Mercado de trabalho

Carta de Conjuntura nº 34

Por Maria Andréia Parente Lameiras e Sandro Sacchet de Carvalho

Esta seção da Carta de Conjuntura traz uma análise inédita do mercado de trabalho baseada, especialmente, nos microdados por trabalhador da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) trimestral. Os dados desagregados mostram com mais clareza o que está por trás dos números agregados da taxa de desemprego e permitem uma avaliação mais qualificada da conjuntura.

De acordo com a PNADC, a População Economicamente Ativa (PEA) apresentou alta de 1,4% em 2016, pressionada pelo comportamento dos declarados “não chefes de família”, em que a variação de 2,7% no período reflete o ingresso de um ou mais membros do domicílio na força de trabalho, a fim de recompor a renda familiar perdida com o agravamento da recessão. Na desagregação por faixa etária, nota-se que, enquanto o número de jovens de 14 a 24 anos ocupados recuou 8,4% em 2016, o contingente dos trabalhadores com mais de 59 anos cresceu 1,1%, sendo o único segmento a apresentar variação positiva no ano passado. De forma similar, a análise por nível de escolaridade revela que as maiores contrações do nível de emprego ocorrem nas duas faixas que abarcam os trabalhadores com menor grau de instrução, enquanto o conjunto de trabalhadores com o ensino superior registra expansão, indicando que, mesmo durante o período mais grave da crise, a economia brasileira conseguiu gerar postos de trabalho destinados a pessoas com maior qualificação. Adicionalmente, os dados evidenciam que, como forma de manter seus rendimentos, grande parte dos trabalhadores com maior escolaridade que perderam seus empregos partiram para o empreendedorismo se tornando “por conta própria”.

Apesar do aumento da ocupação entre os mais idosos e os mais escolarizados, a taxa de desemprego nesses segmentos também aumentou muito – devido ao crescimento mais elevado da PEA. A análise desagregada revela que a força de trabalho brasileira está modificando o seu perfil, tornando-se mais idosa e instruída. Se, no primeiro caso, este fenômeno é decorrente da acelerada transição demográfica brasileira, o segundo caso reflete uma série de políticas de aumento do acesso à educação iniciadas na década de 1990.

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