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Visão Geral da Conjuntura

Por José Ronaldo de C. Souza Júnior, Marco A. F. H. Cavalcanti, Leonardo Mello de Carvalho, Estêvão Kopschitz X. Bastos, Francisco E. de Luna A. Santos e Maria Andréia Parente Lameiras

Os dados melhores que o esperado no último trimestre de 2021 contribuíram para revisões positivas das previsões de crescimento feitas pelo mercado nas últimas semanas. Os indicadores de atividade econômica de janeiro, no entanto, surpreenderam negativamente, em parte devido à intensa onda de contaminação de covid-19 ocorrida no mês. Embora essa onda tenha tido um pico de casos novos bem mais alto que as ondas anteriores, as consequências humanas e econômicas e o tempo de duração foram bem menores. Passado esse choque negativo, a melhora do quadro da pandemia deve contribuir significativamente para a recuperação de atividades, como os serviços prestados às famílias e outras, com possíveis impactos positivos sobre o mercado de trabalho, que já recuperou indicadores dos níveis pré-pandemia. A surpresa negativa foi a eclosão da guerra na Ucrânia, que acabou reforçando a piora das previsões de inflação e, portanto, do cenário de política monetária no Brasil e no exterior. No entanto, a taxa de juros real ex ante de um ano do Brasil pouco se alterou desde a publicação da previsão anterior em dezembro de 2021. Tendo em vista essas e outras questões detalhadas nesta nota, mantemos nossa previsão de crescimento do PIB de 1,1% em 2022, embora com mudanças na composição desse crescimento. A principal delas, pela ótica da produção, é a redução do crescimento esperado para o setor agropecuário, de 2,8% para 1%, em função da piora das estimativas para a produção de soja, que passaram a ser de queda de 8,8%, mesmo com o aumento de 3,7% da área plantada – o que significa redução do valor bruto da produção com aumento do consumo intermediário.

Para 2023, trabalhamos com um cenário base em que assumimos que o ciclo de aperto monetário atingirá seu pico na próxima reunião do Copom, e a taxa de juros nominal permanecerá em 12,75% até o final de 2022. A partir do ano que vem, a expectativa é que a taxa de juros seja reduzida e feche o ano em torno de 9%, acompanhando o movimento de queda nas taxas de inflação, o que deve favorecer o mercado de crédito e os investimentos. Um mercado de trabalho mais aquecido será determinante para a demanda. Esperamos também que o aumento de preços de commodities seja temporário no cenário base e a taxa de câmbio fique estável, em relação ao fim de 2022, em R$ 5,20/US$. Ainda mais importante, consideramos que haverá menos incerteza por conta do fim dos efeitos da guerra na Ucrânia e de efeitos mínimos da pandemia, o que deve garantir uma evolução positiva das atividades ligadas a comércio e serviços. No que se refere à política fiscal, este cenário pressupõe a manutenção de um arcabouço de regras fiscais compatível com o compromisso com a disciplina fiscal, mantendo sob controle o risco associado à evolução das contas públicas. Diante deste cenário, nossa previsão para o crescimento do PIB em 2023 é de 1,7%.
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Em relação à inflação, as previsões se deterioraram no mundo todo principalmente em função dos impactos econômicos do choque causado pelo conflito militar na Ucrânia. Mesmo diante de um comportamento mais benevolente do câmbio – com valorização de 15% no ano até agora –, a manutenção da trajetória de alta das commodities no mercado internacional, aliada ao impacto da guerra sobre os preços do petróleo e aos efeitos climáticos sobre a produção doméstica de alimentos, levou a uma revisão das estimativas de inflação feitas pela Dimac/Ipea. A alta projetada para o IPCA, em 2022, avançou de 5,6% para 6,5%, enquanto a estimada para o INPC passou de 5,5% para 6,3%. Embora as estimativas de inflação para o ano tenham piorado, ainda se mantém a perspectiva de um cenário de desaceleração inflacionária, tanto para 2022 quanto para 2023. Além disso, mes-mo acima do patamar projetado inicialmente, o IPCA e o INPC devem encerrar o ano com uma variação bem abaixo da observada em 2021. De modo análogo, para 2023, as projeções de inflação feitas pela Dimac/Ipea indicam a manutenção dessa trajetória de desaceleração inflacionária, com taxas de 3,6%, tanto para o IPCA quanto para o INPC no próximo ano.
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Visão Geral da Conjuntura

Por José Ronaldo de C. Souza Júnior, Marco A. F. H. Cavalcanti,  Leonardo Mello de Carvalho, Estêvão Kopschitz X. Bastos, Francisco E. de Luna A. Santos e Maria Andréia Parente Lameiras

Esta nota analisa a conjuntura brasileira e internacional, com destaque para a questão fiscal, e apresenta previsões macroeconômicas de PIB e inflação para 2021 e 2022.

A previsão da Dimac/Ipea para o crescimento do PIB em 2021 é de 4,5%, menor do que a previsão anterior, de 4,8%. O resultado decorre do menor dinamismo da economia brasileira, com reflexos em nossas expectativas de crescimento para o quarto trimestre, que fecha 2021. No quarto trimestre, a previsão é de alta de 0,1% na comparação com o terceiro com ajuste sazonal e de 1% na comparação interanual. Também foi revista a previsão para o crescimento do PIB em 2022, que passou de 1,8% para 1,1%. Por um lado, o efeito negativo da combinação entre inflação alta e ciclo de aperto monetário será importante ao longo de 2022, principalmente no setor industrial. Por outro lado, esperamos que a agropecuária tenha desempenho positivo e que os problemas de gargalo na oferta sejam progressivamente equacionados ao longo do ano. Os fatores aqui citados já estavam no radar das projeções da carta passada, mas alguns tiveram desempenho pior do que o esperado. A projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2021 é de 10,0% e, para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), de 10,2%. O aumento nas projeções de 2021 decorre da dinâmica recente da inflação nos últimos três meses, com maior pressão no setor de serviços e nos preços monitorados. Para 2022, as projeções para o IPCA e o INPC foram mantidas em 4,9% e 4,6%, respectivamente.211222_cc_53_nota_27_visao_geral_tabela_4

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As novas metas de inflação e as expectativas de mercado

Carta de Conjuntura nº 36

Por Estêvão Kopschitz X. Bastos

Em 29 de junho de 2017, o Conselho Monetário Nacional (CMN) definiu as metas de inflação para 2019 e 2020. Até então, o CMN definia, todo mês de junho, a meta para dois anos e meio à frente – neste ano, portanto, era esperada a definição da meta para 2019. Mas, neste ano, além de estabelecer a meta para 2019 em 4,25%, o conselho inovou e definiu também a de 2020, fixando-a em 4,00%. Qual terá sido a reação das expectativas de inflação dos agentes privados a este anúncio? No presente texto, esta questão é analisada a partir das informações de três fontes: o sistema de expectativas de mercado do BCB, a inflação implícita em negociações com títulos públicos e a implícita em contratos de swap. As expectativas do Focus/BCB são diretamente declaradas pelos participantes da pesquisa. As outras duas são obtidas a partir de cotações de mercado de ativos e derivativos. A queda na inflação esperada para 2020 ocorrida logo após o anúncio da meta para aquele ano, verificada nas três fontes, indica que a condução atual da política tem credibilidade e que o BCB teve êxito ao definir a nova meta.

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