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Em defesa do desenvolvimento sustentável

O documento lançado pelo Instituto Ethos está sendo distribuído para vários setores da sociedade, incluindo políticos, jornalistas e empresários. Leia a íntegra do manifesto:

O ano de 2006 poderá passar para a história como aquele em que as pessoas, as organizações empresariais e os próprios governos no mundo inteiro iniciaram um processo de conscientização a respeito do risco real que a humanidade inteira corre se não houver uma transformação radical nos modelos de desenvolvimento adotados pelos países até o momento.

Governantes, empresários, cidadãos comuns, enfim, uma parcela cada vez maior de seres humanos acorda para a realidade de que a assimetria crescente entre ricos e pobres e as ameaças por conta do mau uso dos recursos naturais não só comprometem as sociedades democráticas, mas exaurem o próprio planeta.

Estranhamente, parece que o Brasil ainda não acordou para essa nova realidade, repleta de ameaças e oportunidades.

Na última campanha presidencial, o desenvolvimento sustentável esteve completamente ausente dos debates, do discurso dos candidatos e dos programas de governo. Falou-se apenas no crescimento econômico em si, como se fosse a solução para todos os problemas nacionais.

Não se questiona, nas propostas governamentais e de alguns setores empresariais, o preço desse crescimento, quem serão seus beneficiários e o impacto sobre as próximas gerações. A preservação do nosso patrimônio ambiental e os cuidados com a nossa rica diversidade cultural passaram a ser tratados como obstáculos ao progresso.

Aquecimento global, destruição de florestas, seca, poluição, enchentes, nada disso parece integrar as preocupações de nossos governantes, de nossos líderes e, principalmente, de algumas entidades empresariais representativas. Parece-nos até que o Brasil alienou-se da sua condição de um dos maiores e mais populosos países do planeta.

Paradoxo incompreensível, pois governos considerados refratários às questões vinculadas à sustentabilidade mundo afora estão progressivamente implementando programas e planos que contemplam a substituição de combustível fóssil por energias limpas e a adoção de outros processos menos agressivos ao meio ambiente.

Quando não o fazem na dimensão federal, fazem-no na dimensão estadual ou municipal, como ocorre nos Estados Unidos.

Até a China, que está no limite da sustentabilidade, ao apresentar seu plano qüinqüenal de desenvolvimento, em Davos, deu grande ênfase ao meio ambiente, à questão da água e às fontes de energia renovável.

Mesmo a mídia vem mudando de opinião. É o caso do jornal britânico Financial Times, bastião dos princípios neoliberais no mundo. Em editorial publicado no início de novembro, o órgão afirma que a "mão invisível" do mercado não é suficiente para impedir a degradação ambiental e os problemas sociais. "Precisamos encontrar alternativas", reconhece o editorialista, insuspeito de qualquer simpatia por movimentos ou opiniões anticapitalistas. Outro pilar da supremacia do mercado, a revista The Economist, também britânica, não hesita em afirmar que os negócios com energia limpa têm potencial para tornar-se em breve um boom de investimentos semelhante à corrida tecnológica das décadas de 1980 e 1990.

Outros fatos também demonstram que o desenvolvimento sustentável já faz parte das preocupações dos mais variados segmentos econômicos. As seguradoras, por exemplo, estimulam e aprofundam a elaboração de indicadores não-financeiros para avaliar os riscos dos negócios. As quatro maiores auditorias do mundo (Deloitte, Ernst & Young, KPMG e PricewaterhouseCoopers) aplicam com mais freqüência critérios não-financeiros para analisar balanços, reconhecendo que os princípios contábeis hoje vigentes tornam-se progressivamente obsoletos para avaliar o impacto socioambiental das atividades das empresas, bem como sua viabilidade econômica.

Ao desprezar o desenvolvimento sustentável como alternativa para a sociedade, o Brasil comete um erro triplo: 1) não potencializar sua condição única nas áreas de energia limpa, biodiversidade e inclusão social na base da pirâmide; 2) continuar insistindo num modelo de crescimento que exclui milhões de brasileiros, os quais, de outra maneira, na perspectiva do desenvolvimento sustentável, serão incluídos também como protagonistas do processo de crescimento; 3) continuar queimando florestas, desperdiçando riquezas e destruindo sua biodiversidade, hipotecando das gerações futuras a condição de emancipação, dignidade e cidadania global.

Com isso, permanecerá ocupando vergonhosas posições nos rankings de desenvolvimento humano e de corrupção, bem como a de um dos maiores emissores de carbono do mundo.

Já que conhecemos os riscos do atual modelo de desenvolvimento, temos recursos e tecnologia e sabemos o que deve ser feito para alcançar a justiça social e cuidar do planeta, a opção pelo desenvolvimento sustentável depende apenas da vontade política dos governos e da sociedade. Ou seja, trata-se de uma escolha ética.

Quando o Instituto Ethos começou suas atividades, há oito anos, preocupou-se em construir um diálogo que indicasse para a sociedade brasileira que a responsabilidade social empresarial representa um estágio superior de gestão, por criar condições para que as empresas potencializem seus impactos positivos e se tornem agentes inovadores e parceiros na construção de uma sociedade mais justa e sustentável.
O Instituto Ethos não representa as empresas associadas, as quais contam com outras entidades para isso. O Instituto Ethos representa, sim, uma cultura organizacional crescente, um movimento que vem transformando as empresas de qualquer porte ou setor, ultrapassando até os limites corporativos. Tais empresas, ao identificar nesses desafios as oportunidades para realizar negócios de outra maneira, tornam-se peças-chave na construção de uma globalização diferente, em que as tecnologias, os processos, os produtos e os serviços contribuirão para a emancipação de populações marginalizadas e para a construção de sociedades nas quais a civilização pode se revelar na sua plenitude, sem comprometer o planeta.

Para muitos países, movimentos vivos da sociedade civil organizada e empresas, o ano de 2006 representa a aurora de um novo modelo de desenvolvimento, que cada vez mais se torna um imperativo moral, com todos os dilemas e todas as imensas oportunidades que qualquer transformação traz. Para os brasileiros, no entanto, 2006 poderá ser o ano em que, tal qual avestruzes, paralisamo-nos perplexos diante de uma realidade que não temos competência para operar.

Por não concordar com essa omissão e por ter um profundo compromisso com a responsabilidade social empresarial e com o projeto de desenvolvimento sustentável, por ter o dever do pioneirismo e a responsabilidade da ação inovadora, o Instituto Ethos decide tornar a premissa do desenvolvimento sustentável o motor de sua ação estratégica.

Para isso, propõe-se a:
• Ampliar os canais de diálogo com a sociedade civil e com os governos para reforçar o compromisso do setor empresarial com outro modelo de desenvolvimento;
• Empreender esforços para aprofundar e reconhecer, no mercado e na sociedade, alternativas concretas de processos, produtos e serviços de baixo impacto ambiental, inovadores e promotores da inclusão social;
• Convocar seus associados e as empresas líderes em responsabilidade corporativa para realizar um esforço extraordinário de construção de uma estratégia para a sociedade brasileira baseada nessas premissas, bem como para aprofundar o desenvolvimento sustentável como estratégia para o país.

Finalmente, o Instituto Ethos se compromete a não economizar esforços e a engajar-se em tantos diálogos quantos forem necessários para tornar as premissas do desenvolvimento sustentável no verdadeiro projeto do Brasil hoje, com inclusão social e dignidade para as atuais e futuras gerações.

Oded Grajew
Presidente do Conselho Deliberativo do Instituto Ethos

Ricardo Young
Presidente do Instituto Ethos

Fonte: RETS


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