Retrato dos rendimentos do trabalho – resultados da PNAD Contínua do terceiro trimestre de 2022

Por Sandro Sacchet de Carvalho

Os rendimentos habituais reais médios apresentaram aumento de 2,5% no terceiro trimestre de 2022 em comparação com o mesmo período de 2021, configurando o primeiro trimestre de crescimento interanual na renda desde o primeiro trimestre de 2020. A renda média habitual real de R$ 2.737, registrada no terceiro trimestre de 2022, ainda encontra-se abaixo dos níveis observados antes da pandemia, mas já alcança os níveis registrados em 2017. Estimativas mensais mostram que o rendimento habitual médio real em setembro (R$ 2.734) foi 1,5% maior que o observado no mês anterior (R$ 2.693) e 6,2% maior que o registrado em dezembro de 2021 (R$ 2.574). A renda efetiva também cresceu 2,5% na comparação interanual, mas ainda está 2% menor que a apontada no terceiro trimestre de 2019.

Por grupos demográficos, os maiores aumentos na renda na comparação com o mesmo período do ano passado foram registrados no Centro-Oeste e no Norte, entre os trabalhadores jovens adultos (entre 25 e 39 anos) e com ensinos fundamental e médio incompletos. Nenhum grupo demográfico de trabalhador apresentou queda na renda, mas o crescimento foi menor para os que habitam no Sudeste, os jovens, aqueles com ensino superior e os chefes de família.

Na análise por tipo de vínculo, revela-se que o pior impacto da queda nos rendimentos no terceiro trimestre de 2022 foi encontrado nos trabalhadores do setor público, com quedas da renda habitual e efetiva de 2,3% e 3% respectivamente. Os trabalhadores do setor privado com carteira apresentaram elevação da renda no terceiro trimestre de 2022 (cerca de 1,6% da renda habitual). Por sua vez, foram os trabalhadores informais os que apresentaram o maior aumento da renda efetiva, com acréscimo de 5,4% para os trabalhadores por conta própria e de 4,9% para os sem carteira. Isso se reflete no comportamento da renda por setor de atividade: os setores mais informais, mais atingidos pela pandemia, são os que agora mostram crescimento da renda (agricultura, transporte, construção, serviços pessoais e coletivos e alojamento e alimentação), ao passo que setores mais formais, como administração púbica, educação e saúde e indústria, continuam apresentando uma queda da renda habitual ou efetiva.

Após o pico de desigualdade causado pela pandemia, o índice de Gini se reduziu continuamente até o primeiro trimestre de 2022. O segundo trimestre de 2022 apresentou uma reversão da queda da desigualdade da renda observada, que continuou no terceiro trimestre, tendo o índice de Gini da renda domiciliar subido de 0,510 no primeiro trimestre para 0,519 no terceiro e o da renda individual passado de 0,481 para 0,494.​

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