Indicador de Consumo Aparente Industrial – novembro de 2016

Por Leonardo Mello de Carvalho

Cenário de recessão segue restringindo a demanda interna por bens industriais

O cenário de contração da demanda interna segue se refletindo no comportamento dos indicadores de consumo aparente (CA) da indústria, definidos como sendo o volume da produção industrial doméstica, acrescida do quantum das importações e diminuída do quantum das exportações. Além da forte queda da produção até novembro de 2016, a oferta final de bens industriais na economia brasileira (outra definição possível para os indicadores de CA) tem sido negativamente afetada pelo desempenho do comércio exterior.

Enquanto a trajetória das importações segue negativa, a recuperação exibida pelo setor exportador, em termos das quantidades vendidas ao longo de 2016 também vem contribuindo para a redução do consumo aparente. Se, por um lado, o fraco desempenho do CA de bens industriais evidencia os efeitos negativos da recessão sobre a demanda interna, por outro, o ajuste do setor externo normalmente associado a cenários envolvendo deterioração da atividade econômica e movimentos defasados de desvalorização cambial tem ocorrido como esperado.

Neste contexto, a oferta final de bens industriais (CA) recuou 1,5% na comparação entre novembro e outubro, na série com ajuste sazonal, deixando um carry-over de -2,2% para o último trimestre do ano. Por sua vez, este resultado implicaria uma queda de 10,0% no acumulado de 2016, muito superior à queda estimada para a produção, de 6,7%, segundo o boletim Focus mais recente.

Ainda que a produção industrial doméstica tenha crescido na margem em novembro, o desempenho do comércio exterior contribuiu negativamente para o consumo aparente, tendo havido queda de -4,6% nas importações de bens industriais e um robusto crescimento de 21% das exportações (impulsionadas pela venda de uma plataforma de petróleo). Já na comparação com novembro de 2015, a queda de 6,8% registrada pelo consumo aparente da indústria geral representou a 33ª variação negativa seguida. No acumulado do ano, a contribuição negativa do comércio exterior fica mais evidente. Enquanto a produção doméstica registrou queda de 6,6%, o consumo aparente retraiu-se 10,2%, na mesma base de comparação. Por sua vez, a taxa de crescimento em 12 meses chegou a -10,9% (veja a tabela).

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Considerando-se o consumo aparente por grandes categorias econômicas, com exceção do setor de bens de capital, que recuou 4,3%, todos os demais avançaram entre os meses de outubro e novembro, na série dessazonalizada. Conforme comentado na publicação do Indicador Ipea de FBCF, por trás da queda no setor de bens de investimento está a forte contribuição negativa proveniente da exportação de uma plataforma de petróleo no período. No acumulado do ano, o setor registra queda de 19,0%. Nesta base de comparação, as exportações líquidas também contribuíram para reduzir o CA. Enquanto a produção doméstica retraiu-se 15,3%, o volume exportado registrou alta expressiva de 36,5%. Em direção contrária, o total importado recuou 19,6%.

O destaque positivo referente ao resultado de novembro ficou por conta da categoria bens de consumo duráveis, que apresentou alta de 2,7% na margem. Apesar disso, o setor exibe o pior resultado no acumulado do ano, com retração de 20,6%. Assim como na categoria  bens de capital, o setor de duráveis registrou forte elevação do volume exportado ao longo de 2016, que avançou 27,5% nesta base de comparação. Por sua vez, as importações de duráveis retraíram-se 38,3%. Ainda no comparativo acumulado no ano, o consumo aparente do setor de bens de consumo semi e não duráveis registrou o melhor resultado entre as grandes categorias, com queda de 3,8%.

O CA de bens de consumo como um todo registrou em novembro o terceiro crescimento consecutivo na comparação mensal dessazonalizada, acumulando variação de 4,3% desde agosto. Por fim, a categoria de uso de bens intermediários cresceu 0,9% na passagem entre outubro e novembro, na série com ajuste sazonal. Acumulando no ano uma queda de 6,5% da produção doméstica, o setor sofreu um impacto relativamente menor do comércio exterior sobre o resultado do seu consumo aparente, que registrou queda de 8,7% no mesmo período. Enquanto as exportações cresceram 2,2%, as importações apresentaram recuo 11,8%.

Acesse aqui a planilha completa com os dados de Consumo Aparente Industrial novembro de 2016.



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