Desempenho do PIB no quarto trimestre de 2021

Por Leonardo Mello de Carvalho e José Ronaldo de C. Souza Júnior

O PIB avançou 4,6% em 2021, taxa 0,1 ponto percentual (p.p.) acima da previsão divulgada em dezembro do ano passado, na Nota de Conjuntura no 53. No quarto trimestre de 2021, o PIB cresceu 0,5%, na comparação com o trimestre anterior com ajuste sazonal, e 1,6% na comparação interanual – de acordo com o IBGE. O resultado veio um acima da nossa previsão divulgada em dezembro do ano passado de 1% na comparação interanual e de 0,1% na margem. Na comparação com o último trimestre de 2019, antes da crise causada pela pandemia de covid-19, o PIB apresentou uma alta de 0,5%. O resultado do quarto trimestre deixa o carry-over de 0,3% para 2022 –, ou seja, caso permaneça estagnado nos quatro trimestres de 2022, o PIB fecharia o ano com alta de 0,3%.

Em relação à ótica da produção, os resultados, na comparação com o terceiro trimestre, já descontados os efeitos sazonais, foram heterogêneos. O destaque positivo ficou por conta da agropecuária, que registrou crescimento de 5,8% na margem. Ainda assim, o setor encerrou o ano de 2021 com retração de 0,2%. O setor de serviços, embora tenha continuado a ser estimulado pela normalização dos índices de mobilidade urbana, apresentou uma desaceleração em relação ao resultado do terceiro trimestre, cujo ritmo de crescimento caiu de 1,2% para 0,5%. As atividades associadas aos serviços de informação e comunicação e outros serviços foram alguns dos destaques positivos. Após registrar uma queda de 4,3% em 2020, o setor encerrou 2021 com crescimento de 4,7%. Já o setor industrial, ainda impactado negativamente por fatores como a alta do custo de energia e os problemas relacionados à cadeia mundial de fornecimento de insumos, registrou a terceira queda trimestral consecutiva na margem, com recuo de 1,2%. O fraco desempenho no quarto trimestre foi bastante disseminado pelos segmentos industriais. Com exceção da atividade de construção, que avançou 1,5%, todos os demais segmentos registraram queda. Apesar disso, o setor industrial encerrou o ano de 2021 com alta de 4,5%.

Pela ótica da despesa, por sua vez, o destaque ficou por conta do consumo das famílias, que registrou alta de 0,7% na comparação dessazonalizada, a segunda consecutiva na margem. Com isso, acumulou crescimento de 3,6% em 2021. O consumo do governo também contribuiu positivamente no quarto trimestre, com avanço de 0,8% na margem. A FBCF, por sua vez, avançou 0,4% no quarto trimestre, encerrando o ano com uma forte alta de 17,2%. O bom desempenho reflete o crescimento de todos os seus componentes, com destaque para a demanda de máquinas e equipamentos, que apresentou alta de 23,6% em 2021. O resultado do quarto trimestre levou a taxa de investimento a passar de 18,4% para 19% na comparação interanual. Por fim, as exportações líquidas registraram contribuição ligeiramente negativa para o resultado interanual do quarto trimestre, refletindo um crescimento da absorção doméstica (2%) acima do registrado pelo PIB. No acumulado em quatro trimestres, o vazamento externo foi mais significativo, com as exportações crescendo 5,8%, enquanto as importações aumentaram 12,4%.

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