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Fórum Amazônia Sustentável é lançado em São Paulo

Empresas e organizações da sociedade civil reunidas no Fórum Amazônia Sustentável - coalizão intersetorial que busca a construção de um modelo de desenvolvimento sustentável para a Amazônia -, apresentaram, no dia 18 de abril, a concepção da iniciativa em São Paulo. A idéia é mostrar ao Brasil um espaço de diálogo que busca um novo modelo de desenvolvimento para a região, que detém 53% do território nacional e é responsável por cerca de 10% do PIB do país. Mais de 200 pessoas compareceram ao Centro de Exposições São Luiz, onde acontecia a III Feira Brasil Certificado.

O professor Ignacy Sachs, da Universidade de Paris, e convidado de honra para o lançamento, falou sobre uma nova era de desenvolvimento para a Terra, baseada na Civilização da Biomassa. Segundo ele, a Amazônia está no centro deste processo, com suas imensas reservas de biodiversidade e recursos naturais. Ele explicou que a região precisa de uma nova moratória, de abertura de pastagens, nos moldes da moratória da soja, um pacto que impede a abertura de novas áreas de plantio de soja na Amazônia. "É preciso que se introduza tecnologia para a criação de gado na Amazônia, de forma a garantir produtividade sem expansão de áreas", diz Sachs.

Em sua fala na abertura da reunião do Fórum Amazônia Sustentável, o professor Sachs mostrou que a disputa de áreas entre alimentos e biocombustíveis é um falso dilema. Para ele, as tecnologias de produção de biocombustíveis estão evoluindo, e uma verdadeira revolução acontecerá com a introdução massiva da tecnologia de produção de álcool a partir da celulose. "Com isso todos os resíduos da produção de alimentos e da agroindústria poderão ser transformados em biocombustíveis", diz Sachs. Além disso, o professor aposta na evolução da tecnologia de uso de combustíveis fósseis, que poderão ter mais eficiência. "Veículos mais leves e transporte de massa mais eficaz podem reduzir em muito a necessidade de queima de combustíveis", diz. A biomassa, no entanto, é apenas parte do desenvolvimento de um projeto para a Amazônia, afirmou Ignacy Sachs.

Para ele, um projeto para a região é parte de um projeto de desenvolvimento para o Brasil. "É preciso decidir que país os brasileiros querem, e a Amazônia é parte destep", diz ele. Este modelo de país e como a Amazônia se insere é justamente o foco dos diálogos em torno do Fórum Amazônia Sustentável. Para o seringalista Julio Barbosa, companheiro de luta de Chico Mendes e membro do Conselho Nacional dos Seringueiros, o Estado Brasileiro ainda é uma ausência na região. "O governo atua com forças tarefa, que chegam, fazem um estardalhaço, e se vão", diz. Segundo Barbosa, isto não resolve, porque depois que as ações acabam sobram as comunidades e os predadores, e ninguém para ajudar.

Julio Barbosa questiona, também, o modelo de reforma agrária adotado na região, que segundo ele é responsável hoje por 80% do desmatamento registrado no estado do Acre. "São áreas pequenas, menores que 5 hectares, desmatadas por famílias que pretendem plantar ou criar umas poucas cabeças de gado", explica. Para ele está acontecendo um processo de "favelização da Amazônia", com milhares de pequenas propriedades abrindo pequenas clareiras, que, no total, destróem milhares de quilômetros de floresta.

Uma realidade diferente

A realidade da Amazônia que foi mostrada em São Paulo destoa daquela que a mídia mostra todos os dias. O índio Jecinaldo Barbosa, coordenador-geral da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), veio a São Paulo apenas para o lançamento do fórum. Para ele, a batalha pela informação é a grande luta que está sendo travada pelos povos da Amazônia. "Somos orgulhosos de ser brasileiros", afirma e informa, uma vez que muitos dizem que os índios querem transformar suas reservas em "territórios independentes". Jecinaldo diz que está em uma luta pela legalidade, para que a demarcação de áreas como a Reserva Raposa do Sol, em Roraima, seja respeitada.

A Amazônia que a mídia do Sul/Sudeste retrata pouco tem a ver com a realidade dos povos e da economia da região. O comum de se ver nos jornais é uma Amazônia fragmentada, dividida entre interesses de índios, ribeirinhos, fazendeiros, madeireiros e grandes empresas. No entanto, todos estes são parte da mesma Amazônia, que tem metrópoles, e grande parte da floresta ainda intacta. O diálogo é o caminho escolhido pelos signatários do Fórum Amazônia Sustentável, que querem o respeito ao índio e também a capacidade de operar com grandes projetos. "Temos problemas com as empresas", diz Jecinaldo, "mas queremos conversar", afirma, convicto de que este é o melhor caminho.

Umas das organizações avançadas na questão da sustentabilidade empresarial, o Instituto Ethos é hoje suporte conceitual para a ação de muitas organizações. Seu representante no Fórum Amazônia, Caio Magri, acredita que não há mais espaço para demagogia em relação à Amazônia. "Chegou a hora da verdade para as empresas que fazem da Amazônia parte de seu negócio ou de seu marketing", diz Magri. Ele alerta que aqueles que ainda vêem a região como " dinheiro fácil" vão ter de mudar. Para ele já está em construção um conjunto de estratégias negociais que vão aportar novas regras para as empresas na relação com o ecossistema e com os povos da Amazônia.

O compromisso com o desenvolvimento sustentável da Amazônia está extrapolando as fronteiras da região. Empresas como o Grupo Eco, a Alcoa e outras que têm interesses na região estão em Nova York, mostrando projetos de desenvolvimento e como a região pode se integrar à economia global sem perder o valor de suas riquezas locais. Outras empresas, como Grupo Orsa e Grupo André Maggi vieram a São Paulo prestigiar o lançamento do Fórum Amazônia Sustentável na cidade. Os interesses sobre a região são muitos e alguns contraditórios, mas a necessidade de diálogo se sobrepõe à busca de soluções individuais. Adriana Ramos, do Instituto Socioambiental, vê o movimento solidário do Fórum como um caminho necessário. "Sem este esforço conjunto vamos continuar brigando entre nós", afirma com a experiência de quem já viu muitas iniciativas se frustrarem por falta de diálogo.

Sobre o Fórum Amazônia Sustentável

O Fórum Amazônia foi criado em Belém, em novembro de 2007, e é um espaço de diálogo entre empresas e organizações da sociedade civil que têm interesses na Amazônia. Iniciou sua etapa de lançamentos nacionais por São Paulo para que mais lideranças tenham oportunidade de conhecer o trabalho que está sendo realizado e também para que a imprensa possa ter acesso às informações que estão sendo trabalhadas entre os signatários.

Os fundadores do Fórum Amazônia Sustentável concordam com oito linhas de ação:

1.Mobilização da sociedade para o controle social do mercado e das políticas públicas;

2.Fortalecimento do mercado de produtos e serviços sustentáveis;

3. Construção de compromissos de boas práticas produtivas;

4.Valorização do conhecimento tradicional e reconhecimento e garantia dos direitos de povos indígenas, comunidades quilombolas e populações tradicionais;

5.Estímulo ao desenvolvimento científico e tecnológico para a sustentabilidade;

6.Demanda de ações do Estado para ordenamento, regulação, fiscalização, monitoramento e proteção de direitos;

7. Proposição de Políticas Públicas de fomento e apoio ao desenvolvimento sustentável; e

8.Fomento ao diálogo entre as organizações e redes dos países amazônicos.


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