Retrato dos rendimentos do trabalho – resultados da PNAD Contínua do quarto trimestre de 2022

Por Sandro Sacchet de Carvalho

Os rendimentos habituais reais médios apresentaram aumento de 8,3% no quatro trimestre de 2022 em comparação com o mesmo período de 2021, confirmando a recuperação da renda observada ao longo do ano. A renda média habitual real de R$ 2.808, registrada no quatro trimestre de 2022, aproxima-se dos níveis observados em dezembro de 2019, imediatamente anterior à pandemia. Estimativas mensais mostram que o rendimento habitual médio real em dezembro (R$ 2.856) foi 0,2% maior que o observado no mês anterior (R$2.851) e 2,6% maior que o registrado em setembro de 2022 (R$2.784). A renda efetiva também cresceu 9,4% na comparação interanual, mas ainda está 1% menor que a apontada no quarto trimestre de 2019.

Por grupos demográficos, os maiores aumentos na renda na comparação com o mesmo período do ano passado foram registrados no Centro-Oeste e no Norte, entre os trabalhadores jovens adultos (entre 25 e 39 anos) e com ensinos fundamental e médio incompletos. Nenhum grupo demográfico de trabalhador apresentou queda na renda, mas o crescimento foi menor para os que habitam no Nordeste, os adultos (entre 40 e 59 anos), aqueles com ensino fundamental completo e os chefes de família.

Na análise por tipo de vínculo, revela-se que a menor recuperação dos rendimentos no quarto trimestre de 2022 foi encontrado nos trabalhadores do setor público, com elevação da renda habitual e efetiva de 1,9% e 1,5% respectivamente. Os trabalhadores do setor privado com carteira apresentaram elevação da renda no quarto trimestre de 2022 (cerca de 6,2% da renda habitual). Por sua vez, foram os trabalhadores informais os que apresentaram o maior aumento da renda efetiva, com acréscimo de 12,3% para os trabalhadores por conta própria e de 12% para os sem carteira. Isso se reflete no comportamento da renda por setor de atividade: Os setores mais informais, mais atingidos pela pandemia, são os que agora mostram crescimento da renda (agricultura, transporte, construção, serviços pessoais e coletivos e alojamento e alimentação), ao passo que setores mais formais, como administração púbica, educação e saúde e indústria, apresentaram menor elevação da renda habitual ou efetiva.

Após o pico de desigualdade causado pela pandemia, o índice de Gini se reduziu continuamente até o primeiro trimestre de 2022. O segundo trimestre de 2022 apresentou uma reversão da queda da desigualdade da renda observada, que continuou no terceiro trimestre. No último trimestre de 2022, observou-se uma estabilidade no índice da renda domiciliar e ligeira queda do índice da renda individual de 0,494 para 0,493.

Acesse o texto completo



------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Fale com o autor

O seu endereço de email não será publicado Campos obrigatórios são marcados *