Recuperação econômica e fechamento gradual do hiato Um exercício de consistência de médio e longo prazos

Por José Ronaldo de C. Souza Júnior e Fabio Giambiagi

Texto para discussão do Ipea analisa qual pode ser a trajetória da economia brasileira ao longo da década de 2020, particularmente na transição entre o período atual, de ociosidade da economia, e um período em que o aumento da capacidade de oferta pode voltar a ser determinante para o crescimento. Partindo do contexto criado pela recessão de 2020 causada pela pandemia do coronavírus – que resultou na ampliação do hiato do PIB – e de uma discussão acerca das limitações que condicionarão o desempenho futuro da economia, apresenta-se o cenário traçado, explicando a sua lógica, os determinantes e as premissas adotadas. Isto posto, explicamos por que o padrão de recuperação do PIB potencial esperado para os próximos anos difere do verificado em ocasiões anteriores. Os números apresentados sugerem que o Brasil terá uma expansão modesta do PIB potencial no início da projeção, mas o crescimento da variável poderá se firmar progressivamente, com o aumento gradual da taxa de investimento e do crescimento da produtividade. Não obstante o baixo crescimento inicial do PIB potencial, o grau de ociosidade existente permitiria um crescimento médio do PIB da ordem de 2,5% ao ano (a.a.) entre o ano-base de 2021 e o final da década – considerado o cenário proposto no artigo. Nesse cenário, o país chegaria ao final da década com uma taxa de investimento de mais de 22% do PIB. Assim, se o país conseguir enfrentar o desafio fiscal e implementar reformas que melhorem a produtividade, as perspectivas para a década serão bastante promissoras, depois da década extremamente negativa de 2010-2020.

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