Um modelo de transição entre estados da força de trabalho para previsão do desemprego e da ocupação formal

CARTA DE CONJUNTURA Nº 32

Por Ajax Moreira, Carlos Henrique Corseuil e Miguel Foguel

O principal objetivo desta Nota é avaliar a capacidade preditiva de um modelo que se baseia nas transições de pessoas entre os quatro estados básicos do mercado de trabalho brasileiro, a saber, desemprego, ocupação formal, ocupação informal e inatividade (fora da força de trabalho). A análise é baseada nas duas principais bases de dados sobre mercado de trabalho: a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) e a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD-C). Ambas as bases têm natureza longitudinal, o que permite conhecer os estados laborais dos membros dos domicílios ao longo do tempo com periodicidade mensal, no caso da PME, e trimestral, no caso da PNAD-C.

Para cada pesquisa, são calculadas as probabilidades de transição entre os estados laborais supracitados, que são então utilizadas para prever as taxas de desemprego e de ocupação formal. Os exercícios de previsão são realizados para antecipar tanto o valor futuro das taxas (previsão pontual) quanto o sinal das suas variações (previsão tendencial). Este último tipo de previsão pode ser útil nos períodos de instabilidade do mercado de trabalho, quando aumenta a dificuldade em antecipar o valor futuro das taxas. Por exemplo, em situações de instabilidade como a atual, os modelos podem não ser capazes de prever a taxa de desemprego, mas consigam antecipar se esta taxa irá aumentar ou diminuir no futuro. Isso pode ser especialmente interessante para antecipar as reversões do mercado, antecipando a queda em um mercado em expansão ou a subida em um mercado em contração.

Utilizando os dados da PME para o período 2003-2016, os resultados do modelo de transição mostram capacidade de previsão pontual superior a de um modelo naive (passeio aleatório, tomado como referência) e também a de um modelo VAR, que é amplamente empregado para previsões. Nesse período, o modelo de transição também mostra capacidade de prever a tendência, com taxa de acerto superior a 50%, que seria a taxa de acerto obtida com o modelo de referência.  No entanto, quando a amostra da PME é restrita ao mesmo período da PNAD-C (2012 a 2015), o modelo preserva apenas a capacidade de prever a tendência. Quanto à PNAD-C, utilizamos 14 amostras trimestrais da pesquisa, o que eleva a incerteza das estimativas de desempenho do modelo. Ainda assim, calculamos as previsões e, como esperado, os resultados não são conclusivos, não mostram capacidade de prever nem o nível nem a tendência do desemprego.

Acesse o texto completo.

 



------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Fale com o autor

O seu endereço de email não será publicado Campos obrigatórios são marcados *