Arquivo da tag: Economia Internacional

Economia Mundial

Carta de Conjuntura Nº 34

Por Paulo Mansur Levy

A economia mundial encontra-se em um momento paradoxal: por um lado, os sinais de crescimento da atividade econômica e de aceleração da inflação tornaram-se mais fortes; por outro, a chegada de Donald Trump à presidência nos Estados Unidos da América (EUA), associada ao Brexit e à realização de eleições em países-chave da Área do Euro (AE) ao longo de 2017, colocou novos elementos de incerteza no cenário mundial. No caso de Trump, o risco se refere às políticas econômicas e à postura da nova administração em relação ao comércio internacional e à imigração; no caso dos países europeus, o risco relaciona-se à própria sobrevivência do euro como moeda em caso de vitória de partidos que defendem a saída de seus países da AE.

Em relação às perspectivas de crescimento da economia mundial, o Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou em janeiro a atualização de suas projeções, mantendo-as nos mesmos níveis das de outubro do ano passado. Isso não acontecia desde 2014. Nesse período, as atualizações em relação às projeções anteriores sempre foram para baixo. Como se pode ver pelo Gráfico 1, a aceleração do crescimento da economia mundial – de 3,1% em 2016 para 3,4% em 2017 e 3,6% em 2018 – refletiria principalmente a recuperação do crescimento em economias emergentes – de 4,1% em 2016 para 4,5% em 2017 e 4,8% em 2018 -, enquanto o movimento de alta nos países avançados seria mais modesto, de 1,6% em 2016 para 1,9% em 2017 e 2,0% em 2018.

Acesse o texto completo

Acesse os textos completos de todas as seções já divulgadas da Carta de Conjuntura nº 34 no portal do Ipea



------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Economia Mundial

Carta de Conjuntura Nº 33

Por Paulo Mansur Levy

A economia mundial nos últimos meses combinou alguma melhoria dos indicadores de desempenho com o aumento do grau de incertezas, associado ao comportamento dos mercados financeiros e às expectativas no campo das políticas econômicas nacionais e a questões geopolíticas. O desempenho, medido pelo PIB do terceiro trimestre, revelou aceleração do crescimento nos Estados Unidos e no Japão e estabilidade na Europa. Na China, o crescimento manteve-se estável em 6,5%. Mais recentemente, os indicadores de gerentes de compras (Purchasing Managers’ Indexes – PMI) em outubro e novembro corroboraram essa tendência, tanto na indústria quanto nos serviços. Os mercados de trabalho vêm se recuperando – mais rapidamente nos EUA, mais lentamente na Europa – e a inflação tem acelerado, ainda que lentamente, uma vez absorvidos os efeitos da forte queda do preço de commodities, especialmente energia, ocorrida ao longo de 2015 e início de 2016.

Nessa perspectiva, as políticas monetárias mantiveram-se expansionistas na Área do Euro e no Japão e passaram a uma postura um pouco menos acomodativa nos EUA, onde a taxa básica de juros aumentou em dezembro. Talvez um elemento novo no quadro da política econômica seja a postura um pouco menos rígida da política fiscal nesses países ou regiões. Parece ter se formado um consenso de que a política monetária teria atingido seu limite, em termos do uso de instrumentos quantitativos, e que caberia à política fiscal agora aumentar sua contribuição para sustentar uma recuperação ainda percebida como frágil.

Não obstante a evolução relativamente favorável da economia mundial, choques de natureza política têm impactado de forma negativa os mercados financeiros e os fluxos internacionais de capital. Especificamente, a eleição de Donald Trump nos EUA trouxe incertezas do ponto de vista da política econômica interna, assim como pelas implicações geopolíticas das posições assumidas pelo candidato durante as eleições. As taxas de juros de longo prazo aumentaram significativamente após as eleições, refletindo a expectativa de um aumento do déficit fiscal num contexto em que a economia americana já se encontra próxima do pleno emprego. Na Europa, a derrota do governo no referendo na Itália parece ter reforçado a posição dos “eurocéticos”, após o Brexit do final de junho. A consequência tem sido a valorização do dólar no mercado internacional, especialmente contra o Euro.

