Desempenho do PIB no terceiro trimestre de 2022

Por Leonardo Mello de Carvalho e Estêvão Kopschitz Xavier Bastos

O PIB avançou 0,4% no terceiro trimestre de 2022, na comparação com o trimestre anterior, já livre de efeitos sazonais, e 3,6% na comparação interanual, de acordo com o IBGE. Com o ajuste realizado em função da divulgação das Contas Nacionais Anuais referentes a 2020, que implicou a atualização de pesos e a incorporação de novas informações, os quatro trimestres de 2021, assim como os dois primeiros de 2022, foram reestimados. Com isso, o resultado acumulado em quatro trimestres para 2021 foi majorado de 4,6% para 5%. Em relação a 2022, na comparação com o mesmo período do ano anterior, os resultados do primeiro e segundo trimestres sofreram revisão para cima, passando de 1,7% para 2,4% e de 3,2% para 3,7%, respectivamente; o crescimento acumulado no ano no primeiro semestre passou de 2,5% para 3,1%. Nas comparações sobre o período imediatamente anterior, enquanto o primeiro trimestre aumentou de 1,1% para 1,3%, o segundo foi reduzido de 1,2% para 1%. Com isso, o carry-over para 2022 ficou em 3,1% – ou seja, caso permaneça estagnado no último trimestre, o PIB fechará o ano com alta de 3,1%. Em relação ao último trimestre de 2019, período imediatamente anterior ao início da crise causada pela pandemia de covid-19, o PIB encontra-se em patamar 4,5% superior.

Em relação à ótica da produção, o PIB da agropecuária voltou a apresentar o desempenho mais modesto, com recuo de 0,9% na margem e alta de 3,2% na comparação interanual. Já o setor de serviços foi o destaque positivo no terceiro trimestre. Desde a normalização dos níveis de mobilidade urbana, o setor segue mantendo forte ritmo de recuperação. Menos afetado pelo aumento das taxas de juros, o consumo de serviços pelas famílias tem sido estimulado não somente por uma demanda reprimida, mas também pela melhora nos indicadores do mercado de trabalho. Além disso, a evolução dos seus preços tem sido mais benigna, vis-à-vis os preços dos bens, gerando efeitos de substituição. O resultado registrado no terceiro trimestre, com altas de 1,1% na margem e 4,5% em termos anuais, ficou acima da nossa projeção, que era de 0,8% e 3,9%, respectivamente. Por fim, o setor industrial registrou a terceira alta consecutiva na comparação dessazonalizada. O crescimento de 0,8% na margem desacelerou em relação ao observado no segundo trimestre (1,7%), ficando um pouco acima da nossa previsão, que era de 0,5%. Embora os gargalos relacionados à oferta de insumos estejam diminuindo, a atividade do setor, por ser mais sensível aos efeitos da política monetária, tem demonstrado algum arrefecimento.

Pela ótica da despesa, o destaque positivo ficou novamente por conta da FBCF, que registrou altas de 2,8% na margem e de 5% na comparação interanual. Este resultado, que superou nossas previsões (1,4% e 3,1%, respectivamente), foi explicado pelo bom desempenho da construção civil, pelo consumo aparente de máquinas e equipamentos, particularmente a produção interna e as importações, e pela demanda por softwares. Já o consumo das famílias desacelerou na passagem entre o segundo e terceiro trimestres, afetado pela perda de fôlego no comércio de bens. Na comparação com ajuste sazonal, o avanço de 1% sucedeu uma alta de 2,1%, sendo esta a quinta variação positiva seguida. Por fim, as exportações líquidas registraram contribuição negativa para o resultado do terceiro trimestre, seja na comparação com ajuste sazonal, seja em termos interanuais, refletindo o crescimento da absorção interna acima do registrado pelo PIB – de 1,4% sobre o segundo trimestre deste ano e de 3,9% sobre o terceiro do ano passado.

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