Setor Externo

CARTA DE CONJUNTURA Nº 33

Por Fernando José da S. P. Ribeiro

Os dados mais recentes do deficit em transações correntes sugerem um estancamento do movimento de ajuste das contas externas, o que não surpreende, tendo em vista que, em pouco mais de um ano, o deficit teve redução de mais de US$ 70 bilhões, ou 4% do Produto Interno Bruto (PIB). Na verdade, nos últimos meses observou-se um pequeno aumento do deficit na margem, que tem variado entre US$ 20 bilhões e US$ 30 bilhões, em valores anualizados, após atingir um mínimo de cerca de US$ 10 bilhões em maio. O deficit caminha para fechar o ano em cerca de 1% do PIB, abaixo da média histórica de 1,8% do PIB. Novas reduções do deficit, ou mesmo o alcance de um resultado superavitário nas transações correntes, dependeriam de um desempenho das exportações mais dinâmico que o verificado até o momento.

Paralelamente, encontra-se certa recuperação das entradas de capital no país, principalmente em função do crescimento dos investimentos estrangeiros diretos (IED), garantindo um quadro confortável para o financiamento do deficit em transações correntes. No trimestre de agosto a outubro último, o IED alcançou uma média mensal de US$ 7 bilhões, cerca de US$ 2 bilhões acima da média que prevaleceu entre janeiro e julho. Considerando os resultados obtidos até alguns anos atrás, o saldo total da conta financeira, contudo, permanece bem inferior, especialmente em função da redução das aplicações de investidores externos em títulos de dívida do país. Esse movimento se refere tanto aos títulos negociados no mercado doméstico – que são contabilizados como investimento em carteira e que tiveram saldo líquido negativo de US$ 21,5 bilhões no ano – quanto aos negociados no mercado externo, cujas novas emissões tiveram queda de 34,9% comparadas a igual período do ano passado, somando US$ 40 bilhões, valor insuficiente para cobrir as amortizações realizadas.

O aumento recente do deficit deve-se, principalmente, à redução do superavit comercial, que, por sua vez, resulta da perda de fôlego das exportações. Estas iniciaram o ano crescendo bem, passando de cerca de US$ 15 bilhões/mês para quase US$ 16 bilhões na série livre de efeitos sazonais, mas retornaram para o patamar de US$ 15 bilhões nos meses seguintes. Entre fevereiro e maio o quantum total exportado cresceu de maneira acelerada, acumulando alta de 9,2% na série dessazonalizada. Entretanto, o cenário alterou-se nos meses seguintes. Entre junho e outubro a série dessazonalizada do quantum total de exportações acumulou queda de 21,5%, o que representou um retorno ao patamar que prevalecia no final de 2014. Os números de novembro representaram um alento, com as exportações voltando ao patamar de US$ 16 bilhões, mas é cedo para afirmar que esteja em curso uma nova recuperação do dinamismo exportador.

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