, implica processos de transição energética distintos. Apesar da elevada participação de fontes fósseis, os BRICS promovem fontes energéticas limpas. A ampliação da cooperação em energia pode implica oportunidades de complementaridade. Este texto para discussão analisa oportunidades de cooperação no processo de transição energética dos BRICS em âmbitos bilateral e multilateral, com foco na difusão de renováveis e do gás natural. O estudo descreve a evolução das matrizes energéticas e políticas para mitigação de emissões de CO2. Aborda também cooperação na área de energia entre os BRICS.



5 - COOPERAÇÃO, FINANCIAMENTOS E INVESTIMENTOS

TituloResumo do estudo
Soft power em tempos de quarentena: as estratégias da diplomacia chinesa em meio à pandemia de Covid-19 (2020) (Artigo BEPI/DINTE) O artigo contribui para evidenciar as dinâmicas de poder que permeiam as relações entre os Estados no contexto da pandemia do Covid-19. Foram observadas práticas de cooperação, assim como políticas que priorizam o interesse nacional das unidades sistêmicas. Com relação à China, o país promoveu o que ficou conhecido como “diplomacia das máscaras”, com a intenção de mitigar os efeitos da pandemia em sua imagem internacional. Diante desse cenário, este artigo objetivou analisar estratégias de cooperação e autopromoção dos chineses, observando os efeitos temporários e duradouros da pandemia, as estratégias de promoção da imagem e do soft power do país no cenário internacional. A hipótese da pesquisa subjacente é que as estratégias chinesas para promover seu soft power se transformaram durante a pandemia, e sua diplomacia passou a ser mais assertiva em defesa da sua imagem.
Complex asymmetry: a comparative perspective on China's relations with Africa and Latin America (2016) (Revista Tempo do Mundo) As relações da República Popular da China (RPC) com os países em desenvolvimento africanos e latino-americanos constituem o cerne de suas relações externas globais. Com relação aos países africanos, as afinidades iniciaram-se mais cedo e são mais tradicionais do as com os países latino-americanos, e ambas revelam características assimétricas. Embora as políticas chinesas para com os dois continentes sejam idênticas hoje, verifica-se que as relações com a América Latina têm evoluído rapidamente e se tornado mais robustas e substanciais comparativamente ao que se observa com os países africanos, gerando uma nova assimetria. As relações sino-latino-americanas aparentam ter maior potencial comparativamente às relações com países africanos.
Panorama da Economia Mundial, Nota de Conjuntura 16 — 4° trimestre de 2022 Em meio às incertezas do cenário global, algumas feições gerais podem ser identificadas: i) o nível de atividade está em queda, e também o crescimento esperado; ii) a inflação continua alta; iii) os juros de política monetária estão em alta; iv) os preços de commodities estão caindo, mas espera-se que ainda se mantenham relativamente altos no próximos dois anos; v) a pressão nas cadeias de suprimento está diminuindo, de acordo com índices que procuram medi-la; e vi) o mercado de trabalho está resistente ao desaquecimento da economia. Esta seção começa com um panorama geral da economia mundial e, em seguida, apresenta os dados de Estados Unidos, China e Área do Euro, concluindo com um box que resume estudo do Banco Mundial comparando a situação de hoje com a dos anos 1970, a partir do tema da estagflação.
Panorama da Economia Mundial, Nota de Conjuntura 22 — 2° trimestre de 2022 Os prognósticos de crescimento e inflação para a economia global têm piorado devido à guerra na Ucrânia, cujos efeitos se sobrepuseram aos da pandemia, dos quais os países vinham se recuperando. O aumento e a persistência da inflação têm levado ao aperto da política monetária em diversos países. A escassez de oferta de alguns produtos devida à guerra adiciona pressão inflacionária. Destacam-se os mercados de commodities, que tiveram seus preços ainda mais elevados. Na China, a política de “Covid zero”, baseada em rigorosos lockdowns, provocou quedas muito fortes nos indicadores de atividade econômica em abril. Em maio, alguns indicadores mostram recuperação. Nos Estados Unidos, a economia tem estado bastante aquecida, de acordo com diversos indicadores, com destaque para os do mercado de trabalho.
n. 24 (2020): As Relações entre China e América Latina

