Todos os posts de José Ronaldo de Castro Souza Júnior

Análise e Projeções de Inflação

Por Maria Andréia P. Lameiras e Marcelo L. de Moraes

Os dados mais recentes revelam que o cenário inflacionário no país segue bastante pressionado, de modo que, nos últimos doze meses, terminados em outubro, a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumula alta de 10,7%. Nota-se, ainda, que essa aceleração da inflação vem sendo caracterizada por um aumento generalizado de preços, uma vez que os reajustes, inicialmente mais centrados nos bens e serviços administrados e nos alimentos no domicílio, estão se disseminando pelos demais segmentos da economia. Dentro desse contexto e levando-se em conta que a maior parte da alta inflacionária no ano já está contabilizada, as projeções de inflação do Grupo de Conjuntura do Ipea foram revistas para cima, de modo que as estimativas para o IPCA e para o INPC, em 2021, foram alteradas de 8,3% e 8,6% para 9,8% e 10,1%, respectivamente.

Para 2022, mesmo diante de um cenário que prevê desaceleração da inflação em todos os segmentos, há uma perspectiva de que o descompasso entre a oferta e a demanda de matérias-primas deva perdurar no primeiro trimestre. Além disso, o elevado nível da inflação corrente pode gerar algum tipo de inércia inflacionária na formação dos reajustes no próximo ano. Sendo assim, as previsões para o IPCA e o INPC também foram revistas para cima, avançando de 4,1% e 3,9% para 4,9% e 4,6%, respectivamente.

O recuo esperado da inflação, em 2022, está balizado na estimativa de acomodação dos preços do petróleo, ainda que em patamar elevado, combinada à baixa probabilidade de efeitos climáticos intensos e à projeção de um aumento de 7,8% da safra brasileira, que devem gerar uma pressão menor sobre combustíveis, energia elétrica e alimentos. Cabe notar que, apesar dos efeitos positivos sobre a demanda doméstica da retomada mais forte do mercado de trabalho e da implementação do Auxílio Brasil, as variações dos preços de bens e serviços no próximo ano devem ser atenuadas pela sinalização de continuidade da trajetória de alta dos juros. Ressalta-se, no entanto, que os riscos inflacionários, para o próximo ano, seguem associados, externamente, à possibilidade de novas acelerações de preços de commodities e, internamente, à percepção de alguma fragilidade fiscal, além da instabilidade política, oriunda do processo eleitoral, cujos efeitos podem desencadear um novo ciclo de desvalorização cambial.

Tabela 1_nota 15_nov21 Tabela 2_nota 15_nov21 Tabela 3_nota 15_nov21

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Boletim de expectativas – Novembro de 2021

 Por Estêvão Kopschitz Xavier Bastos

Este boletim apresenta uma compilação de expectativas para diversas variáveis econômicas, coletadas de diferentes fontes. Neste número, são apresentadas previsões para inflação, juros e produto interno bruto (PIB) brasileiros. As projeções de inflação para 2021 e 2022 vêm passando por seguidas revisões para cima e as referentes a 2023 e 2024 se alteraram também para mais, embora pouco, mantendo-se perto da meta. Os juros, sejam de prazos curtos, médios ou longos, têm passado também por elevações significativas, acompanhando a piora nas expectativas de inflação. O crescimento do PIB deste ano e do próximo tem sido revisto para baixo – o do ano que vem de forma especialmente significativa. O movimento tem influenciado as taxas de crescimento esperadas para 2023-2025, que também têm se reduzido. Este número do Boletim de Expectativas traz ainda as projeções do Focus/BCB para a desagregação do PIB pelo lado da oferta e da demanda.