Acesse o texto completo

Acesse os textos completos de todas as seções já divulgadas da Carta de Conjuntura Nº 33 no portal do Ipea



------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Economia Mundial

Carta de Conjuntura Nº 31

Por Paulo Mansur Levy

A economia mundial apresentou um cenário relativamente neutro ao longo dos últimos dois meses. Do ponto de vista do crescimento e da atividade econômica, o quadro é de recuperação moderada nos EUA vis-à-vis o fraco desempenho do primeiro trimestre; de manutenção de uma trajetória de expansão também moderada na Área do Euro; e de incertezas na China. Os países desenvolvidos, talvez à exceção dos EUA, ainda se deparam com pressões deflacionárias relevantes e suas políticas monetárias têm se mantido expansionistas ou neutras, o mesmo acontecendo com as políticas fiscais.

Nos EUA, os dados de crescimento do primeiro trimestre foram revistos de 0,5% na primeira estimativa para 1,1% na variação trimestral dessazonalizada e anualizada. Os dados do segundo trimestre já disponíveis apontam para uma aceleração dessa taxa, para o intervalo entre 2,5% e 3%, mas os dados relativos à atividade econômica têm se mostrado bastante voláteis. A expectativa de aceleração do crescimento norte-americano, ainda que modesta, decorre principalmente do comportamento do consumo das famílias e do setor de construção residencial, enquanto os investimentos não-residenciais registraram forte queda no primeiro trimestre, sem apresentar perspectiva mais sólida de recuperação a curto prazo. Na Área do Euro, a recuperação do crescimento manteve o ritmo moderado do ano passado e, além disso, recebeu novos estímulos a partir da reafirmação pelo Banco Central Europeu da política monetária expansionista. Não obstante, a inflação permanece extremamente baixa, colocando em questão a sustentabilidade do processo, ­— ainda mais diante da perspectiva de saída do Reino Unido da União Europeia, como comentado a seguir. Na China, por seu turno, as perspectivas para a atividade econômica voltaram a ficar nubladas em maio, após uma sinalização positiva em abril. A forte desaceleração dos investimentos voltou a colocar em destaque as dificuldades de uma convergência gradual e controlada do crescimento, especialmente pelo efeito do elevado endividamento acumulado pelas empresas e governos locais nos últimos anos.

Do ponto de vista dos mercados financeiros, a tensão aumentou ao longo de maio e junho com a aproximação da data do plebiscito, que acabou por decidir pela saída do Reino Unido da União Europeia. Na perspectiva dos países emergentes, a aversão ao risco e, por consequência, os fluxos de capital, foram afetados pelo Brexit desde o início de junho, mas, ao longo de abril e maio, ambos foram relativamente favoráveis a esses países. Destaca-se a valorização das moedas nacionais e a continuidade da recuperação dos preços de commodities, seja pelo quadro geral ligeiramente mais positivo em comparação ao início do ano, seja por fatores específicos, em particular o efeito de condições climáticas potencialmente adversas sobre os preços de produtos agrícolas.

A perspectiva da saída do Reino Unido da União Europeia, mesmo que prevista para ocorrer em dois anos e em condições ainda a serem definidas, trouxe novas incertezas aos mercados, que desde o plebiscito têm se mostrado bastante voláteis. Espera-se que o próprio Reino Unido seja o principal país a ser negativamente afetado pela decisão, tanto pelo canal do comércio internacional quanto pelo dos fluxos de capital, vindo em segundo lugar os países da União Europeia. Alguma instabilidade já pode ser observada no mercado financeiro britânico, ensejando a reação do Banco da Inglaterra, no sentido de aliviar medidas de natureza regulatória que estavam sendo implantadas.  Na medida em que os efeitos do Brexit forem combatidos por políticas ainda mais expansionistas nos países desenvolvidos, isso pode eventualmente favorecer os países emergentes. Assim, por exemplo, com a percepção de que o cenário de incertezas levará a uma postura mais cautelosa pelo Federal Reserve, a taxa de juros do título do Tesouro norte-americano de 10 anos caiu de 1,73% ao ano na véspera do plebiscito para 1,4% ao ano no início de julho, indicando que a liquidez internacional tende a se manter elevada.

Acesse o texto completo



------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------