A Revista traz catorze artigos  com contribuições  de  autoras e autores chineses  e  latino-americanos do Brasil, Argentina,  Chile,  Colômbia,  México  e  Venezuela sobre, entre outros, padrões comerciais estabelecidos entre a China e  as  economias  da  América  Latina  e  da  África; a estratégia de desenvolvimento da China e o lugar da América latina nessa sua equação desenvolvimentista; a iniciativa do cinturão e  rota da seda; os impactos das relações comerciais da China para a integração regional; o sistema Tianxia (a visão de mundo e o projeto de inserção de sua nação); o padrão de cooperação  entre  China  e  América  Latina  e  Caribe; os s acordos de swap cambial; os efeitos  macroeconômicos  do  superciclo  de  commodities; o perfil das exportações brasileiras para a China e os investimentos em petróleo na relação Petrobras-China.

Brasil e China : um caso de geoeconomia híbrida?

O estudo consiste em analisar as perspectivas e o panorama das relações econômicas sino-brasileiras. Inicialmente, buscou-se compreender os fatores determinantes e as implicações da trajetória de internacionalização da China, assim como sua projeção geoeconômica. Essas implicações se caracterizam pelo hibridismo e oferecem tanto oportunidades quanto desafios ao Brasil. Considerando-se esse entendimento, tencionou-se descrever a evolução e as perspectivas em torno das relações de comércio e investimento entre Brasil e China. Além disso, foram analisadas dimensões do relacionamento bilateral que apresentam potencial de transformação estrutural, com destaque para transição energética, infraestrutura, economia digital, saúde e cooperação financeira. Por fim, argumenta-se que, para além dos crescentes laços comerciais e de investimento impulsionados por fortes complementaridades, é fundamental construir estratégias de longo prazo em relação à China e converter o país asiático em um parceiro estratégico do desenvolvimento brasileiro.



