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Demanda interna por bens industriais volta a crescer na comparação internual

Por Leonardo Mello de Carvalho

O Indicador Ipea de Consumo Aparente de Bens Industriais – definido como produção industrial doméstica acrescida das importações e diminuída das exportações – recuou 0,7% na comparação entre fevereiro e janeiro, na série com ajuste sazonal (ver tabela). Já na comparação com fevereiro de 2016, o crescimento de 0,4% representou o terceiro resultado positivo seguido. Por sua vez, a taxa acumulada em 12 meses voltou a desacelerar seu ritmo de queda, passando de -6,9% para -5,9%. Quando comparado à produção doméstica, medida pela Pesquisa Industrial Mensal de Produção Física (PIM-PF), cuja taxa ficou em -4,7%, este resultado continua sugerindo um escoamento líquido para o setor externo. Nessa mesma base de comparação, enquanto o volume importado de bens industriais diminuiu 5,7%, as exportações acumularam alta de 3,6% nos 12 meses terminados em fevereiro de 2017.

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Considerando-se o consumo aparente por grandes categorias econômicas, a comparação entre os meses de fevereiro e janeiro, na série dessazonalizada, mostrou resultados heterogêneos. Por um lado, os destaques positivos ficaram com as categorias bens de capital e bens de consumo duráveis, que avançaram 8,9% e 3,1% na margem, respectivamente. Por outro, o setor de bens intermediários registrou queda de 2,2% na margem. Este resultado reverteu parte do crescimento acumulado nos três meses anteriores, que foi de 4,3%. Na comparação com o mesmo período do ano anterior, à exceção da categoria bens de consumo semi e não duráveis, todas apresentaram variação positiva, com destaque para o setor de bens de consumo duráveis, que teve alta de 5,1% sobre fevereiro de 2016.

Com relação às classes de produção, a queda de 0,7% verificada em fevereiro votou a ser explicada pelo mau desempenho da extrativa mineral, que recuou expressivos 9,2% sobre o período anterior. Já a indústria de transformação registrou avanço de 0,2% na mesma base de comparação. Entre as atividades, verificou-se crescimento em apenas nove de um total de 22 atividades, o que levou o índice de difusão para 41%. Entre as atividades com maior peso, contribuíram positivamente a fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias, com alta de 5,2% na margem, e a fabricação de máquinas e equipamentos, que registrou expansão de 8,3%. No sentido contrário, a metalurgia contribuiu negativamente para o resultado na margem, recuando 3,3% ante o mês de janeiro. Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, o grau de disseminação segue aumentando, e doze atividades registraram variação positiva ante fevereiro de 2016, com destaque também para a fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias (+18,6%). Em relação ao resultado acumulado em 12 meses, a fabricação de produtos químicos continua sendo o único setor a registrar variação positiva (+0,7%). No entanto, algumas atividades já se aproximam de um resultado neutro nessa base de comparação, como é o caso dos setores de produtos de madeira (-0,3%), bebidas (-0,2%) e têxteis (-0,1%).

Acesse aqui a planilha completa com os dados do Indicador Ipea de consumo aparente de bens industriais de fevereiro de 2017



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Demanda interna por bens industriais melhora no último mês de 2016

Por Leonardo Mello de Carvalho

Embora o cenário de contração da demanda interna ainda persista, o comportamento dos indicadores de consumo aparente (CA) da indústria – definido como produção industrial doméstica, acrescida das importações e diminuída das exportações[1] – tem apresentado sinais de melhora nos últimos meses. A oferta final de bens industriais (CA) avançou expressivos 4,6% na comparação entre dezembro e novembro de 2016, na série com ajuste sazonal, mais do que compensando a perda acumulada entre julho e novembro do ano passado (-4,1%). Além disso, o crescimento de 5,4% sobre dezembro de 2015 interrompeu uma longa sequência de 32 resultados negativos. Já no acumulado do ano, o consumo aparente da indústria geral encerrou 2016 com retração de 8,5% (ver tabela). Na mesma base de comparação, a produção doméstica, medida pela Pesquisa Industrial Mensal de Produção Física (PIM-PF), acumulou queda de 6,6%, evidenciando que o comércio exterior de produtos industriais – seja sob a forma de maiores exportações ou de substituição de importações – contribuiu para amortecer o efeito da demanda deprimida sobre a produção. Enquanto o volume importado de bens industriais diminuiu 12,4% em 2016, as exportações acumularam alta de 4,5%.

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Considerando-se o consumo aparente por grandes categorias econômicas, com exceção do setor de bens de consumo duráveis, que recuou 1,0%, todos os demais avançaram entre os meses de novembro e dezembro, na série dessazonalizada. O destaque positivo ficou por conta do setor de bens de investimentos, revertendo a forte queda registrada no período anterior, em grande medida provocada pela contribuição negativa proveniente da exportação de uma plataforma de petróleo em novembro. Nas comparações contra o mesmo período do ano anterior, os resultados em termos do comportamento das categorias de uso foram similares aos da comparação mensal dessazonalizada. Enquanto as categorias bens de capital e bens intermediários foram os destaques, com altas de 20,2% e 4,0%, respectivamente, os bens de consumo duráveis exibiram variação negativa contra dezembro de 2015 (-4,6%). No acumulado em 12 meses, porém, as quedas voltaram a ser generalizadas.