 Gráficos 1 e 9

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Inflação por faixa de renda – Outubro/2021

Por Maria Andréia P. Lameiras

O Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda, apontou, em outubro, uma nova aceleração da inflação para todas as classes de renda pesquisadas. Os dados revelam ainda que a inflação foi mais acentuada para as famílias de renda muito baixa, cuja taxa de 1,35%, em outubro, ficou 0,15 ponto percentual (p.p.) acima da registrada no segmento de renda muito alta (1,20%). No ano, a maior pressão inflacionária ocorre nas faixas de renda média-baixa e muito baixa, com altas de 8,59% e 8,57%, respectivamente. Já nos últimos doze meses, embora haja uma aceleração generalizada da inflação, os três segmentos de menor renda são os que registram as maiores altas inflacionárias, com taxas superiores a 11,0%. No caso das famílias de renda muito baixa, a inflação acumulada em doze meses chega a 11,4%, mantendo-se bem acima da apurada na classe de renda mais alta (9,3%).

 Gráficos 1 e 2_out21 Tabela 1_out21

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Desempenho recente do mercado de crédito

Por Francisco E. de Luna A. Santos

Analisados em conjunto, os principais indicadores do Sistema Financeiro Nacional (SFN) sugerem cautela nas perspectivas para o mercado de crédito para 2021 e 2022. De um lado, os níveis de inadimplência permanecem bem comportados, ainda que algumas categorias específicas (como o caso do capital de giro rotativo para pessoas jurídicas e cartão de crédito no caso das pessoas físicas) apresentem tendência de alta. Por outro lado, apesar da estabilidade recente do comprometimento da renda, esta ocorreu em patamares historicamente altos. As taxas de juros cresceram e tendem a se elevar nos próximos meses, o que, aliado ao aumento da inflação, compromete a tomada de decisões por parte de tomadores de crédito, não ajudando também na oferta de crédito pelos bancos. Além disso, indicadores de crédito apontam para redução de prazo nas concessões de crédito. Do lado das concessões de crédito, há crescimento no segundo trimestre tanto em pessoa física (PF) quanto em pessoa jurídica (PJ). No entanto, há alguns sinais de alerta quanto ao tipo de modalidade de concessão, uma vez que há crescimento expressivo em algumas modalidades mais caras, com juros mais altos. Portanto, será importante observar com atenção os próximos dados a fim de avaliar o efeito do aumento de incertezas na economia, pois, apesar de o mercado de crédito mostrar resistência, não está imune às oscilações macroeconômicas.

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Indicadores mensais do mercado de trabalho

Por Maria Andreia Parente Lameiras e Marcos Dantas Hecksher

As estimativas próprias de dados mensais apresentadas nesta nota, feitas com base nos dados trimestrais da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), revelam que o processo de recuperação do mercado de trabalho brasileiro vem se consolidando nos últimos meses. Em agosto, a população ocupada (PO) no mercado de trabalho somava 91,6 milhões de pessoas, avançando 11,2% na comparação com o mesmo período do ano passado. Após o ajuste sazonal, observa-se que, em agosto, não só houve uma alta de 1,8% da ocupação na margem como também o contingente alcançado foi o maior registrado desde fevereiro de 2020. Como consequência desse quadro de melhora da PO, a taxa de desocupação recuou de 14,7% em agosto de 2020 para 12,8% em agosto de 2021.Gráficos 1 e 2 _Nota_out21

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Índice de Custo da Tecnologia da Informação (ICTI) – agosto de 2021

Por Maria Andreia Parente Lameiras

O Índice de Custo da Tecnologia da Informação (ICTI), calculado pelo Ipea, apresentou variação de 0,54% em agosto de 2021, situando-se 0,10 ponto percentual (p.p.) abaixo da taxa registrada no mês anterior. Na comparação com o mesmo mês de 2020, a variação foi 0,09 p.p. menor.

Com a incorporação desse resultado, o ICTI acumula variação de 7,81% nos últimos doze meses, mantendo-se em patamar abaixo dos registrados pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia (IBGE), pelo Índice de Preços por Atacado segundo Estágios de Processamento (IPA-EP), e pelo Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M), da Fundação Getulio
Vargas (FGV), como mostra a tabela 1.