5.1 - BRICS E NDB

TituloResumo do estudo
MERCOSUL, BRICS, OCDE: Opções complementares ou não compatíveis? (2022) (Nota Técnica) A política de inserção internacional brasileira tem, hoje, três vertentes principais: 1) Mercosul; 2) BRICS; 3) OCDE. São três vetores com propósitos não semelhantes – e eventualmente pouco compatíveis. Há compromissos simultâneos para consolidar um processo de integração regional, procurar influenciar a governança global com outras economias emergentes, ao mesmo tempo que o país se esforça para se tornar membro pleno da instituição de referência do status quo econômico global. A análise da compatibilidade dessas rotas distintas foi tratada com base em alguns indicadores da área externa, incluindo dados sobre comércio exterior e investimento estrangeiro. Concluiu-se que pode haver desencontros nos processos negociadores do Brasil. São inúmeras as incompatibilidades entre o BRICS e o pleito brasileiro de ingressar na OCDE, embora também existam incongruências de ambas vertentes em relação ao Mercosul, que tem perdido relevância no âmbito das exportações brasileiras, sobretudo pela concorrência com produtos chineses.
BRICS joint financial architecture: The New Development Bank (2019) (Discussion Paper) O estudo buscou analisar o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) estabelecido pelo BRICS, enfatizando as principais motivações para sua criação, planos de ação e estrutura de governança. O NDB enfrenta importantes desafios, incluindo a necessidade de desenvolver operações de alcance global, instituir e consolidar novas práticas de financiamento e estabelecer uma estrutura de governança que seja capaz de evitar a concentração de poder. Para enfrentar esses desafios, é essencial expandir o volume de capital disponível para empréstimos e elevar a capitalização do NDB, o que pode acontecer por meio da atração de novos membros, obtenção de boas avaliações de risco e acesso aos mercados internacionais de capitais. Questionou-se se a atual estrutura de governança é suficiente para evitar conflitos de interesse entre o papel do NDB e as ações da China em suas estratégias de inserção internacional. Por fim, foi reiterada a necessidade de o Brasil refletir sobre quais são seus objetivos e suas pretensões em participar da governança da instituição. Recordou-se que os argumentos utilizados para participação brasileira no NDB se relacionaram aos ganhos econômicos atrelados ao financiamento de infraestrutura no país e a participação de empresas brasileiras em projetos financiados com fundos da instituição em países membros.
A inserção dos BRICS na África Austral (2022) (Texto para Discussão) Durante o século XXI, a África teve sua importância estratégica renovada devido à crescente importância de novos atores no sistema internacional, com destaque para Brasil, Rússia, Índia e China. O estudo fez parte do projeto “A Agenda Externa do Brasil para a África: Avaliações e Propostas”, promovido pelo Ipea ao longo do ano de 2020. O seu objetivo foi realizar um panorama sobre a estratégia de inserção dos países na África Austral e demonstrar suas principais estratégias e mecanismos de aproximação. Apesar de unificados no grupo BRICS, o estudo revelou que os países apresentam estratégias de inserção diferentes, resultando em nichos setoriais complementares e concorrentes. Concluiu-se que há convergências na esfera da política internacional, com posições coerentes em relação ao princípio de não-intervenção e à valorização da União Africana, além de movimentos semelhantes em termos de cooperação financeira. Por outro lado, há competição por mercados, em particular entre China e Rússia pelo suprimento do mercado armamentista africano. O setor de infraestrutura também revelou ampla concorrência entre os BRICSs.
O financiamento do desenvolvimento e o Novo Banco do BRICS: uma alternativa ao Banco Mundial? (2018) (Revista Planejamento e Políticas Públicas) A discussão sobre o financiamento do desenvolvimento pelos bancos multilaterais de desenvolvimento (BMDs) ganhou um novo elemento, com o surgimento do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) criado pelo BRICS. O estudo procurou discutir a governança, a capacidade de mobilização de recursos e as prováveis características das políticas financeiras e de crédito do NBD, traçando um paralelo com a história do BM. Constatou-se que é importante que novos países-membros sejam convidados e passem a fazer parte da instituição, a fim de estimular expansões do capital e evitar que a instituição se torne estagnada e desigual. A atração de novos membros e o incremento nas contribuições dos cinco países do BRICS poderá fazer com que o NDB cresça mais rápido que o BM cresceu.