Com relação às classes de produção, o consumo aparente da indústria de transformação avançou 2,2% em dezembro ante o mês imediatamente anterior, na série com ajuste sazonal. A expansão foi relativamente disseminada, verificando-se crescimento em 13 de um total de 22 atividades, o que levou o índice de difusão[2] para 59,0%. Entre as atividades com maior peso, contribuíram positivamente a fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias, com alta de 5,4% na margem, e a fabricação de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos, que registrou expansão de 7,5%. No entanto, a fabricação de produtos alimentícios contribuiu negativamente para o resultado na margem, recuando 5,7% ante o mês de novembro. Em relação ao resultado acumulado no ano, a queda foi generalizada. A exceção ficou por conta da fabricação de produtos químicos, único setor a registrar variação positiva nessa base de comparação (+0,8%)[3].

[1] http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=25722&Itemid=383

[2] O índice de difusão mede a porcentagem das atividades que compõem a indústria de transformação, que apresentou aumento na comparação com o período anterior, após ajuste sazonal.

[3] A partir desta publicação, o Ipea passará a disponibilizar as séries históricas mensais referentes ao Consumo Aparente de bens industriais desagregados por setor CNAE 2.0.

Acesse aqui a planilha da série histórica dos indicadores de consumo aparente da indústria

Acesse a planilha dos indicadores de consumo aparente da indústria relativos a dezembro



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Indicador de Consumo Aparente Industrial – novembro de 2016

Por Leonardo Mello de Carvalho

Cenário de recessão segue restringindo a demanda interna por bens industriais

O cenário de contração da demanda interna segue se refletindo no comportamento dos indicadores de consumo aparente (CA) da indústria, definidos como sendo o volume da produção industrial doméstica, acrescida do quantum das importações e diminuída do quantum das exportações. Além da forte queda da produção até novembro de 2016, a oferta final de bens industriais na economia brasileira (outra definição possível para os indicadores de CA) tem sido negativamente afetada pelo desempenho do comércio exterior.

Enquanto a trajetória das importações segue negativa, a recuperação exibida pelo setor exportador, em termos das quantidades vendidas ao longo de 2016 também vem contribuindo para a redução do consumo aparente. Se, por um lado, o fraco desempenho do CA de bens industriais evidencia os efeitos negativos da recessão sobre a demanda interna, por outro, o ajuste do setor externo normalmente associado a cenários envolvendo deterioração da atividade econômica e movimentos defasados de desvalorização cambial tem ocorrido como esperado.

Neste contexto, a oferta final de bens industriais (CA) recuou 1,5% na comparação entre novembro e outubro, na série com ajuste sazonal, deixando um carry-over de -2,2% para o último trimestre do ano. Por sua vez, este resultado implicaria uma queda de 10,0% no acumulado de 2016, muito superior à queda estimada para a produção, de 6,7%, segundo o boletim Focus mais recente.

Ainda que a produção industrial doméstica tenha crescido na margem em novembro, o desempenho do comércio exterior contribuiu negativamente para o consumo aparente, tendo havido queda de -4,6% nas importações de bens industriais e um robusto crescimento de 21% das exportações (impulsionadas pela venda de uma plataforma de petróleo). Já na comparação com novembro de 2015, a queda de 6,8% registrada pelo consumo aparente da indústria geral representou a 33ª variação negativa seguida. No acumulado do ano, a contribuição negativa do comércio exterior fica mais evidente. Enquanto a produção doméstica registrou queda de 6,6%, o consumo aparente retraiu-se 10,2%, na mesma base de comparação. Por sua vez, a taxa de crescimento em 12 meses chegou a -10,9% (veja a tabela).

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Considerando-se o consumo aparente por grandes categorias econômicas, com exceção do setor de bens de capital, que recuou 4,3%, todos os demais avançaram entre os meses de outubro e novembro, na série dessazonalizada. Conforme comentado na publicação do Indicador Ipea de FBCF, por trás da queda no setor de bens de investimento está a forte contribuição negativa proveniente da exportação de uma plataforma de petróleo no período. No acumulado do ano, o setor registra queda de 19,0%. Nesta base de comparação, as exportações líquidas também contribuíram para reduzir o CA. Enquanto a produção doméstica retraiu-se 15,3%, o volume exportado registrou alta expressiva de 36,5%. Em direção contrária, o total importado recuou 19,6%.

O destaque positivo referente ao resultado de novembro ficou por conta da categoria bens de consumo duráveis, que apresentou alta de 2,7% na margem. Apesar disso, o setor exibe o pior resultado no acumulado do ano, com retração de 20,6%. Assim como na categoria  bens de capital, o setor de duráveis registrou forte elevação do volume exportado ao longo de 2016, que avançou 27,5% nesta base de comparação. Por sua vez, as importações de duráveis retraíram-se 38,3%. Ainda no comparativo acumulado no ano, o consumo aparente do setor de bens de consumo semi e não duráveis registrou o melhor resultado entre as grandes categorias, com queda de 3,8%.

O CA de bens de consumo como um todo registrou em novembro o terceiro crescimento consecutivo na comparação mensal dessazonalizada, acumulando variação de 4,3% desde agosto. Por fim, a categoria de uso de bens intermediários cresceu 0,9% na passagem entre outubro e novembro, na série com ajuste sazonal. Acumulando no ano uma queda de 6,5% da produção doméstica, o setor sofreu um impacto relativamente menor do comércio exterior sobre o resultado do seu consumo aparente, que registrou queda de 8,7% no mesmo período. Enquanto as exportações cresceram 2,2%, as importações apresentaram recuo 11,8%.

Acesse aqui a planilha completa com os dados de Consumo Aparente Industrial novembro de 2016.



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