Na desagregação entre os oito grupos de serviços que compõem o ICTI, observa-se que, no acumulado em doze meses, a maior contribuição veio do segmento de demais despesas operacionais, que contribuiu com 5,57 p.p., responsável por aproximadamente 71% da variação total apresentada pelo índice.

Tabela-1-_ago21

Tabela 2_ago21

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A gig economy no Brasil: uma abordagem inicial para o setor de transporte

Por Geraldo Góes,  Antony Firmino e Felipe Martins

Esta nota de conjuntura tem como objetivo propor uma abordagem metodológica que permita uma estimativa das pessoas ocupadas na Gig economy do setor de transporte no país. Antecipando brevemente os resultados, os dados indicam que, no Brasil, até 1,4 milhão de trabalhadores poderiam estar em alguma atividade de Gig economy no setor de transporte de passageiros e mercadorias. Isso indica que até 31,0% do total de pessoas ocupadas no setor de transporte, armazenagem e correios da PNAD Contínua estavam na Gig economy.

De modo geral, apesar de eventuais diferenças de níveis e intensidades, ambas as pesquisas (PNAD Contínua e PNAD Covid-19) mostraram um retrato similar para o período em que coexistem. A análise dos dados desse período (de maio a novembro de 2020) mostra duas importantes tendências: i) uma queda inicial do número de trabalhadores no transporte de passageiros, seguida por uma recuperação; e ii) um crescimento em meados de 2020, seguido por uma estabilização ao final de 2020 no setor de transporte de mercadorias. Ao observar o período mais longo disponível na PNAD Contínua (de 2016 até o segundo trimestre de 2021), nota-se uma explosão do número de trabalhadores no setor de transporte de mercadorias, com um crescimento de quase 1.000%. Quanto aos trabalhadores no setor de transporte de passageiros, tem-se um crescimento constante até o início de 2020, embora menos expressivo que o observado no transporte de mercadorias.

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A crise da Evergrande e as consequências para a mineração brasileira

Equipe da Diretoria de Estudos e Políticas Setoriais de Inovação e Infraestrutura (Diset)

A economia brasileira foi marcada, nos últimos vinte anos, pelo estreitamento dos laços comerciais com a China. De um parceiro de baixa relevância, a China alcançou o patamar de maior destino para nossas exportações e maior origem de nossas importações. A corrente de comércio entre as duas economias ultrapassou a marca de US$ 1 trilhão entre 1997 e 2020 (Mota e Santos, 2021). Pela ótica das exportações brasileiras, esse crescimento é devido ao consumo chinês de commodities agrícolas, minerais e combustíveis, e, nesse contexto, o minério de ferro foi grande protagonista.

A crise recente enfrentada pela Evergrande – segunda maior incorporadora imobiliária da China – acendeu alertas no mercado brasileiro. A construção civil sempre foi e ainda hoje é um dos motores centrais da economia chinesa, sendo um dos principais vetores de sua demanda por aço e ferro. As perspectivas de estouro de uma bolha imobiliária e uma possível crise econômico-financeira que venha a impactar as exportações brasileiras de ferro estão na ordem do dia.

Não obstante seu impacto imediato nos mercados globais, a crise da Evergrande constitui a face mais visível de um movimento mais amplo de ajustamento do setor imobiliário chinês diante de um ambiente cada vez mais restritivo na regulação de suas relações com o sistema financeiro local. Os impactos desse ajuste sobre os mercados de commodities vão além da demanda de curto prazo de insumos para a construção civil, pois refletem uma transformação mais profunda do próprio modelo de crescimento da economia chinesa. Assim, esta nota técnica não se limita a analisar as causas e consequências da crise da Evergrande, mas busca interpretá-la no contexto maior dos movimentos de médio prazo e longo prazo que influenciam os preços da principal commodity mineral exportada pelo Brasil.