The New Development Bank (NDB) as a mission-oriented institution for just ecological transitions: A case study approach to BRICS sustainable infrastructure investment (2022) (Revista Tempo do Mundo) Em seus primeiros cinco anos de operações, o NDB se consolidou como uma fonte de financiamento do desenvolvimento no bloco. Por meio de estudos de caso, o trabalho procurou entender as possibilidades do NDB de se posicionar como uma instituição orientada à missão de financiar a transição ecológica nos países BRICS. O artigo concluiu sugerindo um roteiro de missão para que o banco supere as limitações de sua estratégia corporativa, implicando mudanças de perspectiva em relação ao atual foco restrito no investimento em infraestrutura sustentável. O posicionamento do NDB como co-financiador das transições no BRICS exige a abertura da governança do banco para organizações locais, a elevação das parcerias de valor público e o auxílio aos países membros no atingimento de suas Contribuições Nacionais Determinadas (NDCs). Para tanto, o roteiro sugerido elencou prioridades no nível setorial e descreveu ações para viabilizar projetos, incluindo a emissão de títulos verdes, a criação de garantias para energia renovável e a mobilização de atores locais para fundos públicos climáticos (public-driven climate funds).
O Brasil e sua posição estratégica nos Bancos Multilaterais de Desenvolvimento (2022) (Revista Tempo do Mundo) O estudo discutiu a posição estratégica do Brasil nos bancos multilaterais de desenvolvimento. Argumentou-se que o Brasil está bem posicionado em três espaços fundamentais, quais sejam, as instituições tradicionalmente lideradas pelos Estados Unidos, como BID e o Banco Mundial, os novos espaços da liderança emergente da China, em especial o NDB, e os espaços exclusivamente latino-americanos, como o CAF e o Fonplata. Por sua presença nessas três esferas, tanto como acionista quanto mutuário de peso, o Brasil tem grande capacidade de ter um papel construtivo e fazer uso estratégico desses instrumentos para apoiar seu desenvolvimento. Concluiu-se que o Brasil não precisa rivalizar em favor de nenhum dos polos que se rivalizam na geopolítica internacional, tampouco abrir mão de fortalecer os espaços de cooperação na América Latina. Ao invés de excludente, trata-se de uma tarefa complementar. Argumentou-se que o país tem condições de coordenar a governança das instituições analisadas, considerar novos aportes de capital visando benefícios políticos e econômicos e aportar para fundos geridos por bancos multilaterais a fim de apoiar agendas de desenvolvimento.
Compreendendo os desafios do mundo do trabalho nos países BRICS: Panorama institucional da rede de institutos de pesquisa sobre trabalho (2019) (Política em Foco) Em 2016, sob a presidência da Índia, os ministros do Trabalho e Emprego do BRICS se comprometeram com a criação de uma rede de institutos de pesquisa sobre trabalho. O estudo buscou traçar um panorama da institucionalidade da rede, bem como apresentar os principais resultados já alcançados e perspectivas para o futuro. As prioridades de pesquisa da rede até o momento foram sobre novas formas de trabalho, emprego juvenil e oferta e demanda de competências no futuro do trabalho. Verificou-se que avanços institucionais têm sido alcançados, principalmente no que diz respeito ao desenvolvimento de pesquisa comparada e ao intercâmbio de boas práticas. Espera-se que a rede estabeleça mecanismos para garantir maior coordenação, bem como capacidade de produção técnica e disseminação dos trabalhos. Trata-se de um espaço relevante para aprofundamento de estudos acerca de temas de interesse comum do bloco, que possibilitará maior compreensão dos principais desafios enfrentados pelos mercados de trabalho das maiores economias emergentes do mundo.



