A Amazônia é um bem com impactos geopolíticos e ambientais e sociais de magnitude planetária. Esta é a compreensão de representantes de dezenas de organizações não-governamentais e empresas que se reuniram no início de novembro, em Belém (PA), para discutir o estabelecimento de diretrizes de sustentabilidade para a maior floresta tropical da Terra.
"Temos, no máximo, 15 anos para chegar a estruturas econômicas capazes de tornar perenes os serviços ambientais que a Amazônia presta ao planeta", disse Ricardo Yung, presidente do Instituto Ethos, uma das organizações presentes no evento. Para ele a ação predatória sobre os recursos da região representa um desfalque contra o futuro: "o dinheiro ganho hoje de forma insustentável será pago com a disseminação da miséria amanhã".
Ainda existe muita desconfiança de parte a parte em relação à possibilidade de empresas e organizações da sociedade civil construírem os diálogos que vão mudar o modelo civilizatório local. No entanto, para as empresas, já há a consciência de que não haverá perenidade sem a incorporação dos valores socioambientais, uma vez que a destruição da Amazônia certamente acarretará desequilíbrios no clima e nos ecossistemas de toda a América do Sul.
Os novos valores que estão sendo buscados já têm alguns atores importantes, como o Instituto Peabiru, dirigido por João Meirelles, autor de diversas obras importantes sobre a Amazônia. Quase todos os projetos desenvolvidos e apoiados pela organização têm a característica de atuar com lideranças locais e construir interfaces entre os processos de produção sustentáveis e o mercado, de forma a valorar as atividades locais.
"Estamos atuando em várias frentes, com comunidades ribeirinhas, indígenas e de pescadores," diz João Meirelles. Para ele a auto-estima destas populações é parte de um processo de "empoderamento" e criação de interlocutores para a construção das pontes necessárias entre os podres econômicos, políticos e sociais.
No dia 8 de novembro, houve a apresentação formal do Fórum Amazônia Sustentável. O encontro foi organizado pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), Instituto Ethos, Instituto Socioambiental, GTA - Grupo de Trabalho Amazônico, Foirn, Fundação Vale do Rio Doce, Saúde e Alegria, Avina e Grupo Orsa, com patrocínio da Alcoa, Banco da Amazônia, Fundação Vale do Rio Doce, Grupo Orsa, Petrobras, Natura e Suzano.
Fonte: Envolverde (http://www.envolverde.com.br/ ), com base em matéria de Adalberto Wodianer Marcondes. |