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Indicador Ipea de FBCF – Julho de 2021 Com bom desempenho em todos os segmentos, investimentos avançam 2,2% em julho de 2021

Por Leonardo M. de Carvalho

O Indicador Ipea de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) aponta um avanço de 2,2% na comparação entre julho e junho de 2021, na série com ajuste sazonal. Com isso, o trimestre móvel terminado em julho registrou uma alta de 3,3%.Nas comparações com os mesmos períodos de 2020, enquanto julho apresentou uma expansão de 27,7%, o trimestre móvel cresceu 24,9%. No acumulado em doze meses, os investimentos apresentaram um crescimento de 16%.

Na comparação com o ajuste sazonal, o consumo aparente de máquinas e equipamentos – que corresponde à produção nacional destinada ao mercado interno acrescida às importações – apresentou um avanço de 3,9% em julho, encerrando o trimestre móvel com uma queda de 15,1%. De acordo com os seus componentes, enquanto a produção nacional de máquinas e equipamentos cresceu 18,7% em julho, a importação caiu 26,2% no mesmo período. No acumulado em doze meses, o investimento em máquinas e equipamentos registrou um aumento de 24,3%.

Os investimentos em construção civil, por sua vez, avançaram 3,7% na série dessazonalizada. Com esse resultado, que representou a quinta alta consecutiva na margem, o segmento registrou um crescimento de 13,6% no trimestre móvel.

Gráfico Tabela

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Visão Geral da Conjuntura

Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea

A recuperação da atividade econômica dos efeitos da pandemia continua ocorrendo de forma heterogênea. Por um lado, serviços e comércio têm se beneficiado da melhora das condições sanitárias. Por outro, a indústria apresenta resultados negativos em parte devido aos mesmos choques de oferta que afetam a inflação, como escassez de matérias-primas e custos de energia. O mercado de trabalho vem dando sinais positivos e já registra a menor taxa de desocupação dessazonalizada desde maio de 2020, mas ainda apresenta indicadores gerais em níveis desfavoráveis. As condições gerais do mercado de crédito têm mostrado estabilidade e será importante monitorar os efeitos do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nos próximos meses. Por fim, o setor externo tem apresentado desempenho positivo, com aumento das exportações e diminuição do deficit em transações correntes. Enquanto isso, a taxa de câmbio se mantém desvalorizada e volátil.

Nesse contexto, a previsão da Dimac/Ipea para o crescimento do PIB em 2021 permaneceu inalterada – ficando em 4,8%. Projetamos um crescimento interanual de 4,6% no terceiro trimestre e um avanço de 0,2% na margem. Pela ótica da produção, o destaque positivo no terceiro trimestre ficará por conta do PIB de serviços, que, impulsionado pela normalização dos níveis de mobilidade, deverá crescer 5,9% na comparação interanual, com avanço de 1,3% na margem. Pela ótica da despesa, o melhor desempenho será registrado pelo investimento, especialmente em máquinas de equipamentos, estimulado pelo crescimento da demanda na agricultura, nas indústrias extrativas e na construção civil. Prevemos expansão interanual de 15,8% no terceiro trimestre e de 13,3% no acumulado de 2021 para esse componente.

Com relação a 2022, nossa previsão para o crescimento acumulado do PIB foi revista de 2% para 1,8%. Essa redução se deve à dinâmica recente do cenário macroeconômico, com destaque para a persistência da inflação em patamar elevado – que impactou negativamente o poder de compra dos consumidores e provocou a necessidade de um aperto monetário maior que o esperado. Além disso, observou-se uma deterioração das condições financeiras das famílias, com o aumento de seu endividamento. Em contrapartida, alguns fatores contribuem para que a revisão da previsão para 2022 tenha sido pouco significativa, com destaque para o cenário de crescimento robusto do setor agropecuário e o aumento da disponibilidade de caixa dos governos estaduais – que poderá ser utilizado para ampliar os investimentos.

Tabela 4

No que diz respeito à inflação, para 2021 projetamos alta de 8,3% para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e de 8,6% para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Para 2022, espera-se desaceleração da taxa de crescimento dos preços, com a inflação medida pelo IPCA encerrando o ano em 4,1%, levemente acima dos 3,9% estimados para o INPC.

Tabela 5

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