5.2 - INVESTIMENTOS E INFRAESTRUTURA

TituloResumo do estudo
A Estratégia de internacionalização de estatais chinesas e o Brasil (2018) (Artigo BAPI/DIEST) O artigo mostra que o IED chinês no Brasil, entre 2007 e 2018, foi significativo, por sua taxa de crescimento e pelo padrão concentrado em alguns setores da economia, particularmente no setor de energia (elétrica e petróleo e gás). Esse achado é replicado por estudos mais recentes, inclusive da DINTE.
Considerações sobre a política para atração de investimentos externos (2022) (Texto para Discussão) O texto parte do correto diagnóstico de que a entrada de investimentos estrangeiros pode implicar efeitos econômicos positivos. Embora reconheça que os principais determinantes do investimento estejam relacionados às condições econômicas, o autor argumenta que medidas e políticas públicas afetam as operações dos produtores e acarretam reações por parte dos investidores. Para o autor, a política de atração de investimentos deveria contar com a fácil identificação da agência pública responsável pelo apoio e pela formulação das políticas relativas ao setor. O país deveria poder contar com instrumentos que orientassem os fluxos de investimentos de modo a evitar elevar a presença estrangeira em setores considerados sensíveis; deveria haver fortalecimento e maior divulgação do mecanismo de ombudsman, ferramenta importante para apoio ao investidor externo; o discurso oficial em relação a investimentos deveria sinalizar de forma explícita e inequívoca a importância de contar com conduta empresarial responsável; e deveria existir interação entre a política federal e as iniciativas em nível subnacional, de maneira a evitar comprometimento da imagem externa do país, o que pode afetar a atração de novos investidores.
Inserção internacional como vetor da recuperação econômica do Brasil: comércio exterior, investimentos, financiamento e atuação internacional (2020) (Documento DINTE) O documento é fruto de esforço da DINTE de contribuir com para a recuperação da economia brasileira em decorrência da crise sanitária do Covid-19. Para tanto, os pesquisadores sugeriram um conjunto de propostas intrinsecamente relacionadas à inserção internacional do Brasil. Embora construído num momento de crise, as propostas continuam atuais e aplicáveis no atual cenário econômico global. Todas as propostas levam em conta três eixos principais, a saber: as exportações como elemento fundamental para impulsionar e dinamizar a economia brasileira; a atração de investimentos estrangeiros e captação de recursos em instituições financeiras multilaterais; e atuação do país em negociações e fóruns multilaterais.
Investimento externo direto na América Latina: o papel dos acordos de investimento (2021) (Texto para Discussão) Este artigo analisa como tratados bilaterais de investimento (TBIs) têm contribuído para o volume de IED greenfield na América Latina (AL). Um modelo gravitacional foi estimado e os resultados indicam que, para a AL, os TBIs não têm efeito estatisticamente significativo sobre o IED. Os tamanhos das economias, o crescimento econômico, o grau de abertura comercial e a similaridade do retorno do capital têm explicado por que esse tipo de IED tem sido direcionado à região. Países com a melhor qualidade regulatória atraíram mais IED. Países que ratificaram TBIs e que mais responderam por alguma reclamação em tribunal de arbitragem tiveram investimento reduzido. Por fim, levando em conta efeitos fixos setoriais, a estimação sugeriu que os TBIs não têm efeito positivo em investimentos nos setores industrial, de serviços e relacionados à extração de recursos naturais.
Research for investment cooperation between Brazil and China (2022) (Nota Técnica) A nota técnica é fruto de esforço de pesquisadores do IPEA, bolsistas de pesquisa do instituto e pesquisadores da CAITEC/China e tem claro objetivo de apresentar recomendações para elevar a cooperação, no campo do investimento, entre Brasil e China. Dentre as indicações, destacam-se as seguintes: estabelecimento de sinais claros de cooperação; provimento de informações acuradas para a tomada de decisão empresarial; redução de custos de investimento; encorajamento de investimento bilateral ´por meio da promoção de boas práticas; estabelecimento de mecanismos de prevenção e de alerta a riscos; e, por fim, promoção de investimentos em áreas diversificadas.
A Nova rota da seda e a projeção econômica internacional da China: redes de financiamento, fluxos de Investimento externo Direto (IED) e contratos de construção (2022) (Nota Técnica) A nota técnica focaliza a Nova Rota da Seda (New Silk Road) ou Belt and Road Initiative (BRI), um conjunto de programas de investimentos chineses, inicialmente focados em infraestrutura, lançado em 2013. O objetivo é evidenciar, de forma geral, como se dão as redes de financiamento, o IED chinês e os contratos de construção firmados por firmas chinesas em nível internacional. O estudo sugere que os bancos públicos e comerciais chineses, bem como as instituições multilaterais sob sua liderança (NDB e AIIB) podem suprir a lacuna de financiamentos internacional. Os setores de energia e transporte representam o maior foco dos capitais chineses. O panorama relacionado aos contratos de construção elucida a dinâmica da Nova Rota da Seda e sua vocação para infraestrutura.
Iniciativa cinturão e rota e a cooperação internacional para o desenvolvimento da China na América Latina: entre adesões e hesitações (2022) (Artigo Revista Tempo do Mundo) O artigo analisa a expansão do volume de financiamentos chineses em projetos de grande envergadura na América Latina e Caribe (ALC), com foco no avanço da Iniciativa Cinturão e Rota (Belt and Road Initiative – BRI) na região. Como referencial teórico o estudo baseia-se na literatura sobre Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (CID) e Cooperação Sul-Sul (CSS), verificando as características específicas do modelo chinês. A pesquisa analisa a expansão dos financiamentos de bancos chineses na região e o quadro de adesões e hesitações entre as três maiores economias regionais (Brasil, Argentina e México). Argumenta-se que apesar da cooperação promovida pela China não corresponder à definição convencional do conceito, consequências tangíveis são desencadeadas nas economias hospedeiras e em sua dependência vis-à-vis doadores tradicionais.
Iniciativa cinturão e rota na América Latina: perspectiva geoeconômica (2022) (Texto para Discussão) A contribuição deste texto consiste em analisar a recente evolução das relações econômicas entre América Latina e Caribe (ALC) e China, conferindo destaque à expansão da Iniciativa Cinturão e Rota (em inglês, Belt and Road Initiative – BRI) na região. O estudo justifica-se pelo perceptível adensamento e diversificação das transações entre a ALC e o país asiático nos últimos anos. A pesquisa utiliza-se da geoeconomia como ferramenta analítica e da economia política internacional (EPI) como marco teórico-conceitual para explicar esse processo. Foram verificadas a expressividade do aumento das interações nos campos de comércio, investimento e financiamento, além de contratos de infraestrutura.



Comunicação - Ipea

(21) 3515-8704 / 3515-8578
(61) 2026-5501 / 99427-4553
Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.