Análise e Projeções de Inflação

Por Maria Andréia P. Lameiras e Marcelo Lima de Moraes

Embora o cenário prospectivo para a inflação brasileira, em 2022, esteja marcado por uma forte desaceleração dos principais índices de preços, o surgimento de novos fatores de pressão, corroborados pelos dados mais recentes, indica que este recuo deve ser menos acentuado que o projetado incialmente. Por um lado, o comportamento menos favorável dos preços dos alimentos e dos bens de consumo, deve se manter nos próximos meses, constituindo-se no principal fator de limitação a uma desaceleração mais intensa da inflação no ano. Por outro, a nova aceleração dos preços do petróleo e a constatação de um déficit maior nas empresas do setor elétrico sinalizam aumentos mais significativos das tarifas de energia e dos preços dos combustíveis, limitando ainda mais o processo de desinflação em 2022.

Desta forma, tendo por base as circunstâncias atuais, que combinam inflação corrente elevada, pressões persistentes de commodities, cadeias produtivas desreguladas e contribuições climáticas menos favoráveis, a projeção de inflação do Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea para o IPCA, em 2022, foi revista para cima, passando de 4,9% para 5,6%. Além de uma revisão mais intensa dos alimentos no domicílio e dos bens livres, cujas previsões avançaram de 4,5% e 3,7% para 6,1% e 5,0%, respectivamente, a inflação estimada para os preços monitorados passou de 5,4% para 6,0%. No caso dos serviços livres e da educação, as estimativas de 5,2% e 7,9% foram mantidas, tendo em vista que seguem vigentes as condições utilizadas para a projeção anterior, ou seja, crescimento econômico moderado e recuperação gradual do mercado de trabalho, impedindo uma retomada mais forte da demanda interna. Analogamente, a projeção do Grupo de Conjuntura da Dimac para a variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), em 2022, também foi revista para cima, passando de 4,6% para 5,5%.

Deve-se ressaltar ainda que não estão descartados riscos inflacionários adicionais, que podem limitar ainda mais a desinflação no ano. Pelo lado da economia mundial, o agravamento das tensões entre Rússia e Ucrânia pode gerar uma alta mais acentuada das commodities, especialmente do petróleo e do gás; internamente, as incertezas em relação à política fiscal, que podem se intensificar devido às discussões inerentes ao processo eleitoral, podem ter impactos negativos na taxa de câmbio.

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