A evolução do conceito de responsabilidade social, no Brasil, é visível. Em 1998, apenas três empresas apresentaram balanço social. Em 2002, este número subiu para 286, mas isto ainda não significa que exista uma reciprocidade no relacionamento entre empresas e sociedade. É o que revela a pesquisa "Balanço Social: Comunicando a Responsabilidade Social Corporativa" realizada pela Fundação Dom Cabral, com base numa amostragem de 188 empresas que apresentaram balanço social entre 2001 e 2002. De acordo com o levantamento, as empresas ainda precisam assumir com maior clareza que o balanço social é antes de tudo uma oportunidade de diálogo com a sociedade. É uma ferramenta que tem a capacidade de explicitar e medir a preocupação da empresa com as pessoas e a vida no planeta, extrapolando o conceito de marketing social.
A coordenadora do trabalho, Nísia Werneck, do Núcleo de Responsabilidade Corporativa e Sustentabilidade da Fundação Dom Cabral, de Belo Horizonte, diz que a idéia de responsabilidade social já não está mais distante das empresas e que o momento agora é outro. Para ela, o mais importante atualmente é que o balanço social deixe de ser uma peça de marketing e de comunicação de mão única e passe a ser considerado como uma prestação de contas que as empresas fazem à sociedade.
Uma das conclusões da pesquisa é que as empresas ainda devem aprimorar as informações contidas no balanço social. "A omissão deixa dúvidas", explica Nísia. A responsabilidade social está sendo bem compreendida pelas empresas, abrangendo tanto as ações de sustentabilidade quanto as de diálogo com as partes interessadas, os stakeholders, mas há evidências de que existem stakeholders "sistematicamente excluídos ou pouco citados nos balanços sociais", como os terceirizados, os concorrentes e os acionistas e/ou investidores.
Fonte: Valor Econômico |